Acho que há maus que vem pra bem, afinal das contas. Se não fosse toda a tragédia eu nunca teria a oportunidade de me aproximar de Charlie, nunca teria passado pela minha cabeça que ele era essa pessoa incrível que era. Só de saber que ele estava fazendo o possível e impossível pra eu me sentir confortável aqui, tendo tanto trabalho e eu só esperava que eu correspondesse as expectativas, e ainda tínhamos um longo caminho pra andar apesar de tudo.

Eu estava quebrada, a morte da minha mãe mexeu comigo de um jeito que poucos entendem e Charlie, bem, Renée sempre me disse que ele sempre fora loucamente apaixonado por ela e que ela carregaria pra vida toda o peso de não ter o amado o suficiente pra ficar e ter partido o coração do “homem que abriria mão da vida por ela”, palavras dela. Acho que no fundo eu tive sorte na minha criação, afinal de contas meu pais nunca foram o típico casal divorciados tradicional, e enquanto tem crianças que cresce ouvindo os pais falando mal um do outro eu cresci ouvindo o quando meu pai era gentil, cavalheiro e nada além de maravilhoso e o único motivo de não terem ficado juntos é que no final das contas não era pra ser.

Hoje eu entendo quando ela dizia que não era ser, Renée era inconstante, sempre procurando algo novo e logo em seguida se enjoando e indo atrás de outra coisa, ela não poderia parar por muito tempo, nunca satisfeita com uma vida em uma rotina ou presa na mesmice do dia-a-dia e, por outro lado, Charlie era... Bom, era tudo o que ela não era.