_Onde vamos?-eu perguntei para Isobel, ela estava vestindo uma jardineira rosa claro e uma camisa branca por baixo, o cabelo ruivo estava solto, com algumas ondas enfeitando o rosto.
_Venha, eu vou te mostrar um lugar.- ela sorriu e pegou na minha mão, me puxando.
Ela seguiu uma trilha e andamos um pouco, mas raramente eu sentia algum cansaço, porém Bella respirava ofegante e a batida do coração da fae empurrava a artéria com tanta força que eu conseguia escutar de longe.
_Estamos quase chegando.- ela me olhou e seus olhos verdes extremamente claros mostravam uma empolgação incomum.
De repente ela parou numa clareira e respirou fundo, jogando a cabeça para trás.
_Aqui é o lugar?- perguntei.
Ela se virou para mim e andou calmamente na minha direção, então deu a volta e se posicionou atrás de mim, colocou calmamente as mãos nos meus olhos, tapando-os.
_Respire fundo.- ela falou e eu fiz o que ela disse.- Escute ao redor, mas não com a sua audição de vampira, com seu coração.- então ela sussurrou uma melodia na minha orelha, sua voz era incrível e a canção embalou até que ela parou, e de repente, eu escutei um passarinho saindo do ovo, o farfalhar do vento, o barulho da cachoeira ao longe.
E então ela tirou suas mãos dos meus olhos e tudo estava estranhamente mais nítido, mais colorido e brilhante.
Nos sentamos no meio das flores e eu a encarei transtornada.
_É assim que eu vejo as coisas.- ela sussurrou.
_O tempo todo?
_Desde que me entendo por gente. Eu demorei a entender que eu não partilhava da mesma visão de mundo da maioria e eu vivo com meu pai humano, não faço a mínima ideia de quem seja minha mãe, o máximo que eu sei, é que ela é fae. Vim parar aqui, em Shadow Falls graças a psicóloga.
_Nossa, é tudo tão incrível.- ela sorriu para mim e depois olhou para a paisagem, por um momento, visualizei a verdadeira Bella, ela era muito solitária.
_Por que você age diferente?
_Você quer dizer por que eu sou má?-ela riu amarga.
_Você entendeu.
_Nunca fui muito bem aceita, graças a essa visão de mundo, principalmente se combinarmos com o meu charme.
_Seu charme?
_Não, meu charme. É como eu chamo o poder de atração que eu exerço nos garotos, é estranho, e nos humanos é ainda mais forte, e exatamente graças a essa maldição, eu fui estuprada com seis anos de idade. Eu não entendia nada naquela época, mas depois disso meu pai passou a ficar fissurado em encontrar o cara que fez isso comigo, não que tenha adiantado alguma coisa.- ela estava com uma expressão dolorosa, mas de repente me olhou e sorriu sarcástica.- uma coisa que eu devo te dizer, meninas de seis anos mal lembram o próprio nome.
Eu fiquei sem saber o que falar e assisti ela pegar algumas flores aleatoriamente enquanto continuava a narrar.- Eu aprendi que antes que isso me machuque, eu devo usar ao meu favor.- suas mãos trabalhavam rapidamente e uma cor meio rósea flutuava ao redor.- As meninas sempre me viram como uma ameaça graças ao charme e uma hora, eu simplesmente cansei de tentar provar que eu nunca fui ameaça pra ninguém, eu decidi me tornar o que elas queriam, pelo menos aquela Bella não era uma vítima, não era quem eu via no espelho, isso era bom.- ela sorriu e nas suas mãos se encontrava uma guirlanda de flores totalmente bem trabalhada, com um galho fino e firme entrelaçado. Ela me encarou.- eu sinto que posso confiar em você.- ela encarou a guirlanda e então pôs no meu cabelo. Me encarou, analisou o próprio trabalho, pegou uma flor da guirlanda e colocou no próprio cabelo, então se levantou e estendeu a mão para mim.- Vai acabar o tempo, acho melhor voltarmos.
Aceitei sua mão e começamos a caminhar de volta, conversando coisas banais e quando chegamos ao pavilhão, eu podia considerar que uma nova amizade estava crescendo.
_Foi bom conhecer a verdadeira você.- sorri para ela e encostei na guirlanda que decorava meu cabelo loiro.
_Também foi bom me abrir com alguém.- ela disse antes de sair em direção a cantina.
_OK, isso foi um pouco estranho mas, uma vitória, definitivamente uma vitória.- falei comigo mesma e me virei, de longe Nick me encarava.
Nos encaramos um pouco até que eu desviei o olhar. Estava indo em direção ao meu quarto quando escuto passos cuidadosos, rapidamente meu lado selvagem toma conta da situação e eu me viro, me abaixando em posição de ataque e silvando para o desconhecido, até que a sombra torma forma e do meio das árvores sai minha mãe, sorrindo.
_Seus reflexos estão melhorando.
_Hum...- digo enquanto me levanto e nos encaramos.
_Precisamos conversar sobre sua ceninha no refeitório hoje, e vai ser uma longa conversa, então, porque não vamos para o meu escritório?- não era uma pergunta, minha mãe não perguntava, ela mandava.

Sarah:

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