Chapter IX - Scarlet Moonlight

Outra empregada morta. Já era a sexta daquela semana. Era fora encarregada de preparar o banho de Hizaki aquela noite, e foi encontrada despedaçada na banheira. Junto a ela, uma outra ameaça bem escrita.

Aquilo estava ficando ridículo.

 Kamijo estava aborrecido de tal forma como ninguém havia visto antes. Caminhava de um canto a outro da casa, sempre com seu amado ao seu lado, balbuciando maldições à pessoa que causara toda essa confusão.

Repentinamente, a presença de Lillie Charlotte se tornara tão constante ali quanto as cartas de ameaça. Ninguém compreendia o que ela pretendia aparecendo dia após dia, caminhando por aí, como se fosse dona de tudo e mandando e desmandando a seu bel prazer.

Yuki não estava gostando nem um pouco daquela história. Precisava descobrir a qualquer custo quem estava fazendo tudo aquilo e frear aquela pessoa o quanto antes.

- Yuki... - Uma voz feminina, doce e preocupada, retirou-lhe cruelmente de seus devaneios - ... estou com medo.

O servo se virou para encontrar os cabelos avermelhados de Rina, que desde que empregadas começaram a morrer de formas tenebrosas, tornou-se uma companhia comum a Yuki e Teru.

O rapaz nada respondeu, apenas afagou a cabeça da menina, com um sorriso no rosto. Ele não queria pensar naquilo, mas o pensamento surgiu quase que por acidente: Era estranho pessoas assim tão curiosas, como ele mesmo ou Rina, ainda não ter morrido... Eles não tinham muito tempo!

Outro pensamento ainda mais cruel o atingiu: Por Deus, ele não podia contar tudo que descobria a Teru. Quanto mais o garoto soubesse, mais vulnerável a um ataque ficaria.

Outra coisa retirou Yuki, uma vez mais, de seu devaneios. Desta vez, no entanto, foram os braços delicados de Teru envolvendo sua cintura. O servo sorriu para seu amado mestre, contudo o que recebeu em retorno foi um olhar aborrecido... Ele não estava entendendo mais nada.

- O que houve, jovem mestre? - Rina questionou, percebendo a expressão do jovenzinho - Algo o aborrece?

- Nada. - O garoto respondeu rapidamente - É só que... De longe vocês pareciam um belo casal.

Riram. Yuki não pode deixar de se alegrar um pouco, acarinhando a cabeça de Teru levemente. Ah... Se ao menos Rina não estivesse ali, o servo poderia mostrar ao garoto como um belo casal age de verdade.

Mas, ora, não era hora de pensar nesse tipo de coisa!

~o~

- Foi ela! - A voz de Hizaki possuía um tom ao mesmo tempo assustado e acusador - Foi Lillie Charlotte, estou lhe dizendo!

- Bobagem! - Kamijo respondeu, com um risinho - Lillie jamais faria qualquer coisa contra você, eu a conheço.

- Conhece?! Ela te usou e te deixou pra trás!

- Ela voltou porque estava arrependida, Hizaki!

A última frase escapou dos lábios de Kamijo com um tom muito mais agressivo do que ele gostaria de ter usado. Um silêncio dominou o local e, rapidamente, ele sentiu-se envolto em culpa.

- M-Me perdoe... - Ele iniciou, envergonhado - Eu não pretendia! Eu...

Hizaki não respondeu. Frustrado e aborrecido, simplesmente levantou-se e desapareceu por trás da porta de madeira maciça.

Lentamente, Kamijo pôs-se a tocar o local onde a figura afeminada antes se posicionava, como se o ar começasse a tomar sua delicada forma. Tolamente, acarinhou a face da figura que não estava ali e suspirou, achando-se deveras ridículo.

Caminhou na direção da janela e abriu delicadamente as cortinas, esperando encontrar tão somente a lua a iluminá-lo carinhosamente. Tamanho foi seu susto ao encontrar os olhos claríssimos de Juka a mira-lo por detrás do vidro.

- Juka! - Gritou, pasmo, abrindo o vidro da janela - O que está fazendo aqui? A rainha não tinha...

- É uma longa história. - O confidente de Kaya sussurrou, adentrando a casa - Algumas coisas aconteceram e não conseguimos chegar muito longe...  

- Coisas?

- Um assalto no meio da estrada acabou nos atrasando e... Não importa! - O mais jovem abraçou seu companheiro e deixou uma lágrima solitária escorrer - Kamijo, eu preciso de ajuda.

- Bem vindo ao clube!

~o~

Hizaki deixava os olhos se perderem no horizonte e sentia o vento soprar seu cabelos. Era uma linda visão... Uma dama em sua sacada. Mas ele não era uma dama e já estava farto de tudo aquilo.

Quando? Quando algo que era pra ser perfeito acabou daquela forma?

Ele já não agüentava mais.

Mas havia um modo de acabar com tudo aquilo, não havia? Mas isso seria declarar vitória a quem quer que estivesse enviando aquelas cartas.

- Nesse caso, meu remetente secreto... - Hizaki declarou em voz baixa, fechando delicadamente os olhos - A vitória é sua.

Docemente, ele atravessou a grade de proteção da sacada. Ainda de pé, sentiu o vento a balançar seu vestido pesado. Mas ficar de pé estava se tornando impossível. Seu corpo amoleceu e seus pés perderam o chão. Alguém gritou seu nome. Ele sorriu. Tudo iria acabar bem agora.