The Family escrita por Jess Almeida


Capítulo 9
Uvas passas e visitas inconvenientes


Notas iniciais do capítulo

I'm back!
Depois de alguns anos sem atualizações, resolvi voltar com a fanfic, e espero que alguém ainda queira ler. Boa leitura!



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Faltando apenas uma semana para a chegada do Natal, os seis decidiram fazer amigo secreto, só pra descontrair. Roberta escreveu em seis pedacinhos de papel: Lupi; Barbie; Pardo; Miguel; Dieguinho e Giovanni. Passou os papéis para que cada um sorteasse o seu amigo secreto. Depois que todos pegaram um dos papéis, o negócio ficou assim: Lupi tirou o Giovanni; Mía (barbie) tirou a Roberta (Pardo); a Pardo tirou o Dieguinho; o Dieguinho tirou o Miguel; Miguel tirou a Mía e o Giovanni tirou a Lupi. Estavam eufóricos, uns olhando para os outros com caras de "não acredito que peguei essa pessoa", e tentando imaginar quem tirou quem. Se pensamentos pudessem ser lidos naquele momento, seriam mais ou menos assim:

Roberta: "Ai, por que será que o Dieguinho tá me olhando com aquela cara cretina? Hmmm, acho que ele me tirou, essa cara não tem outra explicação. Ou é isso ou ele tá tentando adivinhar a cor do meu sutiã."

Diego: "Droga, eu devia ter tirado a Roberta. O que é que eu vou comprar pro Miguel? É mais fácil encontrar uma peça de lingerie do tamanho da Roberta do que encontrar uma coisa que o Miguel goste de ganhar. Ô cara enjoado. Ô vida."

Miguel: "Eu não acredito que tirei a Mía! Que sorte, sei de tudo o que ela gosta e o que ela usa, vai ser moleza e ela vai amar."

Mía: "Oh my God, não acredito que tirei a Roberta. Socorro, o que vou comprar? Um estojo de maquiagem? Uma loção francesa? Ou um conjunto chique de um estilista famoso? Ah não, quem gosta dessas coisas sou eu. Bem que eu podia ter tirado meu próprio papel..."

Giovanni: "É fácil demais dar presente pra Lupi, ela gosta de tudo! Se eu comprar uma caneca cheia de florzinhas ela vai gostar. Não, é melhor eu dar uma camisola decotada, bem curtinha, de renda. É isso mesmo! Sendo um presente, ela não vai poder recusar e vai ter que usar! Eu sou um cara de sorte. Sim, muita sorte. Giovanni, você é um rei. Não, não somente um rei. Você é um gênio também."

Lupita: "Credo, por que será que o Giovanni tá olhando pro além com aquela cara cínica? Safado. No mínimo deve estar aprontando outra das suas. É bem capaz de ele boicotar o amigo secreto e estragar tudo de algum jeito. E eu ainda tive a SORTE de tirar ele."

O silêncio foi quebrado pela voz de Roberta, dizendo:

— Então galera, hoje é segunda-feira. Temos cinco dias para comprar os presentes para os nossos amigos secretos.

— É, e não vale contar quem tirou, ok? - Mía continuou.

Lupita deu um tapa no braço de Giovanni, que tentava ver o nome escrito no papelzinho de Lupita.

— E não vale espiar também!

Giovanni fez uma careta e massageou o braço estapeado.

— Ei, por que sempre me bate?

Lupita sorriu e piscou os olhos.

— Você não gosta?

— Gosto, mas não abusa - Giovanni fez biquinho, ainda massageando o braço.

De súbito, Lupita sentiu uma vontade inexplicável de beijar aquele biquinho. Desviou o olhar, tentando afastar aquele pensamento que para ela era insano.

Passaram-se dois, três dias...

Faltando apenas dois dias para o Natal, os seis fizeram um mutirão para que as coisas saiam de acordo com o planejado. Dividiram tarefas, fizeram lista de compras. Mía, Miguel e Giovanni foram ao mercado, enquanto Lupita, Roberta e Diego ficaram no apartamento, acabando de limpá-lo, enfeitá-lo e deixando tudo em ordem. Eles sabiam que o apartamento ficaria em ordem... bom, pelo menos até que Giovanni chegasse.

Algumas horas mais tarde, os que foram ao mercado chegaram, eufóricos. Mía e Miguel chegaram na frente, conversando alto e rindo de algo que, provavelmente, só eles entendiam. Giovanni chegou logo atrás, carregando mais de cinco sacolas de compras. Andava devagar, arrastando-se como se as compras pesassem toneladas, e, é claro, reclamava muito.

— TUDO EU! Tudo eu nessa casa. Não sei o que vocês fariam sem o papai aqui!

— Ai Giovanni, cale a boca e venha aqui me ajudar com isso! – Lupita disse isso em um tom de desespero, pois estava literalmente enrolada nos enfeites de Natal.

— É disso que eu to falando! TUDO EU! – ele tentou parecer chateado, mas estava rindo da situação de Lupi, que estava mesmo com um enfeite enrolado no pescoço.

Dez horas da manhã. Véspera de Natal. Mía sentiu como se lábios percorressem seu rosto, e em seguida, sentiu como se esses lábios tivessem beijado bem de leve no canto da sua boca. Como estava sonhando, achou que aquilo fazia parte do sonho e não fez esforço algum para abrir os olhos. Mas sentiu que sorriu. E muitas pessoas sentem vontade de sorrir em seus sonhos, ou acordam sorrindo. Devia estar mesmo sonhando e não queria acordar desse sonho. Não agora. Não nesse momento em que sentia esses lábios e essa respiração quente que saía deles. Queria ficar ali para sempre, só sentindo o suave toque daquela boca.

— Mía?

— Uhummm.

— Acorda, meu amor.

— Uhumm, eu gosto assim...

— Como?

— Bem assimmm.

— Mía?

Mía acordou, sobressaltada. Miguel estava debruçado na cama, brincando com uma mecha do cabelo dela que caía sobre um de seus ombros. E estava sorrindo para ela. Melhor forma de acordar.

— Bom dia, meu amor. Estava tendo sonhos eróticos comigo?

Mía abriu seu melhor sorriso, levantou um pouco a cabeça e deu um beijo demorado em Miguel.

— Isso foi um sim?

— O que você acha? – ela continuava sorrindo.

— Eu tenho certeza de que sim.

Ela estava agora passeando com a ponta dos dedos pelo pescoço dele, e olhava diretamente nos olhos de Miguel quando começou a dizer:

— Bom, digamos que eu estava tendo sonhos eróticos com você.

— Hmm, e digamos que eu queira saber os detalhes desses sonhos.

— Eu vou te contar. Mais tarde. Eu prometo.

— Hm, ok. Mía, eu quero que veja uma coisa.

Miguel então tirou seu celular do bolso e o entregou à Mía. A tela exibia uma mensagem de texto que dizia:

“Miguel meu amor, por que não responde minhas mensagens? Estou morrendo de saudades. Vamos nos ver nesse Natal? Quero muito te dar um presentinho.”

Mía olhava do celular pro Miguel, do Miguel pro celular, com aquela cara dela que exclamava QUEEEE, antes de ela ter um dos seus desmaios. Miguel achou que ela estava ficando sem ar e já ia fazer algo a respeito, quando de repente ela soltou um murmúrio:

— Sonho errado. – e voltou a fechar os olhos.

— Mía, abra os olhos.

Nada aconteceu.

— Mía, olha pra mim. Eu só te mostrei pra você ver como eu não to nem aí pra ela, que não respondo as mensagens dela, porque não me importam.

Silêncio.

— Tá bom, Mía. Eu achei que você confiava em mim. Achei errado. – Miguel estava levantando para sair dali quando sentiu a mão dela agarrar com força um dos seus pulsos.

— Eu acredito em você, eu confio em você. Eu só... Eu detesto pensar que ela pode tentar te tirar de mim outra vez. Aconteceu uma vez. Eu só tenho medo.

Ele se deitou sobre Mía e a abraçou como se ela fosse algo muito frágil e ele tivesse medo que ela quebrasse. Tinha medo de que o coração dela se quebrasse outra vez. Ele entendia isso, e não era nem a última coisa que ele queria que acontecesse no mundo.

— Isso não vai acontecer, Mía. Não vai mais acontecer, ok?

— Ok.

— Ok.

Ela quase riu.

— Ok.

Ele não poderia deixar essa passar.

— Pare de flertar comigo, Hazel Grace.

Agora sim, ela riu.

— Ok.

Essa era uma brincadeira deles, citar o livro favorito dela. E ela amava isso.

À noite, os seis estavam reunidos em volta da mesa redonda, muito animados e falantes. Afinal, o Natal era a data favorita deles. Roberta e Diego estavam no maior love, enquanto Giovanni não parava de falar o quanto a comida estava boa, e dizia algo sobre abrir o zíper das calças daqui a pouco, porque meu Deus, ele estava comendo demais. Mía e Miguel lançavam olhares comprometedores por cima do peru, que já deixava na cara o que eles planejavam fazer mais tarde. Enquanto isso, Lupita rodopiava com uma tigela cheia de arroz com uvas passas, e ia servindo os pratos dos demais, com a mesma empolgação de alguém que acabava de ganhar um unicórnio gigante de pelúcia num jogo de algum parque de diversões. Em meio a tudo isso, ouve-se um berro estrondoso, capaz de acabar com as conversas de todas as famílias do prédio.

— AAAAAAAA o que é isso no meu arroz? – era a voz agoniada do Giovanni.

Lupita avançou com passos largos até onde estava o apavorado Giovanni, enquanto todos os olhares iam de encontro a eles.

— O que? Tem um bicho no seu prato? É uma mosca? – Lupita perguntou ao se aproximar.

— PIOR que uma mosca, Lupi! Pior. – Giovanni apontava para o prato, com a expressão mais sofrida que conseguiu.

Lupita começou a se desesperar também, repetindo ai-meu-deus-que-será, enquanto os outros olhavam a cena sem entender nada.

— O que pode ser pior que uma mosca no prato?

Giovanni parecia muito indignado quando olhou para Mía e respondeu:

— UVA PASSA é algo definitivamente MUITO pior do que uma mosquinha no prato.

Roberta ameaçou jogar um garfo em Giovanni, que se esquivou.

— Ai que susto, Giovanni!

— EU não disse que era algum bicho. Vocês que ficam inventando historinhas aí.

A mesa inteira soltou “ahhhhhhhhh” e então continuaram comendo como se nada tivesse acontecido. Lupita suspirou aliviada, mas não conseguiu deixar de dar um tapinha de leve na cabeça de Giovanni. Que gritou, lógico.

— Isso é pra você aprender a respeitar as uvas passas. Um alimento tão rico em proteínas, e tão sagrado nos Natais de todas as famílias, e além disso...

— Ai Lupi, só você mesmo. – Mía riu, enquanto tirava uma uva passa dos grãos de arroz.

— Ok, vamos comer que o peru já tá esfriando. – Diego pegou os talheres e ficou em posição de ataque, e de olho no peru.

Giovanni não perderia essa por nada. Ah, não. Começou a rir freneticamente, enquanto dizia ao Diego:

— E você gosta de peru bem quente, né? Tô sabendo Dieguinho, tô sabendo!

Miguel começou a rir junto com Giovanni, e Diego disse apenas:

— Há há há. Muito engraçado. – e começou a atacar o peru.

E foi nesse momento que a campainha tocou.

Roberta bufou, mas levantou e foi até a porta para ver quem seria a pessoa estranha e inconveniente que bateria na porta de alguém na véspera de Natal, sem ser convidada. Ela abriu a porta e a criatura que viu pisando no tapete de “bem-vindo!” na verdade não era nem um pouco bem-vinda naquele apartamento. O que saiu da boca de Roberta foi:

— VOCÊ??


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