The Real Effect escrita por LeoPG


Capítulo 5
Capítulo 5- Baby, Não Chore


Notas iniciais do capítulo

Yehet! Desculpem pela grande demora :3 vou tentar ser mais rápido, prometo >.



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Pov. Peeta

A música tocava baixinho no rádio dos meus tios me proporcionando uma paz que eu pensei que nunca teria novamente, o som que vinha do contato do lápis contra o papel parecia me dar mais inspiração a cada minuto que se passava e eu já não me importava mais com os trovões vindos do lado de fora da casa onde me encontrava. Nem mesmo o som da água batendo contra a janela do meu quarto me distraíra enquanto, aos poucos, seus traços perfeitos se formavam diante dos meus olhos que permaneciam vidrados em sua imagem que parecia ainda mais nítido a cada risco ou traço.

Seus olhos selvagens combinavam com sua expressão séria, sua boca ligeiramente aberta com os lábios carnudos e avermelhados fizeram com que um arrepio percorresse meu corpo e uma vontade de correr até seu apartamento só para verificar se ela estaria lá, me esperando, se fez presente em meu corpo. Meus lábios formigavam almejando algum contato, o mínimo que fosse, com os seus.

Eu não conseguia mais lidar com isso, todos meus pensamentos me levavam até ela. Me pegava pensando em sua face delicada, seus lábios ligeiramente carnudos e seus olhos, outch, seus olhos eram minha perdição. Aquele cinza nebuloso só deixava tudo ainda mais intenso ao encara-los. Katniss não saia da minha mente e isso me deixara conturbado, seria possível aquela sensação que se apossava de mim só de ouvir a menção de seu nome era algo meramente passageiro?!

Eram essas perguntas que fizera com que meus pensamentos todos se embaralhassem fazendo assim eu me sentir um tanto quanto triste pois eu sei o quão difícil vai ser encontrar alguém que me ame e me ajude a carregar esse enorme peso que trago em minhas costas desde o acidente que tirou a vida daqueles que eu mais amara em todos os meus 16 anos de vida, alguém que aguente acordar todas as noites com meus gritos e meus choros, que suporte o "pacote loucura" por completo e que não se importaria em ter que me acalmar toda vez que eu visse um lampejo de fogo.

Fogo era o que mais rondara minha mente devido aos flash que pareciam piorar a cada dia que se passava, era como se até pudesse sentir a dor do fogo ao encostar em minha pele, até o calor parecia real. Não era toa que eu sempre me encontrava pingando suor após minhas crises ou meus simples pesadelos.

Eu sentia um calor em minhas costas mas não notara de inicio, ignorei e continuei focado em meu desenho que se encontrara quase finalizado. Tentei ignorar quando chamaram por mim, deveria ser apenas minha mente pregando-me peças como o de costume. Só não pude ignorar quando a voz tornara-se mais alta e finalmente pude raciocinar a quem pertencia aquela doce voz.

–Peeta?- a voz parecia mais perto a cada instante e o calor tornara-se insuportável.

Minha sanidade se esvaíra de meu corpo, senti meus músculos ficarem rígidos como rochas. Meu maxilar estava trincado, minhas mãos fechadas em punhos e minhas unhas perfurando minha pele. Era exatamente assim que eu me encontrava antes de um flash iniciar-se e, mesmo sabendo o que provavelmente viria a seguir, nada me preparou para o que eu realmente vira.

Me virara lentamente tentando ao máximo ter pensamentos felizes, como minha psiquiátrica mandara eu fazer quando sentia aquilo. Definitivamente eu não estava preparado. Seu corpo estava deformado e as queimaduras feias pareciam arder como o inferno, estava praticamente irreconhecível. Mas seus olhos continuaram os mesmos a qual me lembrava, azuis como os meus. Porém ele não expressava doçura ou qualquer outra coisa boa, mas sim carregava um ódio e até magoa fazendo com que todo meu corpo estremecesse da base ao meu último fio de cabelo. Eu via o cadáver de minha irmã.

–Venha comigo, Peeta... Venha... Venha sentir o que senti...- sua voz dizia, ela estava grossa devido ao ódio. Senti minha cabeça latejar- Você deixou-me queimar.

–Não é verdade! Eu tentei te salvar!- exclamei enquanto as lágrimas quentes banharam meu rosto.

–Não, você só pensou em si mesmo... Foi tudo culpa sua... Sua e somente sua... E você sabe disso, essa é a verdade.

–Para!- minha mente gritava de dor, a cada palavra dita por ela era como se a dor tornara-se ainda mais intensa fazendo-me levar minhas mãos ao encontro de meus cabelos apenas para puxar os fios loiros como se aquilo pudesse amenizar minha dor.

–Eu te odeio, Peeta... Você é o pior irmão do mundo!- o cadáver gritou, tentei implorar para que ela parasse com aquilo mas minhas forças se esvaíram- Foi sua culpa... Sua culpa... Sua... Culpa...

Eu não notara o momento em que minha prima adentrara no quarto, muito menos o momento em que eu estava agachado no chão em posição fetal, minhas mãos que sangravam pelos cortes feitos por conta de minhas unhas tapavam meus olhos sujando assim meu rosto de vermelho. Também não notei o momento a qual eu começara a gritar desesperado pelo nome de minha irmã.

Foi assim que me encontrei enquanto meus tios me olhavam aterrorizados e minha prima passava as mãos delicadas em meus cabelos e pelo meu braço em uma tentativa de me acalmar.

–Peeta... Está tudo bem, foi só um flash- disse baixinho, mas ainda assim ouvi.

Tentei focalizar seu rosto entre minhas lágrimas sentindo seus braços finos me abraçarem, mas é claro que não era a mesma coisa que acontecia quando Katniss me abraçava. Não era o mesmo efeito. Não era ela.

Minha cabeça doía e minha mente se embaralhava, lentamente a escuridão tomou conta de meus pensamentos, antes de perder minha consciência conseguiu formar uma única palavra, um único nome.

–Katniss...

Pov. Katniss

–Cade a Annie com o Peeta?! A aula vai começar daqui a pouco e nenhum dos dois chegaram ainda- disse preocupada, Clove me olhou arqueando uma sobrancelha.

–Por que está tão preocupada?- indagou ela.

–Os flashs de Peeta vem piorando muito nos últimos dias e acontecendo com mais e mais freqüência- respondeu Cato por mim- Ele deve ter acordado tarde por conta disso e estão apenas atrasados, não se preocupe, Kat.

–Como sabe dessas coisas, Catito?- perguntou Clove parecendo aborrecida enquanto eu ainda sentia aquela sensação ruim em meu peito- Sua amiguinha, Annie, lhe contou?

–Não, para a sua informação eu e Peeta demos um passeio com Finnick ontem e ele nos contou- respondeu.

–Onde foram?- perguntei tentando me distrair um pouco.

–Naquela casa de prostituição perto da minha casa- respondeu dando de ombros recebendo um olhar indignado de mim e de Clove- Em uma lanchonete- disse por fim parecendo frustado- Fala sério?! Não acredito que não confiam em Finnick e em mim.

–Confiamos em Finnick- respondeu Clove- Em você, absolutamente não.

Pulei com o susto que levei devido ao sinal que acabara de tocar anunciando o início das aulas, olhei para Clove que deu de ombros e seguiu para a sala com Cato em seu alcanço. Sentindo um aperto em meu coração, resolvi segui-los jogando-me em um canto da sala qualquer.

Minutos se passaram, horas para ser mais exata e a aula finalmente chegara ao seu fim e, para minha total preocupação, Peeta nem Annie apareceram para nenhuma das aulas. Só obtive notícias quando recebi uma mensagem de Peeta pedindo para que eu o encontrasse em sua casa.

Esperei a tarde chegar e segui até a casa dos tios de Peeta, eu não havia trocado muitas palavras com eles mas era possível se ver que eram ótimas pessoas e tratam Peeta como se fosse um filho.

Peeta possui um grande carinho por eles, não é para menos já que foram os únicos de seus parentes que realmente se importaram com a saúde e o estado dele após o acidente e se ofereceram para cuidar dele.

Toquei a campainha deixando meus devaneios de lado e esperei que alguém atendesse a porta, ouvi sons de passos rápidos e logo Annie estava me arrastando para dentro de sua casa.

–Hey, espera!- disse me sentando no sofá olhando ao redor a procura do loiro- Está tudo bem? Onde está...

–Peeta está saindo do banho, ele te explica tudo mais tarde... Enfim, tenho que ser rápida- disse Annie parecendo um pouco ansiosa- Lembra que pediu a mim para conta-lhe sobre o passado de Peeta?!

–Me recordo sim, o que tem?

–Tenho algo que pode te ajudar- disse sorrindo- A mãe do Peeta adorava gravar tudo, qualquer momento especial e tudo mais.

–E vocês tem essas gravações?- indaguei esperançosa.

–Algumas estão salvas nesse pendrive- disse me entregando o pequeno objeto azul a qual me lembrava a cor dos olhos do loiro- Estava no bolso do Peeta quando os bombeiros o retiraram de la. Ele não se lembra disso, estamos esperando ele melhorar mais um pouco para entregar isso a ele...

–Katniss!- olhei para as escadas e vi Peeta descendo-as, guardei o pendrive e me levantei já sabendo o que ele faria.

Seus braços rodearam minha cintura e seus lábios deixaram um casto beijo em minha têmpora, apoiei minha cabeça em seu peito e pude ouvir as batidas ritmadas de seu coração contra meus ouvidos. Aquele som, pelo incrível que pareça, passava-me uma sensação de estar em casa, afinal, meu lugar favorito era seus braços.

–Você me assustou, Mellark- sussurrei alto o suficiente para que ele ouvisse.

–Me desculpe, foi só mais um surto....

–Só mais um surto?!- indagou Annie fazendo-me lembrar de sua presença, levantei uma sobrancelha para o loiro que mantinha os braços em minha cintura.

–Peeta...

–Annie está exagerando, Kat- disse Peeta olhando para a prima com olhar duro- Não foi nada demais.

–Diga a verdade, Peeta- disse olhando em seus olhos- Por favor.

–Não quero te preocupar- disse suplicante.

–Vai me preocupar se não contar logo- murmurei.

–Tudo bem, é que... Eu tive alucinações- disse e lhe encarei surpresa.

Avaliando melhor seu rosto vi que haviam olheiras enormes sob seus olhos e ele carregava uma expressão cansada e parecia não dormir a dias, acariciei sua bochecha e ele deu um sorriso sem graça.

–Não precisa contar se não quiser, Peeta- lhe disse o apertando em meus braços novamente.

Os minutos que se passaram após isso foram, no mínimo, torturantes por conta do silêncio que havia se formado ao nosso redor. Annie havia subido para seu quarto deixando eu e o loiro abraçados no sofá, nenhum de nós se atreveu a dizer algo.

Peeta passava a mão em meu braço enquanto minhas mãos brincavam com uma linha que estava no colarinho de sua camisa, eu estava com minhas pernas sobre seu colo e, se alguém nos visse daquela maneira provavelmente pensariam que somos um casal apaixonado.

Não. Não somos um casal apaixonado nem nada parecido, na verdade somos um incomum casal de amigos.

A quem eu estava querendo enganar?! Meu coração, minha mente e meu olhos eram apenas voltados para Peeta Mellark, o garoto misterioso que conheci a dias e dias atrás no hospital onde minha mãe trabalha.

Eu estava apaixonada por Peeta, e por mais que minha mente tentava negar, o maldito do meu coração perdia sua batida só de pensar em seus olhos azuis. Maldito seja Peeta Mellark e seus olhos azuis.

–Katniss, mas que surpresa agradável!- a tia de Peeta entrou na sala e o mesmo parou com o carinho que fazia em mim.

–Olá- disse apenas, não estava com vontade de conversar.

–Veio para jantar, querida?

–Na verdade, tia- Peeta respondeu antes que eu pudesse falar algo- Ela veio sim.

Encarei o loiro incrédula por ele ter tomado a decisão sem ao menos me consultar se era aquilo o que desejava, o mesmo ignorou meu olhar e me mandou uma piscadela divertida.

–Oh, a comida está quase pronta-disse parecendo animada com a novidade- Só esperaremos seu tio chegar, Peeta.

–Tudo bem.

➳☠➳☠➳

–O jantar estava uma delicia- eu disse enquanto ajudava a tia de Peeta e Annie a tirar a mesa enquanto Peeta fora conversar com o tio.

–Obrigada- disse ela agradecida, Annie me mandou um sorriso divertido me deixando um pouco confusa- Katniss, posso te perguntar uma coisa?

–Hm... Claro- respondi me corroendo de curiosidade por dentro, Annie segurou a risada enquanto a mãe mordia os lábios.

–Bem, você e Peeta estão namorando?

Senti na hora minhas orelhas esquentarem e minha bochechas ficarem vermelhas como pimentões, Annie segurou ainda mais a risada e a Sra. Cresta parecia ansiosa pela minha resposta.

–Não, er... Somos só amigos- respondi desconcertada.

Imagens minhas e do loiro vieram a minha mente. Eu e Peeta nos beijando, abraçados, trocando carícias... De alguma forma aquelas imagens me fizeram suspirar sonhadora e peguei-me imaginando se isso um dia aconteceria.

–É uma pena, seriam um casal tão bonito...- Annie debochou fazendo com que eu lhe desse uma beliscada de leve- Ei! Estava só brincando.

–Annie tem razão, querida- disse Mayre- Aliás, Peeta gosta muito de você.

–Eu sei- foi tudo o que respondi.

–Tenho muito a agradecer-te, Katniss- disse em um suspiro- Não sei como ele estaria sem você para apoia-lo, estávamos com tanto medo de o perdermos.

–Obrigada, mas não é necessário agradecer- suspirei pensando em seus olhos azuis- Eu gosto muito dele também.

–Saiba, Katniss, que você goza de nossa total confiança- disse o tio de Peeta entrando na cozinha- Estamos muito felizes que Peeta está voltando graças a você. A propósito, ele está te esperando no jardim.

–Obrigada- foi tudo o que disse antes de rumar para fora da casa.

Pov. Peeta

Senti minhas bochechas corarem ao me lembrar da inconveniente pergunta do meu tio a segundos atrás. Aquilo era algo que meu pai diria caso estivesse vivo, talvez ele poderia me ajudar com isso.

"E então, Peeta... Quando vai pedir sua amiga em namoro?"

Ri internamente com a cara deslavada do meu tio, ele realmente percebeu que estou caindo em terra por Katniss Everdeen sem nem ao menos me perguntar, será que estava tão na cara a esse ponto?!

–Peeta- meu pescoço virou em uma velocidade tão rápida devido ao susto que fiquei com medo da minha cabeça sair voando pelos ares-, me chamou?

–Oh, sim... Queria que viesse ver as estrelas comigo- segurei a vontade que tive de puxa-la para mim naquele momento virando o rosto para encarar as estrelas que brilhavam sobre nossas cabeças- A noite está linda hoje, não acha?

–Sim, está sim... Darius costumava contar histórias a mim e a Finnick enquanto observávamos as estrelas- desviei o olhar para seu rosto sereno, as maças de seu rosto estavam vermelhas por conta do frio.

–Ele parecia ser alguém legal- eu disse puxando-a para meus braços voltando a olhar o céu.

–Era o pai perfeito, um pouco maluquinho as vezes mas mesmo assim eu o amava- disse, podia sentir o pesar em sua voz- Sabe, um pouco antes de falecer, ele me disse que caso fosse uma estrela ficaria sempre de olho em mim... Lá de cima. É algo bobo, mas gosto de pensar que ele está mesmo velando por mim.

–Não é bobo, é lindo- sussurrei em seu ouvido sentindo-a se arrepiar em meus braços.

Katniss descansou a cabeça em meu ombro e passei a fazer carinho em seus cabelos macios, era relaxante ficar tão próximo dela como estava naquele momento. Podia ouvir seus suspiros dengosos devido a massagem que recebia e aquilo fazia com que eu me sentisse em casa, como se aquele fosse meu lugar e, meus braços, o refúgio da minha morena.

As vezes me pegava pensando em como Katniss conseguiu fazer em um dia algo que os outros demoraram semanas, quase meses para tirarem-me da solidão.

Katniss tirara de mim aquele sentimento horrível a qual eu sentia todo o dia, a cada hora, a cada minuto... A cada segundo. Minha morena conseguiu clarear o caminho que pensei ser escuro, e não sabia como agradecer por aquilo.

–Peeta...- sua voz me tirou de meus pensamentos.

–Sim?- perguntei.

–Você está mesmo bem?- sua voz parecia urgente e preocupada, eu não deveria esconder o que aconteceu noite passada- Por que faltou?- voltou a indagar- Por favor, não esconda as coisas de mim.

–Eu tive uma alucinação, como já havia dito, e acabei desmaiando e quando acordei não consegui dormir e Annie ficou bem preocupada também- respondi recebendo um olhar preocupado- Eu vi minha irmã, Katniss... E ela...

–Ela o que, Peeta?

–Ela queimava e implorava por ajuda- respondi enquanto imagens recentes rondavam minha mente- Foi minha culpa.

–Não, Peeta! Já disse que não foi culpa sua- disse segurando meu rosto fazendo-me encarar aqueles olhos cinzentos nebulosos- Não faça isso consigo mesmo! Me prometeu não faze-lo!

–Me desculpe- pedi em um suspiro.

–Não diga coisas sem sentido, okay?! Foi um acidente, você não pode preve-lo ou impedi-lo... Sua irmã está bem assim como seus pais e seus outros irmãos, eles não te culpam e tenho certeza que não querem que fique assim- seu polegar acariciou minha bochecha.

–Tudo bem- foi tudo o que disse antes de me agarrar a ela novamente, dessa vez escondendo meu rosto banhado em lágrimas em seus macios cabelos- Eu preciso de você, Kat.

–Eu também preciso de você, Peet- sussurrou próximo ao meu ouvido.

–Gosto quando me chama de "Peet"- murmurei após um tempo- Apesar de não ser um dos melhores apelidos.

Katniss riu, seu hálito quente batendo contra a pele sensível do meu pescoço. Suspirei durante o arrepio que se apoderara de meu corpo, uma sensação gostosa de conforto por estar envolvendo-a em meus braços.

–Não vai me abandonar amanhã, não é?- perguntou após alguns minutos que permanecemos mais uma vez em silêncio.

–Não vou, prometo- ditei deixando um breve beijo em sua testa antes da mesma se afastar.

–Eu já vou indo- disse após um longo suspiro- Tudo bem?

–Claro, me avise quando chegar lá- deixei um beijo em sua bochecha a abraçando uma última vez aquela noite.

–Pode deixar, mamãe- brincou arrancando-me uma risada- Tchau... Deixe um beijo em seus tios por mim... Ah! Em Annie também.

–Tudo bem, até amanhã- disse enquanto ela já se afastava.

Sorri enquanto via sua figura se afastar aos poucos me deixando com meus pensamentos em outro lugar, onde eu podia beija-la como se não houvesse amanhã. Eu realmente queria concretizar meus sonhos, vive-los e poder sentir aquela sensação gostosa a qual sentimos quando amamos. O amor é uma brisa inebriante com cheiro de rosas, a qual não se é possível sentir os espinhos.

Me joguei em minha cama sorrindo como um verdadeiro bobo apaixonado a qual eu me sentia e a única coisa a qual desejei infinitamente naquele silencioso momento fora que minha amada voltasse para meus braços, apenas sua presença já era capaz de me manter feliz.

Não notei a hora a qual adormeci perdido em meus próprios pensamentos, eu havia acordado com o insistente som da chuva a qual relaxava e me fazia querer voltar ao mundo dos sonhos. Porém algo me impedira de voltar a dormir e dessa vez não era a chuva e sim meu celular que estava aos berros sobre meu criado-mudo, pensei seriamente em me virar para o lado e fechar os olhos e esperar aquele barulho parar mas ao ver o nome de Katniss brilhando na tela deixei todo meu sono de lado.

–Alô- murmurei sonolento, recebi um fungo em resposta- Katniss?! Está tudo bem?

–Peeta...- sua voz estava embargada- Estou com medo.

–De que? Da chuva?!- perguntei divertido me ajeitando sobre o colchão.

–Ahanm- pela sua voz pude notar que estava constrangida, senti-me imensamente culpado por achar seu medo completamente divertido- V-você poderia v-vir aqui?

–Agora?!-indaguei surpreso, afastei o pequeno aparelho dos meus ouvidos e vi que não passara de uma e meia da manhã- No meio dessa chuva?!

–Estou com medo- disse como se contasse um perigoso segredo- Isso já é um ótimo motivo para vir aqui e me ajudar!

–E quer que eu faça o que?! Escale o seu prédio no meio da chuva ou você vai jogar seus cabelos pela janela para que eu suba?- perguntei me levantando, sabia que ela me venceria de um jeito ou de outro. Ouvi ela bufar do outro lado.

–Não seja bobo! Vou avisar o porteiro- esclareceu- Vai vir, não vai?

–Vou- respondi sorrindo- Estarei aí em alguns minutos. Tchau...

–Peeta- chamou meu nome impedindo de desligar, murmurei um "uh" como resposta- Cuidado para um trovão não te acertar- disse e desligou, revirei os olhos divertido.

–O certo não seria um raio?!- murmurei sozinho.

Peguei uma mochila e enfiei roupas minhas lá para o dia seguinte e vesti uma calça jeans e uma blusa de moletom por cima do meu pijama.

Deixei um bilhete sobre a pequena mesinha que ficava perto da porta de entrada da casa dos meus tios para que eles vissem de manhã e segui meu caminho sob um guarda chuva cor de rosa pertencente a Annie.

Quando finalmente cheguei no alto e escuro prédio de Katniss, o poreteiro me olhou malicioso e me segurei para não lhe mandar a merda naquele momento.

Katniss abriu a porta de seu apartamento vestindo apenas uma grande camiseta com estampas do desenho de Pororo e me deu um tapa estridente no braço quando dei risada daquilo, não dei muita importância aquele tapa porque logo depois ela já estava agarrada a mim como se a vida dependesse daquilo.

–Você demorou- murmurou contra meu peito, sorri fazendo-lhe carinho nos cabelos castanhos.

–Desculpa, o guarda chuva da Annie virou do avesso por causa do vento- justifiquei baixinho.

–Oh! Isso explica o fato dele ser rosa- disse e ri pelo nariz.

–Será que os pombinhos podem deixar para se agarrar depois, estou me segurando para não vomitar um arco-íris agora mesmo- a voz de Finnick se fez presente fazendo eu e Katniss nos separarmos constrangido- Oh... Pororo-murmurou fazendo Katniss corar- Cuidado, Peeta, ou ela vai te fazer assistir isso junto com ela.

–Finnick! Eu vou te matar!- ameaçou a morena ao meu lado, sorri constrangido pelos dois estarem ao ponto de discutir.

–Seria um favor- murmurou indo em direção a cozinha.

Katniss segurou em meu pulso e me puxou para seu quarto deixando o guarda chuva de Annie na varanda para que secasse.

Nos embolamos em meio aos lençóis de sua cama e ficamos em silêncio como sempre ficávamos quando nos sentíamos confortáveis, afinal, não precisávamos de palavras.

–Meu pai veio aqui hoje- sussurrou baixinho enquanto eu lhe acariciava a bochecha rosada- E-ele quer... Ele quer que eu e Finn vamos morar com ele, na França.

–Oh... Por isso estava chorando?

–Sim, mas eu continuo tendo medo de chuva- escondeu o rosto em meu peito- Eu não quero ir.

–Tudo bem, eu não vou deixar você ficar longe de mim- sussurrei baixinho em seu ouvido.

–Minha mãe está muito mal, ela foi para casa do novo namorado chorando muito e... Finn não consegue dormir quando está nervoso e fica um pouco ignorante- explicou ainda encolhida em meus braços- Mas essa não é a pior parte...

–Não...?

–Não, a pior parte será quando ele explodir, e nada consegue fazer ele parar de chorar- disse, sua voz parecia distante- É horrível.

–Imagino- suspirei.

Katniss continuou enroscada em mim quando começou a chorar novamente e, dessa vez, fui eu quem a consolei retribuindo de todas as vezes a qual ela limpara minhas lágrimas.

–Baby, não chore... Está tudo bem- seu corpo tremia contra o meu e suas lágrimas molhavam minha camisa na região do meu ombro.

–E-eu não quero fi-ficar longe do v-você- disse entre seus soluços.

–Você não vai, eu não vou deixar... É uma promessa- ficamos embalados um no outro, até que o somo nos levasse para um lugar que parecia der melhor.


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Notas finais do capítulo

Bem, alguém ai gosta de EXO?! O capítulo foi inspirado em Baby Don't Cry :3 espero que gostem... Gostaram da capa nova? Vejo vcs no próximo!