Ficamos quietos por uns instantes, até que eu respirei e resolvi quebrar o silencio.

–Aspen, nada mudou! Eu sou uma selecionada. Não posso ter nada contigo aqui Aspen.

– Eu entendo Meri. Mais não é justo. Não terei nem a chance de lutar por nós? – Aspen tinha o olhar triste.

Não pude encará-lo, simplesmente não podia. Então apenas fiz o que cabia no momento: desviei o olhar, olhei para baixo.

– Mais que droga America! Argh! Ele não podia simplesmente ter deixado você ir?! – Disse quase gritando

Não pude acreditar no que escutei. Não podia acreditar no Aspen surtando daquele jeito.

– Aspen, eu nunca seria feliz longe do Maxon... – Sinceramente respondi.

– Então é isso America? Você não me ama mais?

É complicado... Como podia explicar aquilo para ele?!

– Não é sobre não te amar mais Aspen. Não posso negar que você ainda mexe muito comigo. – Disse olhando em seus olhos. – Mas tirando o fato de que não voltarei mais pra casa, nada mudou desde a nossa ultima conversa. Eu preciso de um tempo Aspen; preciso juntar os cacos. Preciso me achar novamente em meio a esse caos em que estou. Apenas me deixe respirar...

–Mais Meri...

–Sem mais Aspen. Não esqueça que foi você quem nos colocou nisso. Eu preciso de tempo. É apenas isso que te peço.

Aspen se levantou sem dizer mais uma palavra. Caminhou até a porta e parou por um momento antes de sair. Momento suficiente para ele dizer: – Não desistirei tão fácil assim de você. Boa noite America.

E atravessou a porta, fechando-a e o escuro tomou conta do quarto. Aquelas palavras me fizeram tremer por dentro.

Eu me senti culpada. A verdade era que eu estava sentada ali tentando puxar meu coração em duas direções e decepcionando todos os envolvidos. Me decepcionando...

Aspen no castelo estava dificultando mais as coisas.

O dia amanheceu frio. Hoje teríamos a maior parte do tempo livre, mas Silvia mandou que todas nós aparecêssemos no Salão das mulheres a tarde porque ela tinha algo a falar.

Fico imaginado o que seja. Pode ser mais uma eliminação, novas atividades... Não sei.

Anne, Lucy e Mary me preparam para o café da manhã e logo desci.

Tenho totalmente que melhorar no quesito pontualidade, quando cheguei, todos já estavam a mesa. Fora algumas piadinhas vindo de Celeste, o café da manhã correu normalmente.

Sai assim que possível, minha mente ainda estava um turbilhão desde a noite de ontem. Resolvi ir a sala de musica, tocar sempre me ajudava.

Ao abrir a porta, me impressionei. Era como se estivesse em um tipo de paraíso. As paredes uma mistura de branco gelo e detalhes de dourado. Todos os instrumentos que você poderia imaginar estavam ali. Era um lugar realmente muito bonito.

Comecei pelo violino, deslizando o arco pelas cordas. Sentindo meus dedos pressionando as cordas e o som que isso tudo formava. Me senti muito bem. Fechei os olhos e continuei a tocar as musicas que já sabia de cor. Naqueles momentos ali tocando, senti como se estivesse em casa. Como se eu ainda fosse a velha America. Nada de seleção; de Maxon ou Aspen. Apenas eu.

Após tocar algumas musicas no violino, fui para o piano. Sempre lembrava do meu pai e sua paciência que ele teve para me ensinar. Eu era realmente ruim no piano no começo.

Os meus dedos tocam as teclas e a musica começa. Me permito viajar nela, me deixo levar. Até que subitamente sou trazida para o mundo real novamente por um estrondo da porta se abrindo. Era a Kriss. Sorrio forçadamente pra ela. Forçadamente porque não estava feliz por ela interromper meu momento.

– Não sabia que você tocava Kriss – Falei

– Eu não toco America – Disse com um sorrisinho irritante – Na verdade eu estava

procurando você e quando ouvi a musica imaginei que estaria aqui.

Me procurando? O que Kriss quer comigo? Não somos inimigas nem nada, mas também não chegamos a ser amigas ao ponto de ela vim me procurar. Resolvi acabar logo com minha curiosidade.

– Bem, você me achou. – Disse enquanto me levantava do piano e ia em sua direção. – O que quer?

– Apenas te dizer algo America.

Olhei pra ela esperando que continua-se. E ela o fez.

– Não é segredo nenhum que você sempre foi a favorita do príncipe desde do inicio. Isso desestimulou muitas selecionadas, até a mim pra ser sincera. Mas de repente você pisou na bola, e Maxon começa a finalmente olhar pras outras selecionadas. O que quero dizer mesmo America, é que é obvio que você ainda é a favorita. Mas sei que Maxon sente algo por mim no fundo. Pode não ser o mesmo que sinto por ele, mais ele sente. E agora que sei que você tende a decepciona-lo, eu vou lutar mais ainda. E quando você pisar na bola de novo, eu estarei aqui por Maxon. E ele será meu.

Meus olhos se encheram de lagrimas, as quais eu lutei para não deixar cair. Aquelas palavras entraram como adaga em meu peito.

– Apenas vim avisar pra você – Deu uma piscadinha se dirigindo a porta – Não gosto de apunhala pelas costas. –E saiu.

Nunca senti tanta vontade de gritar como naquele momento. Kriss e sua doçura já não me enganam mais. Já não pude controlar minhas lagrimas e deixei que caíssem mesmo. Voltei ao piano e fiquei ali, chorando e tocando até a hora do almoço.

Após o almoço me dirigi para o Salão das mulheres. Fui a primeira a chegar por incrível que pareça.

Quando todas as selecionadas chegaram Silvia deu inicio.

– Senhoritas, tenho um comunicado a dar pra vocês.

– Aconteceu algo? – Elise perguntou preocupada.

– Não Senhorita Elise – Silvia a tranqüilizou. – É o seguinte: Amanha vocês serão entrevistadas pela Rainha Amberly.

– Entrevistadas? Como assim?

– Bem, ela quer conhecer vocês melhor, já que uma de vocês se casará com o filho dela.

– Após essa entrevista terá eliminações? – Isso foi a celeste.

Antes que a Silvia responde-se, a rainha adentrou no Salão.

– Calma senhoritas – Disse com um leve sorriso – Não é um tipo de “prova eliminatória”. O único objetivo é conhecer melhor cada uma aqui. Não há motivos para se preocuparem

Toda a tensão que havia se formado a minutos atrás foi desfeita. O alivio podia ser sentido.

Mas após uns minutos minha mente se encheu de perguntas. ‘ O que será que ela vai perguntar?’, ‘ e se ela não gostar de mim?’, ‘ e se e disser algo estúpido?’