POV's Lysandre ON

Castiel e eu marcamos o ensaio para as 15:00, na garagem da casa dele. Já são 16:30 e ele ainda não apareceu. Se eu não tivesse a cópia da chave, nem teria conseguido entrar. Já fiz de tudo por aqui, até faxina, só pra passar o tempo. No momento, estou sentado em uma caixa de som, separando minhas letras em pilhas diferentes: "dignas de gravação", "melhorar" e "lixo".

Quando estou analisando a última, a porta lateral se abre com um estrondo, quase me matando do coração e fazendo com que eu caísse de costas, espalhando as letras no chão.

Era meu querido amiguinho ruivo falso do capeta, esse tomate de merda.

Castiel: Boa tarde, Lysandre!

Se eu já estava assustado antes, isso nem se compara a quando eu ouvi essas palavras: "Boa tarde".

Lysandre: Castiel, andou bebendo de novo?

Castiel: Não! Porquê?

Lysandre: Nem fumando?

Castiel: Não!

Lysandre: Você acabou de me dar "boa tarde". Você nunca dá boa tarde.

Castiel: Acho que estou feliz.

Lysandre: Não tem essa de "acho". Você está feliz, o que pode ser considerado o milagre do século. O que foi, andou pegando?

Falei na brincadeira, mas ele pareceu meio abalado quando acenou a cabeça negativamente. Isso era suspeito. Se ele não queria falar, era porque tinha acontecido algo a mais. Porque ele não queria que eu soubesse?... Descobriria depois.

Lysandre: Bom, vamos falar da hora.

Castiel: Porquê porra de motivo nós vamos falar da h...

Coloquei minhas mãos em seus ombros.

Lysandre: Castiel... Meu amigo... PORQUEPORRAVOCÊSEATRASOUTEMIDEIADEQUEHORASSÃONÓSTINHAMOSENSAIOÀS15:00JÁSÃO16:45VOCÊANDOUBEBENDOMESMOPODEADMITIRVOCÊTAVAERABEBENDOUMASEOUTRASENQUANTOPEGAVAUMASPUTASPORAÍEQUERSABERDEOUTRAEUNÃOPOSSOGRITARUMVAITOMARNOCUALTOOSUFICIENTEPARAEXPRESSAROQUEPENSODESSESEUATRASOSEUMERDA!!!!

E comecei a berrar enquanto sacudia ele com todas as minhas forças. Ele me empurrou e começou balançar a cabeça, como se estivesse tonto.

Castiel: Ééé... Eu bebi-i-i-i... Um cálice de amoooor...

Desisto de tentar consertar esse cara.

POV's Lysandre OFF

POV's Kim ON

Minha guria favorita, minha melhor amiga, Mary Ann (ou Anninha, como eu curto chamar ^^) estava com o rosto marcado quando chegou na escola hoje.

Kim: Anninha! O que você tem? Tá com o rosto todo marcado! Andou chorando?

Ela não respondeu, o que interpretei como "de cega aqui já basta eu."

Kim: Entendi... É por causa de homem, né? Eu sei que é. Se é por causa do Lysandre, eu vou dar uma surra nele agora, mas acho que você nem precisa chorar, porque ele tá muuuuuito na sua...

Ela fez um gesto com o dedo indicador: Não. E começou a tocar uma guitarra imaginária. Ai. Meu. Deus. O tomatinho do demo não.

Pior. Ela fez um bico.

Kim: VOCÊ NÃO FEZ ISSO!

Parando para pensar, não deveria ter gritado com a guria, pois ela começou a chorar. Pobre da boneca, está encharcada. Imagino o quanto ela andou chorando.

Aí, aparece Lysandre, todo pimpão e alegre, com um embrulho grande e fino nas mãos.

Lysandre: Oi, Kim! Oi, Ma... Porquê o choro?

Kim: Ela... caiu!

Lysandre: Então acertei no presente! Toma...

Ela abriu. Ela uma bengala branca, com vários adesivos de borboletas.

POV's Kim OFF

POV's Mary Ann ON

Pelo visto, Lysandre acabou de me presentear com uma bengala. É um presente útil. Muito útil. Eu vivo sempre esbarrando nas coisas e tropeçando.

Nesse momento, eu sinto vontade de falar "obrigada" mas afasto isso da cabeça. Eu não posso falar.

É uma questão de escolhas.