– Bom dia meninas! – minha mãe falou abrindo as cortinas do quarto e deixando toda aquela luz excessiva chegar a mim. – Vamos, acordem!

Sentei na cama usando todas as forças que existiam no meu ser e encarei minha mãe.

– Uou, está bonita... vai para onde? – perguntei coçando meus olhos.

– Obrigada e bom dia querida. – ela disse sorrindo. – Agora, as três de pé.

Bem, uma coisa que aprendi nos meus dezesseis anos com minha mãe, e que as meninas aprenderam depois, é que nunca se deve desobedece-la. Sempre se deve fazer exatamente o que ela pede e manda, caso contrario as consequências são cruéis. Por isso me levantei seguida por Sarah e Helena com as caras amassada. Eu poderia rir, mas creio que não estava diferente.

– Bom dia Belle. – as ruivas disseram.

– Bom dia mãe, agora que nós já sabemos como é estar no exercito pode, por favor, explicar por que você decidiu que seria uma boa ideia nos acordar às... – virei olhando para o relógio. Suspirei. – Às nove e meia da manhã?

– Se você esta lembrada, seu irmão virá para cá na semana que vem... – a senhora Belle Depond disse e na mesma hora Sarah levantou a cabeça e sorriu. – Então eu e Lucas vamos viajar hoje para resolver algumas coisas para estarmos livres na próxima semana. Devemos voltar em três ou quatro dias.

– Claro, para ficar mais tempo com o filhinho preferido. – disse revirando os olhos e sentando na cama.

– Alice, seu irmão mora na França. FRANÇA! É outro país! – Helena falou.

– Deixa de besteira loira... – Sarah completou.

Bufei e cruzei os braços.

– Obrigada meninas... Enfim, desçam para domar café e Helena, seu pai quer falar com você. – minha mãe disse antes de sair do quarto.

– Agora sabemos onde você aprendeu a acordar as pessoas dessa maneira delicada e você agora sabe como é acordar assim. – Sarah falou com um sorriso no rosto.

– Cala a boca. – disse me jogando na cama enquanto elas riam.

– Ei, não foi hoje que marcamos para sair com os meninos? – perguntei ainda sem coragem para me levantar.

– Foi mesmo, e se não me engano, – Helena disse pagando seu celular e conferindo as mensagens – marcamos as onze.

– Então acho que agora temos que trocar de roupa e descer... – Sarah disse.

Olhamos uma para as outras. Olhamos para a porta do banheiro.

– EU PRIMEIRO! – gritamos ao mesmo tempo e corremos em direção à porta.

Depois de um briga matinal comum, alguns puxões de cabelo, arranhões e mordidas... Helena entrou no banheiro e se trancou lá.

~~~~~~

– Bom dia garotas! – exclamou Lucas Parker quando estávamos na escada.

– Ainda não são nem doze horas pai, não me venha com “bom dia”. – Helena disse quando sentamos à mesa.

– Existe vida antes do meio-dia querida, acredite. – Mr. Charming respondeu piscando para ela.

Sim, é assim que chamo meu padrasto... quando ele não esta por perto ou ouve.

– Então... vocês vão viajar hoje? – Sarah perguntou cortando uma fatia de bolo.

– Aham, daqui a pouco para ser mais especifica. – minha mãe respondeu.

– E vão passar três ou quatro dias fora? – Helena questionou colando chocolate quente na xícara.

– Isso mesmo, tentaremos ser rápidos. – seu pai falou.

– E nós vamos ficar sozinhas? – disse pegando uma torrada.

– Vocês nunca tiveram problemas de ficar sozinha, além disso, a Amy vai estar aqui e eu contratei uma equipe para fazer a limpeza da casa. – mamis disse agora olhando para nós.

– Isso é de dia... – Helena falou baixinho.

– Sem festas! – os pais falaram juntos.

– Mas... – tentamos argumentar.

– Sem ‘mas’. – meu padrasto disse firme.

– Vocês lembram-se da ultima festa que fizeram? – minha mãe perguntou com a sobrancelha arqueada.

Na verdade, eu não lembrava muito bem... [N/Sarah: Talvez por que você estava muito bêbeda para isso!] Calada ruiva! Sim, uma das únicas coisas que lembrava era de que chegaram uns policiais gatos por causa do barulho e Diego achou que eram stripes, isso resultou em nosso querido amigo sendo levado para a delegacia... não que ele tenha achado ruim. E eu posso jurar que tinha uma lhama na minha banheira!

As ruivas pareciam estar tento lembranças tão estranhas quanto as minhas.

– Okey, acho que sem festas... – falei e elas concordaram.

– Sem festas aqui... – Sarah falou com um sorriso diabólico no rosto.

– Sarah, juízo. – Lucas falou censurando-a.

– É para isso que temos a Alice no grupo tio! – ela sorriu.

– Alice, então contamos com você. – ele falou rindo.

– Está na hora de irmos para não nos atrasarmos. – mamis disse se levantando da mesa.

– Tem razão querida. – viram, até o marido da minha mãe aprendeu que não deve contraria-la.

Eles se levantaram e sairiam da sala. Nós continuamos lá, comendo.

– Já vamos. – disse Lucas voltando à sala. – Tchau crianças.

– Tchau meninas. – minha mãe falou.

– Tchau. – falamos juntas.

– Boa viajem. – Sarah disse.

– Não se preocupem. – falei.

– Se divirtam com moderação! – Helena gritou.

Então eles se foram.

– Os meninos já devem estar chegando. Melhor terminamos de nos arrumar. – Lena disse quando acabou o chocolate.

– Não é que ela disse algo útil?! – Sarah exclamou fazendo a outra revirar os olhos. – Vamos subir logo!

Subimos, terminamos de nos arrumar e, por alguma obra dos deuses, eu fiquei pronta antes.

– VAMOS LOGO! – gritei educadamente, é claro, do andar de baixo.

– DEIXA DE GRITO LOIRA NEUROTICA! – Sarah respondeu, também educadamente.

Amizade linda a nossa!

Estava jogando no celular quando a campainha tocou.

– ELES CHEGARAM! – avisei as ruivas antes de ir atender a porta.

– Entrem meninos, as ruivas estão se arrumando ainda e... – falei ao abrir a porta. – Tiago?!

Meu irmão estava parado do lado de fora com duas malas... conversando com Dave e Nick.

Detalhes sobre meu irmão: ele é dois anos mais velho que eu; mora com meu pai em Paris; faz faculdade de direito; se parece mais com minha mãe.

– Somos invisíveis é? – Nick falou sarcasticamente.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei ao meu irmão ignorando o russo.

– Nossa, assim parece que você nem estar feliz em me ver. – ele respondeu fazendo biquinho.

– Não! Quer dizer, é claro que estou feliz em te ver! – disse abraçando-o. – Vamos, entrem.

Fomos para a sala.

–É que mamãe disse que você só chegava na próxima semana... – falei me sentando.

– Consegui vim antes e decidir fazer uma surpresa. – Tiago falou sorrindo.

– Você é quem vai ter uma surpresa... – comentei baixinho. Tiago não ouviu, mas Dave olhou para mim com a sobrancelha arqueada.

– Hey Dave! Não falei com você. – disse sorrindo. Estão vendo, nem parece que talvez exista uma remota possibilidade de eu estar um pouco afim dele.

– Correção, – Nick falou – eu sou invisível. [N/Nick: Isso só por que sou russo]

– Deixa de drama garoto. – disse jogando uma almofada nele. – As ruivas realmente estão demorando...

– Que milagre foi esse que você já esta pronta? – Dave disse. – Às vezes da para ouvir da minha casa os gritos delas chamando você.

Os outros riram. E eu corei.

– Exagerado... – resmunguei.

– ‘As Ruivas’? Sarah está aqui é? – Tiago falou tentando esconder o sorriso que se alargava em seu rosto. Ele falhou miseravelmente.

– Eu ainda não entendo vocês! – disse me levantando. – Sim, Sarinha está morando aqui. Vou chama-las.

Subi até o meio da escada e gritei.

– FICARAM TRANCADAS FOI?

– Se ferra Alice. – Helena respondeu aparecendo nas escadas.

– Até que fim! Cadê a outra? – perguntei.

– Sarah já vem, estava procurando o tênis... – Helena disse sem se importar passando por mim.

– Segunda porta da direita para esquerda, do lado esquerdo inferior. – respondi descendo também.

– Oi Helena. – meu irmão disse.

Ela encarou surpresa e antes que ela gritasse, tapei a boca dela.

– Shh! Deixe Sarah aparecer. – falei piscando e indo me sentar.

Ela riu e se sentou perto de Nick.

– Oi Nick, oi Dave. – ela disse para eles.

– Viu? Uma pessoa educada. – Nick falou olhando para mim.

Revirei os olhos.

– Cheguei bichts! – Sarah disse descendo as escadas.

– “Sorry, I’m late”? Sério? – disse olhando para ela.

– Linda não?! – ela piscou para mim.

– Muito linda. – meu irmão disse se levantando.

– Tiago?! – ela disse completamente surpresa. – Tiago!

Ela o abraçou forte.

– Qual é o lance deles? – Nick perguntou.

– Eles são... complicados. – Helena respondeu.

– Tiago, é meu irmão, ele mora na França. Sempre que ele vem para cá, ou a Sarah vai para lá, eles ficam. – eu falei dando os ombros. – Digamos que eles têm um relacionamento a distancia.

– E isso dá certo? – Dave disse.

– Olha para eles e responda. – Helena falou.

Sarah e Tiago já estavam se pegando.

– Então, vamos? – disse pegando minha bolsa.

– Claro, vamos para onde mesmo? – meu irmão respondeu.

– Não me lembro de ter te chamado... – disse indo até a porta.

– Ai! Essa doeu... – Tiago falou passando a mão pela cintura de Sarah.

– Mas, não posso te deixar sozinho já que mamis está viajando. – completei. – Quem está de carro?

– Viajando? Ela viajou quando? – o loiro questionou.

– Opa! Meu carro hoje, – Dave falou se levantando do sofá – só não sei se vai dar todo mundo...

– Nós achamos uma maneira. – Helena garantiu.

– Então o que estamos fazendo aqui mesmo? – Sarah perguntou agitada.

~~~~~~~

– Uma vez na vida, uma única e misera vez você poderia me ouvir? – disse séria encarando Sarah.

Ela revirou os olhos e encostou-se à parede. Afinal, nosso espaço era limitado em uma cela na delegacia. Só nos restava esperar a nossa salvação.

Deixem-me explicar o que aconteceu...

...resumidamente.

– Alguém me explica novamente por que nós viemos para um museu? – Helena falou pela, que eu creio, a vigésima vez.

– Por que o Dave estava dirigindo e Alice pediu... precisa que eu fala mais? Ou comente o amor e a tensão sexual que existe entre eles? – desnecessário dizer que foi quem que falou isso.

– Cala a boca Sarah! – disse sem olhar porque meu rosto deveria estar mais vermelho que um pimentão. Dave desviou olhar, ele estava tão vermelho quanto eu. – Nós viemos por que o Madame Tussauds é um lugar incrível e tem muito tempo que nós estivemos aqui.

Depois elas começaram a resmungar coisas que eu não dei ouvidos.

– Então vocês estão namorando? – meu irmão perguntou caminhando ao meu lado.

– Não! – falei e virei para encara-lo, ele estava com um sorriso idiota. – Somos amigos. Não dê ouvidos ao que elas falam... – e sai na frente.

Assim continuamos nosso passeio quase tranquilo: Helena comentando que já tinha visto todas as esculturas e as mostrando para Nick que nunca tinha vindo ao museu; Tiago e Sarah ‘matando a saudade’ e Dave e eu conversando como pessoas normais.

Sabiam que ele também é grande fã do Doctor Who? Okey, voltando para historia.

Até que chegamos à ala dos super-heróis.

– Gente! Olhem! – Sarah gritou do nada.

– O que foi garota? – Helena disse com a voz um pouco mais aguda.

– Ali! O Hugh Jackman! – ela falou um pouco mais baixo que o grito.

Olhamos na direção na qual ela apontava.

– Sarah! Acorda! – falei com toda delicadeza possível, ou seja, nenhuma. – Só estão trocando a estatua do Wolverine.

– Por favor, Alice, eu sei a diferença entre uma estatua e um ator gostoso de verdade. – ela disse revirando os olhos. Tiago e Nick olharam para ela com uma sobrancelha arqueada. – Ele é gostoso sim.

– Concordo! – Helena falou sorrindo. – Mas aquilo é uma estatua Sarah...

– Quando eu falar com ele sozinha, vocês ficarão com inveja. – dito isso, ela saiu na direção da estatua.

– Sarah! Espere! – e meu irmão foi atrás.

– Estou ficando com fome... – disse depois de um pequeno tempo. – vamos almoçar?

– Conheço um ótimo restaurante de comida grega. – Deva falou olhando para mim.

– Só para esclarecer, vamos todos ou só o casalzinho? – Nick disse completamente sério.

– Até você russo?! Desisto! – exclamei enterrando meu rosto nas mãos ao mesmo tempo em que ele começava a rir com Helena.

– Convite foi para todos, se bem que não foi um convite... – Dave respondeu, eu levantei o olhar para ele, que piscou para mim.

– ME SOLTE! EU SEI MEUS DIREITOS! – os gritos de Sarah nos fizeram olhar rápido para trás.

Um segurança enorme segurava Sarah pela cintura, tirando-a do chão. Outro estava a frente do meu irmão impedindo-o de passar.

– Soltem ela! Não podem prendê-la! – Tiago falava.

Corremos na direção deles.

– Ela queria roubar uma estatua, sim podemos. – um terceiro segurança falou. – E nós não te levamos por que sabemos que a ideia não foi, não é Sarah?

– O que aconteceu com a minha segunda chance Gabe? – Sarah perguntou ainda se esperneando para o segurança grandalhão solta-la.

– Acontece que é a sua quinta tentativa de roubo aqui. – Gabe respondeu calmo.

– Ei! Vocês não podem leva-la. – disse quando chegamos. – Senhores, minha amiga ai tem um problema que ela não consegue pensar corretamente, vocês não podem culpa-la por sua doença.

– Isso, ela mal sabe a diferença entre o certo e o errado. – Helena completou reforçando minha historia ridícula.

– Claro que Sarah não estava sozinha, tem as acompanhantes também... – Gabe disse quase sorrindo. Mais três seguranças apareceram. – Levem-nas também. Veremos o que dizem na delegacia.

Um homem grande e moreno veio para cima de mim. Ele segurou meu braço com força e começou a me puxar.

O outro negro estava levando Helena.

Entre nossos gritos de protesto, ouvíamos Dave, Nick e Tiago gritando para que soltassem a gente.

– CHAMEM MEU ADVOGADO! EU QUERO MEU ADVOGADO! E OS MEUS DIREITO? VOCÊS TÊM QUE FALAR QUE EU TENHO O DIREITO DE FICAR CALADA! – Sarah gritava.

Agora já estávamos dentro da viatura que tinham lá, indo para a delegacia.

– Sarah, você tem o direito de ficar calada... você só não tem essa capacidade! – disse irritada.

Bem, foi assim que viemos para aqui... nessa cela nojenta.

– Quem diria que Gabe ainda trabalhava lá depois de três anos? Ou que ele se lembraria de mim... – Sarah disse pensativa.

– Você quase o fez perder o emprego da ultima vez que esteva lá, qualquer um se lembraria de você. – Helena disse de olhos fechados.

– Vocês estão liberadas. – oficial Jones falou abrindo a cela. – Vamos.

Saímos em silencio e ele nos guiou até a sala do delegado.

– Pagaram a fiança de vocês. – o delegado Martinez disse sem emoção. Ele era novo para o seu cargo e também bonito. – Mas quase que não concedia depois de ver a ficha de uma de vocês. – isso ele falou olhando diretamente para Sarah. Suspirou. – Podem ir.

– Obrigada senhor. – agradeci e as outras seguiram o exemplo.

Oficial Jones devolveu nossas bolsas quando saímos da sala.

– Esperaram muito? – Diego perguntou sorrindo quando chegamos na sala de espera. Ele estava acompanhado por Nick, Tiago e Dave. Esses com uma expressão preocupada.

Meu irmão me abraçou.

– Ligamos para o Diego depois que vocês saíram. – ele disse.

– Então ele veio nos encontrar aqui. – Nick continuou.

– Depois de rir muito dessa situação toda! – Diego disse rindo.

– Me tirem daqui. – Helena disse de forma preguiçosa.

– Ainda tem aquele restaurando grego, certo? – perguntei para Dave.

– Claro, vamos. – ele respondeu sorrindo.

Já fora da delegacia perguntei para Diego.

– Como você convenceu o delegado a nos soltar? Ele sabia da ficha da Sarah. – olhei para ele com a sobrancelha arqueada.

Ele deu um sorriso safado.

– Eu conheço o Leo há muito tempo, só pedi e falei que eram da minha família. – ele respondeu.

– Você já pegou o delegado? – Sarah exclamou.

Diego riu, piscou o olho e entrou no seu carro.

– Vamos, eu ainda não almocei. – ele disse com o carro ligado.

Dei os ombros e entrei no carro de Dave, junto com Helena e Nick. Sarah e Tiago foram com Diego.

Pelo menos estava solta.