A noite estaria totalmente obscura se não fosse pela forte e intensa luz da lua iluminando a Terra inteira. “Uma bela noite para se morrer”, pensou Damon enquanto adentrava ao cemitério central, passando por túmulos que há tempos não eram visitados, túmulos com flores murchas e empoeirado. Cadáveres esses que foram esquecidos com o tempo, ignorados e evitados. Mas isso é inevitável, todos nós um dia cairemos no esquecimento e isso arrepiava os pensamentos de Damon rumo à sua morte.

Um único poste de luz – a qual não transmitia uma iluminação como a lua – e que piscava quase freneticamente prestes a queimar seu foco. E abaixo dela, a mulher ruiva a qual o chamara, o intimara e o matará com as próprias mãos. Estava numa rua sem saída, sem opções e com um único destino: a morte.

–Pensei que demoraria mais. – Seus dentes brancos se destacam na escuridão deixando o sorriso ainda mais sombrio.

–Tem coisas que devemos fazer logo, sem pensar muito. – Damon murmura, aproximando-se com lentidão.

–Tem um último desejo?

–Seria em vão. – Damon sussurra.

–Tente.

Damon por algum motivo lembra das cenas e conversas com o Divino, da paz que sentiu enquanto esteve por lá. Somente fechou os olhos com força e pediu para que Ele o ajude. Ao abrir, focou sua visão naquela mulher e dentro de si crescera uma raiva imensa. A raiva de ter caído num jogo fácil e ter que deixar todos aqueles que se importara viverem sobre o futuro sofrimento, angústia e remorso diante de sua morte. Damon balança a cabeça em discórdia.

–Vá para o inferno.

Ela sorri e avança na direção de Damon, mas várias pombas surgem de repente e atrapalham a ação da ruiva, bicando-a. Por um momento Damon fica perplexo diante daquilo e não entende a razão, mas então recua e teme em fugir. Bastou um passo para que ele começasse a sentir seus órgãos se embaralharem dentro de si, então caiu de joelhos e viu a ruiva o encarando com fúria, com todos aqueles pombos mortos no chão.

–Deixe ele em paz! – Stefan chega correndo, ofegante.

Damon olha para o irmão sentindo-se fraco demais para levantar, e dentro de si pensava que o irmão pelo menos chegou a tempo para o velório. A ruiva move sua mão e a movimenta para trás, fazendo com que Damon seja arrastado para o lado dela. Mas Stefan segura a mão do irmão com força e o puxa para trás, numa tentativa quase falha, até que Alaric o segura, e logo se forma uma corrente para puxar Damon. A batalha é intensa, mas a lua começou a produzir maior brilho, ofuscando a visão de todos, e fazendo com que a ruiva solte Damon. Elena o abraça forte e o afasta da confusão.

–Você não vai leva-lo!

–E quem irá me impedir? – A ruiva solta uma gargalhada maligna.

–Eu! – Stefan diz, rígido.

–E eu. – Alaric dá um passo a frente, ao lado de Stefan.

–Eu também vou. – Katherine se alinha com eles numa pose determinada.

–Eu estou com eles. – Dean dá um passo a frente.

–E eu. – Anna segura a mão de Dean.

–Eu também. – Sam se alinha com os outros arqueando as sobrancelhas, encarando-a.

–E eu! – Elena se levanta e se posiciona autoritária.

–Inclusive eu. – Bonnie se opõe.

–E a minha arma. – Bobby fica a frente de todos e aponta a Colt para a ruiva, que agora recua.

–Não precisava humilhar. – Dean revira os olhos.

–Ele fez um acordo comigo! Eu trouxe John à vida, quero a alma dele em troca! Ele concordou! – Ela se altera. – Ele não queria, mas disse que não tinha muito tempo pra salvar aqueles que ele... – Ela se engasga – Ama.

–Qual seu último desejo? – Bobby mantém sua pose, engatilhando a arma.

–Vão para o inferno! – Ela corre na direção deles.

O disparo ecoa pelo cemitério.

–Você é que vai. – Bobby assopra a boca da arma e a guarda.

Todos agora se voltam para Damon que está desacordado e com uma aparência nada boa. Stefan fita o irmão naquelas condições e teme que a ruiva os enganara e realmente tivesse levado sua alma. Ele afasta Elena de perto de Damon e rasga o seu pulso.

–Não! – Elena o repreende.

–Por que não? – Stefan a olha, confuso.

–As situações não são favoráveis, ele pode estar marcado com o inferno e se você tentar salvá-lo eles podem mata-lo de vez. – Bobby comenta.

–Não vamos ficar aqui olhando pra ele esperando que acorde. Se não o levarem para o hospital, eu levo! – Alaric se ajeita para carrega-lo.

–Eu levo, sou vampiro. Você não. Sem ofensas... – Stefan diz, pegando-o no colo e voando até o hospital.

–Eu estou com medo... – Diz Elena em meio às lágrimas.

–Deixa de ser fresca. – Katherine murmura de um jeito repulsivo.

–Você é muito insensível! – Anna diz incrédula.

–E você é muito irritante, não sei como Dean te aguenta. Sua pegadora de garanhões. – Katherine sorri.

Dean suspira e vai embora atrás de um táxi, sozinho, mas Anna corre atrás dele para se redimir.

–Desnecessário. – Cantarola Bonnie.

–E você, vai dizer que tá pegando o Sam? – Katherine dá uma piscada, sabendo que Sam estava ao lado de Bonnie.

–Katherine! – Bonnie cora. Sam apenas sorri timidamente.

–Você só está com inveja porque é a primeira vez que não está com ninguém. – Elena ataca.

–Eu poderia estar com Damon, ou com o Stefan, poderia até roubar Sam de Bonnie, mas relaxa, o meu alvo mesmo é o Dean. Aquela lacraia dificulta as coisas, mas ela vai ver só. – Katherine dá de ombros.

No hospital, depois de esperarem aproximadamente por duas horas, o médico que o atendera chega com uma prancheta em mãos e com uma expressão amigável se aproxima do grupo que se reúne no sofá da sala de espera.

–São parentes e amigos de Damon, certo?

–Sim, ele está bem? – Elena pergunta, aflita.

–Está se recuperando... A princípio pelo que os exames nos disseram, ele teve um AVC, uma artéria de seu cérebro estourou e agora ele está em repouso absoluto para que consigamos fazer a cirurgia logo. Só preciso que o responsável assine, concordando com a cirurgia, e imediatamente a realizaremos.

–Só dizer onde assino. – Stefan se levanta e acompanha o médico.

–Uma notícia boa, ele está bem! – Katherine comemora.

–Mesmo correndo riscos de não poder mais falar ou andar quando acordar. – Alaric ironiza.

–Não tinha pensado nisso... – Katherine desvia o olhar – Vocês queriam o quê? Há séculos não sei o que é ser um humano.

–Fala mais alto e te matam. – Sam murmura.

–Faz tempo que não sou mais humana. – Katherine repete.

Uma enfermeira ouve e a olha assustada, prestes a correr. Dean então tenta amenizar a situação, enfiando a cara de Katherine em seu peito, bagunçando lhe os cabelos.

–Distúrbios... Ela faltou ao psiquiatra hoje, o remédio acabou,... – Dean expressa veridicidade em suas palavras, fazendo com que a enfermeira entenda e saia mais tranquila, suspirando aliviado.