Depois da morte de Augustus Waters escrita por Malia Stilinski


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Adorei os comentários anteriores dizendo que choraram com o bilhetinho do Gus haioeohaeiahoeih



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Eu não sabia o que dizer, pensar ou fazer.

Eu sentia como se o Augustus tivesse voltado para mim. As lágrimas corriam pelo meu rosto como uma cachoeira. Não o que teria sido melhor ler ou não ler o bilhete. Ele tinha sofrido muito, e isso que Gus era sempre tão animado, até quando sofria. Isso me fez querer tocá-lo, querer abraçá-lo, aplacar um pouco do sofrimento dele. Eu daria tudo para ter estado lá no seu último momento lúcido...

Deitei na minha cama abraçada no meu travesseiro. Eu queria parar de chorar, mas eu não conseguia, as lágrimas vinham como um jato d'água.

– Merda... - sussurei.

Agora eu percebia que o que eu sentia pelo Augustus era muito, muito grande. E que todo meu amor tinha apenas adormecido nesse tempo. Eu estava muito confusa, Augustus, Isaac, meus incompetentes pulmões, minha diagnosticada morte, tudo isso rodava minha cabeça. Percebi que tudo isso era um choque muito grande para mim e consequentemente eu poderia passar mal e ir parar no hospital de novo. Sequei as lágrimas e olhei para cima a fim de não chorar mais. Respirei fundo, tentando me acalmar, fiquei deitada ali um bom tempo até minha mãe chamar para a janta. Eu não estava com fome, mas não podia deixar que eles percebessem como eu estava então desci.

Quando sentei a mesa, minha mãe perguntou:

– O que estava fazendo, querida?

– Lendo. - respondi.

Meu pai olhou bem para o meu rosto e comentou:

– Nossa, seu rosto está inchado.

– É que eu acabei pegando no sono. - menti.

– Ah bom.

– O que tem para comer? - perguntei.

– Você vai gostar. - falou minha mãe e colocou a travessa na mesa. Eu realmente gostava tanto daquele prato, massa com legumes e molhos quatro queijos.

– Huumm. - disse e forcei um sorriso.

– Hazel, bom, eu e seu pai estávamos pensando numa coisa, que talvez faça você melhorar.

– O que? - perguntei, não entendi o que queriam dizer.

– E se você comesse carne, Hazel? - meu pai disse.

– O que? - repeti.

– É, e se você comesse carne?

– Como assim? - eles queriam que eu comesse carne? Não! Qual parte do "Quero diminuir o sofrimento pelo qual sou responsável" eles não entenderam?

– Bom, você não come carne, mas carne é o que alimenta, filha. Talvez você ficasse mais fortinha se comesse. - explicou minha mãe.

– Não! Não! - insisti.

– Filha, é para o seu bem. - disse meu pai.

– Não! - repeti novamente.

– Por que não? - ele perguntou.

– Quero diminuir o sofrimento pelo qual sou responsável! Eu já disse isso!

– Tudo bem Hazel, mas você não é responsável por este sofrimento! - discordou minha mãe.

Mas antes de eu abrir minha boca para retrucar, meu pai acrescentou:

– Imagine quantas pessoas comem carne no mundo! Teriam que ter muito mais vegetarianos para diminuir o sofrimento dos animais.

– Não interessa! Pelo menos estou fazendo a minha parte!

– Calma, filha. É para o seu bem. - disse minha mãe.

– Não vou comer carne. - falei.

– Assim você fica cada vez mais fraca, Hazel. Por isso seus pulmões estão fracos. A doutora Maria mesma disse isso. Você tem que comer pelo menos um pouco de carne. - continuou meu pai. Lembrei-me de Isaac indignado perguntando por que a doutora Maria não salvava sua paciente fazendo um transplante.

– Por que então ao invés de mudar meus hábitos alimentares a doutora maria não faz um transplante? Por que estaria desperdiçando um pulmão bom num corpo infestado de câncer? Que tipo de médico não quer salvar seu paciente? - gritei. Levantei da cadeira e comecei a subir a escada.

– Hazel... Volte aqui filha... - chamou minha mãe.

– Hazel! - chamou meu pai.

Minha mãe se levantou da cadeira e veio vindo atrás de mim, mas meu pai a segurou.

– Deixe ela. Espere um pouco. - escutei ele dizer.

Fui para o meu quarto e sentei na cama. Deitei com as pernas para fora.

De repente meu pai bateu na porta.

– Posso entrar? - ele perguntou.

– Pode.

Ele entrou e deitou na cama do mesmo modo que eu.

– Hazel. Sabe que só queremos o melhor para você. Mas não temos dinheiro para um transplante, eu economizo tudo o que posso, mas é muito caro. E a doutora Maria insiste em dizer que não é necessário.

– Eu sei. Desculpem, eu não sei o que me deu na hora.

– Tudo bem, deve ser tudo muito estressante para você.

– Às vezes. - confessei. - Mas já me acostumei.

– Hum. Bom, seus pulmões estão fracos por falta de carne, Hazel. É a única coisa que não tem na sua alimentação.

– Tudo bem, mas tem que ser todos os dias?

– Cinco dias por semana?

– Quatro.- falei.

– Ok, quatro. Vamos fazer um calendário.

– Como assim? - eu ri.

– Bom, manter os dias fixos para você comer carne, pode ser? Até você decorar e se acostumar.

– Tudo bem.

– Vamos descer? - pediu. - Sua mãe está aflita lá embaixo.

– Ok. - e nós rimos. Acho que meu pai sentia falta da sua garotinha. Ele trabalhava tanto que às vezes nem nos falávamos. Mas acho que ele segurou minha mãe, para poder ter um tempo a sós comigo. Devia ser difícil para ele também.

Nós descemos e jantamos e eu provei um pouco de carne vermelha. Era estranho, mas confesso que era saboroso. Demoraria um tempo até eu me acostumar.

Depois da janta, fizemos meu horário de carne assistindo America's Next Top Model juntos e ele ficou mais ou menos assim:

Segunda - começar um dia com proteína é bom, então tem presunto pela manhã, carne nas refeições do dia. Não em todas, óbvio.

Terça - Também, mesma coisa de segunda.

Quarta - não é necessário, só se eu quiser, mas não faz parte da regra dos quatro dias que foi o combinado.

Quinta - sim, igual a terça e segunda.

Sexta - sim também.

Sábado e Domingo - não por que é fim de semana.


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Notas finais do capítulo

E aí? Não esqueçam de comentar!!!!!