Eu fui me acostumando com a sua boca quente e macia. Coloquei as minhas mãos entre seus cabelos. Aos poucos ela desgrudou as nossas bocas.

— Por que você fez isso? — sussurrei.

Ela hesitou ao pensar em me responder.

— Você está namorando. — afirmei, e ela deu um sorrisinho torto.

— Vamos dizer que eu tenha mentido. — ela disse, e eu olhei-a incrédulo.

— Como assim você mentiu? — perguntei, ainda sem acreditar.

— Mentindo. — ela respondeu.

— Ah valeu. Não me diga. — ironizei, e ela riu.

Ficamos em um pleno silêncio.

— Tá. Mas por que você fez isso? — perguntei.

— Eu sempre desconfiei que você me amava.

— Como assim? Você está fumando?

— Eu sempre te manjei James.

Voltamos ao mesmo silêncio novamente.

Ela deitou na cama. E começou à rir.

— Do que você está rindo? — perguntei.

Ela se levantou, logo ficando sentada. Colou o meu rosto com o dela.

— Eu estou rindo porque, essa situação de eu estar namorando era pra te testar.— ela sussurrou ao pé do meu ouvido, e mordeu o lóbulo da minha orelha. Eu me arrepiei.

— E pra que isso? — perguntei.

— Para eu ter certeza que você me ama. — ela respondeu sorrindo.

Depois de alguns segundos ela se levantou da cama. E foi em direção à porta.

— Katherine! — chamei-a, logo quando ela se aproximou da porta.

Ela se virou, e me encarou.

— Fala James. — ela respondeu ao meu chamado calmamente.

— Pelo menos gostou do beijo? — perguntei sorrindo maliciosamente.

Ela assentiu.

— É... — ela hesitou. — Na medida do possível.

Essa garota ainda me mata...

***

Quando adentrei a escola, terça-feira de manhã, uma menina, meio que, estranha, se aproximou de mim.

Eu me apoiei no meu armário.

— Oi. — a menina disse.

Eu a olhei, hesitei por um segundo.

— Oi. — sussurrei.

— Bem acho que não nos conhecemos. — ela continuou.

— Realmente. — concordei.

Ela assentiu, ficamos em silêncio um tempo.

— Meu nome é Melinda. Prazer.

— James.

Passou um grupinho de adolescentes por mim, (olha quem fala), e me entregaram um folheto. Notei que quem recebia, sorria.

Fitei o folheto. Baile anual.

Que beleza!

Sem par.

Sem porra nenhuma.

— Então, queria te pedir uma coisa. — a Melinda continuou falando.

Revirei os olhos, e passei a olha-la.

— Você quer ir no baile comigo? — ela pediu.

— Eu nem vou nessa merda. — falei, sem dar muita importância para o assunto.

Peguei os meus livros, e fui em direção à minha próxima aula.

***

Quando deu o primeiro intervalo, fui em direção onde eu costumo ficar. De baixo de uma cerejeira, bem longe da escola. Provavelmente, Nicholas deve estar me esperando.

— E ai. — Nicholas me cumprimentou logo quando me viu.

Nicholas tinha os olhos castanhos, cabelos pretos, (que ele uava gel, e seduzia as meninas com isso), tinha um sorriso sarcástico, alto e magro.

— E ai. Beleza? — perguntei, me sentando do lado dele em baixo da cerejeira.

— Mais ou menos cara.

— Por que?

— Sem par para o baile anual. — ele disse, e eu o encarei. Dei um sorriso.

— Estamos no mesmo buraco. — falei, e ele riu.

— Estamos nada. Você ainda tem a sua irmã gostosa pra convidar. — ele disse, e eu o olhei sério.

— O que você disse?

— Você ainda tem ciúmes dela? — ele me perguntou.

Isso me fez refletir.

É, eu ainda tinha.

— Não. — respondi.

— Se eu fosse você , eu já tinha agarrado ela.

Revirei os meus olhos.

— Já recebi cinco convites só hoje. Sendo que ainda faltam três dias para esse baile.

Sexta-feira seria o último dia do ano letivo. Então, todos estavam animados.

— Sério?

— Sim.

— Tá bem hein.

Nossa conversa foi interrompida pelo sino que bateu, indicando o fim do primeiro intervalo.

— Boa aula James. Se receber mais convites me indica algumas. — ele disse, e nós rimos.

— Ah sim, claro.

Nos separamos. Eu indo para a minha maravilhosa aula de português.

***

Voltei para casa sem ver a Katherine. Já eram cinco da tarde.

Encontrei um bilhete da minha mãe em cima da bancada da cozinha.

"James, eu e a Katherine tivemos que sair. A sua avó passou mal e está no hospital. Você já é bem grande pra se virar.

Beijinhos, mamãe."

Isso que é amor de mãe. Estou sendo irônico, é claro. Eu só tenho dezesseis anos.

Tá bom. Eu já sou grandinho.

Peguei um pacote de bolachas e fui para o meu quarto. Liguei o meu iPod e coloquei os meus fones.

Katherine arrancou a blusa dela, e ficou por cima de mim. Ela rebolava de forma sincronizada. Eu já estava ofegante, e muito excitado.

— Melhor não fazermos isso, Katherine. — falei, já ofegante.

Ela arrancou a minha blusa.

— Eu quero isso James. — ela sussurrou.

Ela beijou o meu pescoço calmamente.

— Eu te amo James. Sempre te amei. — ela sussurrou

Acordei assustado.

Eu estava sonhando. Um sonho erótico.

Como eu pude chegar à este ponto?

Bem, a vida continua.

Mudei de posição e voltei à dormir.

***

Acordei com barulho de chaves.

Esfreguei os meus olhos, e me levantei. Olhei pela janela e já estava escuro.

Fui, preguiçosamente, até a sala. Encontrei a Katherine.

— Katherine. Cade mamãe? — perguntei.

— Ela está no hospital.

— Ela vai voltar hoje?

— Tempo indeterminado.

Fiquei em silêncio.

E assim se prosseguiu.

Ela sentou no sofá para assistir televisão. Sentei do lado dela. Pigarreei. Ela me olhou.

— Você tem par para o baile? — perguntei.

— Alguns me convidaram. Mas não sei se eu quero ir.

Ficamos mais um tempo em silêncio.

— Você... — nós falamos juntos.

— Pode falar. — falamos em conjunto novamente.

— Porra... — ela murmurou. — Fala você. — ela pediu, e eu ri.

— Katherine... — fiz uma pausa.

Eu estava sem certeza se eu deveria mesmo falar aquilo.

(...)