James estava extasiado demais para dizer qualquer coisa, então eu já pulei na frente murmurando:

— Tem um mês e uma semana que eu não menstruo. Mas... Há um mês eu não estava com você. — Parei de murmurar e ergui minha cabeça. — Tem alguma coisa errada — conclui.

— Você poderia me explicar isso? Ou melhor, traduzir. Porque, obviamente, eu não fico sangrando todo mês!

— James, eu acabo de traduzir isso pra você: estou grávida!

— Tá, arrãm, e como você tem certeza? — ele disse e completou: — Você nem fez um teste ainda!

— Eu sei, eu sei — murmurei —, calma. Eu só estou muito assustada. — Abri uma outra gaveta e tirei de lá o meu anticoncepcional.

Bom, eu já tinha tomado todos os dias. Tudo certinho. Não tem porquê eu estar grávida.

— Tá bom, já que eu vou sair comprarei um teste de farmácia para você. Até porque você não pode nem cogitar a possibilidade de ter um filho agora. Não comigo. — Ele tinha ficado um pouco rude, eu não entendi, e então ele prosseguiu: — E nem com ninguém!

Passei pela porta de correr do banheiro e me sentei na beirada da cama.

— Você é muito grosso.

— Eu sei disso Honey — retrucou e revirou os olhos. — E você também. — Ele deu um sorriso torto.

Bati com o meu rosto contra o travesseiro.

— Você simplesmente é um completo idiota. — Quando eu terminei de falar eu ouvi a batida da porta da sala.

Ele já tinha saído!











— Katherine! — cantarolou James. — Cheguei. — Ele já estava fora há mais de duas horas.

Saí da cozinha e me dirigi à sala. Olhei nos fundos dos olhos dele e perguntei com a cara emburrada:

— Aonde você estava?

— Na rua. — Ele suspirou e soltou um riso. — Eu estava conversando com os seus amiguinhos.

— Com isso você quer dizer o quê?

— Somente Matthew e Joshua. Tirei Caroles disso, até porque não foi ela que beijou a minha irmã!

— Cara, isso já passou! — Tentei controlar a minha voz perante a isso.

— Mas podemos considerar que eu seja muito vingativo...

Eu assenti negativamente, bem séria e comprimindo meus lábios. Saí andando em direção ao lavabo que ficava perto da sala. Esse lavabo cheira a jasmim e à alguma colônia masculina.

Mexi em meu bolso e encontrei meu celular. Disquei o número de Matthew. Ele atendeu no quarto toque.

— Fala Katherine — ele disse em um tom de deboche.

— Me desculpa por tudo o que James disse para você, qualquer coisa que for.

— Eu até poderia te desculpar... — Ele fez uma pausa. — Mas se você não fosse tão sonsa...

SONSA??? Como isso?

— Como assim? — perguntei, jogando a minha franja para trás.

— Você que pediu para James falar aquilo tudo para mim! Foi você! E agora quer vir me pedir desculpas! — Ele bufou.

— Mas eu juro que não foi eu. — Minha voz foi se perdendo.

— Katherine! ME POUPE! — Ele gritou e desligou na minha cara.

— Meu Deus... — murmurei olhando a tela do celular que piscava a frase "ligação terminada".




Fui até James, esse estava de costas. Empurrei-o.

Ele se segurou no balcão da cozinha. E se virou.

— Katherine! Você está ficando doida? — James me perguntou olhando nos meus olhos.

— Sim, doida! ESTOU FICANDO DOIDA, JAMES! DOIDA PRA MATAR VOCÊ! — gritei, e retornei a falar: — O QUE VOCÊ FALOU COM O MATT?

— Você estava lá? Não. Então não te interessa! E outra, por que você está se importando tanto com aquele imbecil?

Boa pergunta: por que eu estava me importando tanto com aquele — de fato — imbecil?

— Eu acho que... Eu acho que... Que... — gaguejei, tentei formular alguma resposta; mas nada veio em mente.

— Você acha o que mesmo? Não estou te ouvindo. — Ele riu, caminhou até o sofá e se jogou nele, ligou a televisão, que estava sintonizada no canal ESPN.

Revirei os meus olhos. E fui para o quarto.








Quando já tinha dado onze e meia da manhã, me lembrei do tal teste que James iria comprar pra mim.

Voltei para a sala e me joguei em sua cintura.

— Aí Deus... — ele sussurrou e soltou um gemido. — Me machucou, sabia?

— Ahn, acho que estou comovida — amoleci a voz —, acho que vou até começar a chorar...

— Ha ha ha — James riu sarcasticamente. — Tá bom, chega de palhaçada. O que você quer agora? Me bater? Me jogar pela varanda?

— A segunda opção é uma boa opção. — Soltei uma risada e continuei: — Você comprou o teste?

— Hm... — James bateu com a mão sobre o próprio rosto. — Então... Como podemos dizer?

— Você comprou James?!

— Não — murmurou —, não comprei. Desculpa.

— Tá, será que em pleno domingo, quase na hora do almoço, conseguiremos encontrar uma farmácia? — perguntei.

— Sim, claro né!

Saltei para fora do sofá.

— Desliga essa merda e vamos, seu inútil.

Ele me olhou desacreditado e falou:

— Isso é porque você me ama, imagina se não amasse...

— Sim, eu, provavelmente, já teria te matado.

Ele assentiu rindo.

— Eu não quero casar com você. — James fez biquinho.

Sorri ironicamente e agarrei suas bochechas.

— E quem disse que eu quero?










— Ah James, estou sem coragem de comprar um teste de gravidez — murmurei enquanto entrávamos na farmácia.

— Tá, então vai dar uma volta, enquanto eu compro esse negócio.

— O.k.

James entrou e eu fiz o contrário.





Depois que eu atravessei a rua, meu celular começou a tocar sem parar. Retirei-o de meu bolso, olhei quem era:

Mamãe!

Não podia ser. Senti uma não gélida tocar meu ombro.

— Vamos Katherine? — James me perguntou, e me entregou a sacola que estava o teste.

— Vamos. — Sorri, tentando camuflar o susto que eu havia levado. Não era para mamãe me ligar antes de eu ir embora.

Suspeitei que James tivera reparado nos meus olhos assustados. Mas deixou passar...

Não por muito tempo...

— Kath, aconteceu alguma coisa? — James inquiriu.

— Não. — Entrei no carro e James também.

— Tudo bem...










Uma hora e um litro de água depois...

— Já está com vontade de fazer xixi? — James me perguntou.

— Espera... — murmurei.

Corri até o banheiro.


Fiz todos aqueles procedimentos chatos.

— Pronto — falei, e sai do banheiro.

Coloquei o teste sobre a cama.

James e eu rodeamos-o.

Depois de alguns minutos uma pequena listra estava de formando, senti meu coração palpitar. A listra foi ficando cada vez mais visível. Até chegar um momento em que ela estagnou.

— Aleluia, porque você não está grávida! — James comemorou.

Abracei-o.

O celular de James tocou, este estava ao lado do teste; James pegou o celular, dei uma espiadinha na tela, e mostrava "Mãe".

— Ai meu Deus — balbuciei encarando-o.

— Por que mamãe está ligando?

— Não sei. Atende!

Ele fez o que eu pedi.

James colocou no viva-voz para que eu pudesse escutar também.

— Oi... mamãe? — James disse.

— James, está tudo bem?

Mordi meu lábio.

— Está tudo bem sim. — Ele respondeu. — Você ligou pra isso?

— Não, não exatamente.

— Então foi para quê? — James perguntou. Enquanto, com a mão que ele não estava segurando o celular, envolveu minha cintura. Como se estivesse me protegendo.

— Eu liguei porque eu quero a Katherine em Seattle, amanhã.