Sai apressadamente de perto da cozinha. Escorriam lágrimas sem parar.

Antes de chagar à sala, fui ao lavabo. Lavei meu rosto e respirei fundo. Voltei à sala e olhei para Caroles.

— Caroles, você poderia me levar para casa?

— Mas por quê? Você acabou de chegar!

— Porque eu não estou me sentindo muito bem.

Ela continuou insistindo.

— Não Caroles, eu não estou me sentindo muito bem. — Detalhe eu destaquei o segundo NÃO!

— Tá, tá, tudo bem. — ela concordou.

Não trocamos uma palavra sequer, depois disso.

Antes de eu sair do carro, Caroles olhou para mim e indagou:

— Você tem a plena certeza de que nada aconteceu?

— Tenho — falei, e sai do carro. — Tchau.

— Nós nos vemos amanhã? — Caroles perguntou.

Eu ouvi, mas preferi não responder.

Comecei a chorar desesperadamente assim que entrei no apartamento e tudo estava escuro, aparentemente todos estavam dormindo. Aparentemente...

Mas sempre tem alguém acordado.

Eu tentei conter o choro, mas fiquei soluçando. Fui para meu quarto, e James não estava.

Eu não sabia se eu ficava contente, por estar em paz, ou, apreensiva. Porque com ele eu me sinto protegida. Como se nada pudesse me atingir.

Sentei na beirada da cama e apoiei meu rosto em minhas mãos. E realmente eu me senti sozinha e vulnerável.

Ouvi a porta do quarto se abri, não me dei o trabalho de olhar quem era. Simplesmente continuei chorando.

— Por que você está chorando?

Sequei minhas lágrimas e ergui meu olhar. James como sempre...

— É porque eu estava na sala e vi você chegar, e percebi que estava soluçando. O que aconteceu? — ele me perguntou, parecendo-me bem atencioso.

— Não importa o por quê — falei e olhei para minha mão.

James se aproximou, e ajoelhou-se próximo a mim. Ele pousou seu polegar em minha bochecha para secar alguma das lágrimas que escorriam por meu rosto.

— Não fica assim meu amor!

— Ah, por favor né! Ninguém me ama! Porque eu sou uma vadia! ARGH! Eu me odeio James! Eu sou extremamente "odiável".

— Quem disse que ninguém te ama?

— Eu acabei de dizer! — retruquei ferozmente.

— Mas você está errada, e sabe disso — James falou com calma.

Eu já tinha sacado qual era a dele.

— Me diz o que você fez até hoje para comprovar que me ama?

Ele simplesmente assentiu e se levantou. Eu pensei que estivesse em paz...

Como eu disse, eu pensava. Ele me pegou e jogou-me sobre suas costas. Eu gritei:

— ME SOLTA SEU IDIOTA!

— Shiiii... — ele sussurrou.

— PUTA MERDA! ME SOLTA.

Afinal de contas ele me levou para um passeio pelo apartamento.

E por fim, James, me levou de volta para o quarto.

— Quando que você vai me soltar? — vociferei.

Comecei a bater nas costas dele, James me colocou de volta na cama.

Me aninhei aos travesseiros, e retomei o choro. James juntou-se a mim. Ele colocou sua mão entre meus cabelos, e acariciou os mesmos. Juntei mais nossos corpos, eu podia sentir o seu coração pulsando, e sua respiração extremamente ofegante.

James acomodou sua outra mão em minha cintura. E ficamos ali agarrados a noite toda.

— Katherine! Acorda!

Ouvi James me gritando, mas eu estava em um sono bom o suficiente para eu ignorar isso tudo.

— Katherine! Não me obrigue a te puxar pelo pé! — James continuou.

— O QUE FOI MERDA!? — berrei, irritada.

— Levanta!

— Pra que cara? Hoje é o quê? Domingo? Sexta?

— Hoje é dia de ir para o shopping, com o gostoso do James! — ele replicou.

— Nossa... Acordou com a graça hoje né!

— Sim. Então, levanta e vai se arrumar! — ordenou e eu assenti com a cabeça ainda no travesseiro.

Três anos depois eu me levantei, e entrei no banho. Com James me perturbando.

— Vamos Kath! Você está demorando muito! — James falou, enquanto me observava tomando banho.

— SE VOCÊ ME DESSE LICENÇA PORRA! — gritei.

James mordeu os próprios lábios, em seguida umedecendo-os.

— Verdade, eu já estou com vontade de te agarrar. Melhor eu sair daqui — ele disse sorrindo com bastante malícia.

— Aí, que idiota — murmurei.

Logo, sai do banho. Coloquei um short jeans, com uma blusa regata azul, ajeitei meu cabelo.

— Já está pronta Katherine? — James perguntou quando entrou no quarto. E ficou me observando terminar a arrumar o meu cabelo.

— Arrãm — balbuciei enquanto passava o meu batom. Logo quando terminei de passar o batom, completei: — Estou devidamente pronta meu bem.

— Então vamos.

Enquanto estávamos passando pela sala, senti falta de alguma coisa.

— Cadê o casal vinte dessa casa? — perguntei.

— Ah... Melissa e Nicholas estão viajando.

Assenti, e saímos de casa.

Chegamos no shopping, e James me prometeu de ir onde eu quisesse.

— Vamos comprar roupa para mim? — perguntei.

— Mas você já não tem bastante roupa? — ele me perguntou, olhando as lojas que constituíam o shopping.

— Não! Eu tenho pouca roupa!

— Tá, tá. Como eu disse, eu vou fazer as suas vontades hoje.

Dei um beijo estalado em sua bochecha.

Entrei em uma das lojas e tirei algumas roupas do cabide para experimentar.

— Olha, eu já estou voltando. Não sai daqui, o.k? — James disse, caminhando em direção à saída da loja.

— Tudo bem.

Observei James indo apressadamente para um outro lado do shopping.

Vi algumas outras roupas, e entrei no vestiário para trocar-me.

Depois de alguns bons minutos James voltou.

Notei alguma coisa diferente nele. Ele me parecia mais sorridente, e tinha algum detalhe que eu tinha certeza que eu não havia reparado ainda.

E então James pagou o que eu havia escolhido. E nós saímos da loja com o intuito de fazer alguma outra coisa.

De repente James me parou, e me observou.

— Hm... Katherine, falta poucos dias para você ir embora, não é?

— É, menos de duas semanas. Mas por quê?— perguntei, logo arqueei minhas duas sobrancelhas.

James segurou minha mão e sorriu.

— Por nada.

Chegamos em casa só de noite. E a primeira coisa que James disse foi:

— Desse jeito você vai me falir!

— Ah, que graça. Mas eu nem gastei tanto assim — ironizei. — Ai, meu Deus, estou muito cansada! — exclamei, e me joguei no sofá.

Ele suspirou.

Em seguida a companhia tocou.

— AHH, quem poderia ser agora? — James perguntou caminhando para a cozinha.

— Sei lá, às vezes Nicholas voltou.

— Não, ele e Melissa só irão voltar segunda-feira. E mesmo assim, Nicholas tem a chave do apartamento.

— Tá, eu vou atender.

Caminhei preguiçosamente em direção à porta. E abri a mesma.

— Oi Katherine!

Ahhhhhh, eu não posso acreditar! Matthew estava parado à minha frente, segundando um buquê de flores e carregando um sorriso ridículo no rosto.

(...)