Acordo com a cabeça doendo e vejo que mais uma vez bebi além da conta. Mas ficar ouvindo de novo e de novo aquela conversinha infernal dos " Amantes desafortunados do distrito 12" já estava me dando nos nervos e preferi me ocupar com alguma coisa melhor.

Havia perdido mais dois tributos para os Jogos Vorazes do ano passado. E isso estava me dando ainda mais raiva, mas tenho que admitir que a tática daqueles dois fora muito inteligente! E aquele grande final com a amoras... De tirar o chapéu, tanto que aplaudi de pé o idiota do Haymitch pela sua extraordinária ideia!

Levantei-me e peguei uma maçã. Fui para a varanda de casa olhar o movimento da vida que seguiu aqui no distrito 7 e da minha também!

Até hoje não olho para a casa ao lado da minha. A lembrança que Loster havia se matado ali ainda me enchia de fúria e raiva.

Não mudei muito nesses tempos para cá, somente o cabelo que nunca mais permitir se tornarem grandes novamente, curtos lembrava a todos ainda da frágil garotinha da 71 edição dos Jogos Vorazes que somente chorava e se fingia de fraca e inútil e durante os jogos se tornou uma máquina de matar indestrutível e acabou com o bando dos carreiristas e com a mais temida da edição. Lana... Odeio admitir, mas o nome dessa garota inda me causa certos temores...

Com certeza enfrentar a turnê da vitória sem Loster e somente com Cassandra ao meu lado não fora nada fácil.

Lembro-me que primeiramente fui no distrito 12 e falei o que Cassandra me mandou falar, mas quando chegou no onze...

"-Não vou conseguir falar, Cassandra! Não dá!-eu digo me sentando no sofá:

-É claro que vai! Como você fez no distrito 12!-ela fala com aquela voz irritante.

Ah, e ela ainda me obrigou a usar aquele broche extravagante de árvore durante toda a maldita turnê:

-Não! Não é como no doze! Eu não matei ninguém no doze, ma sno onze... Eu deixei garota sem um olho, Cassandra!-eu digo alto:

-É só você se acalmar.-ela fala:

-Esse povo vai é me apedrejar!-eu digo:

-É só manter a calma.-ela fala:

-Quanto mais você fala isso, menos calma eu fico!-eu digo.

E então começou.

Eu fui levada até um enorme palco de madeira e olhei nos telões as fotos do garoto que descobrir se chamar Clenck e da garota que se chamava Elya.

Vi que ele tinha os dois pais e uma irmã mais velha. E ela... A mãe, a avó e duas irmãs mais novas.

Meu coração se prendeu e isso começou a me sufocar:

-Eu não o conhecia, mas sei que ele lutou bravamente até onde deu para ir. Sei que ele rompeu limites e devem ter orgulho dele! Mesmo quem não ganha os jogos, ir para lá é a maior coragem de todos! Eu sei que não palavras para descrever sobre Elya, só sei que depois que eu... Fiz o que fiz, eu xinguei aquele velho desgraçado do Snow até sua última geração! Por ela! pela raiva que senti de ter sido forçada a fazer isso com ela... E garanto a vocês que não foram os únicos a perder alguém com aquilo. Perdi meu pai com aquilo... Eu sinto muito! E espero que me perdoem, mas ela morreu com a verdadeira dignidade que foi para aquele inferno... E tenham orgulho dela, como eu tenho! Obrigada!

Após essas palavras todos me aplaudem, vejo muitos com lágrimas nos olhos. Eu apenas agradeci séria e voltei para dentro junto com Cassandra."

Com esses pensamentos vou um pouco mais além, quando chegou a vez de Cole.

"Eu me emocionei de verdade ao ver seus pais e uma garota em prantos com uma flor. Cassandra havia me dito que ele tinha uma namorada e meu coração se apertou ainda mais.

Comecei falando de Lavínia e tentei não dizer que ela foi patética. Mas quando chegou vez dele, permitir-me chorar:

-Cole era mais que um amigo para mim! Ele era como o irmão que nunca tive! Aquele jeito metido dele, cantadas, sua voz rouca e singela... O jeito como ele era engraçado e me fazia ficar para cima, foi o suficiente para o amá-lo como um irmão! Quando ouvi sua voz, não aceitava... Eu não queria aceitar que seria a última vez, mas ele não me pareceu ter medo ou raiva. Ele simplesmente pediu para eu ser forte e seguir e frente. E mesmo com dor no coração eu volto minhas palavras as dele para vocês! E sei que aonde quer que ele esteja... Ele está bem, a salvo e olhando e... Amando todos vocês!

Lágrimas ainda brotam de meus olhos ao lembrar dele. Mas teve mais uma que ficou marcada em minha mente. Quando fui ao distrito 2!

Mesmo podendo que aquele povo poderia me matar ali, eu não ligava. Não teria medo de falar de Damon e muito menos de Lana.

"Lembro-me que quando subi no palco, eu vi os pais de Damon e uma garotinha pequenina em prantos que julguei ser sua irmãzinha menor. Mas quando olhei para o lado onde havia o rosto sádico, sínico, belo e frio de Lana lá havia apenas um homem alto, forte de olhos castanhos como os dela e com uma postura a altura. Ele estava com os braços cruzados e olhava diretamente para mim:

-Sei que nesse momento vocês querem me matar! Querem vir aqui em cima e acabar comigo de vagar e com dor... É, eu sei bem como é isso! Quando nos revoltamos e temos vontade de acabar com a vida de quem nos tirou quem mais amávamos! Mas entendam que eles também tiraram vidas! Como a do garoto do meu distrito! Aposto que você riram da minha cara de desespero e agonia enquanto eu via o filho de vocês batendo nele e a sua filha o matando! Sim! Eu fiz por vingança, e mesmo achando errado... Eu não me arrependo! Eu deveria ter matado Damon rapidamente, mas eu sabia que eles nutriam um sentimento oculto, então apenas cortei sua perna para que... Eles pudessem se despedir! Me doeu isso, admito! Mas Lana... Foi a morte mais difícil para mim senhor, acredite! Sua filha acabou comigo naquela briga, sinceramente, é graças ao meu coração frio que estou aqui hoje, agora falando com o senhor. Se você viu ou se não viu, dane-se também... Não estou nem aí! Só quero que saiba que estávamos ambas morrendo, e ela preferiu morrer e ir ficar com quem ela ama... Acredite, quando se está morrendo a agonia e tortura é pior do que qualquer arma te cortando aos poucos. Você se esquece de tudo. Mas ela não queria esquecer, porque te amava muito e quando a matei, foi porque ela pediu... E não fiz isso por vingança ou raiva. Fiz porque eu tive a coragem que ela teve de pedir o mesmo! Tenha orgulho deles, merecem mais do que qualquer um. Lutar até onde lutaram não é algo para qualquer um! Obrigada."

Lembro que sai e muitas pessoas gritaram me xingando de nomes que eu nunca havia ouvido, mas as famílias me olhavam com um misto de emoção e agradecimento, principalmente o pai de Lana!

Respiro fundo e me vem na mente a outra declaração que me doeu na alma também. A de Terence.

"Eu subi no palco do distrito 7 e encarei a todos. Conhecidos e desconhecidos me olhando como uma estranha e diferente pessoa:

-Estão com raiva, ódio, revoltados, com tristeza no olhar... É, eu sei como é. Senti o mesmo quando o vi partir diante de mim e não fiz nada! Mas sabem... Ele estava apaixonado, sério... Ele me falou que amava aquela garota estranha que eu odiava a Anna! Não sei como, mas... Ele a amava!-quando eu disse isso todos riram, incluindo a família dele:-Ele tinha um gosto gozado, e era hilário... Eu esquecia ao lado dele que estávamos naquele lugar, de tanto que eu ria de suas situações! E sei que... A-Aonde ele está a-agora... E-Ele está f-fazendo t-todos do céu r-rirem! Porque... Terence é eterno e memorável, nunca ninguém irá esquecê-lo! Ele está em meu coração, e tenham orgulho dele... A morte não é nada comparado ao que ele foi, ou melhor ainda é... Obrigada!"

Lembro que desabei a chorar no palco e quase me matei por isso...

Essas lembranças são algo que me dói, mas e ainda tinha Fínnick que é o meu melhor amigo no mundo, e eu conversava com Blight somos colegas!

Por falar nele, o vejo correndo em direção a sua casa e quando me vê na varanda dá um berro em minha direção:

-Johanna! Liga a televisão... Snow está dando um comunicado!-ele grita:

-Bom dia para você também!-eu grito de volta:

-Bom dia!-ele berra e eu riu.

Ótimo, o velho filho da mãe tem algo a falar... Que lindo! Minha manhã já começa uma desgraça...

Vou para dentro de casa e ligo aquela porcaria. E a foto horrenda daquele velho aparece. Ah... Como eu queria enfiar meu machado naquela cara cheia de rugas desse estúpido!

Ele começa falando dos 75 anos dos jogos vorazes e até aí quase durmo, até ele dizer esta frase:

-A colheita será feita dentre os ganhadores dos jogos. Dentre os nossos vitoriosos!-ele fala.

Minha mente para, minha respiração se tornar rápida, meu coração acelera e vários gritos e imagens ecoam por minha cabeça. E quando volto a olhar para tela que continha o sorriso maquiavélico de Snow, só consigo pensar em uma única cisa...

VOU VOLTAR PARA A ARENA!