Eu tentei ignorar o fato de aquela maluca tava querendo falar comigo, eu expliquei toda a estratégia do jogo para os meus companheiros, de vez em quando eu olhava pra ver se ela ainda estava lá, e por incrível que pareça, ela estava.

Apesar de prestar atenção em mim, Al não me olhava como quem tivesse prestando atenção no que eu digo, ele me encara serio, tava com mais cara de ciúmes. Mas eu mantive o foco.

– Estamos prontos? – Perguntei ao fim de tudo.

– Vamos com tudo. – Luke falou. Apesar de ele bancar o sensível de vez em quando, no jogo ele se tornava bruto como uma pedra, ele mudava completamente.

Todos foram saindo aos poucos, eu aproveitei e me meti no meio dos meninos para não te chance daquela garota nem se quer me chamar.

– Scorpius? – Droga, porque ela tava atrás de mim. – Espera, quero falar contigo. – Ela tava no meio dos meninos. – Quer esperar? – Ela agarrou minha mão.

Naquela mesma hora Al se virou para me procurar e deu de cara com aquela cena, Samilly segurando a mão do seu melhor amigo, eu. Ele fechou o semblante e saiu.

– Que você quer? – Eu puxei minha mão imediatamente.

– Falar com você. – Ela parecia aflita.

– Seu amigo é o Al. – Eu tentei mudar o rumo daquilo.

– Mas eu já disse que quero falar com você. – Ela cruzou os braços e me encarou.

– Eu não tenho nada pra falar com você, agora me dá licença. – Eu baixei a cabeça e dei as costas a ela.

E nem olhei para trás.

...

Eu cheguei ao vestiário e todos os meninos já estavam vestindo o equipamento, e eu fui fazer o mesmo. Peguei meu equipamento e fui sentar ao lado do Al. Ele na mesma hora se levantou e saiu. Eu percebi que ele estava chateado, aposto que era por causa daquela menina.

Mas agora não era o momento para discutir sobre esse assunto, fica para mais tarde. Nada vai me atrapalhar hoje, nada estraga meu jogo.

Todos nós seguimos para o campo de quadribol, e como era de se esperar, as arquibancadas estavam lotadas de alunos. Eu me direcionei até meu posto.

– Espero que tenham se preparado psicologicamente para assistir a este jogo, porque vai ser maneiro. – Esse era nosso grande narrador, ele era do sexto eu acho. – De acordo com Madame Hooch, os jogadores podem entrar em campo.

Assim que entramos em campo houve uma explosão de gritos e aplausos.

– Ok. Eu quero uma disputa justa. E já sabem as regras, quem pegar o pomo, vence. – Madame Hooch assoprou o apito e o jogo começou.

...

P.O.V Narrador

Enquanto todos se encontravam no campo de quadribol, Samilly desceu para o vestiário masculino, ela estava decidida a falar com Scorpius a todo custo, nem que ela tivesse que bater nele.

Ela se sentou e ficou lá, não importa o quanto ela iria esperar.

E no campo de quadribol a disputa rolava solta, Lufa-Lufa estava ganhando de trinta a vinte, a cada gol os alunos iam à loucura. Um garoto da Lufa-Lufa foi derrubado por um balaço mandado por Luke. Al estava disputando o pomo com o apanhador da Lufa-Lufa.

Rose estava na arquibancada com Domi, Lily e Hugo assistindo atentamente cada passe.

– O que o Al tem? – Lily falou em voz alto.

– Como assim Lily? – Dominique perguntou sem olhar para o lado.

– Ele está distraído, se continuar assim o cara da Lufa-Lufa vai pegar o pomo. – Ela entendia melhor que ninguém, ela era apanhadora.

De repente o Al faz uma manobra por cima do adversário fazendo com que ele se desequilibre.

– Quê que é isso pai? Vocês viram só! – O narrador do jogo gritou no microfone. – É agora ou nunca. Pega ou não pega!

Al mergulhou com tudo para pegar o pomo, era pegar ou pegar.

– Aêeeeeeeeee! A vitória é da Sonserina. – O lado onde fica os torcedores da Sonserina houve um estrondo de aplausos e gritos.

Os alunos da Lufa-Lufa ficaram em silêncio, e foram se retirando aos poucos do campo, assim como os outros.

– Eu vou encontrar meu amor lá no vestiário, você vem Domi? – Rose se levantou.

– Não Rose, vou esperar ele vir aqui me buscar. – Ela sorriu olhando além da Rose.

– Ok. Tchau pra vocês. – E assim Rose saiu em direção ao vestiário.

Scorpius e os outros garotos ainda estavam em campo comemorando, daria tempo suficiente de Rose fazer uma surpresa a ele. E assim ela desceu.

...

Samilly continuava lá, esperando a volta dos garotos, pelo barulho que houve lá fora ela deduziu que o jogo já havia acabado. Ela ficou sentada lá olhando para a porta, e alguém apareceu, mas não era Scorpius, era Rose.

– Que você está fazendo aqui? – Rose parou de choque na porta mesmo.

– Estava esperando uma pessoa. – Samy se levantou.

– Quem? – Rose sempre curiosa.

– Não me leve a mal, mas não é da sua conta. Agora me dá licença. – Samy passou por Rose sem nem olhar para ela.

Rose ficou muito pensativa, não sabia o que aquela garota queria ali, sozinha: “Ela estava esperando alguém, será que era o pai do bebê”.

– Aê, aquela menina da Lufa-Lufa tava toda revoltadinha... – Os garotos começaram a entrar no vestiário.

– Rose? – Al parou e ficou encarando a prima.

– Que tem minha namorada? – Scorpius que entrou por último não tinha visto ela ainda. - Rose? – Ele teve a mesma reação que Al.

– Oi amor. Vim te dar os parabéns pelo jogo. – Ela caminhou até ele e depositou um beijo em seus lábios.

– Oh que fofinho, que coisa linda. – Os garotos do time começaram a debochar de Scorpius.

– Vocês estão com inveja de mim. – Ele se virou de um modo que cobrio Rose.

– Ai Malfoy, que aquela menina da Corvinal queria contigo? – Perguntou Jeff, meio que sem querer.

Rose ficou séria e olhando para a cara de Scorpius.

– Como é?

Al vendo que aquilo ia dar treta para Malfoy, tentou livrar a barra do amigo.

– Ela queria perguntar ao Scorpius onde eu estava, prima. – Ele aproveitou que ela não via seu rosto e virou-se para os meninos e piscou o olho.

– Hum. – Rose não engolira aquele papo de jeito nenhum, mas não disse mais nada. – Te vejo mais tarde amor. – E deu um selinho nele e saiu.

***

P.O.V Rose

Eu não engoli aquela história de que ela queria perguntar ao meu namorado onde o meu primo estava, pra mim essa história está muito estranha. Mas eu não quis adentrar o assunto, fui onde eu sempre vou para pensar...

A biblioteca.

Só que quando eu vou chegando lá, eu dou de cara com aquela menina. Eu não aguentei, tive que parar ela no meio do caminho.

– Uou, Samilly?

– Ah, você de novo. – Ela revirou os olhos. – O que é?

– Que delicadeza. – Forcei um sorriso. – Quero saber o que você queria com meu namorado? Era ele que você estava esperando? Porque se for eu quero saber o porquê.

– Eu vou dar uma resposta para todas essas suas perguntas. – Ela cruzou os braços e sorriu sinicamente. – Não-Te-Interessa.

– Ah minha querida, você não tem ideia do quanto isso me interessa. – Eu respirei fundo.

– Avá, é mesmo? – Ela debochou. – Vai cuidar da sua vida. – Ela deu os ombros e me deu as costas.

Eu a puxei pelo braço, eu esqueci por um momento que ela estava grávida. O corredor começa a ficar movimentado, ela se aproveitou. Começou a dar um showzinho na frente de todos.

– Me solta sua maluca! – Ela me empurrou para trás. – Sua louca, como você agride uma mulher grávida?

Todo mundo para pra ver aquela cena, o povo adora ver um barraco. Eu fiquei passada com aquela cena, como essa garota é doida. E para acabar de completar ela começa a chorar. E, é claro, todos se comovem com a cena de uma doce e inocente garota chorando.

– Mas que tumulto é esse daqui? – A Diretora Minerva chega afastando todos.

– Professora, essa garota me machucou. E a senhora sabe, no estado que eu estou não posso ser machucada. – Ela encenou perfeitamente bem para a Diretora, até eu cairia, se a garota que está sendo acusada injustamente não fosse eu.

– Srta. Weasley, o que deu em você para fazer isso? – A Profª MacGonagall me olhava seria. – Me acompanhe até minha sala, por favor. – E assim ela saiu.

Eu olhei para a cara de cinismo da Samilly, ela deu um sorriso e piscou o olho pra mim, e eu juro, se ela não tivesse grávida eu teria dado na cara dela, eu fiquei com ódio.

...

Eu recebi uma detenção por brigar na escola, e ainda mais com uma mulher grávida, e muito sínica por sinal. E de brinde um sermão dizendo que eu não era assim, que era uma das melhores alunas da escola, que eu nunca tinha me metido em confusão e blá-blá-blá.

Eu saí de lá e fui para o meu quarto tomar um banho, eu precisava contar para Scorpius que eu não ia me encontrar com ele hoje, porque eu estava de detenção, ia ajudar os elfos na cozinha, se bem que não há nada de mal nisso, mas eu preferia estar com meu namorado.

Eu entrei no meu quarto e fui tomar banho. Depois de tomar uma bela ducha, peguei meu celular e liguei para meu amor.

Ele: “Oi amor”

Eu: “Oi amor”

Ele: “Que você tem?”

Eu: “To em detenção”

Ele: “Rose Weasley de detenção? Que diabos tu fez amor?”

Eu: “Na verdade, eu não fiz nada. Foi aquela amiga maluca do Al”

Ele: “Que amiga?”

Eu: “A tal Samilly. Eu esbarrei com ela no corredor e quis falar com ela, a doida fez um show no corredor e disse que eu a tinha agredido”

Ele: “Eu não sei o que você ainda quer dirigindo a palavra aquela pobre coitada, mas você fez algo a ela?”

Eu: “Claro que não amor, ela armou pra mim”

Ele: “Ok. Mas o que foi teu castigo?”

Eu: “Ajudar os elfos na cozinha, no que eles precisarem. Não é tão ruim, é só por três dias, mas eu preferia estar contigo”

Ele: “Eu sei amor, a gente dar um jeito. Agora eu vou tomar banho e te vejo no jantar. Beijos, te amo.”

Eu: “Te amo também”

***

P.O.V Scorpius

Essa Samilly já está enchendo o saco, beleza ela mexer comigo, fazer minha vida um inferno, mas mexer com a Rose. Ela cutucou o lugar errado. Se ela queria minha atenção, conseguiu.

Eu fui tomar banho e depois desci para a sala comunal, tinha muitas pessoas lá, inclusive Al e Luke. Eles não me viram, eu sai despercebido e subi rumo à biblioteca, Al sempre vinha ver ela aqui depois da aula.

E como eu previ, ela estava lá.

– Por que você fez aquilo? – Bati a mão na mesa.

– Vai com calma ai campeão, pensa que está falando com quem? – Ela colocou as mãos sobre a mesa e nem se quer me olhou.

– Olha pra mim, eu to falando com você. – Eu peguei seus cadernos e empurrei para o outro lado da mesa.

– Olha aqui, presta bem atenção. – Ela se levantou da cadeira. – É melhor ver o jeito que fala comigo.

– Com gente como você, eu nem se quer dirijo a palavra. – Eu a olhei de cima a baixo. – Eu tenho pena de você garota, tão sozinha que precisa prejudicar os outros para se sentir feliz.

Ela engoliu a seco aquilo que eu falei, ela encheu os olhos de lágrimas.

– Não quero sua pena, pode guardar para você. – Ela cruzou os braços e fungou.

– Realmente, acho que você quer amor, coisa que infelizmente você não cultiva. – Assim que eu acabei de falar, ela deu um tapa na minha cara.

– Eu quero que você se dane com sua opinião e sua pena, seu ignorante. – Ela pegou as coisas e se retirou me dando um leve empurrão.

...

P.O.V Narrador

Samilly realmente ficou tocada com aquilo que Scorpius falara na biblioteca, ela se sentia sozinha sim, isso era verdade. Mas ninguém nunca havia jogado tais palavras em sua cara antes.

Ela correu para o banheiro chorar, lá era um dos únicos lugares que ela se sentia a vontade pra fazer isso, ninguém a interrompia no seu momento de tristeza.

De repente seu celular toca.

“Alô?”- Ela atende.

“Oi, e ai, fez o que eu pedi?”- Alguém perguntou do outro lado da linha.

“Estou fazendo o que posso.” – Ela respondeu ainda chorosa.

“Eu realmente espero que sim, quero resultados Samilly, pra ontem... Tu-tu-tu-tu.”

Scorpius Malfoy