Eu tava muito puto, não sabia se era pelo fato dela estar grávida ou pelo fato dela não ter me contado. Eu fiquei muito irado, eu nem fui pra nenhuma das próximas aulas, fui direto para os dormitórios.

Eu tava de cabeça quente, só tirei a camisa e me joguei na cama. Precisava pensar um pouco, e acabei dormindo.

...

– Mas é muito folgado mesmo... – Ouvia uma voz bem distante. – Acorda aê! – E arremessaram algo em mim.

– Porra, pode nem dormir. – Resmunguei arremessando o que me pareceu ser um travesseiro e me levantei.

– Uou, o que te mordeu princesinha? – Luke me empurrou.

– A tua mãe. – Me desviei e saí pisando duro.

Por incrível que pareça eu realmente tava muito estressado, não queria nem brincadeiras com meus amigos, que eram quem eu mais zuava, eu que tanto zuava agora estou sendo zuado.

– Engoliu um limão inteiro? – Scorpius se jogou na cama.

– To de péssimo humor, não to para brincadeiras. – Como eu não havia tomado banho ainda, tirei a calça e fui em direção ao banheiro.

– O que foi houve? – Scorpius estava curioso, tava ficando igual a Rose.

– Pois é, houve. – Eu não estava muito afim de falar, mas eu sei que se a conversa continuar nesse rumo eu vou acabar falando.

– Se quiser falar, já pode. – Luke também tava curioso.

– A Samy tá grávida. – Eu não rodeei, joguei na lata mesmo.

– Como é? – Os dois falaram ao mesmo tempo.

– Pois é. – Eu me virei e saí, não queria discutir sobre isso e agora.

– Pera! – Scorpius chamou. – Quem é o pai?

– Eu que não sou. Nunca transei com ela. – Entrei e fechei a porta do banheiro.

Não quis passar meu estresse para os meninos, mas deixei Scorpius muito puto da vida, o que eu falei foi meio que uma indireta, e ele a recebeu com sucesso.

– Tá querendo insinuar algo, Potter? – Ele abriu a porta.

– Não, mas já que você se ofendeu. – Qualquer ser humano que passasse a quilômetros dali saberia que eu estava sendo sarcástico.

– Não gosto de piadinhas, quer falar as coisas, fala de uma vez. – Ele bateu na pia. – Não fica mandando parcelado.

– Dar licença, to tomando banho, será que eu posso? – Eu indiquei a porta.

– Vai para o inferno Potter. – Ele saiu batendo a porta.

– Te encontro por lá.

Eu sou sempre o que brinca, o que zoa com todos meus amigos e até com os que não são, eu raramente fico de mal humor, mas quando eu fico... Nem eu mesmo me suporto!

P.O.V Rose

– Grávida? – Eu travei.

– Isso Rose Weasley, fala mais alto. – Meu primo lindo sendo sarcástico e também louco pra levar um murro para terminar de quebrar aquele nariz.

– Olha, não vem com teus estresses para o meu lado. – Tentei não derrubar ele da cadeira.

– Eu não estou estressado...

– Tá chateado. – Dominique que ouviu atentamente, completou.

– Não estou. – Ele rebateu como se ela tivesse jogado uma pedra nele.

– Tá sim. – Domi, Luke, Scorpius falaram em uníssono.

– To muito chateado. – Ele se rendeu e baixou a cabeça.

– Você tá chateado porque está apaixonado por ela. – Domi pegou na mão dele.

Ela sempre foi muito boa nisso, desde pequena ela tem esse dom de ver e perceber quando alguém gosta de alguém, eu fico impressionada. Eu nunca reparo muito isso, acho que é por isso que os conselhos amorosos nunca foram pedidos a mim, e sim para ela.

– Está tão na cara assim? – E naquele momento eu vi o Al todo bobinho quando criança, quando seus olhos brilhavam quando ele gostava de uma garota.

– Muito na cara. – Eu peguei na sua outra mão.

– Não tá não, eu nem tinha reparado. – Scorpius franziu o cenho olhando para Al.

– Nem eu. – Luke apoiou Scorpius.

– Homens... – Falei olhando para eles.

– Só pensam em duas coisas. – Domi riu. – Em sexo e... – Ela ficou pensando. – Sexo de novo.

– Hey! – Os três falaram juntos.

Eu não quis voltar naquele assunto por enquanto, Al estava meio triste e eu sabia que aquilo o deixava mal, então tentei deixar pra lá, por hora.

– Vocês se importam se eu e o Scorpius sairmos um pouco? – Eu queria conversar com meu namorado, a sós.

– Claro que não Rose, pode ir prima, todos merecemos namorar um pouco.

Então eu saí de mãos dadas com meu bebê. Fomos para a biblioteca, lá sempre é silencioso, dava para conversar e namorar um pouco.

– Minha princesa, tava com saudades de te beijar. – Scorpius me abraçou e começou a me beijar.

– Eu sei amor, também tava. – Eu ainda não havia engolido a história da Samilly estar grávida.

– Amor, o que foi? – Ele se afastou percebendo minha distância.

– Ai amor, essa Samilly tá me tirando do serio. – Eu realmente não conseguia pensar em outra coisa.

– É sério Rose, já está ficando chato, quer dar um tempo? – Scorpius se afastou ainda mais.

– Scorpius eu não consigo, isso é importante...

– Não Rose, não é. Mas você faz questão que seja. – Ele passou a mão nos cabelos. – Quer saber? Quando você resolver deixar esse problema, que nem é seu, pra lá. Você me avisa. – Ele me deu um selinho de leve e saiu.

Eu fiquei meio chateada com aquilo, ele me deixou sozinha na biblioteca e ainda saiu com raiva, eu deveria estar com raiva.

Eu subi para meu Salão Comunal, e como eu deduzi, estava lotado. Eu olhei de relance, vi muitos rostos familiares, mas ao mesmo tempo desconhecidos. E eu percebi que desde que eu havia começado a namorar eu me afastei de muitas pessoas, inclusive da minha baixinha linda.

Falando nela... Onde ela está?

Esquadrinhei todo o local com os olhos, mas não vi nenhum sinal da Lily. Será que isso é bom ou ruim? Foi então que eu notei que eu não encontrei meu irmão também.

Ué, cadê esses dois cabeças de cenouras?

Eu realmente estava curiosa, mas não sabia como achá-los e nem onde. Eu fui até Roxanne e uns amiguinhos do meu irmão.

– Sabe me dizer onde o Hugo está? – Eu tentei parecer uma irmã preocupada e não uma irmã curiosa.

– Sei não Rose, a última vez que vi ele foi quando ele saiu do Salão Principal.

– Viu com quem ele saiu Natan?

– Não vi não Rose. – Natan era filho do Neville, ele era um amor de pessoa, assim como seu pai, era tão inteligente e jogava quadribol, era um dos melhores batedores da Grifinória e estudava junto com meu irmão.

– Tá, obrigada. – Sorri de leve e fui até Roxanne.

– Não sei nada sobre a Lily e muito menos sobre o Hugo. – Ela tava se levantando e fazendo menção de sair.

– E está fugindo por quê? – Eu parei mesmo na sua frente.

– Eu tenho que ir para o meu quarto. – Ela olhou para o lado.

– Você está mentindo. – Eu conhecia Roxanne desde pequena, ela tinha a mesma mania do Fred. – Tá olhando para os lados que nem seu irmão quando tava mentindo.

– Nada a ver, você tá viajando legal. – Ela sorriu e tentou sair.

– Roxanne, você pensa que engana quem? – E mais uma vez eu impedi que ela passasse. – Onde está o Hugo e a Lily? – Eu falei mais séria.

– Eu prometi que não iria dizer, e eu não vou. - Ela cruzou os braços e ficou ali parada me encarando.

– Tinha que ser Weasley para ser cabeça dura desse jeito. – Eu respirei fundo. – Eu vou avisar o Al, e acho bom a Lily aparecer antes que ele a encontre.

– Você tá parecendo a Vovó. – Ela resmungou.

– Você não imagina como. – Forcei um sorriso e peguei o celular, disquei o número e liguei.

Eu: “Alô?”

Albus: “Número errado, o do Scorpius é outro. – Meu primo, sempre piadista.”

Eu: “Não Al, é com você que eu quero falar.”

Albus: “Mande a bomba!”

Eu: “É a Lily, ela não está aqui na sala comunal e a Roxanne sabe, mas não quer dizer.”

Albus: “Então faz ela falar!”

Eu: “Até parece que ela vai dizer, ela já bateu o pé e disse que não vai dizer.”

Albus: “Mas a Lily tá sozinha?”

Eu: “Não. Está com o Hugo.”

Albus: “QUÊE?”

Eu: “Albus, fica calmo...”

Albus: “Rose, faz ela falar se não eu faço! To indo pra ir.”

E ele desligou o telefone.

– Achei totalmente desnecessário você avisar a ele. – Roxanne revirou os olhos.

– Ele está vindo pra cá, se prepara. Você já sabe como é o Al. – Eu cruzei os braços.

– Ele não sabe a senha. – Ela piscou o olho pra mim.

– Meu namorado sabe. – Eu sorri e pisquei de volta.

...

Eu achava que demorasse menos das Masmorras pra cá, mas pelo visto. Os meninos estavam demorando muito, nada do Trio da Sonserina e nada da Lily e do Hugo. Eu sinceramente não sei o que deu na cabeça desses dois pra sair assim.

A Sala Comunal começou a ficar vazia, depois de um tempo só ficou eu, Roxanne e uns três amigos que estavam estudando, eu acho.

O silêncio era perturbador, me dava nos nervos. Eu realmente estavam preocupada com meu irmão, e com a Lily também. De repente, em meio aquele silêncio se ouvi um alvoroço na entrada.

– Que você tava pensando seu moleque? – Era Al, trazendo Hugo pelo colarinho da camisa.

– Al! Larga ele! – Lily tentava sem sucesso fazer o irmão largar o meu irmão.

– Você cala a boca. – Ele se virou com uma cara que até eu teria ficado com medo se fosse a irmã dele, mas como eu não era não me assustava, e como era o meu irmãozinho que ele tava segurando pelo colarinho, daí que eu não tinha medo mesmo.

– Albus Severo Potter, larga já o meu irmão. – Eu fechei o tempo.

– Leva mal não Rose, eu gosto muito de você e desse moleque também, mas eu to no meu direito de irmão.

– E eu no meu de irmã. - Eu bati o pé. – Larga ele. – Eu pedi mais calma e com mais convicção.

– Beleza. – Al meio que rebolou Hugo no chão.

– Vem cá. – Eu puxei-o para perto de mim. – Onde você estava? – Eu perguntei só pra ele.

– Não está vendo, ele tá cheirando a uva, morango, tutti-frutti, eu sei lá o quê. – Al realmente incorporou o papel de irmão protetor.

– E daí? – Eu perguntei sem entender.

– Ah Rose, me poupe. – Dominique que veio junto, pois estava com Luke. – Ele está cheirando a camisinha de sabor.

Sabe aquela menino do filme exorcista, meu pescoço virou que nem o dela, mas não totalmente. Eu fuzilei meu irmão com os olhos. Os dois, tanto Hugo como Lily ficaram da cor dos cabelos. Vermelhos como tomate.

Eu não estava assimilando aquela DR toda, mas a minha ficha estava caindo, aos poucos, mas estava. E eu ia ter uma hemorragia se aquilo fosse verdade