Narrado por Rose Weasley.

Oh Merlin como isso pode estar acontecendo? Como meu pai ficou sabendo? Não pode ser. Isso é um pesadelo. Meu pai já sabe de tudo. Graças ao meu irmãozinho querido. Hugo. Esse moleque me paga.

Percebi que meu loiro ficou paralisado com a notícia. Parecia em estado de choque.

– Scorpius. – Chamei sem fazer muito barulho. – Você está bem?

– Eu... É... Sim. – Ele gaguejou.

– Iai, você vai? – Perguntei me aproximando dele.

– Se eu vou... É claro que vou. – Ele falava meio incerto disso, eu percebi porque ele não me olhava nos olhos.

Ficamos em silêncio. Não dissemos mais nada um ao outro. Mas eu estava muito chateada com meu irmão. Ele não devia ter se metido assim na minha vida. Ele passou dos limites. Dos meus limites. E ele vai pagar. Deixa só eu ver ele.

***

– HUGO WEASLEY EU VOU MATAR VOCÊ!!!! – Gritei na saída do Salão comunal para o principal. Assim que o avistei.

– Que você... – Ele não terminou, pois eu avancei para cima dele. Agarrei o colarinho de sua camisa e fiquei sacudindo-o.

– VOCÊ... VAI... ME... PAGAR. – Eu falava ofegante e dando tapas nele.

– Ficou... Doida! – Ele tentava se livrar das tapas. – Me larga... Rose... Me solta!

– MOLEQUE... – Eu o larguei. Não por vontade minha, mas porque Scorpius me ergueu no ar. – Scorpius, me deixa dar umas tapas nesse moleque!

– Rose! Rose! Para... Para! – Ele me agarrou com mais força. – Chega, já foi!

E falando isso me levou para longe de Hugo. Eu estava ofegante. Ainda não tinha desistido de dar umas boas palmadas no meu irmão. Isso eu me acerto com ele em casa.

Minha casa. Meu Deus! Meu pai estará lá. Eu e ele. Frente a frente. E só então colocaremos tudo aos panos limpos. Ele vai gritar litros comigo. Eu não ligo.

Por enquanto não vou me preocupar com isso. O natal só é daqui a sete dias. Porém as férias são daqui a quatro dias. E vai passar num instante. Quando eu menos pensar... Papai vai estar cara a cara com Scorpius, empunhando a varinha, pronto para lançar um Avada Kedavra nele. Céus, não quero nem pensar nisso!

***

Já de noite. Eu estava sentada numa das poltronas da sala comunal da Grifinória. Conversando com Domi.

– As férias estão chegando né? – Ela perguntou.

– É. Daqui a alguns dias... – Parei só de pensar.

– E o tio Rony? Como será que vai reagir?

– Não sei. Não quero pensar nisso... Não agora. – Tentei sorrir. – Mas... Me fala do seu lance com o Luke. – Tentei mudar de assunto.

– Ai Rose, tá tudo indo tão bem. Nós ficamos de novo. – Ela irradiava alegria. – Ele vai para a festa de natal na casa do Tio Harry.

– Ah. A festa. – Baixei a cabeça.

Por mais que eu tentasse fugir do assunto: Festa de natal. Não dava. Tudo fazia com eu voltasse a pensar nisso. Eu estava muito cansada. Me despedi de Domi e fui para meu quarto. Lá, me deitei em minha cama e logo adormeci.

***

TRÊS DIAS DEPOIS.

***

Eu desci para o Salão Principal. Fui me encontrar Scorpius. Ele me esperava lá.

– Minha ruivinha! – Me depositou um beijo.

– Oi meu loiro! – Falei sorrindo.

– Vamos. – Ele indicou os jardins.

– Vamos. – Peguei sua mão.

Descemos para entrada do castelo. Ficamos lá. Abraçados. Sem dizer nada um para o outro. Aposto que na cabeça dele tá passando mil coisas. Como na minha.

Ele afagava meus cabelos com as mãos. Eu gostava disso. Mas eu pude sentir que suas mãos estavam geladas.

– Scorpius? Você tá bem? – Perguntei me afastando um pouco para poder olhá-lo.

– Estou sim. Só meio preocupado. – Ele respondeu me olhando também.

– E eu posso saber com quê? – Perguntei temendo a respostas.

– Ah Rose... Você sabe! – Ele me soltou.

– Não, eu não sei. Trate de me falar. – Puxei seu braço para que ele me olhasse nos olhos.

– É o jantar... – Ele começou, mas foi interrompido. Não por mim. Pela Lily.

– Vamos pombinhos! As carruagens chegaram. – E saiu.

– Depois a gente conversa sobre isso, ok? – Ele estendeu a mão pra mim.

– Certo. – Concordei. Dei a mão a ele e saímos juntos.

***

Já no trem. Eu estava em minha cabine. Acompanhada de Lily e Dominique. Eu não queria conversar sobre nada. Então, simplesmente, me deitei no banco que estava livre e tentei dormir. Com alguns minutos tentando, finalmente consegui.

Dormi o que me pareceu à viagem quase toda. Só acordei quando Lily me deu uma tapa. Que jeito carinhoso minha querida prima tem de me acordar. Saí da cabine com minhas coisas. Quando já estava perto da saída do trem. Scorpius me chamou. Ele tava perto de uma janela.

– Rose!

– Scorpius? Que faz aí? – Perguntei caminhando em sua direção.

– Te esperando. Quero te dar um beijo. – Ao falar isso me agarrou e me deu um beijo.

Eu adorava quando ele me beijava sem eu pedir. Correspondi o beijo. Nossas línguas entravam numa sintonia que eu não sei explicar. Os nossos beijos eram intensos. É como se necessitássemos um da essência do outro.

Mas algo fez com que nos separássemos. Quase que de imediato. Foi uma voz. Uma voz que me soou como uma ordem.

– Scorpius. – Era Draco.

Ficamos parados. Trocamos olhares de susto.

– Pai... É... – Scorpius quis começar a falar. Porém o pai não deixou.

– Me poupe de explicações. Quem é a moça? – Me indicou com uma das mãos.

Eu corei violentamente.

– Sou Rose. Rose Weasley! – Estendi a mão para cumprimentá-lo.

– Ah. Muito bem. Foi um prazer. – Ele apertou minha mão. Sem sorrir. – Agora vamos Scorpius!

– Tá. – Ele se virou para mim. – Amor, eu já... Já vou. A gente se vê. Te mando uma carta, ok? – Me deu um selinho e saiu no encalço do pai.

Fiquei olhando ele desaparecer da minha vista. Até aquela cabeleira loira sumir de minha vista.

Meu Merlin! Acabei de conhecer meu sogro. Não sei de onde tirei coragem para falar com ele. Ele parece ser uma pessoa calculista, fria. Foi o que me pareceu. Mas pera... Scorpius me chamou de AMOR, ele me chamou de amor. Meu Deus!!!!

Ok. Eu sei. Tenho que voltar para realidade. Tenho um pai pra enfrentar. Então foco Rose, foco!

***

Cheguei à minha casa. Sem dar uma palavra. Não falei mais com Hugo desde o acontecido das tapas. E não iria falar até que ele me pedisse desculpas.

Mamãe estava tensa. E meu pai, esse tava da cor dos próprios cabelos. Desde que viu Scorpius. Não fez nada. Graças a minha mãe.

Peguei minhas malas. Já ia subindo as escadas quando meu pai me chamou. Não do jeito carinhoso de sempre. Mas de um jeito autoritário.

– Rose! Sente-se aqui. – Eu me virei para ver aonde. Ele apontava para uma cadeira. – AGORA!

Larguei minhas malas no chão. Caminhei até a cadeira. Me sentei diante dele. Eu continuei muda. E ele só me encarava. Mamãe tinha uma mão no coração.

– Rony... Por favor... É só... – Ela começou.

– Hermione. – Papai fez um gesto com as mãos. – Me deixa. Eu sou pai dela. – Mamãe se calou. – Pois bem. Quero saber mocinha, o que pensa que está fazendo namorando aquele moleque?

Parei para encará-lo. Fiquei em silêncio por uns segundos. Até que por fim, falei:

– Eu penso em mim.

– E em mim, seu pai, você não pensa? Me dando um desgosto de namorar um filhote de comensal. Rose onde anda com a cabeça minha filha? – Ele se empertigou na cadeira onde estava sentado.

– Pode parar pai. Chega! Não basta o Hugo querendo me controlar...

– EU SOU SEU PAI! – Ele gritou se levantando.

– E EU, SOU SUA FILHA! – Me levantei também.

– Rose, Rony, se acalmem! – Mamãe se pôs de pé.

– ROSE EU NÃO QUERO VOCÊ COM AQUELE MENINO, ELE É MAU EXEMPLO PARA VOCÊ. – Papai continuava a gritar.

– POR QUE? POR QUE ELE É UM MALFOY? – Gritei em resposta aos seus gritos. – PAI, NÃO VAI ADIANTAR. NADA DO QUE O SENHOR DISSER VAI MUDAR O FATO DE EU ESTAR COM ELE. E QUERENDO O SENHOR OU NÃO, EU VOU CONTINUAR NAMORANDO COM ELE.

– EU NÃO PERMITO! JÁ PARA SEU QUARTO, AGORA! – Indicou a escada.

Meus olhos estavam marejados. Não esperei ele falar outra vez. Dei as costas e corri para meu quarto. Acabei de brigar com meu pai. Com certeza vai me pôr de castigo para que eu não saia para ver o Scorpius. Eu não ligo, eu dou um jeito.

Me deitei em minha cama. Comecei a chorar. Muitas emoções estavam envolvidas: Raiva, tristeza, medo. Chorei tanto que acabei adormecendo.