A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 24
O Fruto Nunca Cai Muito Longe da Árvore - £


Notas iniciais do capítulo

LEIAM OS AVISOS NO FINAL DO CAPÍTULO!!!!!!!!
LEIAM OS AVISOS NO FINAL DO CAPÍTULO!!!!!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/443754/chapter/24

Edward segurou minha mão confiantemente, parecendo querer me passar segurança, mas não disse mais nada e me puxou para uma porta do outro lado da sala, que tinha uma janela com insufilm parecendo um espelho. Meu reflexo quando passamos na frente dele, era nada mais do que o de uma garota assustada.

Eu estava assustada.

Edward bateu na porta branca do lado da janela e a abriu. Disse algo, e então se virou para mim, puxando-me de leve pelos braços, forçando-me a entrar na sala. Um homem velho o suficiente para ser meu avô nos cumprimentou-nos com um aceno de cabeça, sempre nos analisando com os olhos azuis frios, e eu me agarrei a camisa de Edward. Ele não me deixaria aqui com esse homem, certo?

– Eu volto depois pra te pegar. Não se preocupe, vai dar tudo certo. – ele disse e beijou o topo de minha cabeça, fechando a porta com um alto e seco “thump

E eu fiquei no mesmo lugar, esperando o homem me dar permissão para sentar. Ele apontou para a cadeira a sua frente e não sorriu.

Mais arrepios.

– Sente-se. – ele se pronunciou. Sua voz rouca não fazia eco nenhum, mas batia em meus ouvidos como um choque entre rochas. Dolorosamente.

Percebi que ele me acompanhava com os olhos à todo instante.

Os segundos de silêncio entre nós me fizeram prender a respiração. A sala escura me deixava com falta de ar, e a estante de livros atrás do homem parecia entulhada demais para que ele conseguisse tirar ou colocar qualquer livro.

– Sou Erik, mas pode me chamar de Sr. White. – ele disse e cruzou as pernas, colocando as mãos em cima do colo.

Estava claro para mim que ele deveria ser chamado de Sr. White. Não era uma opção que ele estava me dando.

– Sou Helena Jameson. – disse de volta, tomando cuidado para que minha voz não saísse nem mais alta do que era permitido e nem muito baixo para que um homem da idade dele não escutasse.

Sr. White piscou algumas vezes e pegou uma pasta apoiada no braço de sua cadeira larga de couro escuro, folheando as páginas ali dentro.

– Abandonada pelos pais biológicos, pais adotivos a expulsaram de casa, relatos de companheiros que dizem ser uma pessoa incontrolável, traição... – ele continuava falando. – Sua ficha não me parece ser a melhor. – ele me encarou como se esperasse minha reação.

Meu estômago doía como se eu tivesse acabado de levar um murro.

– Nunca disse que fui boazinha. – retruquei e me arrependi logo após, quase arrancando minha língua com a força que a mordi para me manter calada.

As feições de Erik permaneciam inalteradas, como se eu o entediasse. Olhei para o lado e vi que o insufilm espelhado me deixava vez claramente as pessoas lá fora treinando, suadas e cansadas.

– Como se sente sabendo que seus companheiros disseram, e eu cito,: uma pessoa explosiva, descontrolada e sádica? – ele me ignorou, como se eu nem ao menos tivesse falado nada.

Me sentei melhor na cadeira, com a intenção de tirar seus olhos atentos de cima de mim.

– Se eles fossem realmente meus companheiros eu estaria em Sleepy Hollow agora, e não aqui.

Mais uma mordida na língua.

Se as coisas continuassem assim, até o final do dia eu certamente não teria mais uma parte da língua.

– O que a levou a trair todos, Helena? O que a fez se envolver com os Finnik?

Cocei o braço por cima do casaco e seus olhos frios me acompanharam.

– Eu não fiz nada que você também não teria feito.

Desta vez ele pareceu surpreso, mas conseguiu esconder e seu rosto se desfez em indiferença novamente, como se ele não se deixasse ter nenhuma emoção.

– Conte-me: o que eu teria feito? – suas perguntas não paravam e eu já estava me enchendo.

– Se tivesse encontrado uma pessoa que o entendesse, não fizesse perguntas e muito menos lhe cobrasse nada, você escolheria ficar com ela.

Ele assentiu e anotou algo em uma caderneta que tinha saído de algum lugar. Jurei ver seu pomo de adão subir e descer como se ele tivesse engolido seco, e ignorei.

– Por que compeliu seu irmão a entrar para a empresa?

– Não fiz nada disso. – me defendi e quando abri a boca para lhe responder, ele deu um meio sorriso.

– Edward sabe com quem está lidando?

Eu sentia a indireta atravessar meu corpo como um raio.

Drake. Ele estava falando de meu pai.

– Não. – minha resposta foi curta, mas não o fez ficar calado.

– Ah, então ele não sabe que está trabalhando com a filha do demônio mais procurado de praticamente todo o mundo? – sua voz era sarcástica.

– Ele não é meu pai. – minha voz saiu como um fiasco.

Sr. White levantou as sobrancelhas.

– O sangue dele corre em suas veias, Helena.

– Isso não quer dizer nada. – meus dedos se fecharam em punho.

Ficamos em silêncio por mais alguns segundos, tempo suficiente para que Erik anotasse mais um bando de coisa na caderneta e olhasse para mim com os olhos semicerrados.

– Um fruto nunca cai muito longe de sua árvore. Você e seu irmão certamente são a veracidade dessa afirmação.

– O que isso quer dizer? – perguntei o fitando confusa.

Sua resposta foi um simples sorriso que não alcançou os olhos azuis pálidos.

– Pode ir agora. – ele simplesmente disse e apontou para a porta e se levantou.

Fiquei sem reação, ainda sentada. Me levantei ainda não compreendendo o que tinha acabado de acontecer e ouvi a voz de Sr. White entoar novamente.

– Diga à Ezra que está liberada para começar o treinamento, mas que virá uma vez por semana para ser avaliada. Quero acompanhar seu desenvolvimento. Vamos ver se consegue sobreviver aqui dentro.

Assenti e saí da sala, ainda em choque.

Era a segunda vez que me falavam de sobrevivência na empresa. Eu estava começando a achar que não conseguiria efetuar tal proeza.

Edward estava do lado de fora da sala e não me perguntou nada. Eu agradecia mentalmente por aquilo. Mais perguntas era a única coisa que eu não queria.

– Terei de ser avaliada uma vez por semana. – resmunguei baixo.

Seus músculos tensionaram levemente.

– Por quê?

Dei de ombros.

– Não sei. Ele disse que quer “acompanhar meu desenvolvimento”. – marquei aspas no ar.

Ezra estava de pé, olhando para os caçadores tentando acertar um tiro certeiro no alvo com uma balestra. Toquei seu ombro de leve quando nos aproximamos e ele se virou.

– Helena! – ele disse com certo entusiasmo. – Já fez toda a papelada? – assenti. – E foi ver Sr. White? – fiz uma careta e Ezra riu. – Suponho que isso seja um sim. Não se preocupe, ele não é tão ruim assim.

Bufei de leve.

– A palavra-chave é “tão”. Ele pediu para que eu voltasse uma vez por semana. Não sei se posso aguentar.

Mais risadas.

– Você vai sobreviver. – ele disse e meu corpo travou.

Mais uma pessoa disse isso, pensei.

– Quando vou começar a treinar?

Ezra coçou o queixo.

– Primeiro terá que passar umas horas com Adelaide, mas não se preocupe, ela é bem melhor do que Erik.

Sorri de canto.

– Ela vai me ensinar como usar suas armas? – perguntei com uma pitada maior do que necessária de curiosidade.

Ele riu.

– Não. Você vai aprender muito mais sobre as criaturas que caçamos e por quê.

Tremi.

– Isso seria ótimo. – sussurrei e abracei meu próprio corpo, o casaco me atrapalhando.

Os olhos de Ezra passaram de mim para meu companheiro e pude ver que eles conversavam por olhar.

– Edward, - Ezra começou. – vamos dar uma volta? Preciso falar com você. – ele se virou para mim. – Fique à vontade para tirar o casaco e ajudar os caçadores com as armas.

Assenti enquanto os via se afastar de mim. Edward se virou para olhar para trás e eu acenei com os dedos. Ele sorriu.

Respirei fundo e tirei meu casaco, pendurando em uma espécie de cabideiro, amarrando meu coturno que estava mais frouxo, fazendo questão de prender o cabelo em um coque alto.

Caminhei em direção à seção de armas e bati na porta, abrindo-a. Todos os caçadores do recinto se viraram para me olhar. Uma garota com a pele cor de jambo e musculosa colocou a arma na cintura e se aproximou de mim com um sorriso no rosto.

– Oi. – murmurei quando todos me encararam como se eu fosse louca.

– É seu primeiro dia? – ela perguntou rindo, ignorando-me.

– Sim. Como sabe?

Ela riu.

– Ninguém bate na porta quando a luz está vermelha. – a garota comentou.

Senti minhas bochechas corarem e o restos dos caçadores riu.

– Ah, me desculpem! Eu nem tinha visto nada... Só queria vê-los treinarem. – sussurrei e já fui me virando para fechar e porta e sair.

A menina colocou o pé para me impedir.

– Não se preocupe! Todos nós já tivemos “primeiros dias”, sabemos como eles são horríveis. Pode entrar. Fique à vontade para pegar qualquer arma e atirar.

Ela me surpreendeu com aquela atitude. Normalmente as pessoas de Sleepy Hollow eram taciturnas, portanto eu não estava acostumada com outra atitude a não ser de pessimismo e mau-humor.

Resolvi entrar na sala antes deles acharem que eu era louca e tirei o suéter também, ficando somente com uma blusa de mangas curtas. A sala estava quente e confortável.

Cumprimentei o primeiro caçador, um menino mais novo que eu com grandes olhos castanhos e olhar amistoso.

– Phillip – ele disse.

Passei para a próxima.

– Edgar. – ele murmurou com a voz fraca e cansada. Seus olhos escuros estavam estreitos, como se desconfiasse de algo. Uma balestra pesada estava em sua mão.

Passei para a menina com a pele cor de jambo.

– Nima. – ela sussurrou.

– É um nome masculino, não? – comentei incerta sobre ser um comentário válido ou meio inapropriado, mas ela deu um sorriso alegre, mostrando a fresta por entre os dentes.

– Vamos dizer que o médico não estava certo sobre o sexo do bebê e minha mãe não quis trocar.

Ri sem acreditar que aquela pergunta tinha saído de minha boca. Eu realmente deveria ter ficado quieta.

– Pegue uma arma. Vamos ver quem consegue acertar o alvo. – ela disse.

Escolhi a balestra e Nima se surpreendeu.

– É uma grande arma, tem certeza que consegue usar? – sua voz era preocupada, mas eu não ligava.

Dei de ombros.

– Preparar. – ela sussurrou enquanto empunhava sua pequena arma.

– Apontar. – Edgar disse segurando a balestra.

– Já! – Phillip gritou e atirou sua arma idêntica à de Nima.

Eu fui a última a atirar, sentindo o tranco que a besta fez em meu ombro e sorri desconfortável.

Todos pararam estáticos, olhando para meu alvo.

No centro.

– Isso é incrível! – Phillip gritou enquanto ria. – A novata bateu seu recorde, Ed!

Edgar olhou para mim surpreso e seu rosto se formou em uma carranca. Ele me parabenizou assim como os outros, mas a felicidade não alcançava sua voz e parecia um tanto quanto forçada.

– Não sou uma novata. Pedi transferência de Sleepy Hollow. – balbuciei enquanto tirava a flecha que tinha ficado presa no alvo.

Eles se surpreenderam mais ainda.

– E como era lá? – Nima perguntou guardando a arma novamente, pegando a balestra de minha mão cuidadosamente. – Um lugar calmo?

Expirei.

– Na verdade eram casos pequenos, quase todo mês.

E todos eles explodiram em risadas altas, claramente tirando onda com a minha cara. Repassei a frase em minha mente pelo menos três vezes enquanto eles riam, tentando encontrar o erro. Não tinha nenhum.

– De que estão rindo? – perguntei levemente aflita. – Eu disse algo errado?

Nima balançou a cabeça.

– Não. É só que... – ela deu uma pausa e limpou as lágrimas que caíam de seus olhos. – Você realmente quis se mudar de um lugar pacato para vir até Manhattan? A cidade da loucura?

Encolhi os ombros e baixei a besta.

– Não a conheço por ser assim.

Edgar revirou os olhos.

– Você é só mais uma garota que não conhece nada. Ela não vai sobreviver aqui, Nima.

Todos ficaram em silêncio.

– Isso é tudo por eu quebrar seu recorde, Edgar? – indaguei com irritação exalando dos poros.

Ele se voltou para mim um tanto quanto revoltado e se aproximou.

– Certamente não é por causa de um recorde idiota, mas sim por você ser idiota. – ele disse.

Fechei o punho, pronta para lhe dar um soco só. Edgar era o dobro do meu tamanho, mas eu certamente não hesitaria em arrumar uma briga feia por conta de sua imensa boca.

– Trocar um lugar de paz por isso, – ele abriu os braços. – é ser definitivamente uma idiota.

E foi a minha vez de rir.

– Se isso é o que pensa de mim, então não quero nem saber o que vai dizer quando descobrirem quem sou.

Edgar colocou as mãos na boca enquanto fingia estar interessado.

– Jura? Conte-me quem é você, então?

Levantei o queixo.

– Helena Jameson.

E suas feições desmoronaram.

– Você fez com que os Finnik voltassem a ser humanos? – sua voz era contida, mas algo no tom dela me fez crer que nem mesmo ele acreditava no que tinha acabado de sair de sua boca. – Você matou Polux?

A lembrança fez meu coração se apertar.

– Sim.

O silêncio na sala fez com que a tensão ao meu redor se expandisse.

Até mesmo Phillip tinha ficado em silêncio.

– Não me tratem como alguém inferior a vocês. Sou tão boa quanto qualquer um aqui. – resmunguei pegando outra arma.

– Você estava noiva dele. – Nima sussurrou chocada. – Noiva do inimigo.

Olhei de soslaio para ela, enquanto empunhava a arma e apontava para o alvo. Percebi que Nima engoliu seco, mas continuou me encarando, como se eu não fosse real ou estivesse do lado deles. Ela estava com medo de mim?

– O perigoso é atraente demais para ser ignorado. – disse.

E atirei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, queria começar pedindo milhões de desculpas por passar vários meses sem atualizar nada! Meu computador tinha quebrado, e devido às circunstâncias caóticas que minha vida pessoal se encontrava, ficou impossível postar alguma coisa que fosse adequada, sem querer me matar de tão ruim que era hahahaaha
Enfim! Espero de coração que não tenham me abandonado!
Amo vocês!

*EU ADICIONEI UMA PARTE AO CAPÍTULO, LEIAM! BJS



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçadora - A Supremacia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.