A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 16
Mordido - £


Notas iniciais do capítulo

Oiii galerinha, espero que gostem deste capítulo!!
Beijooos,
Ju!



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– Ah meu Deus. – sussurrei segurando minha cabeça.

Antes eu estava tocando na lápide de Polux, e agora eu estava agarrada à neve ao lado dela, pronta para vomitar a qualquer momento.

– Ah meu Deus. – minha mente girava.

Sally parecia preocupada comigo.

– Helena, o que aconteceu? O que foi aquilo? – ela perguntou, parecendo tão abalada quanto eu. – Eu pensei que fosse poder ouvir seus pensamentos como aconteceu com Sierra, mas de repente não tinha nada. Era como se você não estivesse mais aqui!

Segurei suas mãos e me forcei a ficar de pé com sua ajuda.

– Drake aconteceu. Eu tenho outro irmão, Sally! Ele está tão enrascado quanto minha mãe! – meus olhos começaram a se arregalar.

Eu tinha que salvá-los.

Peguei o telefone do bolso de trás da calça e liguei para a única pessoa que sabia que ia me entender sem me julgar completamente.

– Jason? Preciso falar com você, urgente.

“Helena, é a Claire. Algo de muito ruim aconteceu.”

– O que aconteceu? – minha cabeça girava.

“Jason sumiu.”

Então eu corri.

Corri sem ao menos me despedir de Sally, de Polux.

Corri para salvar meu irmão.

Ele estava encrencado.

Nós todos estávamos encrencados, eu só não sabia o quão no fundo do poço nós nos encontrávamos.

Cheguei à sede da empresa o mais rápido possível e tudo aconteceu em câmera lenta.

Eu pude ver os Caçadores de Sleepy Hollow adentrarem a sala do diretor com Ezra acompanhando-os de perto. Eles pareciam milhões de vezes maiores e mais amedrontadores, mas não foi isso que me chamou a atenção. Foi o quanto eu dei pela falta de Fitch. Ele não estava ali.

Andei em direção à sala e me esgueirei para dentro dela. Pude sentir os olhos de todos em cima de mim.

O homem sentado à mesa só deu conta de minha presença quando eu abri caminho por entre os largos ombros dos Caçadores e esmurrei a mesa dele.

Minha visão estava turva de raiva.

Eu tinha plena noção de que poderia ter sido meu ato final na empresa ter esmurrado a mesa do diretor e do cara que me odiava. Ele me olhou calmamente, mas era possível ver a máscara cair aos poucos. Ele tinha visto meus olhos.

Eu sabia como eles deveriam estar naquele momento.

Meu lado sobrenatural irradiava e aparecia cada vez mais, com o passar do tempo. Eu queria arrancar aquela parte de mim. O colar me queimava por dentro, como um calor confortável, mas que precisava ser posto para fora.

– Você disse que ele não corria perigo nenhum! – eu gritei não me importando com mãos segurando meus quadris para que eu me pusesse de pé e para mais perto dos Caçadores.

– Senhorita Jameson, vou pedir para a senhorita se recompor. Estamos justamente aqui para resolver tudo isso. E que eu saiba não era para a senhorita estar aqui hoje.

Eu bufei e ouvi um grunhido alto vindo de meu peito, como um som bestial que eu nunca tinha escutado antes.

As mãos em meus quadris sumiram.

– Meu irmão sumiu, porra, e tudo o que você pensa é em fazer uma reunião para saber como proceder, e me mandar embora quando na verdade eu sou a pessoa que você mais precisa? Ou você é muito burro, ou faz de conta que não vê nada!

Ele pareceu ofendido, mas ficou quieto. Eu não sabia quem ele era.

– E você sabe com quem ele está?

E eu disse sem pensar:

– Ele está em Tarrytown. Foi lá que Kaus foi depois de tudo, e Jason foi atrás dele, isso eu tenho certeza.

Eu não sabia de onde tudo isso estava vindo. Parecia que eu sabia, de algum modo.

Sem olhar para mim em nenhum momento, o homem sorriu sarcástico e se sentou, arrumando o paletó.

– Mande uma tropa de buscas com armamento pesado para Tarrytown. Vamos pegar esse desgraçado.

Eu não tinha certeza se ele falava de Kaus.

Todos os Caçadores saíram da sala e eu fiquei para tentar me acalmar.

– Sabe, Helena, seu lado demoníaco não é uma parte bonita. Sugiro que a tente controlar da próxima vez, ou as pessoas começarão a falar. – ele não me olhou nenhuma vez quando disso, fingindo estar muito ocupado com uma pilha de papéis a sua frente.

Assenti não tendo consciência se ele tinha visto ou não.

Encontrei todos os caçadores de minha antiga divisão parados lá, me olhando, na porta de saída da empresa.

Rob e Sullivan foram os primeiros a me alcançar, me entregando uma arma simples, porém potente.

– Não sabemos com que estamos lidando.

– Eu serei a isca. – respondi enquanto destravava e carregava a arma, colocando-a em no suporte que eu tinha acabado de amarrar em minha coxa, caminhando em direção a meu carro. – Ninguém precisa entrar comigo.

Jeremiah parecia apreensivo, fez um sinal para os outros metamorfos e ficou em silêncio. Eu tinha minhas dúvidas sobre todos saberem sobre o que eles eram.

Claire veio em minha direção, pegou uma arma tão grande quanto ela, carregou com o maior estrondo e com a mandíbula travada, disse:

– Vamos pegar esse desgraçado.

Eu estava cega de raiva, tanto que nem ao menos sabia como tinha ido parar ali. Eu não conhecia aquela sede ainda, porém parecia que meu corpo e minha mente já o tinham mapeado.

Tarrytown não era tão longe, e a viagem em meu carro, sozinha, pareceu mais rápida ainda. Me daria tempo para pensar em como agir. Eu estava em modo automático. Algo em minha mente me dizia para ir em direção ao Norte. Jason estará lá, uma voz irritante dizia em minha cabeça.

Eu conseguia ouvir sua respiração pesada em minha cabeça. Seus batimentos cardíacos apressados. Uma dor latejante em sua cabeça.

Imagens de duas pessoas invadiram minha cabeça.

Uma raiva cresceu em meu peito.

Parei à frente de um armazém abandonado e cheio de grafites desenhados, pichações aparentes nos lugares mais altos e na caixa d’água em cima do lugar.

Aquele lugar não gritava Kaus. Gritava algo diferente e assustador, mas eu não amarelaria agora. Não colocaria a vida de meu irmão mais em perigo do que já estava.

Saí do carro e disse em bom e alto tom:

– Fiquem aqui. Em 15 minutos, se eu não voltar, entrem.

Não vi se eles concordaram, mas como nenhum som de passos me seguindo soaram em meus ouvidos, percebi que eles tinham entendido.

Adentrei o armazém pela porta dianteira de metal. Estava tudo escuro lá dentro, se não fosse por uma janela que não estava coberta com jornais. Tirei a arma de seu suporte e a segurei firmemente.

Minha mente só conseguia se focar em como eu acharia meu irmão, e no que eu faria com o desgraçado de Kaus quando o encontrasse.

Meus passos pareciam fazer muito mais eco do que eu queria. Ouvi um arfar de dor.

– Helena... – uma voz clara, porém baixa me tirou de meus devaneios. Meus sentidos ficaram mais aguçados.

Deixei minha guarda baixar por alguns segundos e corri de encontro a meu irmão que estava escorado no canto, com a mão apoiando em sua clavícula dolorosamente, eu podia ver um líquido vermelho e espesso escorrer por entre seus dedos.

– Atrás de você... – ele disse quando eu o alcancei.

Ouvi um rosnado baixo, e barulhos de unhas cravarem no chão. Um chiado no peito do animal foi o suficiente para saber que ele estava por perto e irritado.

Quando eu me virei, meu corpo irradiou uma ira fora do normal. Aquilo não era um animal qualquer, e nem um metamorfo qualquer. Aquela era Cali.

O lobo bege que olhava irritado para mim, mostrando os dentes.

Eu vou matar você, sua imbecil, sussurrei em sua mente e seu rosnado se transformou em um rugido. Entreguei a arma para meu irmão se proteger já que eu não tinha visto a sua em nenhum lugar, e completei mentalmente: E vou fazer isso com minhas próprias mãos.

O corpo de Cali se arqueou para cima, e ela abriu ainda mais a boca, em uma postura quase demoníaca. Eu não me deixei abalar. Senti meus olhos mudando de cor, e o colar aquecer minha pele como tinha acontecido mais cedo. Eu iria matar aquela garota.

Antes que eu pudesse raciocinar, me joguei em cima dela, fechando os punhos de maneira agressiva, e tudo aconteceu tão rápido que eu duvidava que ela tivesse visto de onde tinha vindo o soco. Deixando-a levemente tonta, eu continuei a bater em seu focinho, em sua cabeça, e em seu corpo, sem piedade. E mesmo depois de tê-la ferido o suficiente para ver respingos de sangue em sua pelagem, eu continuei a soca-la. Ela se livrou de minhas mãos e me atacou, errando meu braço e mordendo parte de minha calça, quase pegando em minha perna, arrancando um pedaço do tecido jeans.

Ela apoiou as duas patas dianteiras em meu peito e me empurrou para trás, fazendo-me cair no chão.

Antes que ela pudesse fazer alguma coisa, eu chutei sua barriga, feliz por ouvir seu grunhido e ela cambaleou para trás. Foi neste exato momento que algo irrompeu dentro do armazém pela janela e um lobo alto, robusto, grande e completamente preto pulou por cima de mim e ficando à uma distância segura, como se estivesse me protegendo, arqueou as costas e soltou um rugido tão alto e tão pavoroso que eu fiz questão de tapar minhas orelhas. Cali se dobrou no chão de dor, roçando as patas na orelha. Se havia sido alto para mim, que estava atrás da origem do som, imagine para ela, que estava na frente, e era exatamente para onde o som havia sido direcionado. Seus miolos deveriam ter fritado.

E eu ficaria meramente agradecida se esse fosse o caso.

Perto do lobo preto, Cali não passava de um cachorro de porte grande. Ela não era grande, eu é que era pequena.

Aquele lobo que tinha me protegido, bem, ele era gigante. Muito maior do que qualquer um metamorfo que eu já tivesse visto.

Cali se levantou e rosnou alguma coisa, cambaleando e não apoiando em uma das patas. Eu esperava ter quebrado com um de meus chutes. Mais um rugido grotesco vindo do lobo preto, e ela se encolheu relativamente. Fui para perto de meu irmão, e segurei-o em meus braços, fazendo-o levantar. Por sorte nada estava quebrado.

Mas então quando ele tirou as mãos da clavícula e eu tive uma leve sensação de desmaio.

– Aquela coisa me mordeu, Helena.

Eu queria não saber o que iria acontecer com ele.

Queria deixar tudo de lado e dizer que tudo ficaria bem, mas a verdade era: eu não sabia até que ponto tudo ficaria bem.

O lobo negro avançou contra Cali e a empurrou com o focinho, de uma maneira não tão amigável. Ela se dirigiu para sair pela janela que ele havia entrado, mancando ainda, passando por nós com uma expressão de ódio mortal e antes de finalmente sair, se lançou ligeiramente contra nós. Jason sacou a arma e deu um tiro perto de sua pata. Ela recuou mostrando os dentes e se lançou janela afora.

– Vadia. – sussurrei com a respiração fora do normal.

O lobo que sobrou, três vezes o tamanho de Cali, passou por nós calmamente, lançando-me um olhar que me congelou no lugar. Seus olhos eram verdes e bem claros, e seu olhar sobre mim fazia com que arrepios percorressem todo meu corpo, e meus pelos do braço se arrepiassem. Meu coração pulou uma batida e meus joelhos viraram massinha.

E então ele desapareceu pela janela, lançando-se com uma graciosidade inigualável, parecendo seguir Cali.

Fiz meu irmão se apoiar em mim, e saímos do armazém. Alguns Caçadores de Sleepy Hollow se entreolharam e vieram ao meu socorro.

– Cali o mordeu. – sussurrei quando meu irmão estava longe o suficiente para não escutar.

Eu vi a cabeça de Jeremiah cair levemente para frente quando disse isso.

– Ele não vai se transformar em um de vocês, vai? - perguntei.

Nenhum deles me respondeu, e considerei isso o pior sinal que poderia ter recebido.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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