A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 15
Em sua Mente - £


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoas!!! O ano novo veio para arrancar suspiros de muitas leitoras e leitores - eu espero!
Estou trabalhando sem parar nessa temporada, e mal vejo a hora de postar os capítulos que escrevi para vocês! Ah, não sumam :(
Amo vocês, feliz ano novo para nós! kkkk
Beijooos,
Ju!



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– Como você sabe? – indaguei indo em sua direção, tentando absorver tudo o que ela me diria.

Sierra me entregou uma carta, e eu tive medo, pela primeira vez, do que pudesse encontrar lá dentro.

“Querida Helena,

Espero que tenha se tornado uma linda mulher e tudo aquilo que eu não fui. Desculpe lhe contatar por uma singela carta, quando minha proximidade seria muito mais real e sentimental se fosse pessoalmente.

Drake está ficando cada vez mais louco. Maia também. Eles planejam algo que está muito além de meu alcance. Você precisa detê-los, ou será tarde demais para todos.

Os irmãos Finnik estão de volta, ou pelo menos foi isso que eu ouvi. Tome cuidado com eles. Kaus fará de tudo para te destruir, ainda mais se descobrir que é filha de Drake.

Eu amo você,

Mamãe.”

Algo dentro de mim explodiu como uma bomba de raiva.

Alguém estava pregando peças em nós! E isso era inaceitável.

Era possível ver na carta os lugares em que a caneta fora pressionada mais fortemente, ou quando uma letra fora escrita errada. Era a mesma letra, mas não parecia a mesma pessoa espirituosa das cartas de Theodore.

Eu podia sentir meu coração dando pulos e reviravoltas doloridas. Eu queria Polux comigo. Queria sentir seu calor.

Queria ouvir sua voz dizendo que tudo ficaria bem no final das contas.

Apertei a carta em meu peito, e a cheirei esperando inutilmente que ela tivesse algum cheiro diferente ou que destravasse alguma lembrança de minha mãe para que eu tivesse certeza de que não se tratava somente de uma farsa maldosa de algum babaca qualquer.

– Você recebeu uma carta também? – perguntei. Não queria, de certo modo, me sentir especial demais.

– Todos nós. Sem exceções. – Sierra respondeu com dor no tom da voz.

Isso significava que até mesmo os falecidos tinham recebido.

Abri a boca para perguntar se Sierra teria a coragem de espiar dentro de alguma destas, e ela abaixou os olhos.

– Não teria coragem de fazer isso, Helena. – sua voz era baixa e me pegou desprevenida. Um grande ponto de interrogação poderia ter sido pintado em minha testa. – É um dom e uma maldição este colar. Vamos dizer que agora você está ligada à nós. Eu sei tudo o que você pensa e sinto.

Viu? A voz de Sierra ecoou em minha mente.

Coloquei os dedos sobre as têmporas latejantes.

– Isso vai ficar acontecendo o tempo todo? Porque eu já tenho um metamorfo para ficar invadindo minha privacidade mental. – murmurei.

Sally riu, mas não me pareceu algo engraçado de se perguntar.

– Na verdade você estará aberta para conversar com qualquer um de nós, e até mesmo desvendar pensamentos que restaram nos corpos daqueles que já se foram.

– Vocês tentaram contatar minha mãe? – perguntei.

Era a primeira vez que eu me referia à Emma como “minha mãe” sem nem ao menos medir minhas palavras.

– Ela teve a mente fechada, e por isso pensamos que ela estivesse morta. – Sally disse com um tom de voz entre culpada e chateada.

E então um “clique” se fez em minha cabeça.

– Você disse que eu posso me “conectar” à mente dos que já morreram para pegar o resquício de pensamento deles, certo? Como eu faço isso?

Sally afagou meus ombros como se entendesse e realmente compreendesse o que eu queria.

Merda de conexão mental.

– Eu te mostro, querida. Tenho o dia de folga hoje. – ela disse, mas pelo olhar que Sierra a lançou, isso parecia estar longe da verdade. – Não é mesmo, minha querida irmã?

Sierra bufou e revirou os olhos, cruzando os braços em cima do peito.

– Tanto faz. – a ouvimos dizer em voz baixa.

Depois de termos escutado a porta da sala bater como se Sierra tivesse saído, Sally me encarou com os olhos tão marcantes como se eu tivesse feito algo de errado.

– Olhe, Helena, não me leve a mal, mas tem coisas que não precisamos saber dos mortos. E uma destas coisas definitivamente é o último pensamento deles.

– Polux era meu noivo, Sally. Eu não consigo deixar para trás tudo o que passamos porque me parece surreal demais, você consegue entender? – eu tentei a convencer e ela tocou a cicatriz que carregaria para o resto da vida, com a ponta dos dedos.

– Eu gostaria de não conseguir.

Engoli seco.

Ela ainda tinha remorso pelo o que tinha acontecido com Jamie, isso eu conseguia entender, mas eram situações diferentes.

– Por favor, me mostre como visualizar isso. Eu preciso deste último pensamento. Deste último suspiro. – eu quase implorei, e teria implorado se fosse preciso, mas ela revirou os olhos e sorriu.

E eu soube que ela me mostraria.

Meu coração se encheu de alegria e eu dei um sorriso de agradecimento.

– Vamos logo antes que Sierra mude de ideia e não cuide da loja para nós.

O cemitério estava vazio, como esperado, e frio. Uma fina camada de neve quase sobrenatural rodeava nossos pés levemente e se estendia por todo o cemitério. O dia estava escuro e enevoado. Péssimo dia para se visitar uma pessoa que já tinha falecido. Toda aquela energia acumulada ali estava me dando enxaqueca.

– Vamos logo com isso. – murmurei caminhando direto para a lápide de meu anjo.

Quando a encontramos, a escultura de sua lápide estava sem nenhum rastro de neve em cima, deixando as asas do pequeno anjo de pedra sem nenhum resquício do que acontecia à sua volta. Minha respiração ficou entrecortada. Eu não tinha certeza de que estava preparada para tal feito.

Toquei sua lápide com as pontas dos dedos e meus joelhos fraquejaram ainda mais, me traindo, e eu caí como uma fraca na frente daquele que um dia me amou.

– Polux... – eu sussurrei como se estivesse tendo uma conversa particular que ele não ouviria. – Eu preciso de você.

Fiquei em silêncio, esperando inutilmente que ele me respondesse, ou como antes, entrasse em minha mente para sussurrar palavras reconfortantes. Céus, não precisava ser nem uma frase consoladora! Eu só precisava ouvir sua voz mais uma vez se fosse possível. Eu só precisava senti-lo perto uma última vez.

Alguns minutos se passaram e Sally não tinha interrompido meu pequeno e frágil mundo sucumbindo. O colar em meu pescoço brilhou e eu levantei os olhos para Sally.

– Mostre-me como fazer isso, por favor. – minha voz era fraca, quase como um sussurro interrompido.

Ela sorriu.

– Apoie as mãos na lápide, Helena. – ela disse e eu segui as instruções. – Feche os olhos.

Sua voz ficou mais baixa, mas também mais perto de meu ouvido. Como se ela tivesse se aproximado para que somente nós ouvíssemos o que ela falava.

– Imagine-se com a pessoa que já faleceu, imagine uma porta se abrindo. Uma trama de fios escuros e densos que são os pensamentos mortos, Helena. Quero que você ache um fio brilhante e claro no meio disso tudo e se concentre em se agarrar nele. As imagens chegarão rápido.

Conforme eu ia fazendo tudo isso, meus pensamentos mudaram completamente de direção, indo parar naquele cervo na estrada. Imagens começaram a aparecer por detrás de minhas pálpebras.

Um par de olhos tão escuros quanto duas pedras lápis lazuli brilhantes, cabelo escuro e uma barba rala.

Minha respiração ficou rápida demais, mas eu não conseguia me fazer abrir os olhos. Eu queria descobrir o que aquela visão significava.

A imagem enevoada se tornou mais focada, como se o foco de uma câmera tivesse se ajustado, e de repente eu estava dentro da cabeça daquela pessoa. Como se eu fosse ela.

“Você é algum tipo de idiota? Aquele cachorro não pode sair vivo dessa, entendeu? Ou terei de matar você, certo?” A voz rude e ácida de Drake preencheu meus ouvidos.

Eu não tinha controle do que iria acontecer, e duvidava que ele também. Eu me sentia presa dentro de sua mente. Podia ouvir e sentir tudo o que ele sentia, mas não me movimentava e nem comandava nada.

Uma imagem surgiu de trás de Drake, puxando seus ombros de leve para trás.

Arfei alto, mas como esperado, ninguém teve reação alguma.

“Vamos, deixe Josh descansar. Amanhã vocês conversam.” Emma disse com uma voz doce. Ela apresentava hematomas pelo braço.

Drake se livrou de suas mãos habilidosas rápido demais e veio para cima de Josh. Ele deu alguns passos para trás e quase tropeçou em algo. Josh se virou para olhar no que tinha esbarrado e viu uma menina morta deitada. Ela tinha cabelos escuros num tom vermelho pintado e unhas curtas. O rosto estava encoberto. Uma marca de mordida no pescoço deixava claro que o trabalho que Drake tinha feito nessa menina a havia matado. Ela deveria ser mais uma de suas “refeições”, que ele mantinha escondidas a todo custo.

“Você é um monstro.” Josh sussurrou e eu quase o mandei calar a boca.

“E você é meu filho, o que não te faz menos pior do que eu.” Drake disse.

Lágrimas pareceram escorrer de seus olhos, e caírem em suas mãos. Eu sentia a dor de Josh.

“Eu não sou nada como você! Eu nunca serei!”

O soco veio antes mesmo de percebermos. A dor que se espalhou pelo rosto de Josh foi tão forte para ele quanto para mim. Tive o instinto de tocar o meu próprio, mas não consegui.

Os olhos de Josh vagaram entre Drake e Emma.

“Você é completamente doente.” Sua voz saiu esganiçada pela dor.

Drake sorriu e caminhou para fora da sala.

Emma parecia chocada e colocava as mãos em cima da boca para controlar um arfar de dor. Ela correu para nós, completamente onisciente sobre minha presença, mas depois de pegar o rosto de Josh entre as mãos, formando uma concha, ela olhou bem no fundo dos olhos dele, como se pudesse me ver.

“Você deveria ter ficado quieto, filho.”

A dificuldade na respiração por conta do nariz quebrado foi mais doloroso do que descobrir que eu tinha um irmão que estava sendo torturado por nosso pai.

“Em dezoito anos você nunca pensou em fugir daqui?” Ela perguntou.

“Todos os dias.” Ele respondeu.

“E por que não foi buscar sua liberdade?”

De repente eu senti um aperto no coração, uma vontade de abraçar Emma, mas que não vinha somente de mim.

“Eu não deixaria minha mãe sozinha com um monstro.”

E então eu fui sugada de volta para a realidade, como um tornado, o buraco negro da lembrança se estendendo e se fechando tão rápido quanto tinha se aberto.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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