Voluntários - Interativa escrita por BDP


Capítulo 10
Capítulo 10 - Despedidas Sempre São Tristes


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Desculpe pela demora, mas eu estava adiando esse capítulo porque... bem, vocês vão entender quando lerem!



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Lizie abriu a porta do seu quarto e foi direto para o seu armário, pedindo para Lena se sentar na sua cama. No fundo do armário tinha uma pequena caixinha. Lizie a pegou e a apertou contra o peito, fechando os olhos. Aquilo a trazia muitas lembranças.

Depois de segundos assim, ela sorriu, virando-se e sentando-se ao seu lado. Lizie abriu a caixa e lá dentro tinham dois colares. Eram metade de corações que se completavam.

Lena olhou para Lizie, pedindo com olhos permissão para pegar os colares. Lizzie assentiu com a cabeça, então Lena levou suas pequenas mãos para os colares. Ela os botou lado a lado e leu “família não é feita apenas de sangue”.

– Quando minha mãe foi levada – começou Lizie – ela me disse para só confiar em Beatrice. Não me disse mais nada. Eu fui parar no orfanato e passou muito tempo até Beatrice aparecer. Ela me adotou e me explicou tudo sobre este mundo. Ela era como minha segunda mãe, por isso fez este colar para a gente. Não éramos parentes biologicamente, mas sentíamos que éramos. Assim como eu e você.

Lena sorriu, mas o sorriso da garota se desfez ao ouvir as próximas falas de Lizie:

– E é por isso que você deve ir embora. – Lena se levantou e começou a protestar, mas Lizie segurou suas mãos e pediu para falar. E Lena deixou. – Eu não posso deixar que você acabe como Alex. Não estamos mais seguros aqui – Lizie pegou um colar e pendurou no pescoço de Lena. Depois, colocou o outro em si mesma. – Irmãs para sempre.

Então Lena começou a chorar. Lizie também queria chorar, mas sabia que, se fizesse, ia fazer com que Lena chorasse ainda mais. Então ela apenas aguentou firme e abraçou forte a menina.

Depois de um tempo, Lizie sussurrou:

– Não podemos ficar assim para sempre. Você tem que treinar seus poderes antes de ir.

Lena concordou com a cabeça. Ela pegou o pingente de coração na mão e se concentrou nele. Então ela viu. Ela viu uma mulher – que ela conclui ser Beatrice – entregando o colar a uma menina que parecia ter dez anos. Ela teve visão dessa família com o passar do ano. E depois, viu a menina já crescida, encolhida no canto da sala destruída, chorando. Ela segurava seu pingente quando viu algo caído no chão, brilhando. Ela engatinhou até lá e viu que era o outro colar, então ela o colocou no pescoço e voltou a chorar.

– Lena, você está bem?! – Perguntou Lizie, preocupada. Lena estava suando muito e arfando. Porém, como resposta a sua pergunta, Lena pulou nos braços de Lizie feliz.

– Eu consegui! Vi toda a história dos colares!

Lizie sorriu, mas por dentro estava triste. Lena estava pronta para partir.

~~~

Lena foi para o quarto, arrumar suas coisas. E Lizie foi procurar os irmãos Sumpter, já que eles não eram vistos há horas. Ela foi até o quarto dos irmãos e bateu na porta. Sem respostas. Tentou novamente, mas nenhum sinal de vida dentro do quarto.

Lizie decidiu, por fim, entrar, mesmo que ninguém tivesse respondido. Ela abriu um pouco a porta e perguntou:

– Eno? Finn? Vocês estão aí?

Finalmente ela escutou algo. Um risinho baixinho de Eno. Ela colocou a cabeça para dentro da porta e viu algo que a daria pesadelos durante muitas noites.

Finn estava deitado na cama, quase azul. Parecia morto. E Eno desenhava um bigode de caneta no rosto do irmão. Ela riu mais uma vez e disse:

– Não é engraçado?

Então Eno saiu da cama do irmão e deitou na sua própria, brincando com seus próprios dedos e fazendo barulhos com a boca. Como uma criança.

Sem ter coragem de olhar para Finn, Lizie olhou para o chão e encontrou lá duas seringas. Eles tinham se drogado. Ela voltou a olhar para Finn. Em outra situação, teria rido do ridículo bigode no seu rosto. Mas agora ela só sentia vontade de chorar.

– SOCORRO! – Ela gritou, segurando um soluço. – Micah! Ed! Por favor, ajudem!

Eno deu um pulo na cama, assustada, mas depois voltou a rir. Todos os Voluntários residentes na casa subiram a escada correndo, com Ed e Micah na dianteira.

Ao chegarem ao quarto, olharam para a cena, horrorizados. Lizie cobriu a boca com a mão, encostou-se à parede e deslizou até o chão. Charlotte, ao ver as condições em que Lizie se encontrava, disse:

– Tirem Lena e Sky daqui. – Ninguém se mexeu – AGORA!

Mely e Sora pegaram as duas e se retiraram do quarto.

Charlotte caminhou até Lizie e se agachou ao seu lado:

– Acho melhor você não fica aqui – sussurrou. – Vamos para o seu quarto?

Lizie balançou a cabeça, dizendo que não.

– Quero ficar aqui.

– Tudo bem, vou tirar os outros daqui e já volto para ficar com você, sim? – Lizie afirmou com a cabeça, impotente.

– TODO MUNDO, PARA FORA! Só eu, Ed, Lizie e Micah podemos ficar aqui agora! – Eno começou a se encaminha para a porta. – Você também pode ficar, Eno. Agora volte para a cama.

Quando todos se retiraram, Charlotte voltou a se sentar do lado de Lizie e abraçou seus ombros, confortando a amiga.

Ed ajoelhou para pegar a seringa no chão. Depois de alguns segundos, disse:

– Isso é morfina. Ele está em estado de coma, quando a morfina é utilizada, a pessoa começa a respirar devagar e fracamente, parando de oxigenar o sangue e então a pressão arterial cai a ponto de o sangue não circular direto. Se ele não receber ajuda médica logo, pode morrer.

Lizie arregalou os olhos e olhou para Micah, que começou a ficar com medo de seu poder falhar. Ele nunca tinha feito algo dessa proporção. Mas ele se aproximou da cama, segurou os braços de Finn e respirou fundo.

Ele fez o sangue de Finn correr mais rápidos entre suas veias e depois, imaginou a substância saindo do corpo de Finn. Então, Micah colocou a mão em cima do pulmão de Finn e fez o órgão puxar muito ar.

Arfando, Finn acordou num sobressalto. Finn passou os olhos por todas as pessoas no pequeno recinto, mas seus olhos se focaram em Lizie, encolhida nos braços de Charles e com os olhos um pouco vermelhos. Ele achava que nunca, em milhões de anos, a veria assim.

Finn tentou se levantar e ir falar com Lizie, para perguntar o motivo da tristeza, mas Micah não o deixou. Então, ele olhou para a seringa na mão de Ed e entendeu.

– Lizie, eu... desculpa! Eu não queria...

– Cala a boca! – Disse Charles, abraçando ainda mais forte a amiga.

– Charles tem razão – disse Micah, se sentido, de repente, mais protetor. – Cale a boca e fique deitado aí. É melhor você descansar.

Micah se levantou e foi até Eno, mas ela não parava quieta, então Ed teve que ajudar a contê-la.

– Ed, você é tão bonito – ela começou a falar, completamente drogada. – E inteligente. Eu tenho tanta inveja da garota que possui isso aqui – ela apontou para o coração dele. – Eu queria... queria... Ed, me beija?

Então Micah conseguiu tirar toda a morfina localizada no sangue da garota. E Eno, morta de cansaço, caiu num sono profundo.

– Nós vamos discutir sobre isso depois – disse Charles, ajudando Lizie a se levantar do chão. – Você, Finn, fiquei aí, quietinho, cuidando da sua irmã.

Os quatro Voluntários se retiraram, deixando os irmãos para trás. Charles levou todos para o quarto de Lizie e a colocou sentada na cama.

– Você está bem? – Perguntou Ed.

– Estou... é só que... é tanta coisa na minha cabeça, sabe? Às vezes acho que vou explodir.

– Meninos – disse Charles –, podem nos deixar sozinhas?

– Claro – eles disseram, se retirando.

– Você gosta do Finn? – Charles perguntou.

– Não!

– Claro que gosta! Eu vi do jeito que você ficou. Elizabeth Clark não ficaria daquele jeito por motivo algum, a não ser se for muito importante. Eu sei que ele também gosta de você, então dá uma chance...

– Não é tão simples assim... – respondeu Lizie. – Tenho assuntos mais importantes.

Charles suspirou. Sabia que era impossível fazer Lizie mudar de ideia.

~~~

Uma hora depois, Lizie foi ver como estavam os irmãos. Era sua obrigação fazer isso. Ela bateu na porta e Finn mandou entrar.

Quando o irmão Sumpter viu que se tratava de Lizie, ele deu um salto na cama e começou a dizer:

– Lizie, por favor, me perdoa. Eu não queria machucar ninguém, muito menos você. Mas eu...

– Onde está Eno? – Perguntou Lizie, o cortando.

– No banho – respondeu Finn, tristemente, olhando para o chão.

– Tudo bem – disse Lizie. – Só queria saber se vocês estavam melhores. Agora já vou indo.

Ela se virou, e já estava abrindo a porta quando Finn disse:

– Não, Lizie! Espere!

Ele foi mais rápido do que ela. Pulou da cama e fechou a porta antes que Lizie passasse pela mesma.

– Por favor, me escute.

A menina cruzou os braços e encostou-se à porta:

– Você tem um minuto.

– Há muitos anos, um namorado da Eno nos deu morfina para experimentar e ficamos viciados. Era muito pior, usávamos toda hora. E agora estamos melhorando, só usamos quando estamos tristes, ou deprimidos.

– E qual era o motivo de vocês usarem, posso saber? – Pergunta Lize, ainda cruzando os braços.

– Você! Você me ignora e age como nada acontecesse entre nós!

– Que motivo idiota! Muitos outros nessa casa teriam motivos muito piores para fazerem o que você fez, mas se seguraram! Aguentaram a barra! – Gritou Lizie.

– Mas isso é porque eles não sabem o que é amar! O amor é a pior doença do mundo, mas ao mesmo tempo, o melhor remédio. Quando eu te vi, encolhi aqui mesmo, eu senti ódio de mim mesmo. Por ter feito aquela burrice. Eu te amo, Elizabeth Clark!

– Quem disse que eu estava daquele jeito só por você? – Então Lizie começou a chorar, cansada de se segurar. – A Lena vai embora, seu idiota! Ela vai partir... sozinha. E você resolve fazer essa merda justo hoje? No dia que a minha Lena vai embora, desprotegida?!

A vontade que Finn tem ao escutar isso, era se jogar pela janela e se matar. Ele era tão burro. Sabia que Lena e Lizie eram muito próximas.

– Ah, Lizie, desculpa! Eu não sabia... – Finn tentou abraçá-la, mas ela recuou.

– Não me toca! – Ela gritou, com o rosto já inchado de chorar.

Ela abriu a porta e saiu correndo para o seu quarto, ficando lá o resto do dia.

~~~

Já era de noite. Lena já estava com suas malas prontas. Ela apertava o material de desenho contra o peito. Teve que conter o sorriso ao lembrar-se de quando Lizie o comprou para ela, mesmo com Charles reclamando.

Todos estavam sentando na sala de estar, menos Lizie, que ainda estava trancada no seu quarto. Lena subiu no sofá, para poder ficar mais alta e anunciou que iria embora. Sky começou a lacrimejar, ela não queria que sua mais nova amiga fosse embora.

Estavam todos tristes, a maioria segurava as lágrimas. Menos Mely, Sky e Sora. Depois de todas as despedidas e choradeiras, Lena tinha que ir embora.

Ela olhou para a escada, com a esperança que Lizie aparecesse no último segundo para se despedir dela, mas isso não aconteceu.

– Eu te levo até o táxi – disse Charles, que estava segurando o choro até agora.

Lizie tinha ligado para um táxi para levar Lena em segurança até a cidade.

Sendo assim, Lena pegou todas suas coisas e foi até a porta com Lena. Chegando lá, virou as costas e deu um último aceno aos seus amigos – que ela já considerava família – e ao único lugar ao qual chamou de lar.

Estava escuro do lado de fora de casa e o táxi já esperava na calçada. Charles e Lena começaram a caminhar até ele, quando uma voz as fizeram parar.

– Achou mesmo que ia deixar você ir embora sem eu me despedir? – Perguntou Lizie.

Ela estava encostada na parede da casa. Lena se virou e correu para os braços de sua irmã mais velha. Elas ficaram se abraçando por muito tempo, uma esmagando a outra.

– Eu amo você – sussurrou Lizie.

– Eu também amo você – respondeu Lena, se soltando de Lizie e olhando para Charles. – Eu amo vocês duas.

As três eram, apesar de tudo, o início de toda essa revolução. Sempre seriam as mais próximas. Se elas se encontrarem na rua, daqui a trinta anos, iriam se lembrar e correr para abraçarem uma a outra.

O táxi buzinou, lembrando que o tempo da despedida tinha acabado. As três primordiais caminharam até a táxi de mãos dadas. Charles e Lizie ajudaram Lena a colocar sua bagagem no carro e a embarcar a garota.

Lizie se sentou na grama, exemplo seguido por Charles. Então as duas observaram o táxi levando para longe Lena. Elas se abraçaram e Lizie começou a chorar, depois de alguns segundos, Charles cansou de segurar o choro, e chorou junto com Lizie. As duas lembrando todos os momentos de alegria que aquela pequena tinha proporcionado as duas.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu chorei escrevendo esse capítulo, sério mesmo! Fiquei muito sentimental nele.
Para variar um pouquinho, nenhum personagem está em risco (por enquanto) de ter o mesmo triste destino que a Lena teve. Mas poucos leitores comentaram no último capítulo, então, se continuar assim, vai ter uma baixa GIGANTE de personagens.
Outra coisa, eu sei que a maioria dos personagens não apareceu direito nesse capítulo, mas foi necessário!



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