– Não! - gritei, correndo até ele, trêmula. Peguei seu rosto em minhas mãos e arfei ao ver uma mordida brusca em seu pescoço, uma mordida de... Demônio! - Papai, por favor... Não.. me deixe sozinha! - implorei em meio as lágrimas quentes que caiam dos meus olhos, agora sem nenhum impedimento.

– Pai, acorde! Não me deixe sozinha! - não... Deus, por que Ele estava fazendo aquilo comigo?! - NÃO! - gritei furiosamente, com uma raiva jamais sentida por mim. Por que aquele demônio fizera isso? Que tipo de pessoa matava a outra, meu Deus? ELE NÃO É HUMANO, CAROLINE! - Berrou minha razão para mim, uma parte do meu cérebro que pensei que não tivesse.
Gritei, gritei até não poder mais, sentindo um buraco se abrir em meu peito. Um buraco de pura dor e agonia. Por que não eu? Por que ele não fizera aquilo comigo? POR QUÊ?!
Gritei, agora em plenos pulmões, e não me assustei quando as janelas estouraram com seus vidros caindo em mil facetas ao redor de mim. As portas se abriram e fechavam, e raios ladeavam todo o quintal, com uma tempestade instantânea caindo lá fora. Era tão forte que eu mal conseguia ver os portões. Olhei mais uma vez para meu pai, agora, com a luz prata da lua iluminando a área, permitindo que eu enxergasse o homem da minha vida ali, sem vitalidade, morto.

– O que está...? - disse furiosamente Elizabeth, interrompendo sua pergunta, creio eu, ao ver a cena a sua frente. Como se meu pai morto fosse de alguma importância para ela. - Oh, meu Deus, o que aconteceu? - caiu ao meu lado e sacudiu meu pai, como se não acreditasse.

– Tire suas mãos imundas dele! - berrei para ela que me fuzilou, porém seu semblante passou de raiva para surpresa e choque. - Isso tudo é culpa sua! Se tivesse ficado aqui nada disso teria acontecido! - acusei, explodindo, finalmente, numa fúria incontrolável.

– Carol.. Caroline, seus olhos... - balbuciou recuando, rastejando seu corpo nojento para trás.

– Isso é culpa sua! Ele amava você e tudo o que fez foi dormir com outro! Eu tenho nojo de você! Agora saia daqui, e nunca mais volte, não me obrigue a sentir mais raiva de você como sinto agora! Vá! - ordenei quando ela não o fez, e tropeçando em seus próprios pés, ela saiu correndo da casa, expondo-se a chuva violenta.

– Papai... Eu te amo. - murmurei com a voz fraca, deixando a solidão me tomar. Tudo havia acabado. Meu mentor, meu melhor amigo, meu tudo, havia ido embora, por uma falha minha. Dei um último suspiro e inclinei meu rosto para junto do seu, e fechei os olhos, e ali permaneci, por horas, até que a escuridão me tomou, e exausta, a acolhi de bom grado.
Era isso. A pessoa mais importante da minha vida havia partido...