Capítulo 4 : O confronto

- Você tem idéia de quantos deles estão lá fora? - perguntei rouco.

- Mais ou menos uns seis... Nada muito impossível. - Ferdinand falou em um tom de voz calmo. - Achei que seria mais difícil, provavelmente ele ainda não sabia que eu já tinha voltado da Irlanda, mandaram vampiros fracos, pretendiam pegar vocês facilmente, pelo fato de serem humanos.

- E qual é o plano? Você é só um, não tem como impredir todos... - por mais que eu tentasse confiar no que ele dizia, aquilo era algo meio difícil de se fazer. - Não vamos poder ajudar em nada... somos humanos.

-...  - Ferdinand começou a dizer algo, mas todas as luzes do auditório se apagaram. Escutavamos a platéia. Senti alguem puxar meu braço em direção a saída que ficava atrás do palco, sairia diretamente no estacionamento. O estacionamento estava banhado pela luz da lua, a temperatura era fria, eu sabia que aquilo estava relacionado ao que se encontrava ainda sobre o telhado. O silêncio era apavorante. A atmosfera era sombria e mórbida. Em um piscar de olhos já não tinhámos para onde correr. Eram seis como Ferdinand havia dito. Eles estavam ao nosso redor, era impossivel não reparar em seus olhos vermelhos.

- O que vocês querem aqui? - Ferdinand deu um passo a frente se pondo como um escudo entre nós e os vampiros. - Eles não irão com vocês. - a voz de Ferdinand saiu áspera. Ele virou em nossa direção. Seus olhos não estavam mais no tom verde que eram normalmente, eles agora estavam negros e agressivos. - Não se preocupem...
 
 Um dos escapuzados avançou na direção de Ferdinand mas foi repelido por um chute no rosto. Ele cambaleou e chiou algo que foi impossovel entender. Os outros também avançaram, se movendo rapidamente, rondando a nossa volta. Por mais rápido que Ferdinand fosse ele não conseguiria nos proteger. Então agora era minha deixa, eu serviria de isca para que Amy e Leon pudessem fugir. Dei um passo a frente, no mesmo momento em que um deles tentou agarrar Amy. Ouve um grito e um som como se algo estivesse fritando. O vampiro que tentou segurá- la gritava e segurava a mão como se algo invisível a tivesse queimado. Ferdinand pareceu notar algo e nos deixou para trás, avançando em um dos outros. Mais uma vez um deles tentou puxar Amy para longe de nós mas sua mão foi queimada ao tocar na pele dela. Aproveitando o momento corri da direção dele e acertei seu rosto com um soco. Minha mão parecia ter sido amassada, a dor  que senti era insuportável. Os outros vampiros se afastaram ao me verem.Por algum motivo eles me temiam.


 ... Então eles não podiam me tocar... Amy também criava uma reação contra eles. Éramos feitos para evitá-los? Eles me temiam por um motivo que não me importava agora. Eu temia, não pela minha vida, mas pela dos que eu queria proteger...


 Eles pareciam pensar no próximo passo que dariam então os quatro que sobraram avançaram ao mesmo tempo na direção de Ferdinand. O som de ossos sendo quebrados invadiram o estacionamento. Três deles tombaram na frente de Ferdinand, o outro se afastou um tanto confuso. Ferdinand passou por cima dos corpos dos vampiros e foi na direção do ultimo que ainda estava em pé. O vampiro ficou paralizado. Ele tremia.

- Então você não consegue se mexer não é, eu sabia que você era o mais incapacitado, seus batimentos o entregaram. Você é como eu. - Ferdinand rosnava enquanto se aproximava. - Eles o usaram. Você recebeu o sangue de um vampiro fraco... Vampiros como nós normalmente são mais fracos que os outros. Mas eu não, eu fui escolhido para ser assim. Eu recebi o sangue de Vincent, seu mestre, como você deve chamá-lo.... Eu consigo saber o que você sente. Você está apavorado, mas eu não vou matá-lo... Preciso de alguém pra avisá-lo que não foi dessa vez que ele acabou comigo....

 Eu não entedia nada, quem era Vincent? E como assim Ferdinand foi escolhido para receber o sangue desse vampiro? Eu só queria sair dalí em segurança. Possuia milhares de perguntas novas para fazer a Ferdinand agora que sabíamos quem ele era... Amy tremia de joelhos no chão, Leon permaneceu imóvel ao lado dela. A dor da mão destruída ainda me consumia. Então Ferdinand virou-se e veio em nossa direção.

- Vocês estão bem? - sua voz estava novamente no tom morbído do dia em que o conhecemos. - Vamos ter que levá-lo ao hospital, Derick....

 Ouvimos um ruído vindo em nossa direção. Vimos a sombra de uma pessoa caminhar até o vampiro que ainda estava paralizado próximo a Ferdinand. A sombra puxou algo prateado e apontou em direção ao vampiro. O disparou foi baixo, o vampiro tombou para o lado contrário ao do disparo e começou a queimar. Uma fumaça cinzenta saia de seu corpo. A sombra veio até nós.

- Ferdinand? Então você voltou para a Inglaterra? - uma voz baixa falou calmamente. Pela proximidade fui capaz de enxergar o rosto da pessoa misteriosa. Era um jovem, devia ter mais ou menos uns vinte anos. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos possuíam o mesmo tom de verde dos de Ferdinand. - Achei que Vincent teria se livrado de você...

- Era preciso mais do que aquilo para me derrubar, William... - respondeu Ferdinand. - Pelo que pode ver não vai pecisar fazer seu trabalho essa noite.

- É... Quem são os humanos com você? Espero que seus hábitos não tenham mudado, não gostaria de quer que queimá-lo. - William parecia ser sarcástico.

- Não, não mudaram. E você sabe que eu não iria dar o prazer de me queimar. Vincent continua criando lacaios? - Ferdinand perguntou indo em direção aos dois vampiros que tinham se queimado ao tentar encostar em Amy. Eles não estavam mortos, pelo que parecia eles estavam inconscientes. William o seguiu. William usava roupas brancas com um emblema estranho nas costas. Ele puxou mais uma arma idêntica a primeira, apontando-as para os vampiros no chão. Mais disparos...

- Os outros três já estão mortos... Não esperavam que eu conseguisse acertá-los ao mesmo tempo. - os três pareciam lixo compactado. - Agora vamos embora, até mais William. - Ferdinand veio em nossa direção. - Tenho que levar ele pra um hospital...  - a dor continuava firme. Eu não podia aparecer assim em casa. Pra falar a verdade eu já estava paético vestido de fantasma da ópera ali. Amy também percebeu isso. Leon veio até mim.

- Como tá a mão? - ele parecia preocupado. - Foi um soco bem dado. - sorriu.

- Bem dado em mim mesmo você quis dizer? - tentei fazer a cara mais amigável que pude, acho que não foi muito boa.

- Vou lá dentro pegar a mochila de vocês e ver como tá tudo lá dentro! - disse ele indo em direção a porta.

- Bem, Ferd tenho que ir, não pense que deixei você ir mais uma vez. - William falou sério. - Só considero você um aliado contra um enimigo em comum.

 William foi embora caminhando calmamente. Leon voltou com a chave do meu carro em sua mao e nossas mochilas nas costas. Enquanto isso Ferdinand acendia um isqueiro e jogava sobre os corpos, que queimaram por completo em questão de segundos. Logo em seguida ele tirou a capa que estava sobre suas roupas.Tirei a capa também. Fomos todos em direção ao meu carro, Amy tinha ido comigo e Leon pegou carona com um dos amigos dele da natação. Leon sentou-se no banco do motorista e sorriu para si mesmo, provavelmente estava doido pra dirigir meu carro.

 Tive que por gesso na mão, não tivemos muitos problemas para Ferdinand conhecia uma médica no hospital que fomos, pelo jeito ela sabia que ele era vampiro. Fomos todos para minha casa. Vovó tinha viajado para ver uma prima dela que estava doente. Leon levou Amy e Ferdinand, não podiamos deixa-lá sozinha, para casa e voltou pra me entregar as chaves. Falei que ele poderia dormir lá, a casa dele não era muito perto da minha e já tinhamos tido muitos vampiros aquela noite. Ficamos vendo tv até tarde mais uma vez. Ferdinand nos prometeu contar todos os detalhes no dia seguinte. Leon não me disse uma palavra depois que voltou.

Apesar de tudo o que tinha acontecido, eu estav feliz de saber quem Ferdinand era e de ter meu amigo de volta. Naquela noite pensei no que aconteceria em seguida. Seriamos atormentados por vampiros apartir de hoje? E quem era William e o que significava o emblema na roupa dele....