Acordei de um pesadelo que eu estava sendo perseguida por um sanduíche gigante. Mas fui acordada pelo Fernando me sacudindo na cama. Ele não devia ter feito aquilo... Ele não estaria com aquele olho roxo...

Flash Back

– Alice... Alice... ALICE! – NÃO ME PEGUE SANDUICHE GIGANTE DO MAU!

– MORRA SANDUICHE GIGANTE! – Eu levantei da cama em um pulo e dei um soco naquilo que estava me chamando que eu achava que era o sanduíche gigante do mau, mas era o Fernando! OPA!

– MAS QUE MERDA É ESSA SUA RETARDADA! – O Fernando caiu no chão com a mão no olho

– Fernando? –Não a mãe Joana! Eu só faço pergunta idiota. - O que você esta fazendo no meu quarto?

– Sua irmã pediu para vir te acordar sua idiota, mas eu não esperava que eu fosse levar um soco no rosto! E por que raios você fez isso?

– É que eu estava tendo um pesadelo de um sanduíche gigante que me perseguia e daí o soco. – Falei coçando o olho e depois a cabeça – acho que algum pernilongo me picou na cabeça (?).

– Enfim... A Nicole pediu para vir te chamar e eu vou colocar um gelo nesse olho. – Ele saiu do quarto e me deixou morrendo de sono.

Fim do Flash Back

No final a Nicole queria me fazer o pedido oficial de que “se eu queria ser a dama de honra do casamento dela já que não sou maior de idade para ser madrinha”! Eu não entendo para que fazer um pedido “oficial”, eu já tinha topado antes. E antes que alguém fique na dúvida SIM, eu aceitei o pedido oficial de ser dama de honra mesmo com todas as coisas que eu vou ter que fazer. Adeus férias! Fui colocar comida para o Pudim quando olhei pela janela.

– Onde você esta indo? – Perguntei da janela do meu quarto quando eu vi o Fernando colocando a guia no Anúbis.

– Vou levar o Anúbis para passear na praça. – Eu acho que no aniversário do Fernando eu vou dar a ele o livro “Como ser gentil com as pessoas”. Troquei de roupa correndo catei um pacote pequeno de bolachas e avisei a minha mãe e fui até a frente da casa.

– Vamos? –O Fernando me olhou com uma cara estranha.

– O que te faz pensar que eu quero que você vá junto? – Ai, doeu!

– Eu sei que você quer! – Peguei a guia do Anúbis e comecei a andar na direção da praça e ele veio atrás de mim e pegou a guia da minha mão.

– Você é uma presunçosa! – Bem eu NE?

– E você esta com o olho roxo! –Dei um sorriso retardado e comecei a comer minhas bolachinhas.

– Esse é o seu almoço? – Sim, eu acordei de tarde. Sim, sai para caminhar sem ter almoçado por isso as bolachas!

– Sim. – Fiz cara de paisagem.

– Você é louca. – Terminei o pacote e joguei no lixo mais próximo, tentei pegar guia da mão do Fernando, mas o egoísta não soltou.

– Me deixe segurar o Anúbis! Por favor?!- Aquele cachorro estava implorando para que eu o leve!

– Não. – Fiquei com cara de baiacu. - Ele cresceu muito rápido e você não vai conseguir segura-lo.

– Obrigada pelo voto de confiança! – Mostrei o dedo feio.

– Você quer sair correndo atrás dele DE NOVO? – Não...

– Eu não vou o deixar escapar! – Chutei uma pedrinha que eu achava que NÃO estaria presa no chão e acabei tropeçando.

– Esse é mais um dos motivos de eu não deixar você segura-lo. - Que amigo que eu tenho...

– O que? Eu não ter a capacidade de sabe se uma pedra esta presa ou não? – Perguntei ironicamente para o ogro e ele revirou os olhos para mim e continuou a andar. Não demorou muito e nós chegarmos a praça e começamos a caminhar entre as árvores fazendo o Anúbis ficar louco para correr. - Deixe ele correr, não ta vendo que ele esta louco para isso!

– Claro! Dai ele foge e nós nunca mais o vimos – Fernando disse ironicamente.

– Isso acontecia quando ele era menor, você viu que essas semanas para cá toda vez que o portão abre ele não sai nem um metro de distancia. DEIXA O CACHORRO VIVER RAPÁ! – Fernando fez uma cara de como se estivesse pensando na minha proposta.

– Ta, mas se ele fugir de novo quem vai correr atrás dele é você. – Ele deu um sorrisinho de canto. Vou desmaiar, vou desmaiar! Soltei um “YEEHHH” e tirei o Anúbis da guia.

– Pode ir. – Fernando disse e apontou com a mão para frente e o Anúbis começou a correr entre as árvores, perseguir passarinhos e mais um monte de coisas que cachorros fazem.

Ficamos caminhando atrás do Anúbis só para garantir que ele não visse um gato, tentasse pega-lo e fugisse.

– FERNANDOOO! – Falei me jogando na grama.

– Oque? – Ele parou de andar, mas nem olhou na minha cara. PUTO.

– Estou cansada! – Choraminguei por puro tédio.

– Também, seu almoço foi um pacote de bolachas. – Ele caminhou para algum lugar e eu fui atrás. O que? Eu é que não ia ficar sozinha jogada no chão!

Fomos até uma barraquinha de pipoca e o Fernando pediu duas pipocas médias, me entregou e ele pagou.

– Obrigada traste! – Entreguei uma delas para ele. - Droga esqueci o veneno em casa!

– Não esqueceu não, cobras peçonhentas guardam o veneno em glândulas - HA! Eu entendi parceiro. Mas eu estou pensando mais rápido – só que não – ultimamente.

– Então deixa procurar a Carmen! - Comecei a olhar por ai. - Não achei, depois te enveneno.

– Como se chamar a Carmen de cobra fosse me ofender. - Eu já tinha terminado a pipoca e agora procurava um lixo.

– Claro que ofende. Você é o camundongo que ela quer papar. - Achei um lixo e joguei o pacote lá. Fernando fez o mesmo.

– Se você não estivesse me chamando de roedor eu juro que riria da sua piada. - Ele disse irônico. Pois não ria.

– Não foi uma piada. Era apenas a verdade! – Ele revirou os olhos e olhou no relógio de pulso e assobiou chamando o Anúbis que voltou correndo.

– Vamos embora. – Ele disse colocando a guia no Anúbis.

– Mas já? Nós acabamos de chegar! – Bati o pé no chão.

– Estamos aqui a uma hora e meia. – Olhei o relógio dele e não é que é verdade? Aproveitei e vi que dia era hoje e descobri que eu só tenho um dia a mais de férias! Como o tempo passa rápido...

– Só temos mais um dia de férias? Que é hoje? – Perguntei assustada para o Fernando.

– Sim, você não sabia? – Foi a vez do Fernando me olhar espantado.

– Não! E não me olhe assim você sabe que minha memória é terrível! – Ele revirou os olhos e começamos a voltar para casa e como o Fernando não sabe socializar com as pessoas fui obrigada a puxar papo.

– Então amanha você vai colocar maquiagem nesse olho?

– Não! Por que eu faria isso?

– Para não ser zoado amanha? – Fiz uma cara de obvio.

– Não vão me zoar. As garotas vão querer cuidar de mim e os garotos vão me venerar e perguntar com que gangue eu me meti! – Ele deu um sorriso presunçoso.

– Serio que você acha que vai acontecer isso mesmo? Finja que eu acredito!

– Vai acontecer mesmo, quer apostar? – Eu continuo sem grana, mas fazer o que?

– Eu aposto cinco reais! – Fazer o que eu não tenho comoarranjar mais que isso.

– Feito. - Depois dessa eu não sabia o que mais falar e ele também não me ajudou a puxar assunto e fizemos o resto do caminha em silencio. Chegamos em casa e eu fui dominada pelo furacão Nicole.

– ALICE, SUA MARMANJA! Vamos para o shopping! – Ela começou a gritar, mas quando disse “shopping” ela abriu um sorriso.

– Para que?

– Você não tem nenhum material escolar, eu preciso de umas blusas novas por que ficaram pequenas e eu doei todas!

– Engordou é mana? – UI estou má!

– É A GRÁVIDES! A única que engordou aqui foi você, sua gorda! – É tudo culpa do verão! - Vá trocar de roupa de uma vez e vamos logo! – Fui para o meu quarto, troquei de roupa e entrei no carro.

– Já ta pronta?- Ela disse ligando o carro.

– Já né? Aonde vamos mesmo?- Ela saiu da garagem e quase bateu no poste. Me pergunto aonde que fui arranjar coragem de entrar em um carro que ela esteja dirigindo.
– Shopping. É hoje que o cartão do Rodrigão vai ferver! As compras vão te deixar melhor por causa do fim das férias! Você vai ver. - Talvez se eu fosse a Verônica. Mas eu sou a Alice. Perae, como ela sabia que eu estava triste por causa disso? - E antes que fale algo, você sempre fica triste no ultimo dia de férias! – Então tá.

– Eu acho que não, Nicole. - Eu disse já dentro do carro e colocando o cinto.

– Ah! Desculpa, me expressei errado. Quis dizer que isso vai ser uma vingança por tudo o que o Rodrigo já nos proibiu e vamos comprar apenas materiais caros para você! Vamos gastar rios de dinheiro e deixar ele com as dívidas. - Nicole sempre foi mais vingativa que eu, então um dia ela irá humilhar o Artur como ele a humilhou mesmo o amando como o ama agora. Lol, to chata hoje não to?

– Nicole aonde foi mesmo que você tirou carteira de motorista? - Perguntei assim que ela começou a sair pela rua.

– Eu tirei carteira nos Estado Unidos! - Ér... como vocês já sabem a Nicole dirige SUPER MAU!

– E por um acaso a regra de lá é: não me mate que você passa no teste? - Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada. Sim, ela me OLHOU! - NICOLE!! CUIDADO COM O ESQUILO!!!! - Ela freou com tudo e o pobre esquilinho caiu pra trás de susto. – Tadinho, mais um esquilo é pego pega Nicole. - Sai do carro e fui cutucar o esquilo pra ver se estava vivo. Assim que encostei em seu rabo ele levantou num pulo e sair correndo. - É... morto é que não estava. - Voltei para o carro e olhei assustada para Nicole.

– Que foi? - Ela perguntou voltando a dirigir. É hora de começar a rezar.

– Vou querer ver sua carteira depois ta? - Não demorou muito para chegarmos ao shopping. Isso porque Nicole estava em alta velocidade.

– É aqui Alice! Tem cada coisa linda!! - Minha irmã sempre gostou de comprar. - Olha esse aqui! - Ela disse me mostrando uma blusinha verde limão. - Você vai experimentar!! - Ela disse pegando ele e...EU VOU O QUE? Não é só pegar, pagar e levar? É hoje que a gente não sai daqui. - Ah... Você acha que esse combina comigo? - Ela perguntou me mostrando uma blusinha branca.

– Sim... - Peguei uma rosa claro. - Essa aqui iria ficar lindo em você! -Fui na onda dela pra não ter que provar a blusa.

– Nem adiante me distrair! Você vai provar sim! - Ela disse pegando mais um monte, pra mim e pra ela. Caminhamos até o provador, mas... Adivinhem quem encontramos? Sim, já esta até ficando cansativos esses encontros com os irmãos Barbosa. Porque Papai do Céu? Eu já sei que você não gosta de mim! Não precisa ficar demonstrando toda hora! - Ora, ora... Por acaso estão nos seguindo? - Nicole perguntou colocando sua bolsa em uma das cadeiras que estavam em frente aos provadores. Sentei-me em uma delas.

– Oi amor. – Artur foi e deu um beijo na minha irmã que ficou olhando para ele maliciosamente por que ele estava trocando de blusa e ele estava sem a camisa na hora.

– Oi para você também. – Ela continuou com aquela cara e esqueceu minha existência e do Fernando. - Alice cuida da minha bolsa enquanto eu provo as blusas. - Entrou no provador.

– Tsc...Fernando já volto. - Artur entrou no outro provador. Fernando se sentou na cadeira ao lado da minha. Ficou aquele clima tenso, todo mundo em silêncio, só Nicole, que incansavelmente, cantarolava uma musiquinha em inglês. Artur saiu antes e entrou no provador da Nicks e ela deu um gritinho assustada.

– AHHHH! Artur seu safado! – Tchau!

– Ahh eu vou sair daqui antes que piore. - Falei para quem quiser ouvir e deixei o Fernando e as blusas que a Nicole escolheu sozinhos só peguei a bolsa dela.

– Onde você vai? – Fernando foi atrás de mim e me perguntou.

– Vou comprar o material para o colégio. – Fomos em uma livraria que também era uma papelaria e peguei tudo o que estava na lista de material mas o Fernando não parava de me seguir e isso já estava me irritando. - O que você quer? – perguntei pegando uma nova lapiseira por que a ultima quebrou quando eu taquei no Fernando no penúltimo dia de aula.

– Eu te paguei uma pipoca mais cedo então eu mereço um caderno novo. – Ele disse com aquele sorriso de lado. ALGUÉM ME ABANA!

– Pode escolher, o dinheiro é do Rodrigo mesmo! – Gargalhei baixo e continuei a catar meus materiais enquanto ele escolhia um caderno ate que ouvi aquela voz irritante.

– Nandooooo! Que surpresa encontrar você aqui! AI MEU DEUS! Que olho roxo é esse? O que aconteceu com você gatão? Deixe me cuidar de você. – Na ultima frase ela falou bem maliciosa. Quem é ela? Ninguém menos que a Verônica.

– Não se preocupe Verônica, foi só um acidente. – Fernando me olhou com uma cara de “Cade meu dinheiro?”. VADIO. - Agora eu preciso ir, ate amanha Verônica, vamos logo Alice.

– NANDO? Você esta andando com a coisa lilás?- FINALMENTE PERCEBEU QUE EU ESTAVA ALI!

– 1º Só eu posso chamá-la de coisa lilás. 2º Com quem ando ou deixo de andar não é do seu interesse. - UI, essa doeu até em mim. - Alice vamos.

– Ta-a. – Eu ainda estava tentando entender por que o Fernando me defendeu. Porque vocês são amigos não são? Ahh é, mas vamos tirar isso a limpo. -Fernando, ou melhor, Nandooo. – Imitei a voz fina e irritante da Verônica. - Por que me defendeu?

– Alice, os únicos amigos que você tem sou eu e uma tartaruga que não sabe falar e só sobrou eu então... – Ele fez uma cara de obvio

– Pior que você tem razão. – Fiquei abobada, sério mesmo que eu só tenho dois amigos? HAHAHAHAHAHA Que pergunta idiota, eu já sei a resposta. Sim eu só tenho dois amigos. - Enfim, que caderno você escolheu? – Ele me mostrou um caderno com vários desenhos masculinos que eu nunca entendo.

– Que cara é essa? – A minha cara Fernando!

– Eu não entendi uma palavra do que está escrito nesse caderno! O que é isso? AQUI TA ESCRITO MACUMBA? FERNANDO OQUE DEU EM VOCÊ?

– Pare de fazer escândalo Coisa Lilás! E não está escrito macumba, isso daqui é... Melhor você não saber. – Ele fez que ia contar, mas pensou melhor e calou a boca. Acho melhor não perguntar...

– Vamos pagar de uma vez e ir impedir de ela engravidar de novo. – Arrastei o Fernando até o caixa.

– Deixe os dois, eu quero mais sobrinhos! E você sabe que isso seria impossível né?– A mulher do caixa olhava para nós com uma cara estranha. VAI CUIDAR DA SUA VIDA!

– Claro que eu sei, eu quero ser médica um dia Fernando!- Ele ofende minha inteligência desse jeito. - Quer só ver a Nicole reclamando quando estiver vestida de noiva falando que tem uma melancia na barriga.

– Alice... – Lá vem merda

– O que?

– Eles vão se casar em um mês esqueceu? – OQUE?

– Por que tão rápido? – Perguntei espantada.

– Pelo visto eles foram ver aonde seria a lua de mel antes de qualquer coisa e o lugar que eles querem ir só estará vago daqui dois meses. -Fernando disse como se fosse uma coisa simples. - Como você esqueceu isso tão rápido?

– Minha memória é ruim!

– Falamos disso no seu aniversário. – Flash Back distorcido... Flash Back distorcido... Ahhh é mesmo!

– Eles que se danem! Vamos comer! – Tentei pegar meu material que estavam nas sacolas. - SENHOR! O QUE TEM NESSAS SACOLAS? CIMENTO? – Acho que acabei de formar uma hérnia.

– Deixa de ser molenga. – Fernando pegou as sacolas da minha mão e fomos comer, depois de dois lanches gigantes, e meu cabelo ficar cheio de ketchup, e as calças do Fernando ficarem sujas de maioneses fomos encontrar com o casal problema que tinham sido pegos pela segurança da loja por estarem fazendo coisas indevidas nos provadores.

– HAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAH! – Eu e o Fernando ficamos rindo enquanto minha irmã terminava de abotoar ablusa e o Artur, a calça.

– Parem de rir, não é engraçado. - Nicole se defendeu.

– Tem razão, é hilário. – Fernando disse e caiu de joelhos no chão segurando a barriga, nessa hora eu já estava jogada no chão sem ar.

– Cala boca Fernando. – Artur deu um tapa na cabeça do Fernando que continuava a rir, ele pegou Fernando pelo braço e o tirou da loja e a Nicole me pegou pelo pé e começou a me arrastar.

– NICOLE! ESTAMOS EM PÚBLICO! – Ela me soltou e eu me levantei. - Se bem que isso não impediu vocês lá no provador. – Eu e o Fernando começamos a rir novamente e a Nicole ficou vermelha de novo.

– Vamos embora de uma vez! – Artur entrelaçou a sua mão com a da Nicole e começou a puxa-la para a saída. Eu e Fernando fomos indo do lado deles.

Cada um foi para sua casa, arrumei todo o material para amanhã, me despedi das férias e fui dormir sem querer que o inferno começasse de novo.