Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 19
Capítulo 18. DECISÃO


Notas iniciais do capítulo

Sengundo capítulo de hoje. Descobriram a decisão do Edward?
Comentem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/44323/chapter/19

CAPÍTULO 18 – DECISÃO

Edward POV

Então era isso que Alice escondia. Ela sabia de tudo! Ela viu! Aquela baixinha ordinária estava querendo esconder isso de mim!

Não consegui desviar os olhos daquela imagem. Não podia ser, podia? Eu não estava louco, estava? Meus irmãos viam o mesmo que eu, mas como... como era possível?

Continuamos encarando-a. A discrição foi esquecida, tamanha a nossa surpresa e assombro. Estava tudo confuso em minha mente. As dúvidas dos meus irmãos eram gritantes, rompendo os zumbidos em minha mente e se misturando às minhas próprias dúvidas. Alice ria e pulava de alegria em pensamentos, deixando-me ainda mais desconcertado.

“Os Cullen estão te olhando. Todos eles.” O volume era baixo, mas não o suficiente para meus ouvidos, concentrados em captar qualquer som que saísse dela. Teriam a mesma voz? Agora, mais do que nunca, queria poder descobrir o que estava acontecendo. Ela era idêntica à Bella em corpo, mas o que mais elas teriam em comum? Afinal, muitas pessoas podem deter a mesma aparência, mas poderiam ter a mesma alma? Os mesmos modos? Os mesmos sentimentos? A mesma essência?

Tentei me concentrar nos pensamentos daquela garota, mas nada. Igual à Bella, eu não conseguia captar nem um pensamento sequer. Teriam elas a mesma genética? Seria possível, por coincidência do acaso, duas pessoas distintas serem possuidoras de uma mesma genética? Ninguém nunca comprovou porque ninguém nunca viveu tempo suficiente para isso e dentre os da minha espécie, nenhum teve o interesse nesse assunto.

Agora via e imagem da minha Bella preparando-se para nos encarar. Ergueu seu rosto, ao mesmo tempo em que uma rajada de vento passava por ela, cobrindo-lhe a face com seus cabelos vermelhos. E no instante seguinte, outra confirmação. A mesma essência. Ela tinha a mesma essência, o mesmo perfume que Bella. O mesmo perfume que há anos atrás despertou o monstro dentro de mim, que numa época remota me descontrolou de sede e que, agora, descontrolava minhas bases de saudade. O perfume pelo qual ansiei sentir novamente, juntamente com o frasco que o continha, tão frágil como cristal, superiormente belo.

Era como ter Bella de volta, poder tocá-la e fazê-la corar. Tudo isso era possível. Mas terá ela as mesmas reações? A mesma alma?

Improvável. Suas roupas... Bella não vestiria essas roupas se Alice não a obrigasse. Suas companhias... Bella não ficaria com os populares, ela não gosta de atenção voltada para ela. Mas... será que essa garota gosta?

“Acho melhor irmos, Edward.” Alice disse baixo para somente nós ouvirmos. “Estamos chamando atenção demais e precisamos conversar, só que em outro lugar.” Terminou se levantando e indo em direção ao lixo.

Saí da prisão daquela imagem e dos meus pensamentos, com Emmett tocando meu ombro.

“Vamos.” Respondi e nos levantamos.

Não ousei voltar a olhar na sua direção. Sabia que, se o fizesse, não conseguiria me libertar da tempestade que se formava dentro de mim. Lembrando dos pensamentos que vi hoje no decorrer do dia, percebi que ela agia como Bella quando estava só, mas isso não me dava muitas garantias. Afinal, o comportamento não é exclusivo de uma única pessoa e ter o mesmo corpo, o mesmo perfume, a mesma genética, os mesmos gestos, tudo isso significa que tem a mesma alma? Como poder saber? Alguém, alguma vez na vida, se perguntou se isso seria possível?

Mesmo que a resposta possa ser sim, que ela possa possuir a mesma alma, inflando-me de esperança, ainda havia a possibilidade do não, e eu não estou disposto a cometer nenhum erro ou injustiça. E se não fosse a alma de Bella? E se ela não me amar? Eu conseguiria me manter longe para não destruir a sua felicidade? Mesmo que ela seja Bella por fora, ela pode não ser por dentro. Ela pode fazer escolhas diferentes, ela pode não me querer e eu terei de conviver com isso.

Me obrigo a pensar que sou capaz de deixá-la se ela me pedir, porque, embora abdicar dela me dilacere, seria um pedido dela e a felicidade dela, depois de sua segurança, é o que mais me importa.

Eu não posso errar dessa vez. Não posso permitir destruir outra vida. É o melhor a se fazer, não é? Deixá-la viver a vida humana dela, sem o risco de virar a refeição da família. Não cometerei o mesmo erro. Essa garota será feliz, humana, com um futuro, carreira, filhos, família e, claro, um marido. Pensar nessa parte me corrói de ciúmes. Mas ela não é Bella, não posso fazer nada. Está decidido. Não destruirei mais nenhuma vida inocente envolvendo-a no meu mundo sombrio. Não tenho esse direito.

“Você não pode dizer isso!” Alice estava revoltada, mas ela não conseguia entender. Eu não conseguiria sobreviver a mais uma perda. Eu não suportaria e aquela garota não merecia o mesmo fim.

“Você não vai me fazer mudar de idéia.” Rebati frio. “Não quero destruir mais uma vida inocente.” Não poderia. Se eu destruísse mais essa vida, a culpa me consumiria e não haveria mais como me impedir de continuar a sobreviver.

“Você não pode impedir, sabe que não.” Ela tentava me persuadir. Na mente de Alice, tudo estava sólido. Mas, no passado, as coisas já foram sólidas e, ainda assim, não aconteceram.

“Eu vou tentar.” A enfrentei. Era difícil renegar a esperança que senti ao ver minha Bella viva, mas era necessário. Para o bem dela.

“Não cometa o mesmo erro.” Suplicou.

“Não vou cometer. Por isso não vamos nos aproximar.” Disse melancólico, mas decidido. É o certo. Para o bem dela, é o certo a se fazer.

“Edward está certo, Alice.” Rosalie, que até então estava quieta, só ouvindo, se pronunciou. “Será melhor para todos se ele não se aproximar da garota humana.”

“Não, não será.” Alice se irritou. “Edward não ficará bem, eu não ficarei, nossa família não ficará, nem Luna vai ficar.” Depois, voltando-se para mim, continuou. “Você não entende? Você não pode lutar contra isso. Não importa o que faça, está sólido para mim.” Ela tentava se explicar. “Veja você mesmo.” E me mostrou sua visão.

A mesma visão de anos atrás que me impediu de deixar de existir. Mas diferente das outras vezes, ela estava sólida. Iria acontecer. E agora, eu via Bella, os cabelos de um vermelho escuro, espalhados pela grama, misturando-se às flores da campina.

Era a mesma Bella, ainda mais linda. Estava comigo, sorrindo. No olhar, os mesmos chocolates intensos, calorosos. Eu me via a observando, rindo com ela, feliz novamente como só Bella me deixava. Por um instante desejei que isso acontecesse e a visão se tornou ainda mais sólida, reluzindo para mim. Mas eu não poderia fazer isso com aquela garota, não poderia, não agüentaria ver ela tendo o mesmo fim que Bella.

“Está cada vez mais sólido. Só o tempo é incerto.” Alice sorriu. “Você pode tentar se afastar, mas não vai impedir. A única coisa que pode fazer é retardar isso, mais nada.”

“Não. Ainda assim, eu vou tentar.” Suspirei. Aquela garota não merecia o meu futuro, ninguém merecia.

“Alice, tente entender.” Rosalie me defendia. “Se isso acabar mal, será muito pior que da outra vez.” Da outra vez, a única vez, quase destruiu a minha família, quase me destruiu. Até Rose sentiu-se afetada por esse acontecimento. Todos fomos e, se acontecesse mais uma vez, eu seria capaz de suportar toda dor e culpa de novo? A resposta é clara como água cristalina. Não.

“Isso não vai acabar mal.” Alice insistia. “Vocês não entendem que ela é da família? Ela já devia fazer parte da família há muito tempo!” Por mais que eu desejasse isso, seria o certo para ela? Encerrar sua vida prematuramente para viver uma eternidade amaldiçoada pela sede ao meu lado e ao lado da minha família, como parte dela? Obrigá-la a abandonar as pessoas que ama, os amigos, tudo, só para ficar conosco? Seria isso o certo? O justo?

“E se ela não for Bella? Pensou nessa possibilidade? E se ela só se parecer com ela, mas não for ela?” Rebati. Por mais que eu quisesse que fosse verdade, não poderia criar falsas esperanças. Não poderia cometer injustiças.

“Ele tem razão, Alice.” Rose voltou a se pronunciar. “Quem garante que é ela? Não podemos cometer erros. E se ela não quiser?” Seu tom guardava a revolta. Eu podia entender, eu podia ver em seus pensamentos. Tornar-se uma vampira não era uma coisa que Rose desejava. Ela daria tudo para ter a humanidade dela de volta. Para ela, era inconcebível a idéia de abandonar a humanidade por livre e espontânea vontade para assumir a maldição eterna, sem poder envelhecer, ou formar uma família do modo tradicional. Ela sempre defenderia a humanidade acima de tudo, até do amor.

“Isso só ela poderá nos dizer.” Alice suspirou, encerrando a conversa. “Agora temos que ir, a aula já vai começar.”

Depois falaríamos com Carlisle, sei que ele me apoiaria em tudo. Por mais que Alice queira que a novata se junte a nossa família, tomando o lugar de Bella, a decisão estava em minhas mãos, e mesmo que eu também deseje isso, eu não poderia fazê-lo. Não havia garantia nenhuma e, mesmo que tivesse, não queria arruinar a vida de ninguém com minha presença.

Passei as aulas restantes rondando a novata, absorvendo o máximo de informações possível, para tentar descobrir se ela era de fato uma reencarnação da minha Bella, mas não consegui nada de novo. De fato, ela era desastrada tal como Bella, mas não é uma característica que se possa dizer ser exclusiva dela. A ausência de pensamentos para mim era a mesma, mas era uma questão de genética, não? Charlie era meio embaçado para mim, será que um dos pais da nova garota também é?

Havia tantas questões que teriam de ser solucionadas, mas sem haver aproximação. Eu estou decidido, pelo menos até ter certeza de que ela seja mesmo Bella, eu não  entrarei em sua vida.

 

A volta para casa foi silenciosa. Espalhamo-nos pela casa, cada um se distraindo a seu modo. Quando Carlisle retornou do hospital, fomos para a sala de jantar. Nos acomodamos nas cadeiras que cercavam a mesa oval polida. Quando todos estávamos sentados, Carlisle pediu para começar.

“Bom, Carlisle. Hoje, na escola, conhecemos a aluna nova que se mudou para cá com os pais de Phoenix. Sabe, a neta da Sra. White.” Ele me incentivou a continuar com a cabeça, mas eu não sabia o que dizer exatamente, ainda estava confuso para mim. “Ela é extremamente idêntica à Bella. O mesmo rosto, olhos, cheiro, mente. Tudo menos o cabelo, que agora é vermelho escuro, mas de resto, é a mesma.”

“É a Bella!” Alice tentou se impor.

“Não sabemos.” A encarei sério. Ela sabe que era o que eu mais queria, mas não podemos nos precipitar. Voltei-me para Carlisle e continuei. “Não sabemos se ela é algo como reencarnação de Bella ou se ela lembra de alguma coisa. Alice quer que nós nos reaproximemos dela, mas eu não quero envolver mais ninguém inocente nesse mundo perigoso que é o nosso. Ela é humana e frágil, não quero que tenha o mesmo fim de... Bella.”

Carlisle pensou e assentiu. Eu sabia a resposta dele quanto a esse impasse. Carlisle nunca colocaria a vida de alguém em risco. Ele era bom demais, mas ainda assim, considerava que se a garota fosse mesmo Bella e escolhesse se juntar à família, ele a aceitaria de bom grado, pois estaria fazendo um bem a todos, principalmente a mim.

“Bom, alguém mais gostaria de se pronunciar?” Sempre tentando ser justo, era nele que eu tentava me espelhar.

“Eu quero a reaproximação. Será que só eu vejo que isso é perda de tempo?” Alice disse impaciente. Em seguida, Rosalie ergueu a mão, pedindo a palavra.

“Eu não quero envolver essa humana inocente no nosso mundo.” Rosalie disse determinada.

“Nós entendemos o seu motivo, Rose.” Carlisle disse compreensivo. “Mais alguém?”

Emmett e Jasper se mantiveram neutros. Emmett, embora gostasse de Bella, não desrespeitaria minha decisão. Jasper, embora amasse Alice e quisesse fazer de tudo para vê-la feliz, temia que as coisas acabassem mal, como da outra vez. Esme ama a todos e deseja nossa felicidade, ela sabe que sou responsável por minhas decisões e não as contrariaria, pois trata-se da minha felicidade, a minha vida.

Diante da negativa do resto da família, Carlisle se pronunciou. “Bom, embora o retorno de Bella possa fazer realmente bem para a família, não sabemos se essa garota é realmente quem pensamos ser. Também temos que considerar a decisão de Edward, o maior interessado neste assunto.” Após uma breve pausa, encarando todos os rostos, continuou a declaração. “Proponho que não nos reaproximemos por enquanto, vamos esperar para ter uma maior certeza da identidade dela ou esperar que ela se aproxime de nós. Creio que se ela realmente for Bella, de alguma forma ela nos encontrará.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Conversinha entre eles, conflito interior do Edward e a grande decisão: Não se aproximar de Luna. É agora que eu peço pra vocês NÃO me matarem!

Mas então... conhecendo o histórico do Edward (mártir superprotetor)... vocês acham mesmo que ele se arriscaria a destruir outra vida como ele fez com a de Bella? (Mesmo que ele não seja responsável direto, ele se culpa pela morte dela, fato.)

Tudo bem... ele tomou a decisão, mas, e aí... alguém acha que ele consegue? Hein? Hein?

No próximo capítulo: POV do Edward. O tempo passa. Edward mantém a decisão? O que se passa na cabecinha dele?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.