Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 17
Capítulo 16. REENCONTRO


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo de hoje. Pasmem: Leram o título?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/44323/chapter/17

CAPÍTULO 16 – REENCONTRO

13 de janeiro de 2082.

Edward POV

Voltas às aulas. Voltar a essa rotina monótona com Victoria rondando Forks é realmente frustrante.

Depois daquela fuga no ano novo, aquela vampira de cabelos cor de fogo não tentou uma nova reaproximação. Essa falta de ação me deixa cada vez mais ansioso e frustrado. O que, afinal, ela está tramando?

Agora, mais que nunca, deveríamos estar investigando ela, mas essa vida medida pelos padrões humanos impede que eu e meus irmãos não compareçamos às aulas. E como Victoria não reapareceu, não tínhamos desculpa para faltar a esse purgatório.

Rosalie dirigia o meu Volvo. Para os humanos, eu ainda tinha 15 anos, não poderia dirigir, e o Volvo era o carro menos chamativo da coleção dos Cullen. E o mais antigo também. – Decidi conservá-lo, ao passo que meus irmãos adquiriam modelos mais avançados. Não queria me desfazer dele, não ainda. – Apenas mais 5 meses, e eu poderei dirigir meu próprio carro sem despertar suspeitas maiores.

Chegamos ao estacionamento da escola. Era sempre a mesma coisa. Todos os dias, em todas as épocas e lugares. Os adolescentes são tão previsíveis. Sempre nos cobiçando, nos admirando. Alguns pensamentos são discretos, outros são repulsivos, mas todos tratam os irmãos Cullen da mesma forma.

Entretanto, esse dia especialmente dava indícios de que seria diferente. Mais uma aluna nova iria se juntar ao corpo estudantil dessa escola. E é agora que meu ‘trabalho’ começa. Rondar os alunos e descobrir se há alguma desconfiança sobre nós. Por enquanto nada, só um nome: Marie Claire Fly. Aparentemente, o pai era dono do novo antiquário da cidade, a mãe era jornalista e ela ainda não tinha chegado à escola.

“Nenhum de nós terá aula com a nova aluna.” Alice disse, tentando esconder um desapontamento intrigante. Está certo que a baixinha gosta de conhecer as pessoas, os humanos principalmente, mas por que ela ficaria desapontada em não conhecer essa aluna nova? Ela não é importante para nossas vidas. Ou é? Tentei rondar a mente dela, mas só havia Jasper.

A encarei sério. Ela estava escondendo alguma coisa, Jasper não precisa de tanto cuidado assim. Não mais. Não desde o último aniversário de Bella. Ele não podia esconder, se sentia culpado com tudo o que aconteceu a ela. Por não conseguir se controlar, achava que era sua culpa termos saído de Forks e Bella ter morrido. Mas não era e já tive uma conversa com ele sobre esse assunto. Cedo ou tarde aconteceria, com ele ou com qualquer outro. Não era culpa dele. Era minha culpa tê-la envolvido nisso tudo.

Voltando ao presente, Alice deu de ombros. Só estou preocupada com ele.

A fuzilei com o olhar. Eu sabia que ela estava mentindo.

Ela revirou os olhos. Ai, irmão ingrato! Se não quiser acreditar em mim não acredite, mas não vou deixar você entrar na minha cabeça.

Meu olhar endureceu, então Emmett percebeu nossa conversa silenciosa.

“Ah, não! De novo não.” Ele jogou os braços para cima fazendo um drama exagerado e atraindo a atenção para nós.

O encarei sério. E sussurrei para que somente nós pudéssemos ouvir. “Olha o drama, Emmett. Não queremos a atenção em nós.”

“Odeio quando vocês fazem isso!” resmungou baixinho, cruzando os braços em frente ao peito.

“Vamos para a aula agora, no intervalo nós conversamos.” Alice disse e caminhou com Jasper em direção aos prédios da escola.

 

Seguimos cada um para suas respectivas salas. Só tinha uma aula em comum com Alice. Biologia. A última aula. Rondava a mente dela, mas ela estava empenhada em se concentrar nas aulas. Decidi conversar com ela depois e exigir que ela contasse o que tanto ela esconde.

As aulas eram cansativas. Quando você vê a mesma coisa dezenas e dezenas de vezes, você perde o interesse por elas. Especialmente hoje, todos os pensamentos estavam voltados para a nova ‘aquisição’ da Forks High School. Embora poucas pessoas a tivessem visto, todos já estavam obcecados por ela. Como sempre, ela seria o mais novo brinquedinho deles. Tão previsíveis, desde há muito tempo atrás.

Lembrei-me de épocas passadas, quando Bella era a mais nova aquisição dessa escola. Não a tinha visto verdadeiramente até encontrar seus grandes olhos de chocolate. Como não tinha percebido o quão linda ela era na mente dos humanos até aquela hora era um mistério para mim. Talvez seja por eu ter me acostumado a vê-los sempre com os mesmos olhos, sem realmente prestar atenção na particularidade que cada um deles possui.

Mas a partir do momento que a venda caiu dos meus olhos, vi o ser mais belo e intrigante de toda a minha existência. Sua personalidade era realmente uma raridade. Boa, agradável, discreta, altruísta, amorosa e corajosa, além muitas qualidades mais. É claro que ela tinha defeitos, como o próprio excesso de altruísmo, de modo que colocava o bem estar dos outros acima do dela mesma, além de atrair o perigo como uma lâmpada atrai mariposas, sem mencionar a falta de coordenação motora que põe em risco sua própria segurança. Mas ainda assim, tudo só a tornava ainda mais irresistível para mim.

Precisava me distrair antes que eu fosse dominado pela familiar melancolia e nostalgia que me atingia toda vez que pensava nela. Para isso, decidi me concentrar em encontrar algum pensamento que me desse mais informações sobre a novata.

Não havia muita coisa. Só o que eu consegui pegar durante todo o tempo até o intervalo, foram partes do corpo dela. Grande parte das imagens vieram dos pensamentos masculinos. Todos os machos da escola – que não estavam comprometidos e até mesmo aqueles que estavam – que a viram, ficaram com imagens de partes do corpo dela. Pernas, bumbum, seios e cabelos. Nenhum vislumbre do rosto. Típico dos humanos do sexo masculino.

Não pude negar que o corpo era bonito, bem formado. Pelas imagens que consegui, ela usava uma calça jeans justa que favorecia as curvas do corpo e uma camisa mais solta, com os primeiros botões abertos, mas sem deixar o colo à mostra de maneira vulgar. Um casaco por cima para evitar o frio de inverno que ainda se fazia presente. Estava comportado e provocante.

Quanto à mente das garotas, a maioria se concentrava nas roupas e botas que ela usava, de marca e de bom gosto. Os cabelos e a pele também eram destaques. Os cabelos de um tom de vermelhado escuro e a pele alva, clara, macia e bem cuidada. Mas nada de rosto.

Das imagens que consegui durante as aulas, seu rosto sempre estava coberto pelas densas mechas vermelhas do cabelo. Uma cortina. Intransponível.

Outras imagens a mostravam de costas, andando de um modo sensual, mas não exagerado. Eu diria até que era contido. Pela posição do corpo, com os ombros inclinados para frente, os braços cruzados e a cabeça baixa, eu diria que ela se esconde, preferindo não chamar a atenção.

Pelos pensamentos, pude perceber que ela tropeçava muito, mesmo que as botas que usava não tivessem saltos. Ela era uma desastrada nata. Mas ainda assim, não deixava de ser graciosa. Conseguia iludir facilmente os olhares humanos, eles nem notavam os pequenos deslizes que ela sofria. Estavam encantados demais com a beleza dela para perceber alguma coisa.

Todos esses pensamentos me fizeram lembrar de Bella. Exceto pela cor dos cabelos, pelas roupas que usava e pela capacidade de dissimular seus deslizes, a descrição se encaixaria perfeitamente bem em Bella. Uma mistura de dor, tristeza, saudade e esperança me tomou. Mas ela não poderia ser ela.

As pessoas que a acompanhavam me fizeram ter a certeza de que não poderia ser ela. Bella nunca andaria com a turma popular. Não que ela não pudesse, mas simplesmente porque ela não queria atenção voltada para ela. Foi então que algo ativou a minha curiosidade. Seu corpo dizia que ela era tímida e que não gostava de atenção. Mas suas companhias diziam exatamente o contrário. Ela era contraditória. Um desafio que eu tive vontade de desvendar. Quem ela realmente era? Por que ela era tão contraditória?

A curiosidade que me tomava, aumentava a cada instante. Queria descobrir que rosto ela tinha e o motivo de suas atitudes. Era uma curiosidade que só tive com Bella. Então, o conflito e a confusão travaram uma batalha em meu interior. Eu amo Bella, essa é uma verdade imutável e incontestável. Mas por que essa curiosidade, tão característica de minha reação com Bella, foi despertada por essa garota? Será que é certo? Eu estaria desonrando nosso amor?

Decidi parar de rondar a novata, perguntas demais estavam se formando em minha mente. Precisava controlar a curiosidade, antes que eu mesmo ficasse fora de controle e abordasse aquela garota. Voltei a me concentrar na tediosa aula. No intervalo arranjaria algumas das respostas para sanar a curiosidade e não voltaria mais minha atenção a ela.

 

Como sempre fazíamos, todos fomos juntos ao refeitório. Os olhares dos poucos humanos que já se encontravam lá nos acompanharam. Colocamos uma comida qualquer na bandeja, pagamos e nos sentamos na mesma mesa afastada de sempre. O mesmo teatro de sempre, a comida era um mero enfeite, uma peça decorativa desse espetáculo que nós encenávamos cinco vezes por semana.

Rondava os pensamentos de Alice, ainda não tinha esquecido nossa conversa silenciosa no início do dia. E ela ainda estava concentrada em Jasper, ainda me escondia algo, mas seria por pouco tempo, eu sentia que seria.

À medida que os alunos entravam no refeitório, eu tentava bloquear todos os seus pensamentos. Agora, praticamente todos já tinham visto a novata e os pensamentos masculinos começaram a me enojar e irritar. Mesmo que não fosse da minha conta, qualquer pensamento desse tipo me irritava.

Edward Cullen

Automaticamente, minha cabeça virou para a direção do pensamento, como um ato de reflexo. Numa fração de segundo, encarei a dona do pensamento. Gabriella Smith. E então, congelei ao observar com quem ela falava. A novata.

Nesse mesmo instante, uma enxurrada de emoções percorreu o meu corpo, lavando-o. Não conseguia desviar meu olhar, não poderia, não queria. Surpresa, saudade, esperança, curiosidade, confusão. Não podia estar acontecendo, podia? O mesmo rosto pálido com formato de coração, agora corado pelo sangue que corria em suas veias. O mesmo par de olhos grandes, profundos e intensos, de um tom de chocolate que nunca deixou as minhas lembranças, agora brilhando com vida, sem as lágrimas torturantes que causei. O mesmo ritmo das batidas do coração, bombeando vida por todo seu corpo, como uma melodia comemorativa aos meus sensíveis ouvidos. Ela estava lá, sentada, me encarando confusa. As mesmas bochechas coradas, quando percebeu que eu a encarava. O mesmo gesto de abaixar a cabeça e se esconder atrás da sua densa cortina de cabelos. Mas dessa vez, para comprovar que não estava tendo alucinações, os cabelos, ainda escuros, eram vermelhos.

Me desliguei de todos os pensamentos. O resto não importava. Só o que importava era eu e ela. Estava entorpecido com essa visão. Era real? Desejava com toda a minha alma – se é que eu tinha uma – que fosse. Todo o resto virou um zumbido insignificante, só ouvia claramente meus próprios pensamentos carregados de dúvidas e as batidas aceleradas daquele coração, o som que jamais pensei poder ouvir outra vez. O som pelo qual daria qualquer coisa para voltar a ouvir e, agora, depois de tanto tempo, eu escutava como um presente dos céus. Uma sinfonia que me prendia à terra ao mesmo tempo em que me levava ao paraíso. Minha cabeça estava uma confusão. É Bella? Ela é idêntica a ela. Como isso é possível? O que está acontecendo?

Jasper percebeu o meu estado. Estava tomado por emoções demais e não eram as que eu costumava sentir. Ele estava tão chocado e confuso com minha reação quanto eu. Ele não podia saber o motivo por trás dos meus sentimentos, mas será que ele acreditaria, mesmo depois de vê-la?

Finalmente, ele correu o olhar na mesma direção em que eu ainda encarava. Eu não conseguia desviar. O magnetismo de décadas atrás estava ainda mais forte, ansiando compensar todo esse tempo longe daquela imagem, que tanto me fez falta e me assombrava, nesse intenso olhar. Logo, todos os irmãos Cullen, quatro confusos e perplexos e uma baixinha radiante, encaravam a humana frágil. A novata. Bella?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

HÁ! Tá aí o mais esperado reencontro... Valeu a pena? Diz que sim... mas só se tiver valido mesmo.

Vocês não têm idéia de quantas vezes eu li e reli pra esticar esse capítulo... Não é o maior que eu já escrevi, mas foi bem intenso pra mim... O que acharam? Hein?

Bom, bom... próximo capítulo: POV Luna! Ah... Prometam: Não me matarás e compreenderás que ela pode esquecer... E lembrem-se disso. Porque eu garanto, ela vai se lembrar, mas a hora ainda não é propícia para tudo o que ainda tem que acontecer!

Não me abandonem! Garanto que muita coisa ainda vai acontecer e que vocês ainda vão querer me matar!

Quero muitos comentários para esse capítulo, ok?

Lucy Myh.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.