Verdades Reveladas escrita por Matheus Roberto
Todas ouvem os gritos de Kleoni vindos do lado de fora da escola. Xena olha pela janela e vê que ele está acompanhado por uns dez homens.
– Acho que ele não ouviu falar de mim muito bem... Dez homens? Que piada... – diz Xena.
Xena e Gabrielle abrem a porta e saem. Safo fecha novamente a porta e fica com Atis.
– Ataquem! – grita Kleoni.
Seus homens avançam para cima de Xena e Gabrielle, que sacam suas armas e iniciam uma longa luta. Kleoni tenta abrir a porta, mas está trancada. Ele força e quase consegue, quando é surpreendido pelo chakran de Xena, que quase lhe arranca uma das mãos. Ele se vira e vê Xena indo pra cima dele, enquanto derruba com socos os homens que avançam contra ela.
Gabrielle desfere golpes certeiros com seus sais, derrubando um por um dos homens que a atacavam, mas também era atingida por socos e chutes.
Xena saca sua espada e Kleoni saca a dele. Os dois novamente se encontram frente a frente para o combate.
– Devolva Atis que eu vou embora, Xena! – diz Kleoni.
– Aham, e eu vou começar a fazer ballet. – diz Xena, avançando pra cima dele.
Incansavelmente, os dois duelam, desferindo golpes com a espada, entre socos e pontapés.
Gabrielle consegue derrubar os outros, que ficam desacordados, com exceção de um deles que, sem ela ver, consegue arrombar a porta da escola.
Kleoni entra seguido por Xena. Os dois continuam lutando. Gabrielle vê o que aconteceu e corre para dentro da escola, golpeando o homem que havia aberto a porta. Este desmaia.
– Afaste-se de Atis, Safo! – berrava Kleoni, enquanto se defendia da espada de Xena.
Ele pega uma adaga que está em sua cinta e a atira em Safo, que corre, mas é atingida no ombro. Atis corre para socorrer Safo e a leva para outra sala, seguida por Gabrielle.
– Xena vai matar Kleoni! Não deixe, por favor, não deixe! – pede Atis para Gabrielle, que volta para onde Xena e Kleoni estão.
Eles continuam lutando e quebraram inúmeros objetos na sala. Entre golpes e saltos, Xena o derruba e se põe por cima dele com sua espada, cutucando seu pescoço.
– Xena, não ... – pede Gabrielle.
– Vai, Xena! Me mate como matou meu pai! – disse Kleoni.
– Eu não matei seu pai! Já disse!
– Matou! O amigo de meu pai não mentiria! – dizendo isso, Kleoni, possuído pelo ódio, consegue dar um chute nas costas de Xena, que cai atrás dele. Rapidamente, Kleoni se levanta e pega sua espada que estava ao seu lado no chão. Ele fica na posição que anteriormente Xena ocupava. Agora era ela que tinha uma espada lhe cutucando o pescoço.
– Kleoni, não a mate! Vamos sair daqui! – grita Atis, que aparece na sala onde eles estavam. Kleoni olha para ela e Xena consegue se livrar dele, tirando sua espada. Com seus golpes de pressão, Xena o imobiliza.
Pela porta da escola, chega Cleis, acompanhada de Eva.
– Bem na hora... – diz Gabrielle, aliviada.
– Eva? – diz Xena surpresa.
– Somente Eva pode mostrar a verdade para Kleoni. – explica Gabrielle.
Imobilizado pelos pontos de pressão, Kleoni não consegue se mexer. Eva chega perto dele e põe a mão em sua testa, lhe mostrando a verdade.
Kleoni tem, então, a visão de Callisto trocando de corpo com Xena e, logo depois, matando seu pai. Ele começa a chorar e diz:
– Eu vi! Eu vi a verdade! Então, foi a própria Callisto quem matou meu pai.
Xena desfaz o golpe e Kleoni começa a se recuperar. Eva então lhe fala:
– Kleoni, eu sinto que você é um bom homem, mas se deixou guiar pelo ódio. Você ainda pode salvar sua alma.
Atis vai ao encontro de Kleoni e o abraça, dizendo:
– Vamos sair daqui, meu amor! Temos tanto o que viver ainda. Vamos embora de Lesbos, começar uma nova vida. É você, só você que eu amo.
Ele abaixa a cabeça, reflete um pouco e concorda.
***
– Viu? Meu plano foi melhor que o seu, Xena. – diz Gabrielle, durante o banho.
– É. Tenho que admitir. Você aprendeu bem. – Xena sorri, enquanto esfrega as costas de Gabrielle – Vamos logo, temos uma festa pra ir!
Xena sai da água e logo se arruma. Gabrielle decide ficar mais um tempo.
A escola de Safo estava toda decorada, com todas as suas alunas e amigos na grande festa que decidiu dar depois da partida de Atis e Kleoni. Safo ficou com um leve ferimento no ombro, estava bem para a festa.
Eva vai chamar Gabrielle no quarto:
– Você não vem? Não pode se atrasar para o grande anúncio!
– Estou indo... que anúncio? Safo vai recitar um poema? – quis saber Gabrielle.
– Quase isso... Nossa, você está linda! Minha mãe vai adorar! – diz Eva, encantada, ao ver Gabrielle usando o vestido que havia comprado.
Chegando no salão de festas, Gabrielle não encontra Xena e pergunta para Eva:
– Cadê a Xena?
– Lá! – responde Eva, apontando para o palco principal.
Gabrielle não entende o que se passa até que Xena começa a falar:
– “Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo.” *
Gabrielle se emociona com o poema recitado por Xena e lágrimas e sorrisos lhe cobrem o rosto. Xena continua:
– Gabrielle, o outro poema que eu te dei e não tive a coragem de ler pra você era só o começo da minha declaração, que decidi tornar pública, para que todos saibam o que eu sinto por você. Com mais este poema de Safo, quero te dizer que você é o meu bem mais precioso, é o ar que eu respiro, é a minha paz, minha luz, minha inspiração, enfim, é o meu amor... E eu te amo!
Gabrielle corre ao palco e sobe, abraçando Xena fortemente e diz:
– Eu também te amo, Xena! Sempre te amei! Você é o meu porto seguro, a minha vontade de sempre seguir em frente. Você é o meu desejo mais secreto, que agora deixou de ser secreto. – ela começa a rir, acompanhada por Xena.
Todos no salão aplaudem felizes, sorrindo. E a festa se inicia com as alunas de safo tocando seus instrumentos. Todos começam a se divertir, dançando e cantando, sem notar que Xena e Gabrielle saem do palco.
– Mas este não é o nosso quarto, Xena. – diz Gabrielle, ao ser levada por Xena para um outro quarto, ainda do lado de fora, em frente a porta.
– Por esta noite, será! – Xena a pega nos braços e abre a porta do quarto.
Gabrielle não acredita no que vê. O quarto está todo decorado nas cores azul e verde, iluminado por velas espalhadas por todas as partes.
– São as cores dos nossos olhos, Xena... – deduz Gabrielle.
– Isso mesmo. Pedi para Safo decorar da maneira que ela achasse mais conveniente para nós. Ela acertou em cheio, não foi? – disse Xena, sorrindo.
– Foi sim! – concorda Gabrielle, olhando para cima – Ei, não tem teto!
– É para olharmos as estrelas enquanto nos amamos. – explica Xena.
Gabrielle olha para a cama, repleta de pétalas de rosas vermelhas. Pétalas de rosas amarelas formavam o desenho do yin yang.
– Xena, é lindo!
– Você que é linda! – ao dizer isso, Xena pega duas taças, do mais fino cristal e lhes enche do mais saboroso vinho, entregando uma delas na mão de Gabrielle.
Elas brindam e Gabrielle diz:
– Às almas gêmeas!
– É... almas gêmeas. – Xena sorri.
Olhando-se fixamente, as duas se perdem uma no olhar da outra, as taças caem de suas mãos, seus corpos já não lhes obedecem os comandos. O desejo torna-se maior e seus rostos de aproximam cada vez mais até que seus lábios se tocam, encontrando a plenitude. Suas almas se completam naquele beijo apaixonado e a junção de seus corpos tão colados são como um único ser, perdido de tanto amor.
Com a certeza de que já não precisavam esconder mais nada de ninguém, Xena e Gabrielle se amam como jamais se amaram antes, tendo como testemunhas apenas a luz do luar e das estrelas.
FIM
*dos fragmentos de um poema de Safo chamado ‘A Uma Mulher Amada’
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