Em meio as sombras da noite escrita por Robert Hunter


Capítulo 5
O símbolo do desorientado




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Rebecca percebeu que o céu estava mais escuro do que quando havia chegado. O pôr-do-sol estava próximo, mas as nuvens carregadas do céu dificultariam a aparição lunar.

Os três continuaram a adentrar na floresta e então sentiram algo molhado e a sensação foi aumentando, era a chuva começando. Em poucos estantes a quase tempestade tinha tomado conta do lugar.

– Vai ser difícil achar alguém nessa chuva. – Observou Samuel.

– Um pouco de otimismo ajuda. – Rebecca bravejou.

– Não, nesses casos aceitar a realidade é sempre melhor. – Disse o homem.

– Enquanto ficar discutindo não ajuda em nada. – Coraline olhava para os dois com uma expressão de angústia. Como o de quem aclamava para os céus por ajuda.

– Vamos encontrá-los – disse Esteban – e proteger a marcada.

O jeito que o garoto havia se referido a Rebecca só fez com que ela ficasse mais indignada com os modos que seu colega de escola havia adquirido perto de Coraline.

Continuaram caminhando entre a mata até chegarem a outro campo aberto rodeado por árvores. Foi possível ver a cara de espanto em cada um deles quando se depararam com a cena.

Charlie e Samanta amarrados em espécies de troncos com dois homens altos e fortes ao lado, e mais uma dezena de protetores das sombras. Na frente deles como um líder estava o homem que matou o pai de Rebecca.

– Henrique! – Exclamou Coraline.

– Olha quem que está aqui, parece que nos encontramos de novo. – Disse o homem de terno preto impecável.

– Pensei que aquele unicórnio havia te matado. – A garota bravejou.

– Pensou errado. – Começou Henrique – Eu estava com o amuleto dos signos, ele me impediu de ser morto, ou você pensou mesmo que eu não me prepararia para uma ocasião como aquela.

– Você o conhece? – Rebecca perguntou para Coraline.

– É uma longa história. – A garota respondeu.

Rebecca olhou para Henrique com uma expressão de ódio.

– Solte a minha mãe, ou você vai fazer a mesma coisa que fez com o meu pai.

– Hum... Vejo que ainda se lembra de quando tentou me fazer entrar em combustão. – Disse o homem com um sorriso mesquinho.

– Se pudesse faria de novo e não duvide disso!

– Não duvido, sei dos seus poderes.

A chuva estava diminuindo, mas ainda continuava chuviscando.

– Não vou matar sua mãe – continuou Henrique – que nem fiz com o imundo do seu pai. Suma mãe fará tudo que eu mandar para salvar você e seus amiguinhos desprezíveis, quando estiverem com a maldição.

Henrique foi em direção a Samanta e passou os dedos no seu rosto.

– A vida é feita de escolhas não é mesmo? Só que não existem escolhas boas ou ruins, mas sim certas ou erradas e você fez a escolha errada.

– Escolha errada eu teria feito se tivesse ficado com você. – Sussurrou a mulher e levou um tapa na cara com tanta força que teve que cuspir sangue.

Nesse momento Rebecca e os outros portadores partiram pra cima de Henrique, mas os protetores vieram pra cima deles, que estavam números menores. Esteban, Samuel e Coraline ficaram lutando e não viram Rebecca sendo puxada e levada por Henrique.

– Minha jovem chegou a hora de seus poderes serem drenados. – Disse o homem com uma gargalhada contida.

– Por que está fazendo tudo isso? – Indagou a garota vendo a mãe amarrada num tronco.

– Você podia ter sido minha filha, uma magnífica protetora das sombras. – Lamentou Henrique.

– Você é Doente!

– Que seja! Agora vou ter tudo que sempre quis.

– Minha mãe? – Perguntou Rebecca com ar de deboche.

– A família que seu pai me tirou.

As palavras de Henrique entraram na garota de tal forma que foi como se todos seus órgãos tivessem começado a se comprimirem.

– Meu pai não te tirou nada, foi você que quis tirar minha mãe dele.

– Cale a boca! – Gritou o homem – Seus amiguinhos não podem te proteger eles falharam com você.

Rebecca olhou para a incessante luta entre os protetores das sombras e seus companheiros. Coraline lutava tão bravamente que nem parecia aquela garota que entrara em sua casa mais cedo. Esteban e Samuel estavam manipulando a grama para derrubar os oponentes.

Henrique agarrou a garota pelo pescoço e a jogou no chão. Rebecca sentiu uma onda de calor percorrer todo o seu corpo. Havia alguns símbolos desenhados no chão, com uma espécie de tinta prateada. O homem que assassinara seu pai estava agora recitando algumas palavras em uma língua desconhecida para garota.

Um círculo de luz se formou em volta dela. Rebecca se jogou contra ele, mas não conseguiu sair da circunferência. Ela estava presa.

Henrique continuou recitando as palavras em outra língua e o circo brilhava mais forte, assim como o calor que Rebecca sentia, mas ela conseguiu ver Esteban correndo até ele e o derrubando o com um soco de surpresa.

O garoto correu até o círculo, mas também foi barrado.

– Não adianta é a prova de portadores. – Disse Henrique na maior tranquilidade ao se levantar.

– Vai se foder! – Mandou Esteban com um olhar canibal.

– Portadores e suas bocas imundas, não serviriam nunca mesmo para proteger a humanidade.

– Então por que ela esta salva até hoje? – Indagou o garoto levantando só uma sobrancelha.

– Chega de conversa! – Bravejou o protetor das sombras.

Henrique agarrou Esteban pelo colarinho da sua camiseta e o arremessou no circulo onde Rebecca estava presa, que fez com que ela fosse jogado de volta caindo cara com o chão.

Esteban se levantou e foi para cima do homem, mas este apenas se desviou como se estivesse lutando com uma criança que briga pela primeira vez. O garoto sentiu uma pontada de dor na cabeça e antes que pudesse atacar, seu corpo caiu ficou tão pesado que ele caiu no chão e começou a se contorcer.

– Pare! Saia da minha mente. – Suplicou Esteban e Henrique sorriu de forma maléfica.

Samuel havia formado um escudo com a água da chuva fraca, enquanto Coraline os atacava com rajadas de fogo, que provavelmente estavam sendo produzidas com a drenagem da energia da chuva, como Rebecca havia feito quando ainda jovem.

O escudo não durou muito e um dos protetores das sombras enfincaram uma espécie de estaca no peito de Samuel que caiu morto no chão. Coraline começou a gritar, mas teve que se defender quando os quatro protetores ainda restantes tentaram lhe matar também.

Rebecca viu Samuel caindo e sua mãe gritando do tronco ao lado de Charlie e Esteban se retorcendo no chão. O desespero tomou conta da garota que despejava lágrimas e suspiros, e então ela pensou que se concentrasse poderia fazer alguma coisa para sair dali ou ajudar seus amigos.

Trovões começaram no alto e a chuva aumentou um pouco, e então a garota focou todos seus pensamentos nas nuvens e um raio caiu onde Coraline estava lutando, atingindo dois protetores das sombras.

Mas um raio apenas não seria o bastante para acabar com aquilo, até que Rebecca avistou um dos símbolos riscados no chão e lembrou que já havia lido sobre ele.

Era o símbolo do desorientado. Segundo as informações do livro, ele era um dos cinco desenhos da magia negra, ele como os outros quatro podiam ser usados tanto pelos portadores quanto pelos protetores, só que os da espécie de Rebecca quando os usavam perdia seus poderes. O símbolo era principalmente usado por portadores da magia que não tinham nenhuma orientação e precisavam de muita energia para realizar alguma coisa e então os protetores iam disfarçados até eles e ofereciam o uso do símbolo e não contavam o que acontecia com seus poderes depois.

Esteban gritava como um condenado ao inferno e Coraline por mais que usasse seus poderes para se proteger dos dois oponentes restantes, já apresentava sintomas de cansaço. Rebecca pensou em como seria a vida de todos caso ficassem presos a maldição.

Já era hora da lua aparecer, mas as nuvens escuras a impediam de se revelar por inteira. Rebecca se lembrou do coelho da carta e de como ele havia usado a escuridão ao seu favor, talvez ela tivesse que ser a destemida agora. Pensando assim a garota pôs a mão no símbolo e invocou seus poderes.

O círculo se espatifou e Henrique olhou espantado para menina, deixando Esteban de lado.

– O que você fez? – O homem indagou confuso.

Rebecca olhou para cima e pensou nas nuvens se movendo e então a lua se revelou.

– Parece que seu plano não deu muito certo Henrique. – Disse Esteban se levantando.

– Sua idiota! – O homem gritou tão forte quanto suas cordas vocais o permitiram.


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