Uma aliança nada política escrita por D C S Martim


Capítulo 5
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Notas iniciais do capítulo

Muito bem, vamos começar! Frigga e Thor aparecem nesse capítulo, espero que vocês gostem!



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Os empregados trouxeram uma grande mesa e colocaram uma vasta variedade de pratos sobre ela. Loki franziu o cenho.

–Tem quatro cadeiras aqui... –contou.

–Adivinhe quem vem pro jantar, querido! – Dam sorriu, gracejando.

Loki não entendeu. Ele arregalou os olhos.

–Quem vem pro jantar?!

Ela riu.

–Calma, Loki. Foi uma piada.- explicou.

–Suas piadas são horríveis.

–Seu senso de humor também não ajuda.

–Eu sou um príncipe e um mágico. Não preciso de senso de humor.

–Essa foi a melhor demonstração de ironia que eu já presenciei na vida. Usar seu senso de humor para me garantir que você não precisa dele.

Loki dissimulou um sorriso.

–Quem é que estava usando senso de humor?!

Frigga deslizou para dentro com um sorriso discreto.

–Vejo que vocês estão se dando bem.

Ela olhava para a mulher que dividia a cela com seu filho com desconfiança, como se olhasse para uma cobra enrolando-se em volta de um ratinho, e aquilo divertiu Dam. Era curioso ver alguém cuidando de Loki, especialmente enquanto ele exibia aquela dura fachada individualista e indiferente. Ela já imaginava que, no fundo, não passava de fingimento, uma camada de proteção que envolvia o interior frágil. Uma espécie de plástico-bolha. Não que isso o tornasse fraco. Na verdade o tornava mais verídico, mais crível. Menos o monstro de que ouvira falar e mais plausível. Ela poderia ficar perto daquele Loki. Poderia conversar com ele, discordar dele e concordar, quando fosse necessário. Apesar de corajosa e habituada a circunstâncias inesperadas, ela não saberia o que fazer se Loki fosse realmente um monstro.

Bem, desculpem-me por ter medo de monstros!, resmungou ela, dentro de sua cabeça, Apesar de tudo, ainda primo muito por minha vida, e não estou necessariamente entusiasmada para arriscar meu pescocinho o tempo todo!

Dam gargalhou. Como se fosse possível ser sempre forte e impassível. Nem mesmo Loki conseguia. Por que ela deveria dar conta?!

Frigga ergueu uma sobrancelha.

–Estou errada?

Só então ela percebeu que gargalhara em voz alta.

–Ah, meu Deus! Não! Desculpe-me! Estamos nos dando muito bem, obrigada! Eu sinto muito!

–Pelo que você está se desculpando, idiota? – Loki sublinhou a palavra com sarcasmo – E não estamos nos dando nada bem. Você é barulhenta, irritante e inconveniente.

–Fico lisonjeada, mas você também não é nenhuma florzinha, meu doce.

–Está vendo?! Impertinência!

–Ah, me desculpe por isso, não dá pra evitar! Eu fui criada por lobos, sabe... – ela sorriu.

A gargalhada de Thor interrompeu os dois.

–Eu não disse?! Eu não disse que daria certo?!

Ele parecia entusiasmado.

Você... – Loki pronunciou em um tom raivoso, como um chacal prestes a pular no pescoço de sua próxima vítima.

–Eu espero que você esteja certo... – o tom de Frigga não era muito confiante, mas Dam não se ofendeu.

Ela tinha o direito de ser desconfiada. Era a rainha. Era mais velha. Era mãe. É claro que tentaria proteger sua cria, mesmo que fosse uma cria teimosa e sanguinária como Loki. Dam se preocuparia se fosse ela. Conhecendo-se como se conhecia, sabia que não havia motivos para preocupação, mas ela não lhe tiraria esse direito. Nem se daria ao trabalho de avisá-la que suas intenções eram as melhores e que Loki não corria perigo algum. Com o tempo Frigga perceberia, e talvez até viesse a gostar dela.

A única coisa de que Dam estava certa é de que tudo conspirava para que aquele momento acontecesse.

–O que os trás aos meus humildes aposentos?- Loki dirigiu-se friamente aos familiares.

Dam não viu necessidade de lembrar-lhe que eram “nossos aposentos”.

–Não seja duro conosco, Loki. – pediu Frigga, colocando uma expressão magoada no rosto.

–Ah, perdão. Vocês não querem se sentar? Fiquem à vontade! Caso vocês não saibam, essa é minha cela. Mas eu acho que vocês sabem. Deveriam saber, já que foram VOCÊS QUE ME COLOCARAM AQUI!!! – ele ofegou - O que acharam da decoração? Eu fiz um bom trabalho? Porque eu acho que ficaria muito melhor COBERTA COM O SANGUE DOS MEUS INIMIGOS!

–Loki, já basta!- Dam colocou-se de frente para ele e estendeu a mão sobre seu peito, pressionando suavemente.

Ela sentiu que ele se tornava gelado. Seus olhos brilhavam e seu rosto começava a parecer-se com o de um gigante de gelo. Ele ficava azul. Dam engoliu em seco, ligeiramente assustada com a grande explosão de raiva, esperando uma reação exagerada, mas não sabendo exatamente qual. Loki estralou o pescoço. Ele tomou sua mão entre as suas com rudeza e apertou com força. Ela sentiu seus ossos estralarem e ficarem perigosamente perto uns dos outros. Teria gritado se não tivesse percebido que sua intenção não era machuca-la.

–Você sabe que foi necessário, Loki! – Thor tentou justificar-se – Alguém precisava parar você!

–Eu precisava de reconhecimento! De respeito!

–É assim que você consegue seu respeito? Matando pessoas?!

Uma expressão de pavor cruzou momentaneamente o rosto do Gigante de Gelo. Dam apostava que aquilo era arrependimento. Ela sabia que aquilo o incomodava pelo aumento da força aplicada sobre a estrutura óssea de sua mão.

Dam apertou os dentes, firmou o maxilar e convenceu-se a não gritar. Não iria gritar mesmo que ele lhe arrancasse a mão fora. Loki podia ser egoísta, maldoso, narcisita, bastante mimado e perniciosamente cínico, mas naquele momento ela sentiu empatia. Se estivesse no lugar dele, iria querer um pedaço de carne macio para apertar, e por isso, apenas por isso, Dam ofereceu a mão. Não porque ele merecesse – Jesus, não! – apenas porquê ele precisava.

–Eu não posso fazer nada a respeito, posso?!

–Você não pode esperar que as coisas continuem como antes!

–Quem quer que as coisas continuem como antes?!- sibilou ele – Antes era terrível! Antes era pavoroso! Eu disse que quero reconhecimento!

–Então faça por merecer, inferno! Faça do jeito certo!

–O jeito certo nem sempre é o seu jeito, Thor.

Ele fez o irmão vacilar. O garoto do martelo olhou em volta, como se pudesse tirar algum argumento da observação cautelosa do mobiliário. Seus olhos caíram sobre Dam.

“Oh-oh”, percebeu ela.

–Talvez nenhum de nós esteja certo, irmão.

As narinas de Loki dilataram-se e ele relaxou um pouco a tensão sobre a mão quase inerte de Dam. Ela estremeceu de alívio.

–Talvez. – cedeu.

Frigga olhou carinhosamente para seus garotos.

–Podemos nos sentar pra comer?

–Eu não tenho fome.

Loki empurrou a mão de Dam para longe com um olhar distante e opaco.

–Loki, por favor...

–Não implore pra mim.- pediu ele, olhando Frigga nos olhos como se suas palavras o agredissem.

–Tudo isso foi em vão? Foi em vão ter vindo até você?!

–Temo que sim.

–Eu me recuso a acreditar nisso.

–Temo que seja mais perda de tempo.

–Eu tenho bastante tempo.

Loki não respondeu. Frigga soltou um suspiro e sentou-se à mesa, sendo seguida por Thor, que empurrou vigorosamente Dam em direção a uma das cadeiras. Ela mordiscou algumas frutas, enquanto Thor banqueteava-se e Frigga contentava-se com uma bebida quente.

Loki não juntou-se a eles. Ele estava apoiado na janela, com os olhos voltados para o labirinto no jardim, fazendo Dam sorrir diante de uma súbita ideia.

–Rainha Frigga, eu gostaria de fazer uma solicitação.

Aquilo os pegou desprevenidos. Revanche, pensou Dam, por aparecerem sem serem convidados.

–Por favor. – Frigga respondeu, como se avaliasse tudo a respeito de Dam. Não pareceu impressionada, nem positiva nem negativamente e aquilo já era um começo.

–Loki e eu gostaríamos de ter algumas horas por dia fora desta cela claustrofóbica.

Frigga olhou para Thor com uma expressão de espanto.

–O que está dizendo?! Que quer que os deixe vagando sem rumo pelo palácio?!

–De maneira nenhuma. Estaríamos acompanhados de guardas, é claro.

–Loki poderia facilmente dar um jeito neles. – Thor disse – E voc~e também.

Ela sorriu.

–Mas não faríamos isso.

–Sinto muito, é impossível.

–Não, por favor! Pense um pouco mais a respeito antes de responder! Reconsidere, eu imploro. Apenas algumas horas de sol e liberdade.

–Eu não posso, eu...

–Nem precisa de tanta liberdade assim! O labirinto! O labirinto seria perfeito! É seguro, só existe uma entrada e uma saída, e podem haver dezenas de guardas nelas, teríamos bastante espaço para caminhar.

–É um pedido bastante ousado esse que me faz, menina.

Dam não era menina nenhuma, mas não contraria a mãe de Thor. Não, de maneira nenhuma. Alguém já viu o tamanho dele?!

–Eu não o faria se não fosse importante, Majestade. E o faço na melhor das intenções.

Frigga avaliou a afirmação.

–Eu acredito em você.

–E eu agradeço por isso.

–Apesar de ser ousada, a proposta é razoável.

Dam sorriu.

–Além do mais, não é saudável passar o tempo todo aqui. O quarto precisa de uma limpeza de vez em quando, e Loki tem essas assaduras e...

–QUEM TEM ASSADURAS?! – ele reagiu, caminhando em direção a Dam, que sorriu como uma criança travessa.

Frigga lançou-lhe um olhar de admiração que ela perdeu, ocupada demais, como estava, em admirar a magnificência da ira do príncipe asgardiano. Ela e Thor trocaram um olhar de expectativas, e ela, então, não teve mais dúvidas.

–Algumas poucas horas, talvez... Vou falar com Odin.

Loki fitou-os em descrença.

–Puxa... – murmurou.

E a verdade é que aquilo o deixava feliz.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu gostaria mesmo de saber o que vocês estão achando! Por favor, comentem! Uma palavrinha só, "Bom", "Ruim", "Podia ser melhor"... Pelo menos isso! Saber o que vocês acham dos personagens, saber o que poderia melhorar, o que não ficou claro... O feedback de vocês é muito importante!

Muito obrigada por darem-se ao trabalho de ler.

Amor, D.



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