Uma aliança nada política escrita por D C S Martim


Capítulo 11
11


Notas iniciais do capítulo

Quase no fim, pessoas! Não tem muito mais que eu posso dizer sobre essa história! É o que eu disse, mais um capítulo ou dois! Muito abrigada por lerem, muito obrigada pelos comentários e por terem continuado comigo até aqui! Foi muito gentil da parte de vocês. Eu nem sei como agradecer. Vocês foram maravilhosos. Até o próximo capítulo!



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Era tão tarde e estavam tão exaustos que Dam e Loki mal se moviam. Os reflexos da lua entravam pela janela que nenhum dos dois fizera questão de fechar. Loki descansava a cabeça sobre os braços enquanto Dam encolhia-se, abraçando as pernas cobertas pelo lençol, apoiando a cabeça nos joelhos, suspirando.

–Nós não fomos ao labirinto hoje.- ele comentou, olhando para o teto.

–Podemos ir amanhã.

–Podemos. – ocultou um bocejo.

–Nós vamos fugir, Loki. – percebeu Dam, de repente.

–Assustada? – ele virou-se sobre um cotovelo e m arrumou uma mexa de cabelo atrás de uma das orelhas para que pudesse ver seu rosto. Pareceu preocupada.

–Se eu não estivesse tão cansada poderia dizer que estou excitada.

Ele riu.

–Bem, isso é ótimo! Não vejo motivos para nos preocuparmos, então.

–Não precisamos nos preocupar com Thor e Frigga, nem com todos os outros que ficarem aqui, Loki.

–Eu não tenho amigos aqui.

–Eu não disse amigos.

Loki sorriu.

–Excelente.

– Mas, ainda assim, podemos voltar para ver seus “não amigos” e seu “não irmão” e sua mãe.

Ele deu uma gargalhada arrogante.

–É claro que podemos. Eu sou um mágico. Eu posso fazer o que eu quiser.

–Ah, isso foi muito humilde.

–Nunca tive essa pretensão.

–Então, você não está nem um pouco preocupado com...

–Dam, eu ficaria muitíssimo grato se você tentasse para de se sentir culpada por me fazer ir embora.

–Mas...

–Você foi embora, não foi?

–Sim, mais.

–Shhhhh.... – ele a fez calar a boca com um beijo.

–Ótimo. Faça como quiser. Eu não poderia ficar mais satisfeita!

–Que bom. Agora feche a boquinha e vamos dormir.

Ele era gelado, mas Dam fora criada em meio a nevascas, então o frio não a incomodava. Ela encostou a cabeça em um de seus ombros e adormeceu.

Loki, agora sozinho com seus pensamentos, sentia-se muito bem consigo mesmo. Aquela pontinha dentro de seu peito que latejava incessantemente parecia amortecida, como se o gelo que tomava todo o seu corpo finalmente penetrasse ali, mas não de uma maneira cruel. Era como uma queimadura que depois de muito tempo recebia o tratamento adequado. Ele sentiu alívio.

Compreendia agora, de alguma forma, que estivera fora de si. Matara muita gente, gente demais para poder perdoar-se, e as vezes, durante a noite, sentia como se não conseguisse respirar. Mas agora, tudo estava bem. Por alguns momentos, tudo permaneceria bem.

Dam lhe ensinara algo genuinamente válido sobre a vida, sobre as escolhas. Fizera escolhas terríveis, mas todos estavam sujeitos a péssimas escolhas. Arrepender-se era necessário, mas não mudaria nada. Ele jamais seria capaz de compensar o dano que causara, e já sabia disso antes mesmo de conhecer Dam. Ainda podia lembrar-se do que dissera a Natasha Romanoff. Era muito vermelho, e não estava falando sobre a Viúva Negra agora, e sim sobre seu próprio comportamento. Sabia que tudo aquilo estrava dentro de si, e queria tirar dali. A única maneira de tirar aquilo de lá era uma mudança completa e verdadeira. Era impossível mudar sozinho.

Fazer coisas boas, fazer as escolhas certas, isso era importante, sim. Mas jamais seria o suficiente.

Beijou a testa de Dam, que estremeceu, adormecida.

Ele imaginou como seria ver a vida pelos olhos dela. Sentia um aperto profundo no peito quando pensava em tudo o que ela já havia visto e teria de ver. Coisas muito piores do que as que ele fizera. Não estava sendo regenerado por Dam. Ninguém pode mudar ninguém, nem pra pior nem pra melhor. Estava apenas experimentando a maneira dela de viver, e parecia bom.

Loki finalmente compreendera que não era responsável por nada além de suas escolhas. Em seu caso, isso não era muito bom, que já que fizera escolhas desprezíveis, francamente, o que estava pensando?! Mas já tirava um grande peso de seus ombros. Não era responsável por como as pessoas o viam. Compreendera, ao confrontar-se com Dam, que as pessoas o veriam como preferissem ver: Enquanto todo o resto o via como um monstro, ela o via como uma pessoa que fizera péssimas escolhas. Thor o via assim. É por isso que se recusava a olhá-lo nos olhos. Tinha orgulho demais para desculpar-se, pelo menos por enquanto.

Ele deixou que Dam continuasse a dormir escorregou para fora da cama, enrolando o corpo com um dos cobertores, apenas para fins estéticos. Sentou-se em frente a mesa e agarrou caneta e papel, pensando em coisas agradáveis e em outras nem tanto. Loki desenhou uma casa. Eles poderiam ter uma casa. Algo pequeno, onde coubessem apenas os dois deles. Precisariam dar um jeito de sobreviver. Ele era mágico, poderia fazer alguma coisa com isso, e Dam certamente sabia se virar.

Viver fora do palácio não era tão fácil quanto parecia. Liberdade tem um preço que nem todos estão prontos para pagar. Mas ele estava. Deus, como estava! E era por causa disso que precisava se desculpar com Thor.

Amassou a folha de papel onde desenhara a casa e atirou-a ao chão. Pegou uma outra folha e começou a redigir uma carta, queria falar muito, mas achou que não seria conveniente. Optou por um bilhete. Teria tempo para a carta mais tarde. Um passo de cada vez. Pensou e repensou obsessivamente cada palavra, tentando dar a ela todos os significados possíveis, procurando não ser demasiadamente evasivo nem exaustivamente afetuoso.

Simples e pouco sutil.

“Obrigado, Thor. Retribuirei o favor algum dia.

L., de Jutunheim.”

Isso deveria bastar. Voltou para a cama, espreguiçando-se e reprimindo um bocejo. Afundou a cabeça nos cabelos de Dam, puxando-a mais para perto, sentindo o calor de sua pele perfumada ser, aos poucos, substituído pelo frio acre da sua.

Olhou a lua mais uma vez, bocejou, e fechou os olhos, adormecendo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Estamos quase acabando por aqui! Muito obrigada por tudo, obrigada mesmo. Vocês são demais!



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