Heavens Warriors escrita por Shyohako


Capítulo 1
Dragon


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui está o primeiro capítulo da minha primeira fic original....
Não vou esconder que estou um pouco nervoso para saber como vocês leitores vão receber essa história.

Então por favor sejam caridosos e deixem um review =P



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 A noite escura tornava a floresta ainda mais tenebrosa. Ele estava correndo sem parar, ofegava. Estava cansado, entretanto não se atrevia a parar de correr. Ao longe, escutava os passos rápidos da criatura que o seguia.

Os passos pararam de repente. Ele também parou. Sua camisa estava rasgada e suas feridas a manchavam de vermelho. Um filete de sangue descia sobre seu olho esquerdo.

A escuridão o envolveu completamente, de forma que ele não podia ver o próprio corpo. Começou a sentir um calor vindo de dentro do coração, uma luz vermelha brilhou em seu peito. Ao longe, inalcançável, ele via uma silhueta lhe estendendo a mão, aproximando-se lentamente. Imagens de batalhas, monstros e dor passavam rapidamente ao seu redor. Quando ele estava prestes a segurar a mão da silhueta, que agora era nitidamente feminina, uma luz branca tomou conta de todo o cenário.

Clay acordou assustado. Sentou-se na cama. Colocou as mãos no rosto respirando fundo e depois foi lavá-lo. Esse sonho se repetia cada vez mais nos últimos meses e isso o deixava incomodado, principalmente porque ele não entedia nada do sonho. Terminou de secar o rosto e se olhou no espelho. A silhueta vermelha de seu sonhou apareceu atrás dele por um instante. Ele jogou a toalha para o lado e olhou para trás, mas não havia nada lá. “Isso já é demais” pensou. Tomou um banho e se arrumou para ir para a escola.

A escola estava toda decorada, afinal era dia de jogo. Clay estava rodeado de pessoas que lhe desejavam boa sorte. Apenas sorria sem falar com ninguém. Odiava essas pessoas que só falavam com ele por que era o melhor do time de basquete do colégio. Ou seja, odiava 99% das pessoas que falavam com ele.

Quando finalmente conseguiu se livrar de toda aquela gente, entrou na sala de aula e sentou-se ao lado de Lillian, sua amiga de infância. Ele jogou a mochila no chão e se esparramou na cadeira.

– Como anda o dia de estrela? – ela perguntou sarcástica.

 – Você sabe que eu odeio toda essa bagunça de dia de jogo...

– Oi, Clay!! – uma menina loira o abraçou por trás interrompendo a conversa. – como vai meu astro?

– Coitado de você... É tão ruim ser famoso, não? – sua amiga respondeu ainda zombando dele.

– Ai, Lilly, você é tão bobinha... É ótimo ser o centro das atenções – a outra respondeu.

– Eu estava sendo... Ah, esquece. – Lilian achou uma perda de tempo continuar a conversa.

– Dá para sair de cima de mim? – Clay se desvencilhou de Hannah. – Olha lá, as outras líderes de torcida tão te chamando.

Ela foi checar, deixando os dois a sós.

Clay tinha músculos bem definidos e era alto. Seus cabelos eram negros e tinha olhos cinza, o que atraía suas “fãs”. Lillian não gostava muito disso, pois eles nunca conseguiam conversar direito, sempre aparecia uma puxando papo com ele, principalmente em dia de jogo.

– Você vai assistir ao jogo, né? – ele perguntou.

– Tenho mesmo?

– Deixa de ser chata, hoje é a final das seletivas. Se ganharmos, vamos para as oitavas de final! – dizia animado. – E se você for hoje, eu te ajudo com suas falas da sua próxima peça.

– Ta, tá... – ela concordou apesar de não ver graça num jogo de basquete.

Lillian colocou atrás da orelha as mechas de seu cabelo que insistiam em cair sobre seus olhos castanhos. Tinha cabelos curtos e castanhos e, diferente das líderes de torcidas que não largavam do pé de Clay, não tinha seios fartos. Mas mesmo assim era uma menina muito bonita, o que a ajudava pegar bons papéis no teatro. Ela adorava literatura e teatro e ele gostava de esportes. Se não fosse pelo fato de serem vizinhos, talvez nem tivessem se conhecido. Andavam com grupos diferentes, para não dizer opostos.

O professor entrou e pediu para que todos se calassem. Durantes as três primeiras aulas, o moreno passou o tempo todo desenhando, um dom que poucos sabiam que ele tinha, apesar de ser ele quem fazia os cartazes das peças em que sua amiga atuava. Ela o cutucava com freqüência para fazê-lo prestar atenção na aula. No intervalo, o treinador chamou os jogadores para ter a tradicional conversa antes do jogo.

Lillian estava conversando com os outros integrantes do grupo de teatro quando de repente foi puxada por uma garota que ela não conhecia.

– Você é a amiga do Clay, não é? – essa era a frase que ela mais ouvia em dia de jogo. Por sinal, a que mais odiava também.

– Sim e daí? – ela lançou um olhar de desdém.

– É que eu tava querendo saber...

– Não, sei lá, provavelmente não. – interrompeu.

Os amigos dela riram na hora, a menina ficou sem entender. Lilly estava tão acostumada às perguntas que outras meninas faziam a ela sobre seu amigo que depois de um tempo parou de esperar pelas perguntas e simplesmente respondia. E, surpreendentemente, ela acertava na maioria das vezes.

– Hã? Do que você está falando?

– Não, o Clay não está namorando, sei lá se ele esta gostando de alguém e provavelmente você não tem chances com ele. – depois de explicar, ela simplesmente se virou para continuar sua conversa com os amigos.

 Normalmente Lillian era uma menina doce e muito gentil, mas ela simplesmente não suportava ter que ficar falando sobre o seu amigo para as garotas do colégio. Talvez fosse por isso que as únicas meninas que conversam com ela eram as que participavam do grupo de teatro, mesmo porque ela não tinha a menor vontade de falar com as que a chamavam de “a amiga do Clay” como se isso a definisse por completo.

– Bem que me avisaram que você era antipática – retirou-se indignada.

Na saída do colégio, Clay estava com o time e Lillian com os atores. Eles se despediram dos respectivos grupos e começaram a voltar juntos para casa. Isso sempre gerava cochichos aqui e ali, não importava quantas vezes acontecia.

Ela contava para Clay das meninas que perguntavam por ele sempre em tom de zombaria. Ele ria. Sempre gostara de saber em quem sua amiga deu um fora por ele. Eles se divertiam principalmente porque era sempre a mesma pergunta que faziam e todas tinham a mesma reação depois de serem rejeitadas.

– Toma. – ela bateu no peito dele com um amontoado de páginas grampeadas.

– Que isso? – perguntou segurando os papéis.

– As falas da peça que vou apresentar. – fechou a mochila. – Dá uma olhada antes de a gente ensaiar.

– Você quer mesmo que eu te ajude?

– Você quer mesmo que eu vá ao jogo?

– Você é boa nisso... – folheava o script. – Que peça é essa?

– Ah! É uma peça escrita pelo Leon, aquele cara de que eu te falei. – apontou para o nome do garoto na capa do script.

– Esse é aquele que quer virar escritor, né? Seu namorado...

– Cala a boca! Além do mais, ele tem cara, jeito e andar de viado...

Os dois caíram na gargalhada e continuaram conversando sobre as pessoas estranhas que freqüentavam o colégio até chegarem a suas casas. A mãe de Lillian estava regando o jardim quando eles apareceram.

– Boa tarde, Sra. Summers. – Clay a cumprimentou acenando.

– Boa tarde, Clay. – retribuiu.

– Então, vamos juntos para o jogo, Lilly? – ele perguntou já na porta de sua casa.

– Tá bom, tá bom, mas amanhã você vai me ajudar a ensaiar! – respondeu entrando na própria casa.

– Fechado. – abriu a porta. – Passo aí 8 horas, ok?

A outra confirmou com a cabeça e eles entraram.

No horário combinado, ele pegou sua lanterna e piscou três vezes, um dos sinais que eles tinham desde crianças e que significava “vamos brincar”. Mas atualmente usavam mais como um “vamos sair”, já que fazia muito tempo que não brincavam na rua. Ela respondeu piscando uma vez a lanterna que queria dizer “entendido”.

Encontraram-se na calçada. Ele vestia uma calça jeans, camiseta branca e a jaqueta do colégio. Para a surpresa dele, ela estava parecendo uma das lideres de torcida, vestia uma blusa tomara-que-caia com um casaquinho que chegava até pouco abaixo dos seios, uma saia jeans e botas. Ele a encarou por um tempo.

– Antes que você fale qualquer besteira, esse é o figurino da minha próxima personagem e estou tentando ficar mais confortável com ele.

– Eu só ia dizer que ficou bem em você... Tá parecendo as líderes de torcida. – ela ia agradecer, mas depois desse comentário, deu um tapinha na nuca dele

Durante todo o caminho, um ruído estranho incomodava Clay, mas, quando perguntou para Lillian, ela respondeu que devia ser a imaginação dele. Estavam na porta do ginásio na hora em que se separaram. Ela foi para as arquibancadas e o desejou boa sorte.

Assim que Lilly entrou, ele deu meia volta e foi atrás da fonte do ruído que ainda não havia parado.

O ruído ficava cada vez mais alto à medida que ele se aproximava do antigo depósito da escola que não era usado há alguns anos. Abriu a porta lentamente, ela rangeu alto. Dentro do depósito, o barulho era tão alto que ele tapou os ouvidos para tentar diminuir o impacto. Mas foi aí que percebeu que o ruído vinha de dentro de sua cabeça. Seu coração estava acelerado. O barulho insuportável o fez gritar de dor e, quando fez isso, ele parou imediatamente. Assustado, Clay olhava para os lados rapidamente até que viu uma luz forte vinda de dentro de uma das muitas caixas amontoadas naquele lugar.

Sua mente lhe dizia para sair dali o mais rápido o possível, mas, por algum motivo, ele não parava de se aproximar da fonte de luz. Quando finalmente chegou a ela, viu uma estatueta em formato de um dragão prateado de corpo longo que estava em uma espiral. Por cima dele, havia um halo prateado com sete esferas, vermelha, laranja, amarela, azul, anil e violeta.

Ele hesitou. Entretanto estendeu o braço para pegar o objeto brilhante. Assim que o segurou em suas mãos, a luz desapareceu, deixando Clay na completa escuridão.

De repente, a estátua brilhou novamente e, depois um vento forte, jogou-o longe. O garoto caiu desacordado no chão.

O jogo já tinha começado e estavam no intervalo do primeiro tempo. Lillian achou muito estranho que Clay não havia aparecido ainda. Nem no banco de reservas ele estava. Ela ficou preocupada e começou a ligar no celular do amigo. Como dentro do ginásio não podia escutar nada, ela saiu.

Andava lentamente de um lado para o outro esperando que o outro atendesse. Inesperadamente, uma forte luz veio de trás do ginásio. Ninguém lá de dentro pareceu notar, porque os gritos da torcida continuaram sem qualquer alteração. Ela odiava essa parte dos filmes em que a garota era raptada por estar andando sozinha de noite, mas sua curiosidade superou o medo e ela foi checar.

Depois de andar um pouco, ela achou o depósito do colégio. Ligou de novo para Clay. Dessa vez, pôde escutar a música do celular dele vindo do depósito. Começou a imaginar que o time adversário tinha prendido seu amigo lá para que pudessem vencer com facilidade. Correu até a porta e a abriu lentamente.

– Clay? Você está aí? – olhava para os lados procurando o amigo.

A luz que passava pela porta iluminou o rosto dele. Ao ver o garoto no chão, ela correu para socorrê-lo.

– Ei, Clay! Acorda! Clay! – ela o sacudiu.

De repente, ele abriu os olhos dando-lhe um susto. Eles estavam como olhos de felinos e a íris vermelha como rubi. Lillian soltou o amigo imediatamente e começou a recuar, arrastando-se lentamente no chão.

– Devo recuperá-las, as outras almas, tenho que recuperá-las. – uma voz grave e monstruosa saía junto com a voz de Clay.

Ele se levantou e olhou para a garota que estava aterrorizada no chão. Aproximou-se. Ela estava petrificada de medo, nem um músculo do corpo a obedecia. Quando ele estava perto o bastante, estendeu seu braço com se quisesse puxá-la para cima.

– Não se aproxime! – ele a ignorou. Agora sua mão estava a menos de dez centímetros dela. – Pare! Clay, pare com isso, você está me apavorando!

Ele a encarava com um olhar assassino. Agarrou sua mão e a puxou para cima. Seus olhares estavam fixos nos olhos um do outro. Por mais que tentasse, Lillian não conseguia se soltar. Então, num ato desesperado, ela deu um tapa no rosto dele. Ele permaneceu parado como se nada tivesse acontecido. Levantou sua mão livre em posição para perfurar o peito da garota, que já estava chorando pensando que iria morrer. Ele iniciou o ataque. Sua mão tocou o peito dela. Neste momento, os olhos de Clay voltaram ao normal. Encaravam o vazio.

Não demorou muito e ele desmaiou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
A velociade que irei postar o próximo capítulo é proporcional ao número de reviews...
Então se quiserem saber o resto da história deixem um review!
Críticas(construtivas) e sugestões são sempre bem vindas ^^