Heavens Warriors escrita por Shyohako


Capítulo 2
Master




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Uma semana antes, local desconhecido, China.

O templo estava calmo como sempre. Os aprendizes se organizavam para arrumá-lo enquanto os mais avançados treinavam técnicas de combate. Mas, no interior do lugar, uma sala estava sendo vigiada por vários guardas.

Nessa sala havia seis pessoas, cada uma delas em pé sobre uma inscrição diferente dispostos em um semicírculo. Todos permaneciam calados e esperando pacientemente. Usavam capas que cobriam completamente o corpo e capuzes.

Um monge de idade avançada entrou por uma porta que saía de uma parte mais interna do templo.  O senhor andou lentamente até o centro do semicírculo onde havia uma cadeira de pedra coberta de inscrições antigas e sentou-se. Os outros se ajoelharam sobre uma perna enquanto ele caminhava pela sala.

– Podem se levantar. Vocês estão aqui porque ontem o templo foi roubado. – fez uma pausa. – Tudo indica que o culpado foi a Serpente – apontou para a inscrição que estava sem ninguém em cima quando se referiu à ladra. – e o artefato roubado foi O Guardião dos Sete Chakras.

Os presentes se entreolharam espantados. Se o que acabaram de ouvir fosse verdade, uma grande tragédia poderia acontecer a qualquer momento. Um homem corpulento que vestia uma capa laranjada se exaltou.

– Aquela desgraçada! Sempre soube que ela não prestava!

– Infelizmente para nós, seus gritos e sua indignação não irão reaver o objeto roubado tampouco capturar a traidora. – uma mulher que trajava uma capa verde falou calmamente

– A Águia está certa, Rinoceronte. O que vocês devem fazer agora é começar uma busca pelo artefato. – o senhor retomou a palavra. – Dragão, você deve se dirigir à América do Norte, onde ela foi vista pela última vez. Mas, considerando suas habilidades, ela pode estar em qualquer lugar e, por isso, cada um de vocês irá vasculhar uma área diferente. Rinoceronte, você irá para a América do Sul. Leão, você irá para África. Águia ficará aqui na Ásia, Lobo se dirigirá para a Europa e, finalmente, Arraia, você cuidará da Oceania.

Todos eles fizeram um sinal afirmativo com a cabeça aceitando a missão.

– Essa deve ser nossa prioridade! Vocês estão autorizados a usar da força para reaver o artefato. Tragam a traidora para ser punida devidamente. Entretanto também estão autorizados a destruí-la caso isso se faça necessário. – o homem de capa laranja sorriu maliciosamente. – Partam imediatamente! Estão dispensados.

Eles despareceram rapidamente.

Uma semana depois, Illinois, Estados Unidos

Lillian ainda estava apavorada com o que acabara de acontecer. Não podia deixar seu amigo ali caído, principalmente porque ela percebera no olhar de Clay que ele estava lutando internamente para se livrar do espírito o possuíra. Olhava para os lados na esperança de encontrar algo que a ajudasse.

Quando finalmente teve uma idéia, saiu de baixo do amigo que desmaiara em cima dela. Pegou um taco de baseball.

“Desculpe-me, Clay”, ela acertou o amigo na nuca.

Lillian respirou fundo, ajeitou a roupas e preparou-se para atuar. Ela saiu correndo do depósito em direção ao ginásio. Entrou e rapidamente foi para o banco de reservas.

– Seth, Seth! Você tem que me ajudar! – ela fingia desespero tão bem que ninguém poderia dizer que estava mentido.

– Calma, Lilly! O que aconteceu? – o amigo segurou os ombros da menina.

– É o Clay! – respirou fundo. – Eu tava preocupada porque ele não apareceu e tentei ligar, mas não escutei nada por causa do barulho do ginásio. Aí fui tentar ligar de novo lá de fora... Foi horrível!

            Ela deixou o outro preocupado. Este avisou o técnico e saiu correndo com Lillian até o depósito.

– Quando cheguei aqui, ele já estava no chão. – soluçava. – Então tentei acordá-lo. Foi aí que vi esse machucado.

Ela apontou para o local em que batera em Clay, que agora estava inchado. Lillian também pichara na camisa do amigo “Knights perdedores”. Tudo fora perfeitamente montado para suspeitarem do time adversário. Não demorou muito e o técnico apareceu com um dos juízes do jogo.

Ela estava surpresa com o tanto de gente que apareceu para ver o que acontecia. O juiz declarou que o ocorrido foi um ato de sabotagem e desclassificou o time adversário. Eles reclamaram, mas a cena foi tão bem montada que ninguém duvidou que fosse real.

Lillian e Seth levaram Clay para a casa dela, pois a mãe do amigo havia viajado a trabalho e seu pai falecera sem conhecer o filho. Depois que a Sra. Summers cuidou de Clay e o acomodou no quarto de hóspedes, ela preparou um suco e biscoitos para os dois que esperavam na sala.

– Será que ele vai ficar bem?

– Não precisa se preocupar, Seth, o Clay é um menino forte. – a mãe de Lillian sorria. – Eu vou ler meu livro, fique à vontade, querido.

Ela piscou com o olho direito para a filha. Seth se transferira para o colégio deles há dois anos e se tornara amigo deles rapidamente. A Sra. Summers sempre tentara fazer sua filha namorar garoto de Iowa. Por mais que negasse, Lillian achava o amigo bem atraente, ela e todo o resto das meninas do colégio. Seth era o mais musculoso dos garotos do time, o que ajudava muito na defesa. Tinha cabelos loiros e olhos azuis, características que atraíam a amiga.

– Obrigado, Sra. Summers. – ele sorriu pegando o copo de suco.

Lillian se serviu de biscoitos. Os dois ainda conversaram por um bom tempo antes que Seth se despedir. Depois de fechar a porta, a garota se deparou com uma mãe curiosa a encarando esperando respostas.

– E aí, como foi? – perguntou.

– Ai, mãe, para com isso! Já disse que não tem nada entre eu e o Seth! – saiu da sala antes que a mãe pudesse continuar o interrogatório. – Vou ver como o Clay tá.

Ela se sentou na poltrona do quarto de hóspedes e observou o amigo dormir. Os acontecimentos dessa noite fervilhavam em sua mente. Perdida em seus devaneios, Lillian dormiu ali mesmo.

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Clay acordou de manhã. Estava tonto. Olhou para os lados e percebeu que estava na casa de sua amiga. Sentou-se na cama massageando sua nuca que doía. Finalmente, viu sua amiga dormindo na poltrona. As imagens da noite passada invadiram sua mente. Sentiu-se imundo. A visão de sua amiga chorando temendo a morte pulsava em sua mente. Ele não podia se perdoar.

Saiu sem falar com ninguém e começou a vagar pela cidade que estava vazia, afinal eram 05h30min da manhã de sábado. Quando olhou em volta se viu na porta do depósito antigo do colégio. Ao entrar, encontrou a estátua de dragão caída no chão, mas as esferas do halo haviam desaparecido.

– Finalmente te achei! – um homem pouco maior que Clay apareceu na porta.

Com o susto o garoto soltou a estátua. Em um piscar de olhos, o homem apareceu na frente dele e impediu que o dragão caísse no chão.

– Você tem que ser mais cuidadoso, se isso aqui quebrasse, teríamos um grande problema – disse sorrindo.

O outro saltou para trás assustado com a rapidez do homem.

– Quem é você?! O que está fazendo aqui?

O homem o ignorou enquanto examinava a estátua. Então olhou para Clay examinando-o por alguns instantes. O homem fechou os olhos. O garoto começou a sentir algo pesado no ar, seu coração acelerou. O outro respirou fundo. O ar ficou mais pesado ainda. De repente Clay sentiu-se como na noite anterior e seus olhos ficaram da cor de rubis.

– Realmente foi você quem libertou os espíritos antigos... – o homem abandonou o tom brincalhão.

– Afaste-se! – Clay não queria machucar mais ninguém.

O homem avançou um passo.

– Eu disse para se afastar! – a adrenalina tomava conta dele, sua mão começou a esquentar.

O outro ignorou o aviso novamente. A mão direita de Clay esquentou tanto que entrou em chamas. Ele se assustou, mas não alterou sua feição agressiva. Avançou contra o homem de capa vermelha tentando socar-lhe o rosto. O homem sorriu e se esquivou facilmente virando seu corpo de lado. Acertou Clay em dois pontos próximos ao coração com a ponta dos dedos indicador e médio.

Neste instante, Clay deixou de sentir a energia que há pouco fluía tão intensamente dentro de si. Seus olhos voltaram ao normal e ele começou a ofegar.

– O que você fez comigo? – afastou-se colocando a mão sobre o peito.

– Não se preocupe, eu só bloqueei o fluxo de energia do seu corpo. Sabe, é meio difícil conversar com as pessoas enquanto elas querem te torrar vivo. – debochou sentando-se no chão. – Acho que agora podemos ter uma conversa civilizada.

O garoto ainda estava desconfiado. Quem era aquele cara? Como ele parara o seu ataque tão facilmente?

– Vamos, sente-se. – levantou a capa. – Vê? Sem nenhuma arma surpresa.

– Como se você precisasse de uma. – finalmente se sentou.

– Isso é um mero detalhe. Agora me conte como você achou isso aqui. – ficou sério enquanto mostrava a estátua de dragão agora sem nenhuma esfera.

Clay ainda não confiava nele, mas o homem não parecia ser uma má pessoa e, por isso, contou-lhe tudo sobre a noite passada e também sobre todo esse poder que sentia dentro de si.

– Ta, te contei tudo o que sei, agora será que dá para explicar o que está acontecendo comigo? – perguntou depois de terminar sua história.

– Ok, ok. – respirou fundo. – Esta estátua se chama O Guardião dos Sete Chakras e ela continha sete espíritos que são responsáveis por manter o equilíbrio do mundo. Antigamente, esses espíritos pertenciam a grandes guerreiros que juntos separaram o mundo dos humanos do submundo, permitindo que todos na Terra vivessem em paz. Mas, agora que você os libertou, todo esse equilíbrio corre o risco de desaparecer. Basta apenas um desses espíritos incorporar em alguém de coração corrompido para que o caos se espalhe rapidamente. Existe a possibilidade de que eles ainda estejam lacrados dentro de suas esferas, mas, ainda que isso seja verdade, elas podem estar em qualquer lugar do mundo agora. – ele estava sério.

– Hahaha! Só falta agora você me dizer que eu sou a única esperança do mundo! Isso é história de filme, até parece que algo assim pode acontecer! Imagine o mundo acabar por causa de uma estátua estúpida!

O homem ficou com raiva e avançou contra o garoto. Pegou-o pelo pescoço e o levantou.

– Escute bem, garoto! Você pode até não acreditar em mim, mas o fato é que dentro de você tem um espírito muito poderoso que pode ser a salvação do mundo! – jogou-o no chão. – E quer você queira ou não você vai me ajudar a reunir os outros espíritos. Vamos, levante-se! Temos muito a que fazer.

Clay não se atreveu a desafiar as ordens daquele homem. Levantou-se apoiado no joelho e o seguiu até o lado de fora do depósito. Do lado de fora, encontrou Lillian assustada com a presença do homem de capa vermelha.

– Clay, você está bem? Quem é esse cara? – ele podia sentir a preocupação de sua amiga em sua voz.

– Tá, tudo bem, Lilly. – limitou-se a dizer isso.

– Quem é você? Qual seu nome? – tornou a perguntar dessa vez para o estranho.

– É mesmo, eu não me apresentei para vocês! – coçou a cabeça. – Meu nome é Ryan Griffin, sou um dos sete guerreiros responsáveis por manter o equilíbrio no mundo.

Os dois amigos gelaram. Esse era o mesmo nome do pai de Clay, mas não podia ser. Ele visitava o túmulo do pai todo ano com sua mãe. O pai que morrera antes dele nascer seria o homem parado em sua frente?

– O que foi? Por que estão com essas caras? Parece que viram um fantasma. – Clay já estava ao lado de Lillian.

– Meu nome é Clay Griffin. – esperou que o outro o reconhecesse pelo nome.

– Quer dizer que você é... – a tensão tomou conta dos dois amigos. – meu parente?

– N-não, é uma coincidência! Temos que confirmar essa história. – Lillian sussurrou para o amigo a última frase. 

Os três saíram da escola. No portão do colégio, Clay murmurou algo sobre não estar se sentindo bem e se separou o mais rápido possível dos outros.

– Ei, Clay! Espera! – Ryan tentou impedi-lo.

– Deixe-o, acho que ele precisa de um tempo para entender essa história toda. Vai termina de explicar toda essa loucura, por favor.

A lua já iluminava o céu quando o garoto chegou a casa e começou a procurar desesperadamente por fotos de seus pais juntos. Recusava-se acreditar que aquele cara era seu pai. Procurou por horas até achar um álbum antigo de sua mãe.

Hesitou por um tempo antes de abri-lo. Queria pôr um fim em sua dúvida e, por isso, tomou coragem e começou a folhear o álbum.

Lá estava, quase na última página, uma foto do Ryan abraçado com a mãe de Clay na pequena escada que levava até a porta de sua casa.

 


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Notas finais do capítulo

Ta aí o segundo capítulo espero que tenham gostado. E só pra deixar claro... As capas dos guerreiros são escuras, não é como se fossem Power Rangers XDD Deixem reviews plz!
té a próxima