Reckless escrita por Moony, Bela Barbosa


Capítulo 9
Capítulo 9 - Lizzie




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Que janelinha mais apertada! eu pensava enquanto tomava ar depois da queda diretamente da janela do banheiro de Jason. Havia caído bem na rua dos fundos, que era um subúrbio totalmente desconhecido para mim. Me levantei e passei a mão no bumbum, que, tadinho, havia sofrido um bocado. Ajeitei a blusinha e a calça jeans, retirei a poeira dando algumas batidas e me recompus. Inclusive, usei o retrovisor de uma moto para arrumar o cabelo.

E por que exatamente eu havia feito isso? Afinal, eu queria transar com o Jason. Eu queria estar ali. Eu queria ele, queria tudo do jeito que estava acontecendo. Mas por que impedi isso de acontecer? 

O simples fato de ver a imagem de Daniel na minha cabeça foi capaz de mexer com minhas estruturas e me fazer repensar se aquilo realmente era certo. Ver aquele homem misterioso e de olhos intrigantes fez com que eu sentisse que aquela não era a hora, nem a pessoa e nem o lugar para a minha primeira vez.

Incrivelmente, eu estava com raiva do Daniel. Foi, então, por causa dele que perdi uma das melhores chances desde que cheguei em Southampton. Se eu pudesse, quebraria a cara dele. Tudo, tudo culpa daquele idiota!

Bufei e resolvi apressar os passos, eu não ficava nada bonita me encarando num espelho de moto depois de levar uma bela queda. Mas aí, como se eu já não tivesse problemas suficientes, percebi que não sabia necas sobre a região em que estava. Não conhecia as ruas, os bairros e nem sequer a cidade. Comecei a roer as unhas me culpando por não ter nenhum GPS instalado no celular, o que me dava um atestado não só de burra, mas também de perdida.

No instante em que olhei para o céu, esperando alguma resposta divina ou mesmo enxergar alguma constelação em plena luz do dia para me ajudar, o meu celular toca com um número desconhecido a chamar.

Atendi.

— Alô, quem é?

— Lizzie? Meu Deus, que bom que consegui falar com você! É a Claire, a bartender da faculdade, lembra?

Claire? Sim, claro que eu lembro. Ela que me ajudou a localizar o Ben. Mas... o que ela queria me ligando e, pior ainda, como tinha meu número?

— Eu lembro sim, Claire. Como conseguiu meu número?

— Liguei para o Ben e ele me passou.

Maldito Ben! Como assim sai distribuindo meu número de telefone pra cidade inteira?

— Escuta, você tá muito ocupada agora? Porque eu preciso de um favorzão...

— Pode dizer, eu tô livre.

— Eu preciso que você venha agora mesmo até o bar onde eu trabalho, e é uma emergência. Sabe o Daniel? O Woods? Que eu mesma mostrei pra você?

— Claro que sim. O que tem ele?

— Ele tá aqui no bar, começou a beber faz pouco mais de uma hora, mas, neste exato momento, ele tá muito bêbado e não para de falar seu nome. Ninguém sabe o que fazer com ele, dois caras acabaram de voltar da rua carregando ele nos braços pra ele não ser atropelado, tá todo mundo com medo dele fazer alguma besteira. Por favor, vem pra cá... ele não para de dizer "Lizzie... Lizzie Peters" e mais um monte de coisa sem sentido.

O QUÊ? Como assim o meu nome? O Daniel bêbado repetindo o meu nome? Isso não faz o menor sentido!

— Claire, eu... não sei nem o que dizer. Eu tô perdida numa rua aqui e não faço ideia de onde te encontrar. 

— Você não consegue nem olhar nas placas da esquina? Eu posso te guiar até aqui se souber a rua em que você está!

— Ótimo, eu tô no cruzamento entre... - Corri até a esquina para ter certeza de onde estava e informar a ela com precisão - a rua St. James e a avenida Churchill. É muito longe?

— Graças a Deus não! Segue na James por três quadras e depois vira à esquerda e caminha mais duas. Você vai ver uma loja de souvenir e bem na frente é o bar onde eu trabalho. Minha casa é do lado da loja, eu te dou a chave e você se vira lá até ele melhorar. Muito obrigada, Lizzie.

— Imagina, Claire. Já estou chegando.

Desliguei o celular e respirei bem fundo. Daniel é o ser humano mais odioso do planeta e também o que mais me dá trabalho. E, já que eu havia acabado de deixar um cara seminu incrivelmente lindo sozinho numa cama por causa desse tosco, eu ia atrás dele me resolver com ele quando estivesse sóbrio.

Dei o primeiro passo e segui exatamente o caminho que Claire me disse até enxergar o Beer Club Bar. Lá, eu vi uma das cenas mais esquisitas de todas: um homem baixinho com traços asiáticos dando uma mega bronca na moça loira, magra e alta, a Claire, ambos atrás do balcão, enquanto, do outro lado dele, três homens fortes tentavam conversar/segurar Daniel dentro do bar para que não fizesse nada de insano, já que este estava completamente bêbado, falando alto - sim, estava falando meu nome -, e querendo se jogar no chão feito uma criança mimada.

Entrei lá correndo e Claire me olhou como se eu fosse a super heroína favorita dela. Mas o meu olhar se ligou diretamente ao de Daniel. Eu, brava, e ele com aquela cara que os cachorros sempre fazem quando sabem que cometeram alguma infração, mas querem que tenhamos pena deles. Aquela carinha caía bem nele.

Como num passe de mágica, ao me ver, a versão bêbada de Daniel parou de ameaçar jogar-se ao chão e ficou de pé, com a postura correta, me encarando e fazendo como que todos o imitassem.

— Até que enfim você chegou! - Exclamou Claire, correndo até mim de avental e tudo.

Ela me enlaçou num abraço inesperado e desajeitado, suspirando de alívio assim que seu queixo encontrou meu ombro.

— Aqui, toma - Mexeu no bolso e retirou um molho de chaves da calça - Essa é a chave da minha casa, logo ali na frente, leva ele lá e faz o que for preciso, mas por favor, tenta não bagunçar porque eu madruguei pra deixar tudo limpinho ontem... 


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