Reckless escrita por Moony, Bela Barbosa


Capítulo 7
Capítulo 7 - Blecaute


Notas iniciais do capítulo

Galera, tô super decepcionada com vocês... claro que nenhum autor escreve pensando nas reviews que vai ganhar, né, mas poxa, no último capítulo, ganhamos 10 leitores! Dez de uma vez, gente... e nem os 10 novos ou os outros de antes comentaram nada... isso me deixou muito triste. Então, por favor, comentem... Me digam o que acham da história, como querem que seja o próximo capítulo, ideias, sugestões, críticas... por favor, conto com vocês ♥



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—Espera... Nós estamos jogando Noite dos Reversos, não estamos, garota? - Daniel perguntou ainda segurando meu braço.

Seus olhos que, antes eu podia jurar, eram barreiras intransponíveis, agora começavam a se abrir um pouco. Ou talvez fosse só um pouco de sono da minha parte. Mas enxerguei ali, naquele momento, que ele queria que eu ficasse, e isso fez com que eu quisesse ficar também, apesar de relutante.

— Está bem - Confirmei - Está valendo.

Quando ele finalmente soltou meu braço, eu os cruzei, um tanto curiosa. Talvez, eu finalmente estivesse conseguindo compreendê-lo, ler suas emoções. Isso me parecia interessante. Fiquei instigada a passar a noite ali. Daniel sorriu vitorioso, provavelmente por ter me convencido a tomar umas margaritas com ele.

Ele pôs no balcão uma garrafa de tequila, um balde de alumínio com várias pedras de gelo e uma jarra com suco de limão que tinha um cheiro delicioso. Se não estivéssemos jogando Noite dos Reversos, eu pediria um belo gole daquela limonada.

— Você realmente nunca bebeu nada antes? - Daniel quebrou o silêncio.

Ele realmente parecia saber o que fazia. Colocou um prato cheio de sal grosso e pôs duas taças em cima, ambas com a boca virada para o lado do sal. Franzi as sobrancelhas. Quem diria que uma bebida precisava até de sal pra ficar pronta! 

Me sentei num dos banquinhos vermelhos do balcão, bem de frente para ele, apoiando o queixo entre as mãos para poder observá-lo melhor. Balancei a cabeça negativamente.

— Acho que se tomei alguma coisa, foi uma cerveja, no máximo, na casa de alguns amigos do meu pai. Mas só isso mesmo. E há um bom tempo.

— Uau... Bom, eu não quero me gabar, mas você tem sorte. Seu primeiro drink vai ser provavelmente a melhor margarita do Reino Unido – Ele falou orgulhoso. 

— Hm, você se garante tanto assim, é? 

Daniel riu.

E pronto. Foi assim, como num passe de mágica, que eu percebi que não era tão difícil conviver com ele. Foi só falar em Noite dos Reversos para Daniel, que até a conversa ia fluindo naturalmente. E, curiosamente, eu estava gostando de conversar com ele. Talvez eu não estivesse sendo tão 'reversa' assim à minha típica personalidade... E eu torcia para que ele também não. 

— Você é tão fã de bebidas assim, é? Quer dizer, quando não tá vendendo... Suas paradas, tá bêbado por aí? - Ri com esse pensamento.

Ele me olhou de volta com uma sobrancelha arqueada, como se não tivesse gostado muito do que eu havia dito. 

— Sabe, garota, foi isso que eu gostei nesse seu jogo. Caso ele não estivesse valendo, eu provavelmente te expulsaria daqui agora mesmo - Daniel disse com um sorriso meio psicopata - Mas como estamos jogando, prefiro apenas dizer que sim, sou um grande fã de bebidas. Principalmente Whisky. Mas não tem graça em ficar bêbado, afinal, esses drinks são feitos para serem degustados, e qual a graça de tomar um porre se você não vai se lembrar do sabor de nenhuma das bebidas?

E assim que terminou de falar, o que fez enquanto chacoalhava com muita força uma garrafa com a tequila e a limonada, colocou uma taça cheia daquela batida pra mim, com um limão decorativo na borda e três pedras de gelo na mistura.

— Mas eu nunca bebi - Balbuciei. Estava, de fato, com medo de tomar aquilo e ficar bêbada enquanto estava sozinha com um cara. Não parecia certo - Como faço pra tomar uns goles e não ficar bêbada? - Indaguei. 

Era Noite dos Reversos, eu não poderia ficar sem beber totalmente. Então, iria beber e continuar sóbria.

— É bem fácil - Respondeu, sentando-se no banquinho à minha esquerda e ficando de frente para mim - Basta você ter uma lista de coisas em mente e dizê-las em voz alta a cada dose. Geralmente, eu falo os nomes dos presidentes americanos em ordem. Mas você pode escolher a colocação dos times no campeonato inglês ou o top 10 da Billboard - Completou, com um sorriso encantador nos lábios.

Incrivelmente, a voz dele até já me soava simpática à essa altura e eu sentia como se estivesse conhecendo Daniel naquela noite, e não naquela festa estranha da faculdade. Talvez, eu estivesse mesmo.

— O problema é que eu não tenho nada em mente. Nem a escalação de um time, nem nada. Pra dizer a verdade, não lembro nem o nome das ruas de Birmingham – Confessei frustrada, mexendo a bebida com o dedo mindinho.

— Você veio de Birmingham? – Daniel perguntou com uma expressão confusa.
Balancei a cabeça que sim.

— Nascida e criada.

Isso, Daniel. Continue falando de Birmingham a noite toda, e aí eu não preciso tomar nem um golinho dessa batida esquisita.

— Uau! Garota de cidade grande, então – Falou com deboche.

Eu, particularmente, não gostei de seu comentário. Birmingham é a segunda maior cidade da Inglaterra, tem um milhão de habitantes. Southampton tem mais ou menos 20% disso. Mas nem por isso eu era o estereótipo de uma garota da cidade grande. Nunca me lixei muito pra essas coisas. E eu até preferia morar num lugar tranqüilo como Southampton.

— Três palavras pra você, Daniel – Encarei seus olhos grandes e azulados com firmeza – Noite dos Reversos. Esse seu sarcasmo parece muito com o Daniel de todo dia.
Cruzei os braços e bufei. Ele sorriu como se minha tentativa de ser séria houvesse fracassado.

— Está bem, você venceu.

— Obrigada. E eu ainda não sei como vou fazer para não ficar bêbada – Bufei novamente e apoiei o queixo apenas em uma das mãos, desanimada. E eu realmente estava. 

— Bem... Você sabe tudo sobre você mesma, e eu sei tudo sobre mim. Por que não falamos algo pessoal a cada gole? - Sugeriu com um olhar desafiador.

Não vou negar, essa ideia era excitante e animadora. Gostei de me imaginar sabendo tudo sobre a vida do Daniel em uma noite. Para alguém tão misterioso, eu pude ver que era um certo esforço fazer aquilo, um verdadeiro "empurrão" dado pela Noite dos Reversos. Foi bom ver que ele havia caído de cabeça na brincadeira.

— Eu topo - Aceitei sem hesitar. Afinal, não é o que a Eliza normal faria.

— Então vamos dar o primeiro gole? - Perguntou erguendo sua taça.

Assenti com a cabeça e fiz o mesmo com a minha. Em dois segundos, levamos as taças a nossas respectivas bocas e tomamos um bom gole da margarita. Fechei os olhos para disfarçar o medo. 

E no início... Foi um gosto suave, um pouco ácido que senti, com um toque de limão. E, à medida que descia pela garganta, queimava, mas com um toque azedo dado pelo limão e um gosto exótico, que eu não sabia explicar, dado pelo álcool... Um sabor marcante.

Nós dois colocamos as taças de volta ao balcão no mesmo instante, mas Daniel foi o mais rápido a se pronunciar.

— Daniel Austin Woods, 25 anos - Ele falou em disparada, com olhos cerrados e a boca contorcida numa careta por causa da bebida.

Depois, Daniel tossiu um pouco e eu ri. RI porque havia feito a mesma careta que ele quando terminei o primeiro gole e também porque ele não tinha cara de 25. Mas saber disso o deixava um pouco mais sexy.

— Eliza Jean Peters, 17 anos e a mais nova fã de margarita - Completei com um sorriso.

E havia gostado mesmo. Apesar da ardência e do gosto forte, a bebida era realmente muito boa.

Os olhos de Daniel brilharam e ele bateu sua taça na minha enquanto um sorriso jazia em seus lábios.

— Obrigado. Pronta pra próxima?

Respondi que sim, animada, e antes que ele desse a partida, tomei mais um gole, dessa vez maior, da minha taça. Novamente, fiz uma careta ao terminar, mas de segunda, meu paladar já podia degustar com mais detalhes o sabor exótico daquele drink.

— 22 de setembro, Birmingham, Sally Dawson e Garry Peters.

Daniel riu com a minha iniciativa e tomou em seguida o seu segundo gole.

— 19 de dezembro, Southampton, Sidney Olsen e Joshua Woods. 

Mais um gole.

— Qual a primeira garota que você já beijou? 

— Meredith Grayson, sétima série.

Outro gole.

— Seu cabelo é natural ou é pintado?

— Claro que é natural! Eu nasci ruiva e vou morrer ruiva!

Mais um.

— Rolling Stones ou Beatles?

— Obviamente Beatles, garota! Quem você acha que eu sou?

E mais outro.

— Se pudesse ser qualquer outra pessoa no mundo, quem você seria?

— O Batman. Ou quem sabe um dragão. Eu adoro dragões, Daniel.

E mais uns 13 ou 14 goles depois, somados a algumas risadas exageradas provocadas pelo álcool, e eu já sabia que seu filme favorito era Clube da Luta, seu ídolo era o Nelson Mandela, que ele preferia cachorros a gatos, acreditava em vida fora da terra e que fazia faculdade de Química antes de vender drogas. Daniel era alguém fascinante. Tão fascinante a ponto de colecionar moedas que achava na rua em ordem cronológica (para completar a coleção, ele só precisava de uma moeda de 1987, uma de 1954 e outra de 1932). Agora, ele também conhecia alguns segredos meus como minha música preferida, que era Under Pressure, do Queen, sabia que o livro mais marcante da minha vida era o Morro dos Ventos Uivantes e que meu prato predileto era batata assada recheada com bacon e queijo, que eu tinha medo do escuro  e também que eu sempre quis visitar a Escócia, mas meu Pai nunca havia me levado lá. 

Estava tudo extremamente divertido. Eu arriscaria dizer que estava perfeito. A conversa boba, as perguntas confidenciais, as risadas sem razão nenhuma e a falta de vergonha causada pelo álcool. A noite estava caminhando super bem, até que eu decidi fazer uma pergunta que talvez jamais devesse ter feito a ele.

— Seus pais sabem com o que você trabalha?

Daniel, que estava com um largo sorriso estampado no rosto, assim como eu, o desfez imediatamente e redirecionou seu olhar para o chão. Ele passou alguns segundos em silêncio, sem sequer olhar pra mim. Mesmo sem estar completamente sóbria, eu podia dizer: ele não estava bem.

— Hey, o que houve? - Questionei segurando o braço dele que estava sobre o balcão.

Daniel olhou para mim e respirou fundo. Em seguida, ele levantou-se do banquinho e caminhou até o sofá, onde se jogou como se estivesse absolutamente cansado.

Eu podia tê-lo deixado desconfortável com a pergunta, mas ele não tinha o direito de dar as costas e me deixar falando sozinha. Fiquei chateada com seu silêncio e decidi que iria dormir, se ele continuasse assim.

— Já que não vai mais responder, eu vou me deitar. Boa noite, Daniel - Falei me levantando do banquinho e me sentindo péssima.

Não sei se estava pior por ter estragado a noite com aquela pergunta ou por querer que a noite continuasse do jeito que estava.

Quando toquei na maçaneta da porta do quarto, esperando desesperadamente que ele me chamasse de volta para a sala, tive minhas preces atendidas ao ouvir a voz rouca e forte de Daniel.

— Meus pais morreram num acidente de carro quando eu tinha a sua idade. 

Imediatamente fechei os olhos me amaldiçoando mentalmente por ter feito aquela pergunta à ele. Coitado.

Caminhei novamente até a sala e me sentei ao lado dele, com toda a calma e complacência do mundo. Ele estava com a cabeça jogada para trás, apoiada no encosto do sofá. Pude ver o canto do seu olho, levemente azulado, brilhar um pouco mais do que o normal.

— E o que aconteceu depois? - Indaguei.

— Você não vai querer saber - Respondeu de maneira ríspida.

— Na verdade, eu quero - Insisti.

— Eles morreram e não vão mais voltar. Isso é tudo o que você precisa saber sobre mim, apenas que eu sou um órfão miserável e traficante.

Daniel se levantou com brutalidade do sofá e jogou uma das almofadas no chão, já tomando a direção do quarto.

Segurei-o pelo pulso e gritei um "ei!" antes que ele fosse embora.

— O que foi? - Perguntou.

— Você tem duas opções, Daniel.

Tentei ser o mais branda possível. Pude ver o tanto que a tragédia com os seus pais o abalava. Por isso, me levantei e fiquei de frente para ele, segurando-o pelos pulsos.

— Nenhum de nós dois pode mudar o que aconteceu. E eu realmente sinto muito por isso. Você pode se irritar com isso e se privar da Noite dos Reversos super legal que estávamos tendo ou pode simplesmente voltar ao jogo e aceitar que seus pais não vão ficar magoados se você se divertir por uma noite.

Pela primeira vez, ele não desviou seu olhar de mim. Ficou me encarando por um bom tempo, processando o que eu tinha falado. Talvez eu tenha ficado tempo demais olhando para aquele erro catastrófico da natureza que ele era (afinal, ninguém tem o direito de nascer tão bonito) ou talvez eu só tivesse bebido demais da conta, mas podia jurar que os olhos dele eram mais azuis do que acinzentados, como eu sempre achei que fossem. 

— Você tem razão. Isso é o que eu faria, se estivesse numa noite comum. Mas hoje eu tenho que fazer tudo ao contrário.

— Exatamente - Sorri, feliz pela decisão dele.

Fala sério, eu não queria ir dormir agora! Ao menos não imaginando o quanto a noite ainda poderia ser proveitosa.

Corri até o balcão e enchi pela terceira ou quarta vez na noite nossas taças e levei-as até a sala.

— Uma dose de novo? - Perguntei.

Daniel balbuciou um "sim". Quando eu levava a taça até a boca, ele pôs um dedo entre os meus lábios e a borda de vidro. 

— Espera. Dessa vez, vamos virar tudo. Você aceita?

Ele me olhava como se tivesse certeza de que eu diria não. E nem Eliza normal ou mesmo a Eliza Reversa deixariam que aquilo fosse verdade.

— Aceito.

E então nós dois viramos. Viramos e eu me arrependi no mesmo segundo de ter enchido a taça até o topo. Aquilo parecia que não ia acabar nunca, mas era uma delícia. E quem disse que eu queria que acabasse? Adiei o máximo possível minha respiração e continuei tomando o drink maravilhoso até sentir que não havia mais nada no copo. Afastei a taça da boca e imediatamente comecei a respirar ofegante.

Quando eu acabei, Daniel já havia terminado, e ele me olhava rindo.

— Você não foi nada mal pra uma iniciante - Atestou.

— Bem... - Pausa pra fazer a careta pós-álcool e a tosse esquisita quando a garganta esta queimando - Obrigada, eu acho.

O moreno riu ainda mais e em seguida, pegou a minha taça e pôs junto à dele em cima da mesinha de centro.

— Algo em que você queria ser boa, mas é um fracasso? - Perguntou, fazendo-me perceber que ainda estávamos jogando.

Eu sorri. Aquela fora a pergunta mais inesperadas da noite, mas incrivelmente eu tinha a resposta na ponta da língua.

— Cantar. Eu canto no chuveiro, na rua, em todo lugar, mas eu sou péssima nisso! - Assumi rindo fora do normal, e escondendo o rosto com vergonha.

Daniel também ria um bocado.

— Qual é, todo mundo sabe cantar! Você não pode ser tão ruim...

— Ah, eu sou, acredite! - Confirmei com as mãos na cintura.

— Então canta - Daniel pediu, se sentando no sofá. 

— Não! Eu nunca cantaria na sua frente! - Repudiei de primeira, óbvio que aquela ideia era a mais ridícula que Daniel poderia ter dado a noite toda.

— Ué, essa é a noite dos reversos! Vai lá, garota, dá seu show! - Sorriu, abrindo os braços no sofá e esperando que eu cantasse.

E, por pior que fosse, Daniel estava certo. Eu tinha que cantar.

Respirei fundo. Eu detestava cantar na frente de alguém, porque mais parecia que eu estava tentando torturar essa pessoa. Fechei os olhos.

— Under pressure - Comecei com minha voz desafinada e sem tom nenhum - Pushing down on me, pushing down on you, no man ask for.

Abri os olhos e Daniel exibia um sorriso de orelha a orelha em seu rosto.

— Continue, você estava ótima! - Incentivou, rindo.

Bufei.

— Under pressure. That brings a building down, splits a family in two, puts people on the streets. E já deu, Daniel! - Exasperei, brava. Eu me sentia ridícula ao cantar.

— O quê? - Indagou em total descrédito, com uma expressão totalmente atônita - Você não pode parar na melhor parte! Agora era a parte do David Bowie.

(N/A: Juro que a cena já estava 100% pensada, gente. Não teve nada a ver com ele ter morrido nem algo assim, mas já aproveitando a menção ao Bowie, que Deus o tenha!)

Cruzei os braços feito uma criança mimada. 

— Eu só canto se você cantar - Grunhi entre os dentes.

Daniel riu.

— Eu não canto, eu dou um show, garota!

E assim que terminou de falar, ele colocou seus pés de meia em cima do sofá e ficou de pé sobre o mesmo. Eu nem acreditei no que estava vendo.

— Daniel, o que é isso? O que você tá fazendo? - Questionei com uma risada reprimida.

— Vem, vamos! Você vai cantar comigo! - Disse estendendo a mão para mim e me olhando com um sorriso.

Claramente, pela sua voz e gesto, ele estava alterado.

Feliz ou infelizmente, eu também estava.

Segurei sua mão e também me equilibrei sobre o sofá. Pus uma mecha de cabelo atrás da orelha, incrivelmente animada com o que estava por vir.

— Pronta?

Assenti com a cabeça que sim, com um sorriso que não podia contar e mordendo os lábios de excitação.
It’s the terror of knowing what the world is about — Daniel começou, me dando, pela primeira vez em 17 anos, a certeza de que havia um cantor pior do que eu no universo – Watching some good friends screaming let me out!

Ri freneticamente junto a Daniel, e agarrei um vaso que tinha em cima da mesinha de centro, fingindo que ele era um microfone para cantarmos a parte do Freddie Mercury.

Pray tomoooorrow – Cantamos juntos, balançando a cabeça como se estivéssemos num show – Gets me higheeeeeer!

E ficamos assim por mais uns bons e divertidos minutos, cantando Under Pressure com direito até às batidinhas de ritmo da música e os “Ee do ba be” ao longo da canção. Havia sido provavelmente a melhor experiência da minha vida cantar com alguém tão ruim quanto eu.

Quando a música acabou, nos entreolhamos e começamos a rir. Rimos tanto que caímos sem jeito algum por cima do outro no sofá, até que nos ajeitamos e continuamos rindo até doer a barriga. Daniel tinha uma gargalhada gostosa de se ouvir. Estávamos deitados no sofá branco extremamente apertado da sala dele, mas entre os risos e o nosso talento avesso para a música, isso era o que menos importava nesse momento.

— Eliza Peters, você é com toda certeza a pior cantora que eu já vi na vida! - Exclamou quando as risadas cessaram, com a cabeça levemente virada para o lado a fim de me olhar.

— E você é... 

Fui responder de imediato, até eu mesma me interromper por ter notado algo que considerava impossível de acontecer, até que aconteceu bem ali.

— Espera, você me chamou pelo meu nome! - Falei maravilhada, olhando para ele também.

Daniel, então, virou seu corpo colocando-se de bruços, o que lhe fazia ficar 100% virado para mim, e não apenas o rosto, como estava antes. Essa posição o deixava bem mais perto de mim. Perto até demais. Perigosamente perto.

— É Noite dos Reversos, garota - Ele balbuciou, com a voz mais rouca e mais sexy do que o normal, somada ao cheiro forte e delicioso das margaritas que batia no meu rosto e me fazia sentir feliz por estarmos lá, deitados um de frente para o outro.

Até que nós dois sorrimos. E nossos narizes se tocaram. E nossos rostos ficaram mais perto. E minha visão apagou completamente naquela noite, restando, na minha mente, apenas um blecaute a partir daquele momento.


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Notas finais do capítulo

Gente, não esqueçam de comentar, ok? Valeu!



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