A Escritora E O Personagem escrita por Moch Jelly Beans


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

"Agora quando ela diz que vai conseguir
Eu acho que ela preferia apenas esquecer
Me contendo para não ficar sentimental
Ela disse que não iria mas, apesar disso, ela foi
Como um cavalheiro que não é gentil
Este era o objetivo de uma aposta escrita a lápis?"
— Fluorescent Adolescent, Arctic Monkeys



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/442697/chapter/6

Sentada em frente ao computador novamente, lá estava ela.

Os dedos já estavam cansados de tanto apertar as teclas. O texto aumentava cada vez mais com uma agilidade incrível.

Esticou os braços e se espreguiçou. Colocou as mãos na cintura e girou a cintura para a direita, depois para a esquerda. Acabou de se alongar e foi vestir uma roupa.

Judy não gostava muito de usar blusas abertas, com a alça fina, mas o dia estava tão quente que ela derreteria se não vestisse uma.

O pior era que ela não possuía tal estilo de blusa.

Saiu de seu quarto e caminhou lentamente e ainda um pouco sonolenta até o final do corredor. Bateu na porta branca e esperou alguns segundos.

O homem alto e musculosos ao qual sua mãe insistia com que ela chamasse de pai abriu a porta. Sem camisa, vestido apenas com uma calça de moletom verde musgo, ele sorriu docemente ao ver a garota ali parada em frente á ele.

“Bom dia, Judy”, falou bagunçando os cabelos dela. Ele deu uma risada tímida, então saiu da frente dela. “Sua mãe esta tomando banho”, explicou-lhe.

Judy entrou no quarto grande dos dois tentando não encostar um fio de cabelo sequer naquele homem. Sentou-se na cama e cruzou os braços em frente ao corpo.

Ele se sentou ao lado dela, um pouco mais atrás no colchão, e dobrou as pernas.

“Então, como foi seu primeiro dia na escola?”, perguntou-a tentando ser simpático.

Judy o fitou com uma das sobrancelhas levantadas. Ficou o encarando por um tempo, como se estivesse tentando acreditar no que ele falara.

“Normal, considerando que ele foi há semanas atrás”, respondeu dando de ombros, mas ainda desconfiada.

Ele continuava a sorrir, e Judy continuou a julgá-lo com o olhar, ainda com uma sobrancelha arqueada.

A mãe abriu a porta do banheiro, deixando o vapor sair.

“Hey Jude!”, cantou rindo.

Judy revirou os olhos e levantou-se da cama.

“Preciso de uma blusa sua emprestada. Está calor”, pediu.

A mãe assentiu e caminhou até seu armário. Abriu uma das gavetas e puxou de lá uma blusa de alças com estampa de galáxias. Judy fez uma careta e mostrou a língua.

“Não tem outra?”, perguntou.

A mãe revirou os olhos e começou a empurrá-la para fora do quarto.

“Comprei essa blusa para você, já imaginando que o calor a faria mudar suas roupas. Agora vai, senão vai chegar tarde na escola”, falou. Assim que chegou ao batente da porta a fechou na cara da garota.

Judy resmungou alguns palavrões, bem baixinho, e tirou a blusa ali no corredor. Colocou a outra e jogou a do pijama dentro do quarto.

Dirigiu-se á sala e lá calçou um chinelo preto.

A cidade de Judy estava, literalmente, localizada num buraco. Por isso nenhum vento a alcançava, o que resultava em um local muito quente. Raramente chovia e, quando isto acontecia, era um temporal dos infernos. Ninguém saía de suas casas; o céu parecia desabar.

Judy olhou para cima. O céu estava tão azul quanto a água da piscina do prédio vizinho. A piscina de seu prédio nunca era limpa; o zelador vivia reclamando da falta de cloro, por isso ninguém nadava naquela bacia com água verde dentro.

Ela suspirou tristemente e começou a caminhar até sua escola.

Já havia se passado um bom tempo desde que Judy começara a passar seu intervalo com Alice e Murilo. Os três estavam virando como os Três Mosqueteiros. Eram inseparáveis na escola.

Claro que, fora dela, cada um deles tinham suas próprias vidas. Mas dentro da instituição de ensino ficavam juntos toda hora.

Judy e Alice eram um ano mais velhas que Murilo, por isso eles estudavam em classes diferentes.

Chegou ao portão branco de seu colégio e deu bom dia para o homem que ficava na portaria. Entrou e passou a digital na catraca.

A escola de Judy era rígida; era necessário passar seu dedo em uma máquina para provar que você esteve na sala de aula naquela manhã. Caso contrário, eles ligariam para seus pais ao final do dia avisando sobre o ocorrido.

Judy chegou á sua respectiva classe um pouco cansada, devido ao clima quente. Estava tão calor que ela se sentia como um boneco de cera, derretendo mais e mais á cada minuto.

Sentou-se em sua cadeira de costume e logo avistou Alice chegar. Esta veio correndo até Judy e acenou com a mão.

“Oie”, cumprimentou-a.

Judy apenas elevou o queixo, como se falasse “E aí?”.

Alice ficou tagarelando sobre coisas que Judy não entendera até que a professora chegou e mandou todos sentarem. A aula começou e as duas se concentraram apenas em prestar atenção na matéria que a professora explicava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Escritora E O Personagem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.