A Escritora E O Personagem escrita por Moch Jelly Beans


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

"Ando só
Pois só eu sei
Pra onde ir
Por onde andei
Ando só
Nem sei por que
Não me pergunte
O que eu não sei"
— Ando Só, Engenheiros do Hawaii



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Judy voltou para sua casa feliz.

Estava contente por ter realizado a proeza de falar com pessoas de sua idade. Estava mais contente ainda porque uma dessas pessoas era do sexo oposto, e Judy nunca conseguira pronunciar uma sequer palavra quando estava perto de um garoto.

Mas os outros garotos geralmente falavam sobre futebol e garotas bonitas, não sobre bandas de rock antigo e coleções de discos de vinis.

Alice também era uma garota bem interessante. Ela dissera para Judy que tinha uma amiga, chamada Anne, mas a tal faltou. Alice também pediu permissão á Judy para poder passar o intervalo com ela a partir de agora.

Judy não precisou pensar duas vezes; aceitou na hora em que ela fez a proposta.

Abriu a porta de sua casa bem vagarosamente, tentando não fazer barulho. Geralmente quando chega, sua mãe se encontra deitada na cama dela, dormindo.

Sempre cochila depois do almoço.

Seu pai não gosta muito de dormir depois do almoço, então prefere ficar no trabalho.

O pai de Judy não é seu pai de verdade; ele é só seu padrasto. O verdadeiro pai dela a visita muito pouco e ás vezes aparece em sua escola para levá-la para almoçar com ele. Ela não gosta dele devido a várias vezes em que o homem invadiu sua privacidade e leu suas histórias.

Judy não gosta que ninguém faça isso. Seus textos são algo dela, algo que apenas a própria pode ler. Vez ou outra ela posta alguns na internet, mas apenas os que ficaram melhores a seu ver.

Ela o acha insuportável algumas vezes.

Judy fechou a porta de sua casa e a trancou com o maior cuidado que conseguiu ter.

Foi dando passos leves até seu quarto e, quando entrou nele, jogou-se na cama. Nele ela podia fazer barulho, já que as paredes eram revestidas de isopor, espuma e camurça azul clara por cima. Seu quarto era como um estúdio de música: qualquer barulho que fosse feito lá dentro, ficaria lá dentro.

Deitada em sua cama, com os cabelos esparramados, ficou pensando na personalidade de cada um de seus mais novos amigos.

Murilo era um garoto descontraído. Disse a ela que faz parte dos escoteiros de sua cidade há anos e adora fazer atividades ao ar livre. Adora bandas de rock antigo e “bagulhos”. Ele chama de “bagulhos” todas as suas coisas mais estranhas e legais ao mesmo tempo.

Judy parou para refletir e percebeu que também guardava bagulhos.

Já Alice era mais delicada. Tentava ser meiga, mas sua personalidade forte distorcia um pouco o que ela tentava passar. Pelo que pode perceber, ela é uma garota muito vaidosa; adora qualquer tipo de maquiagem e usa roupas extravagantes.

O rosto de Judy se iluminou. Ela levantou-se correndo de seu colchão e correu até o computador. Deixou todo o peso do corpo sobrecair sob a cadeira e começou a digitar mais rápido que um hacker.

“É simplesmente perfeito!”, murmurou para si mesma.

Escreveu até não conseguir mais. Escreveu até seu cérebro começar a se queixar, então voltou a se deitar.

Olhou no relógio, e ainda eram quatro horas da tarde.

Judy precisava dormir. A noite não era uma criança, e sim um bebê recém-nascido para ela.


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