Pensamentos Diferentes escrita por Apenas Eu, Amendoboba


Capítulo 1
Luto




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POV Amanda

Lá estava eu mais uma vez lembrando dela... desde que ela se foi... desde que ela se foi eu passo dia e noite lembrando dela... ah como eu queria que ela estivesse aqui...

Sinto que com ela eu seria forte, eu conseguiria acabar com essa merda toda, mas sem ela o que restou de mim? Sinto que ela era minha horcrux e agora que ela se foi uma e parte de minha alma foi com ela, ela nunca mais voltará, sim eu ainda tento me convencer disso, talvez algum dia eu consiga, talvez... Mas o dia de hoje esta sendo especialmente doloroso, doloroso saber que não passarei com ela, doloroso saber que... ela não esta mais aqui, ela se foi, se foi de uma vez e não voltará mais, ela foi tirada de mim sem minha permissão e eu fiquei aqui sem ela... sozinha, novamente.

Ainda me lembro da nossa ultima tarde juntas...

Mas agora ela se foi e terei que superar, ela nunca voltara, não é? Nunca, terei que superar, mas quem disse que é fácil? Quem disse que é de um dia para o outro?

Desde que ela morreu eu moro com meus tios de parte de mãe, eles são legais, são uns dez anos mais velhos que eu apenas, meu tio Jorge se casou com Rebeca a apenas um ano e cá estou eu atrasando a vida deles, nem filhos eles não tem... mas são sempre muito ocupados, estão sempre trabalhando nunca ficam em casa.

Eles andam preocupados comigo, mas não é pra menos parei de comer a algumas semanas sobrevivo apenas de café e chá nem sei como estou viva, acho que a dor da perda não me deixa morrer, parei de ir na escola... agora vivo apenas para a dor de perder-te mamãe.

A alguns dias eu tive que ir no psicólogo, foi catastrófico, me tornei assim desde que ela morreu, mas na verdade eu quero ajuda só na sei como aceita-la, por favor insista, por favor não desista de mim, insista só mais um pouquinho que e cedo, que eu vou deixa-lo me ajudar, por favor tio não desista de mim.

Ainda me lembro do que disse ao psicólogo "Você não sabe como é não é mesmo? Fica falando como se entendesse do assunto, mas sua vida é perfeita não é? " ele ficou sem resposta, sim esse bando de hipócritas acham que me entendem, não eles não me entendem!

–Vamos Amanda, esta na hora- diz minha tia docemente para mim. Esta na hora, sim esta na hora de sofrer mais um pouco.

Esta na hora de ir ao cemitério visitar o túmulo de minha mãe

POV Katherine

Estou no meu quarto deitada na minha cama olhando para o teto, como se ele fosse importante. Desde que ela se foi moro com meus avós, não é ruim. Eles estão sempre fazendo de tudo para me alegrar e muitas vezes conseguem apenas sorrindo, mas acaba logo, pois lembro que esse sorriso é o mesmo que o dela.

Vai fazer um ano que ela já se foi e eu continuo aqui... deitada nessa cama. Decido que vou a cemitério, vê-la mais uma vez. É a única coisa que eu tenho feito, vou andando já que é perto.

Ao chegar em seu túmulo para em frente e o observo.

Estava e pé, de frente para o túmulo da minha mãe, sozinha naquele cemitério. Bem, era o que eu achava, quando olha para o lado encontro uma garota que parecia ter a mesma idade que eu, ela estava com um maço de rosas branca nas mãos, ela a joga encima do túmulo e olha para o lado, percebendo que eu a observava. Então ela me pergunta:

–Foi um parente?-olhando para o nada como se estivesse repassando lembranças de uma pessoa que já se foi. Eu também me sentia assim.

–Minha mãe-respondo enquanto volto meu olhar para o túmulo, com certeza não queria ver compaixão nos olhos dela.

–A minha também-responde agora me olhando, me surpreendo. Sinto que finalmente encontrei alguém que entenda como estou me sentindo. Ficamos lá paradas, apenas olhando os túmulos de nossas mães.

Narrador em 3° Pessoa

Amanda e Katherine ficaram em silencio, recordações... recordações de tudo que viveram com suas mães voltam-lhe a cabeça como um balde de água fria, as duas controlavam-se para não chorar, chorar a perda da mãe, chorar a solidão, chorar o fato de ter sido a mãe a morrer e não elas...

–A morte foi criada para ser superada, mas aquele que sofre dela nasceu para nunca mais ser esquecido por quem se ama*- pensou Katherine em voz alta.

–Ouvi uma vez que são os pequenos detalhes que mais deixam falta, aquela pessoa não podia estar mais certa. Sinto falta de quando toda a noite, ela ia ao meu quarto e me dava um beijo de boa noite, ou quando toda manhã ao acordar ela me falava “bom dia flor do dia”, ou até de quando no final de semana deitávamos no sofá da sala e passávamos a tarde inteira assistindo filmes. Você sentir falta de tudo isso, são pequenas coisas que não faziam diferença, mas agora faria de tudo por elas- disse Amanda.

Uma olhou para a outra e deram sorrisos fracos.

–Há quanto tempo ela se foi?- pergunta Amanda olhando o tumulo da mãe de Katherine.

–Um ano... e a sua?- Katherine fazia de tudo para controlar sua voz de choro.

–Dois meses. Qual seu nome?

–Katherine e o seu?

–Amanda.

Elas ficaram em silencio novamente submersas em lembranças de um passado que infelizmente não voltaria mais.

Amanda olha para Katherine e pensa, ela também perdeu a mãe... ela deve saber como me sinto.

–Sabe Katherine, as vezes eu só queria ela lá... ao meu lado, só queria ela por perto.

–Eu sei Amanda, eu sei- dizia Katherine com o olhar fixo no túmulo da mãe, mas seus pensamentos estavam em suas últimas lembranças felizes com sua mãe.

–Você que perdeu sua mãe já faz um ano, diga-me, por favor, diga-me isso passa? –implorava Amanda com os olhos transbordando d’água.

–Não, não passa, mas com o tempo a dor fica menor, com o tempo a dor fica suportável.

Elas ficaram mais um tempo em silencio, como haviam ficado tão próximas em apenas minutos? Pensavam as duas, mas as duas sabem a resposta, a dor uniu as duas...

–Bom, já vou indo- diz Katherine que se abaixou perto do tumulo de sua mãe como se ela pudesse ouvi-la.

–Mãe... Já faz um tempo que você morreu, mas ainda continuo com aquela dor no peito que senti no momento em que me falaram que você não estava mais entre nós. Mas resolvi tomar uma atitude, sei que seja onde estiver você não me iria querer chorando. Você sempre me dizia que eu tinha o sorriso mais lindo do mundo mãe. Então decidi que por você, eu irei sorrir, sei que você sempre estará comigo, não fisicamente, mas vai olhar os meus passos e não me deixará cair. Por isso mãe, vou continuar a minha vida, não vou me afundar nessa dor que eu sinto sempre que vejo uma foto sua. Aprendi da maneira mais difícil que você nunca sai do luto, por isso, que em vez de chorar quando eu ver uma foto sua eu vou sorrir, pois você mãe, foi a pessoa que mais me trouxe alegria. Quando eu ver uma foto sua vou esquecer que você já morreu, e ficarei apenas com as ótimas lembranças que você me deixou, como o sorriso que você me deixou de herança- sussurrou Katherine para sua mãe.

Amanda vendo o gesto tão bonito de sua mais nova amiga deixa uma lágrima escapar, mas logo a limpa para ninguém vê-la chorando.

–Talvez algum dia eu ainda a encontre, isso me conforta, as vezes quando penso nela... ainda sinto seu cheiro pela casa, sim algum dia ainda vou encontra-la. Quando penso em minha mãe sempre procuro pensar nos momentos bons e que ela foi feliz quando era viva, lembro-me de todas as sua manias... aquelas manias chatas sabe? Aquelas manias bem de mãe mesmo...lembro-me de todas as tardes juntas... das brincadeiras... quando precisei foi ela quem esteve comigo, pode parecer-te meio clichê mas foi eterno enquanto durou- disse Amanda.

–Sim, com elas tudo foi eterno em quanto durou- disse Katherine se levantando.

Amanda pegou uma de suas rosas brancas e colocou no túmulo da mãe de Katherine.

–Descanse em paz- disse ela.

–Finais não são sempre definitivos, na verdade eles são bem relativos, quer dizer, uma coisa só tem fim quando realmente acaba, quando conseguimos esquecer, quando não nos lembraremos, quando não irá fazer falta, o que eu quero dizer é que esse não foi o seu fim mãe- disse Katherine a sua mãe.

–O tempo é tudo que me restou de você... Lembranças do nosso passado, perdidos no nosso tempo- disse Amanda a sua mãe.

–Não veja isso como um adeus Amanda, veja isso como um até logo- disse Katherine.

–Mas ela se foi...

–Mas um dia você vai reencontra-la.

Amanda dá um sorriso fraco para Katherine

Katherine vai indo embora até que Amanda diz:

–Foi bom conhecer-te.

Katherine ri do jeito da amiga falar, em dias meses talvez, esse foi seu primeiro sorriso de verdade.

–Também foi bom te conhecer- diz Katherine- a gente se vê por ai.

Amanda dá um sorriso.


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Notas finais do capítulo

* Essa frase foi tirada da fanfic Brath Of Life da Ice Moon