Passei o final de semana no meu quarto, saia para ir comer e ir ao banheiro, desliguei meu celular e me concentrei no meu desempenho escolar. A única coisa que sobrou foram os estudos e eu também não esqueci que fui desafiada pelo Yamashita, não pretendo deixa-lo vencer mesmo que seja nas notas. Cheguei à sala e me dirigi ao meu lugar, logo o cara da cantina se sentou na minha frente, apoiou seu antebraço em minha carteira e me encarou. Iria perguntar o que estava fazendo, mas ele foi mais rápido e começou o dialogo.

– Aquele cara era seu namorado?

Essa pergunta requer um pouco de reflexão. Não quero que saiba que terminamos porque não quero ficar amiga de alguém como ele, mas se eu não explicar a situação ele pode entender erado e achar que sou fácil. Já tenho uma resposta.

– Não – Rápida e direta.

– E você costuma fazer aquele tipo de coisa com um cara que não é seu namorado? – ele falou isso como um sussurro.

– “Aquele tipo de coisa”?- Perguntei usando o mesmo tom.

Ele desviou o olhar para a janela, mas ainda conseguia ver que estava com suas bochechas rubras. Não esperava que eu perguntasse isso.

– Você sabe. Estavam falando sobre isso no portão quando... – Ele olhou para baixo suspirou, diminuiu sua vermelhidão em alguns traços de vermelho e voltou a me encarar seriamente. Ele estava falando sobre sexo? Isso parece um assunto depravado para se falar com uma garota que não se conhece direito.

– Não aconteceu nada disso entre nós. Ele é um amigo e aquilo é um tipo de brincadeira nossa.

– Isso é verdade? – Um ar de surpresa e alegria preencheu seu rosto.

– Não tenho por que mentir.

– Então eu tenho algo a lhe perguntar. Gostaria de saber se não quer sair comigo?

– Desculpe, sou proibida de sair com garotos que meu pai não aprova.

– Sério? Então acho que devo ir conhecê-lo!

– Boa sorte em encontra-lo, pois no momento está viajando e não tem data de volta.

Yamazaki abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo barulho do sinal e do professor entrando em sala. Parece que me livrei dele por enquanto, mesmo que tenha sido com uma mentira, foi para o meu bem estar mental, porque quem em sã consciência iria querer sair com uma pessoa tão metida, arrogante e linda como ele? Algumas garotas burras, pois acham isso demais e devem adorar ser o centro das atenções, ao contrario de mim.

A aula ocorreu normalmente, na hora do almoço fiquei com Ume no telhado.

– Vou começar hoje no clube, então, não me espere para ir embora.

– Tudo bem.

– Não tem nada para me contar? – Pensei por alguns segundos e meneei a cabeça negativamente – Sobre seu encontro de ontem?

– Nada de mais, nós terminamos.

– O que?! Como assim terminaram?! Vocês eram o casal mais perfeito que eu conhecia! – Eu sou a única amiga dela que tinha um namorado, então isso não é uma grande coisa.

– Coisas assim acontecem o tempo todo. Não é o fim do mundo. – Olhei para ela que já estava com lagrimas nos olhos – Porque está chorando?

– N-Não estou chorando! Está ventando muito e entrou um cisco no meu olho!

– Você não consegue esconder nada, conta logo.

Ela desviou seu olhar para o chão e ficou com a expressão triste, deu um longo suspiro antes de falar.

– Ontem eu fui sozinha até o café, realmente estava decidida a me declarar e foi o que fiz. – Ela me olhou nos olhos, seus olhos transbordavam mares de tristeza e eu entendi naquela hora que ela havia fracassado, mas para não restar duvidas ela mesmo confirmou – Eu fui rejeitada.

Ume chorou feito uma criança que perde o seu brinquedo favorito. Naquele momento eu não pude dizer nada, mesmo tendo o meu coração partido inúmeras vezes, mesmo sabendo como ela se sente, nenhuma simples palavra saiu de meus lábios. Tudo o que eu pude fazer foi abraça-la forte, como se isso fosse protegê-la de tudo e de todos.

Ela se recompôs assim que o sinal tocou e fomos de volta para nossas salas. As aulas eram lentas e entediantes, não conseguia e não queria me concentrar nos estudos, não naquele momento. Meu coração doía só de pensar que da próxima vez que o Youta aparecesse no colégio ele poderia estar acompanhado de uma garota. Não é ciúmes a palavra certa, mas medo. Medo de ser deixada de lado como sempre fui, medo de não sermos mais tão amigos quanto antes, medo de ficar totalmente sozinha e fazer alguma besteira. Novamente.