Não julgue um livro pela capa escrita por Annie


Capítulo 4
Não é como se importasse


Notas iniciais do capítulo

A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo.
Soseki Natsume



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Apesar de todo o meu discurso no começo, eu tenho alguém que me ama e que eu permito que me ame. Mas não se enganem. O tipo de amor é de irmão, e as mãos dadas é uma forma de dizer “ela tem namorado não se aproximem” e foi ele quem inventou isso.

– Deveríamos passar na sua casa antes para poder se trocar? – Perguntou ele parando alguns passos do portão da escola, somos muito lentos, onde ainda vários olhares se dirigiam a nós.

– Não acho necessário, porque quero aproveitar cada minuto ao seu lado.

– Então nesse caso poderia dormir na sua casa, o que acha?

– Seu lugar na cama ainda está lá.

– Não vamos nem chegar à cama. – Ele disse me colocando contra o muro e passando a mão em meus cabelos.

Acho que já colocamos ciúmes bastantes nelas, vamos. – Disse em um sussurro, depois de olhar para as garotas ao nosso redor que estavam totalmente vermelhas, até alguns garotos. Em um movimento rápido ele se virou normalmente, como se nada tivesse acontecido, eu fiz o mesmo, pegou minha mão e prosseguimos o caminho até o parque a pé. Isso que acabou de ocorrer é uma típica cena que inventamos quando queremos nos divertir com as pessoas ao nosso redor, o repertorio nunca é o mesmo hoje, por exemplo, estava mais pervertido, outros dias esta fofo e assim vai. Temos uma sintonia impressionante, sempre sabemos quando um de nos quer começar uma cena e as falas são todas de improviso, somos ótimos atores.

– Isso foi hilário! Vou começar a vir mais vezes ao seu colégio, às pessoas dele são demais.

– Realmente tem um mais engraçado que outro.

– Eu não vi aquela sua amiga que agora não lembro o nome.

– Ume, ela disse que queria nos deixar a sós, mas haverá outras oportunidades para vocês se falarem.

– Já recebeu alguma confissão?

– Por que deveria? Sou completamente normal, sem nenhum atrativo a mais ou qualquer coisa assim, por isso passo despercebida.

– Acha que consegue ficar assim pelos próximos anos?

– Sem problemas, que amigo deu os ingressos? Acha que eu deveria agradecê-lo?

Continuamos conversando ate chegarmos ao parque de diversões era tão cheio de luzes e de barulho. Parecia maravilhoso.

– Vamos à casa de terror! Depois na montanha russa! E depois vamos há roda gigante! Gostou da programação? Não achou romântica?

– Claro, mas vamos comer depois? Estou com fome.

– Esqueci-me dessa parte, mas é claro que vamos.

Fizemos as duas primeiras partes do cronograma e decidimos comer antes de ir à roda gigante. Sentei-me em um banco enquanto Youta foi buscar alguma coisa, não demorou e voltou com algodão doce, cachorros-quentes, refrigerantes e doces.

– Já te disse que eu gosto muito de comida de parque?

– Desde que tinha seis anos você me diz isso. – disse pegando um cachorro-quente e um refrigerante, enquanto ele se sentava ao meu lado.

– Não me canso de dizer é a melhor que tem. Você também acha isso, certo? É claro que acha!

Ele estava realmente empolgado com o parque, é tão agradável vê-lo parecendo uma criança que vem com os pais e quer fazer de tudo, mas nós nos controlamos, até porque ele tem hora para estar em casa. Terminamos de comer e fomos á roda gigante. Tínhamos, com toda a certeza, a vista mais bela da cidade, era o melhor ângulo para se ver as coisas. Ficamos alguns minutos em silencio somente observando o lugar onde habitávamos, e provavelmente habitaríamos pelo resto de nossas vidas.

– Akane. – Ele me chamou, mas agora estava com uma expressão seria. – Eu preciso te contar uma coisa. Você ainda se lembra do nosso trato de falsos namorados para despistar pessoas indesejáveis?

– Seremos namorados de mentira somente com propósitos de disfarce e não seremos mais quando algum de nós quiser entrar em um relacionamento com outra pessoa.

– Eu acho que... – Ele parecia hesitante em me contar. – Eu acho que não posso mais ser seu namorado falso, porque eu me apaixonei por uma garota da minha faculdade. – Ele falou isso tão rápido e quando processei a frase, senti como se tivesse me feito de mira e atirado flechas, se tivesse o direito de escolha preferiria que fossem direto na cabeça para ter uma morte instantânea.

– Se é isso o que você quer. – Dei de ombros. - Mas tem uma condição. Quando vocês estiverem namorando vai ter que me apresenta-la.

– Sem problemas! Obrigado por ser tão compreensível! – Ele me deu um abraço forte como se fosse uma maneira de dizer “Você nunca vai estar sozinha”, mas disso já não tinha tanta certeza.

Youta me levou para casa, continuamos a conversar naturalmente depois do rompimento afinal ainda éramos melhores amigos e tudo o que quero, vocês acreditando ou não, é o melhor para ele, esse negocio de estar apaixonado nunca aconteceu antes então acho que a única coisa que poderei fazer é torcer para a garota gostar dele também, na hora foi um choque, mas nos nunca fizemos coisas de casais mesmo, nem sentiria falta disso. Paramos na minha casa e entramos.

– Sua mãe já não era pra estar em casa?

– Não, ela esta viajando, aceitou ser voluntaria em uma instituição de caridade.

– E o seu pai? Está viajando novamente? – Ele se sentou na bancada da cozinha enquanto eu peguei o suco da geladeira e estava servindo em dois copos.

– Sim, por tempo indefinido.

– Eles devem se amar muito pra conseguirem ficar tanto tempo sem se verem.

– Eles não se amam. Estão separados.

– O que?! Como assim separados? Tipo judicialmente?

– Sim.

– E você não se importa? Apesar de tudo eles são seus pais, não acha que eles deveriam continuar juntos?

– Para que me importar, no final eu vou acabar sozinha de qualquer jeito. – Dei de ombros.

– Sabe, é isso que eu admiro em você. – Olhei para ele confusa e o mesmo não demorou em continuar – Sua frieza com assuntos importantes, mas eu me preocupo com o que está acontecendo dentro de você.

– A mesma coisa que por fora. Você não tem que estar em casa em 20min? – Disse apontando para o relógio pendurado atrás dele.

– Droga! Eu já vou indo. – Ele disse dando um pulo e correndo ate a porta. – Obrigado pela companhia hoje, nos vemos por ai! – Eu o segui ate a porta, depois de terminar de gritar viu que eu estava ao seu lado, ele abriu um sorriso e foi embora.

Eu estava sozinha novamente.


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Notas finais do capítulo

Não sei se conseguirei postar outro capítulo antes de ir viajar, mas tentarei u.u Caso contrário somente no ano que vem, mas viram muitos capítulos de uma só vez.



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