Lily Evans

- A gente tem mesmo que fazer isso? – bufei enquanto Lene me puxava pelo braço procurando o vagão.

- Lily, - ela parou e me encarou. – olha, eu não gosto dessa ideia tanto quanto você, não por ter que sentar perto do James, e sim por ter que sentar perto do Black. Mas Dorcas finalmente começou a namorar Remo, e nós temos que apoiar nossa amiga.

Mas meu caso era diferente. As brigas da Lene e do Sirius, era apenas amor reprimido. Mas eu e o Potter... era puro ódio. Pelo menos da minha parte. Digo isso porque, caso você não saiba, James Potter me convida para sair desde o quinto ano. É, faz DOIS anos que ele me chama para sair. No início eu até me irritava, só que pensava que ele logo ia desistir. Mas, infelizmente, isso não aconteceu, e eu sou obrigada a aguentá-lo até hoje. Eu ainda não entendo o interesse dele por mim, afinal, metade das meninas de Hogwarts beijariam os pés dele apenas se ele pedisse.

Revirei os olhos. O que eu não faço por uma amiga.

Quando Lene finalmente achou o vagão, nós entramos e lá estavam apenas Dorcas, Remo e Sirius. Nem sinal no Potter, graças à Deus.

- Dorcas! – nós exclamamos juntas, fazendo ela se desvencilhar de Remo e vir nos dar um abraço.

- Quase fiquei com saudades de vocês. – ela estava sorrindo um sorriso maior que o normal, e acho que o motivo começava com Re e terminava com Mo.

- Oi, Remo! Oi, Pedro! – Lene o cumprimentou com um aceno. Quando virou para o lado, sua face adquiriu uma expressão fria. – Black.

- McKinnon. – Sirius disse, esbanjando sarcasmo. – Que surpresa agradável você no mesmo vagão que eu.

Ela limitou-se a revirar os olhos e se sentou ao lado de Dorcas, que estava sentada ao lado de Remo (óbvio). Eu resolvi me sentar no assento da frente, ao lado de Sirius.

A porta se abriu novamente. Sabe quando eu disse que o Potter não estava no vagão?

Pois é, falei cedo demais.

- Lírio! – ele sorriu, sentando-se ao meu lado. Era só o que me faltava. – Que bom ver você por aqui!

- Potter. – resmunguei.

- Como foram suas férias? – perguntou, abrindo ainda mais seu sorriso, se é que isso era possível.

- Não é da sua conta.

- Poxa Lils, estava com saudades, o que custa você me responder direito?

- O que custa você para de encher meu saco? – disse irritada. – E é Evas pra você, Potter.

- Eu paro de “encher seu saco” – ele se aproximou mais. – se você aceitar sair comigo.

- Pra quê? – perguntei seca. – Pra você usar camisas manchadas de batom que nem a que está usando agora?

Ele olhou um pouco surpreso para a camisa como se só tivesse notado aquela mancha ali agora. Segundos depois olhou novamente para mim e, quando achei que ele iria falar algo decente, ele abriu outro sorriso e perguntou:

- Ciúmes, minha ruiva? Você sabe que só tenho olhos para você.

- É, acredito.

- Ah, qual é Lils...

- É Evans, Potter!

- Não, não! – ele disse divertido. – Evans Potter vai ficar só depois do nosso casamento.

- ARGH, desisto de tentar conversar com você! – gritei irritada. Céus, que menino impertinente!

Algum tempo depois Lene me chamou para trocarmos de roupa e vestirmos nosso uniforme, e Dorcas aproveitou e foi com a gente.

(...)

James Potter

Já estávamos sentados na mesa da Grifinória, e Dumbledore terminava o seu usual discurso de começo de ano letivo.

- ...E eu sei que vocês estão morrendo de fome. – ele sorriu de forma amigável como sempre fazia. – Portanto, podem comer!

Todos comemoraram e partiram pra cima da comida. Só agora tinha percebido que estava com meu estômago totalmente vazio. Olhei para o lado enquanto mastigava minha comida e Sirius engolia sua janta desesperadamente.

- Pare de comer como um animal. – Marlene revirou os olhos.

- Bem, eu sou um cachorro. – ele lançou a ela um sorriso irônico.

Eu ri.

- Tem que ser um cachorro mesmo – falei – para se pegar com a Chelsea White dentro do banheiro do expresso de Hogwarts.

Sirius olhou para mim incrédulo, mas ainda assim rindo, entregando a si mesmo,

- Como você... Como você sabia?

Mas antes que eu pudesse responder, nós ouvimos um barulho e olhamos imediatamente para frente. Marlene havia enfiado com toda a força seu garfo um seu pedaço de frango e agora saía do Salão pisando duro.

Lily nos encarou com raiva.

- Você são tão idiotas. – revirou os olhos e levantando-se, foi a trás da Lene.

Dorcas ficou nos encarando por um tempo, depois limpou a boa em um guardanapo e se levantou, olhando para o Aluado.

- Acho melhor eu ir também. – deu um selinho nele e virou-se para nós dois. – Parabéns, vocês conseguiram.

E saiu traçando o mesmo caminho que as outras duas amigas tinham feito há algum tempo atrás.

Lily Evans

Meninos são tão idiotas.

- Lene? – bati de leve na porta do nosso dormitório e fui entrando.

- Oi, Lily. – ela falou desanimada, sentada no chão com as costas apoiadas na cama.

- Não ligue para Sirius, ele...

- Lene? – Dorcas entrou e se sentou na nossa frente. – Tá tudo bem?

- Não, não tá tudo bem! – ela estourou. – Porra, Sirius pegou a White! Chelsea White! Ela é mais rodada que as rodas do expresso de Hogwarts!

- Ai meu Deus! – Dorcas falou rindo. – Você tá se corroendo de ciúmes pelo Six!

- Ah, cala a boca, Dorcas!

- Lene, - revirei os olhos – admite logo. Você gosta do Sirius, não precisa esconder da gente.

Ela bufou, pegou um saco cheio de sapinhos de chocolate de debaixo da cama e enfiou no mínimo três na boca.

- Ah, que se foda, gosto dele mesmo! – ela admitiu de forma frustrada. – Gosto dele mesmo, mas ele é tão galinha, tão mulherengo, tão...

- Lene, você tá esmagando meu braço. – Dorcas disse sem ar.

- Desculpa. – ela ficou a encarando por um tempo. – Qual o seu segredo, Dorcas?

- Como assim?

- Sei lá, tipo, você e o Remo se dão tão bem!

Ela deu um suspiro profundo e ficou pensativa.

- Não é como vocês pensam. Desde que voltamos pras aulas Remo vem me tratando de um modo estranho, como se estivesse distante. Não que eu não confie nele, mas ele anda tão estranho que eu cheguei a pensar que nas férias ele...

- Tinha te traído?! – perguntei escandalizada. – Claro que não, Dorcas! Remo te ama demais, e demonstra isso todos os dias! Ao contrário de certo garoto idiota, imbecil e...

- Fala do James? – Lene olhou para mim sorrindo e com uma sobrancelha arqueada. – O que foi dessa vez?

- Sei lá, ele diz que só tem olhos pra mim, mas vive se pegando com outras garotas, eu não entendo isso... Caramba, nunca vou entender como o cérebro desses meninos funcionam...

- Se é que eles têm um... – Dorcas disse olhando para o nada.

Rimos juntas. E eu suspirei.

- Eu não entendo os garotos... – disse frustrada.

- É, - Dorcas continuou. – uma hora eles dizem que te amam...

- E em outra agem como se você mais uma garota qualquer. – completei.

Lene que tinha ficado calada apenas olhando para o nada apenas bufou e declarou:

- Meninos são tão idiotas.

(...)

James Potter

- Como assim “Vocês são tão idiotas”? – eu disse quando já estávamos todos deitados em nossas devidas camas com a cabeça para cima.

- E “Parabéns, vocês conseguiram”? – Sirius falou, ainda mais confuso que eu. – Eu não entendo a Marlene, ela parece se irritar com tudo o que eu faço.

- Cara, vocês são tão tapados. – Remo revirou os olhos. – Almofadinhas, é óbvio que a Lene tá com ciúmes de você, assim como você tem ciúmes dela!

Sirius começou a ficar vermelho, não sei se de raiva ou se de vergonha.

- Eu não sinto ciúmes da McKinnon!

- Ah, é? – perguntei rindo. – E o que você estava sentindo quando viu o Dan se pegando com ela ano passado e o empurrou e o mandou pastar?

- Ah, mas é... é que... – se embaralhou. – Ah, ali era diferente, tá legal? Dan só queria comer a Lene! Eu só tava fazendo um favor pra ela!

- E desde quando você se importa? – perguntei. – Que eu saiba, é exatamente isso que você faz: vai pra cama com a menina e depois a descarta.

- Só que a Marlene não é como as outras garotas que você pegou. – Remo disse. – Ela se autovaloriza e por isso não sai por aí te babando como as outras meninas daqui. E esse é um dos motivos que faz você a desejar tanto.

- Já chega, tá, Remo? – ele disse irritado. – E não me venha querer me passar lição de moral, James Potter, porque você também vive indo pra cama com um monte de garotas, o que por sinal deixa a Lily queimando de raiva.

- Ah, eu não tenho culpa! – eu disse. – Pelo menos tenho coragem de admitir que amo a Lily! E eu seria capaz trocar todas essas meninas que eu já peguei por ela, mas ela não me dá uma chance! Ela quer que eu faça o quê? Que fique batendo uma no banheiro pensando nela? Eu nunca faria isso, porque é um desrespeito.

Os meninos ficaram me encarando por certo tempo absorvendo tudo o que eu tinha acabado de desabafar.

- É, - Remo suspirou. – acho que nunca vou entender como os cérebros das garotas funcionam.

- Remo, você não tem do que reclamar. – Sirius disse. – Seu namoro com a Dorcas tá em perfeito estado.

- Não sei não. – ele falou pensativo. – Acho que vou terminar com ela.

- Como é?! – perguntei espantado. – Você tá ficando louco?

- Tá doente? Você ama a Dorcas! Ou não ama mais?

- Não, não é isso. – Remo bufou. – Eu amo ela mais do que tudo nessa vida. E é exatamente por isso que vou terminar com ela.

- Cara, eu não tô entendendo mais nada.

- Nós já estamos no sétimo ano de Hogwarts. – ele explicou. – Logo vamos terminar o ano, e aí Dorcas vai querer construir uma vida, ter filhos... Mas eu sou um lobisomem, e por amar Dorcas, quero que ela tenha o melhor da vida, o que não é construir a vida ao lado de um cara metade homem metade lobo.

- Cala a boca, Aluado! – eu disse irritado. – Eu conheço Dorcas, ela te ama, e tá pouco se fodendo se você é ou não um lobisomem!

Ele não disse mais nada, apenas permaneceu em silêncio olhando para o teto.

- Eu nunca vou entender as garotas... – eu disse.

- É, - Remo continuou. – uma hora parece que tá tudo bem entre vocês...

- E outra hora parece que elas querem arrancar sua cabeça fora. – completei.

Sirius, que no momento estava olhando para algum ponto que não sei qual, declarou:

- Garotas são tão complicadas.