Circus escrita por Nico kaulitz


Capítulo 3
Capítulo 3




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Quando eu saí da loja já passara muito das seis. Eu não disse que meu chefe era um escroto.

Eu ia sempre pra casa a pé. Caminhava a até o metrô com a Megie e de lá ia andando pra minha casa que ficava a alguns quarteirões.

Fui caminhando pensando que o Narow devia estar comendo as almofadas de tanta fome. Eu estava com os pés doendo, mas só faltavam mais duas ruas.

Foi aí que eu percebi que tinha alguém me seguindo. Eu não me virei para olhar, mas eu atravessei a rua discretamente. O cara também atravessou.

Ai que droga, eu ainda não to pronto pra morrer. Meu Deus.

Eu acelerei o passo, já estava quase a ponto de correr, eu sentia que ele já estava bem próximo.

Foi aí que ele me agarrou pelo braço e me jogou pra dentro de um beco escuro que mais parecia uma fenda entre os dois prédios.

-Por favor, não faça nada comigo,leve todo meu dinheiro. – Mas que dinheiro?! Se eu tivesse moedinhas ia ser muito. – Leve qualquer coisa, mas não me machuque.

Eu mantinha os olhos fechados, na verdade espremidos de tanto medo.

Ele riu.

-Eu não vou machucá-la minha querida.

Eu conheço essa voz.

Eu abri os olhos encarando bem meu futuro agressor.

-Mas você é o cara da loja. O dos espumantes.

-Me perdoe se eu te assustei.

Assustar? Ele quase me matou do coração.

-O que você quer?

-Nada. Só quero conversar com você.

-Olha, vou logo avisando que eu não faço programas. Eu to necessitada, mas nem tanto.

Ele riu novamente.

-Além de tudo, tem senso de humor. – ele trajava a mesma roupa, só que agora usava um chapéu. – Calma, eu só vim lhe fazer uma proposta de trabalho.

-Proposta, mas que proposta?

-O que você mais sonha na sua vida Audrey?
-Não sei. Melhorar de vida, sair daquele apartamento imundo, um emprego melhor. – essa conversa estava muito estranha. – Quem sabe um carro. Enfim, qualquer coisa melhor do que essa vida.

-É só isso seu desejo? Bens Materiais? – ele falava docemente – Você nunca pensou em fama?Subir em cima de palco, e as pessoas te admirarem por seu talento, pelo que você é?

Enquanto falava ele ia se aproximando

-Mas o que isso tem a ver?

-Eu posso lhe conseguir tudo isso minha cara.

-Como?

-Você está interessada?Porque você teria que mudar sua vida radicalmente.

-Bem, se eu não matasse ninguém, nem roubasse. Eu topo. – O que eu tinha a perder?- Mas eu nem sei quem é você, nem de onde saiu.

-Oh, que desleixo de minha parte, nem me apresentei. – Ele se curvou beijando minha mão com delicadeza. – Me chamo Baltazar. Sou administrador de talentos, digamos. E de onde eu vim você vai saber com o tempo.

-Onde exatamente eu trabalharia?

-Eu a convidaria para um café, mas agora tenho outro compromisso. – ele tirou de dentro do paletó um pedaço de papel. – Compareça nesse endereço amanhã as oito. E lá acertaremos os detalhes. Não se atrase.

Ele apertou minha mão.

- É bom fazer negócio com você. Até amanhã Audrey

-Até.

 

Ele foi embora levado pela escuridão, enquanto eu segui meu caminho. Enrolei cartão no bolso e quando eu menos percebi já havia chegado em casa.

-Oh, desculpe Narow. – eu joguei a bolsa em cima do sofá e soltei o cabelo. – Eu me atrasei devido a uns problemas. Estão acontecendo coisas muito estranhas comigo.

Ele miava incessantemente.

-Eu já coloco comida pra você, calma aí.

Depois de um bom banho quente eu fui pra sala pra assistir TV, bom pelo menos eu tentei. Porque da minha cabeça não saiu aquela conversa com o cara estranho no beco.

-Que história de emprego é essa, hein? – Narow que estava no chão pulou no meu colo ronronando baixo. – Hein Narow? Não me olha assim não seu folgado, só porque eu sou quentinha você vem se espremer aqui.

O barulho da porta sendo batida com força assustou Narow.

Ah não, será que é o Vinny de novo?é melhor eu não abrir.

-Audrey. Eu sei que você ta aí. – que alívio era só o asqueroso do Rudy Black.

-Eu já estou indo.

O gordo estava com uma lata de cerveja na mão me fitando com um olhar de luxuria.

-O que você quer? Já ta tarde sabia?

-Não vem com essa, você ta me devendo o aluguel desse mês.

-Olha, eu vou pagar ta bom. Semana que vem eu recebo meu pagamento.

-É bom mesmo, mas se não tiver dinheiro, tem com você me pagar de outro jeito boneca.

Ele umedecia os lábios com a língua.

-Vai sonhando seu porco.

Isso foi mais do que o suficiente pra mim bater com a porta na cara dele.

-É Narow, ou esse serviço desse tal de Baltazar dá certo, ou a gente vai ter que procurar outro lugar pra morar.

Ele me olhava com os olhos grandes de incompreensão.

-Já está tarde, vamos dormir que amanhã vai ser um dia longo.

 

Na manhã seguinte eu estava contagiada por sei lá o que, mas eu sentia que estava com sorte hoje.

No corredor eu encontrei o Bill na escada, subindo com a sua correspondência.

Quem será que manda carta pra esse doido?

-Bom dia.

Ele me encarou como se houvesse acabado de pronunciar o mais ofensivo dos palavrões.

-Já disseram que você é muito simpático? Se sim, estavam mentindo.

Essa foi a minha deixa.

Eu me questiono se o piercing na língua não comprometeu a fala dele.

 


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