Circus escrita por Nico kaulitz


Capítulo 11
Capítulo 11




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Paz ou Não.

 

Na manhã seguinte eu acordei. Meu corpo doía, eu havia dormido no sofá, e sobre mim havia uma manta. Me levantei, a dor de cabeça era aguda.

Uma aspirina, por favor.

Devagar fui me colocando de pé, meu cabelo estava embaraçado. Em cima da mesinha de centro um engrado de Heineken vazio. O sol batia no meio da sala, provavelmente já passava das nove.

Onde estava ele?

Teria ido embora?

O que aconteceu?

Ainda zonza perguntei em voz baixa:

-Tom?

Não houve resposta. Persiste e dessa vez minha voz soou mais alta.

-Tom? Você está aí?

Nada.

 

Foquei meus olhos sobre a mesa e lá havia uma folha rasgada ao meio. Aproximei-me.

Com uma caligrafia bem feita mais ao mesmo tempo rabiscada dizia:

 

Não quis acordá-la. Eu queria...bem, nós nos vemos por aí;

Se cuida.

T.

 

Eu segurei o papel em minhas mãos por um tempinho. Um tempinho a mais do que o necessário.

- Idiota, bem que poderia ter me acordado.

O soltei e me pus a arrumar a bagunça daquela pocilga.

 

Meio dia de domingo. Resumindo: nada na TV, nada pra fazer e nada de nada.

Quarenta e quatro.

Narrow esfregava as costas no canto do sofá ronronando baixinho.

Olhei pra Narrow.

-Talvez eu esteja me permitindo demais. Talvez.

Foi aí que me deu uma vontade louca de andar. Pensar. Ou talvez fosse só uma desculpa pra poder ver alguém. Mas de qualquer forma queria sair de casa, ver a rua, ver pessoas, mendigos mendigando etc.

Passei uma escova rápida no cabelo e peguei meu casaco. Por falar nesse casaco precisava de um novo urgente.

Me despedi de Narrow que me olhava com aquele olhar esperto e passei a chave na porta.

Olhei pro fundo do corredor e vi a porta suja do apartamento do Bill.

Um calafrio.

 

Fui caminhando até um parque que ficava a alguns quarteirões. Mãos nos bolsos, e apesar de não estar fazendo calor, uma vontade louca de tomar sorvete. Sentei num balanço meio enferrujado, vi um sorveteiro e não dispensei, depois voltei a sentar no balanço que rangia alto.

Enquanto brigava pra poder não me sujar tanto de sorvete, algumas crianças brincavam por ali.

Uma delas, uma garotinha loira de olhos grandes chorava por ter sujado de lama seu ursinho. A mãe veio a pegou no colo, a beijou no rosto, falou alguma coisa, ela parou de chorar. Sorriu.

Que sorriso mais lindo.

Eu senti algo bom, acho que me pegou de surpresa, me assustei.

Era paz. Tão limpa e seca e eu fechei os olhos por um segundo e dei impulso no balanço. O vento. O sorriso da menininha. A paz.

 

Fiquei no parque até o entardecer. Passei no Joe e comi um hambúrguer (lá também é lanchonete).

Continuei meu caminho de volta pra casa. Acendi um cigarro. Amanhã eu teria que aparecer no trabalho, dar alguma satisfação, falar com a Megie, encarar a situação.

Merda.

A rua tava meio deserta, era domingo de noite o que esperar?

Apressei o passo, ainda faltavam quase dois quarteirões inteiros.

Vindo na direção contraria saiu de uma rua paralela um cara alto, capuz do moletom levantado. Desviei um pouco na calçada.

Quando nós nos cruzamos. Pá.

Ele me segurou pelos ombros, me jogou pra direita.

Beco escuro e sinistro.

De novo.

Fazia uma pressão dolorosa com as mãos nos meus ombros, mesmo assim parecia evitar me machucar. Ele me prendeu sobre a parede. Senti calafrios, minha hora havia chegado (dessa vez era sério).

QUAL O PROBLEMA DAS PESSOAS? SERÁ QUE É IMPOSSIVEL CONVERSAR COMIGO SE NÃO FOR NUM BECO ESCURO, A NOITE, NUMA RUA SUSPEITA?

 

O Canalha colocou a face ao lado da minha, impossibilitando de me ver o seu rosto.

- Audrey. – ele sussurrou.

Eu já tinha lágrimas nos olhos.

- Eu não vou te machucar, só preciso

conversar um pouco com você. – ele prosseguiu.

-Quem é você mesmo? – minha voz tremia.

- Deixa primeiro eu falar. – ele falou gravemente.

- Mas que droga. – lágrimas escorreram na minha face. Não sabia o porquê, acho que já tava de saco cheio de tudo estar sempre fora dos eixos.

- Eu preciso que você se afaste de Baltazar. Está me entendo? Ele não é confiável. Audrey se afaste dele.

Eu abri os olhos, estava com raiva, ele continuava colocando pressão sobre meu corpo. Doía.

-Por quê? – eu perguntei entre dentes.

-Porque sim caralho. – ele quase gritou.

Raiva. Medo.

- De onde você o conhece? – eu perguntei

-Isso não importa, só faça o que eu digo. Pra sua segurança.

Ele me soltou. O brilho da lua me deixou ver a pele branca.

Eu o conhecia?

Ele virou- se de costas e quase correndo saiu do beco, me deixando só.

Derramei mais uma lágrima antes de secar os olhos me recompor e continuar andando.

Agora fazia frio.

Quem era aquele sujeito?Foda-se

Eu finalmente cheguei ao meu prédio, e pela primeira vez, me senti feliz por isso.

Quando estava subindo a escadas da entrada, alguém sai pela porta.

Eu olho.

Era o Nick.

-Audrey! Eu vim aqui te visit... – eu o interrompo.

Começo a chorar. Choro como há anos não fazia. É um choro cansado e sincero.

Algumas gotas de chuva também começam a cair.

-Audrey...

Ele me abraça, eu o abraço. E ficamos abaixo da chuva, abraçados bem forte.

Talvez fosse só isso, só isso que eu precisava esse tempo todo.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O próximo capitulo vai demorar um pouquinho pra sair.Eu estou sem tempo .Mas prometo que posto dois de uma vez..
little patience!!!