Circus escrita por Nico kaulitz


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

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Você chorou, eu morri
Eu deveria ter calado minha boca, as coisas pioraram
Quando as palavras escorregaram da minha língua, soaram estúpidas
Se esse velho coração pudesse falar, ele diria que você é única
Estou perdendo tempo quando penso nisso

Misunderstood-Bon Jovi

 

-É. - eu respondi. – Do jeito que você descreveu deu até uma atmosfera boêmia nessa rotina.

-Boêmia e solitária. – pela primeira vez ele levantou os olhos. – Você não cansa?

Ele levou a garrafa de cerveja aos lábios e deu um gole.

-E eu tenho escolha?

Pra mim sempre foi tão óbvio no que minha vida havia se tornado. Era parte de um caminho que eu tinha traçado, era resultado das minhas escolhas. Talvez nem tanto das minhas escolhas, porque eu nunca tive a opção de decidir entre ser um isqueiro humano ou não. Talvez agora eu ainda estivesse com minha família, minhas amigas, cursando uma faculdade quem sabe, mas isso me trazia uma nostalgia intensa. Parecia-me um sonho borrado, minha vida passada era apenas isso, um borrão e já estava quase por inteiro branco.

- Acho que pra todos nós poderia ter sido diferente. – eu concluí.

-Mas não foi não é?! – ele deu um último gole na cerveja. – É um fato, e nada se pode fazer a essa altura.

- Como era sua vida antes... tipo, antes de tudo isso? – eu perguntei.

-Sinceramente – ele fez uma pausa como quem precisava pensar sobre o assunto. - Eu não lembro muito bem, já faz muito tempo.

-Que é isso? Você deve ter o que? Vinte dois no máximo vinte três anos? Não deve fazer tantos anos assim.

- Três décadas!

-O que? Que você saiu de casa? – eu achei que tivesse entendido mal.

- Audrey...

Ele parou me encarando, depois olhou em direção a porta como se esperasse que alguma reposta pudesse surgir do nada.

-É difícil explicar...o meu poder ele, ele é muito complexo, ainda não descobrimos ao certo até onde ele abrange.

-Tom , você quer que eu acredite que você tem mais de trinta anos?

-Se não for pedir demais.

Ele soltou uma risada sarcástica.

-Você não envelhece? – eu perguntei ainda com sintomas da falta de ar.

- Envelheço claro. – ele fazia pequenos círculos com o dedo no gargalo da garrafa. – Só que um pouco mais lentamente que o resto das pessoas.

-Quanto mais lentamente? – eu me sentia zonza.

-Eu saí de casa com meu irmão aos doze anos...

-Quantos anos você tem? – eu o interrompi.

- No começo eu envelhecia como toda criança...

-Quantos? 

-Quarenta e quatro!

Ele olhou bem no fundo dos meus olhos. Eu sentia que a qualquer momento poderia cair sobre o prato de pizza a minha frente. Eu não podia acreditar. Todo o ar havia fugido de meus pulmões. Eu sentia dormência.

Quarenta e quatro! Quarenta e quatro!

O número se repetia em minha cabeça.

-Não me olhe como se eu fosse um E.T, você solta chamas pelas mãos.

-Mas por quê? – eu ainda estava incrédula.

-Como eu vou saber. Eu envelheço duas vezes mais devagar, tenho vinte e dois fisicamente, mas quarenta e quatro na real. Não sei como explicar mais é assim.

-Isso é inacreditável. – eu estava embasbacada.

-Não existe nada inacreditável...você já devia saber.

-E o resto da sua família?

 

-Que que têm eles? – ele me parecia que já estava irritado com o assunto.

-Eles chegaram a saber dos seus poderes?

Ele se ergueu da mesa e começou a nadar pela sala lentamente. Eu já devia estar sendo intrometida demais.

-Estão todos mortos.

A sala ficou em total silêncio. A luz fraca da lâmpada tremulava e pela janela já se via a lua clara que subia no céu.

-Eu lamento. – eu disse por fim.

-Já faz muito tempo. – ele continua andando pela sala até que estacionou novamente na varanda.

-E como Baltazar te encontrou?

- Baltazar matou meu irmão. – ele se virou para mim e continuou. – Quando eu e Demétrio saímos de casa após um peste que atingiu toda nossa família, viramos andarilhos, e em certa noite, bem, Baltazar é um vampiro e viu um jovem bêbado caminhado pelas ruelas de Paris, ele vez o que qualquer vampiro faria. Infelizmente eu ainda muito novo presenciei tudo. Ele poderia ter me matado, mas talvez por compaixão ou algum tipo de espírito paternal ele não o fez. Criou-me como meu tutor, e em pouco tempo descobriu certas habilidades em mim, nessa época ele já estava começando a formar o circo. E uma coisa se deu na outra, e cá estou.

 

 

 


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