Evolution escrita por S A Malschitzky


Capítulo 4
Capítulo um, parte quatro




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Me levanto, segurando na base das barras, posicionadas no meio da jaula e cortando um pouco meus dedos por causa do nióbio corroído.

Na terceira barra, contando as de cima e as de baixo em sequência, há uma barra quase solta. Não sei como vou escapar, mas o começo é bem por ai.

Não acho que seja tão forte quanto eu...

Modéstia aparte... – reviro os olhos.

Mas com alguns empurrões, conseguirá passar por ela.

Com a alimentação à base de sopa, será magro o suficiente para passar pelo vão entre as barras.

Passo os dedos sobre cada barra, analisando a terceira e vendo o espaçinho entre ela e a base de nióbio que cortei meus dedos.

Me sento no chão, sabendo que isto vai doer, mas que se dane.

Vou tentar sair daqui.

Começo a chutar a barra com os dois pés, embora descalços e agora esfolados.

Continuo chutando, vendo que ela se movimenta para frente, mas não percebo que já é suficiente e meu pé escorrega até a ponta do metal, cortando a sola de meu pé.

Dobro os dedos das mãos e mordo o lábio inferior, contendo um grito de dor.

Meu pé arde e lágrimas se formam em meus olhos.

Observo os desenhos uma última vez e suspiro, sabendo que preciso me lembrar disso.

Escorrego pelo vão entre as barras, encarando a ponta do ferro para não me cortar novamente nela.

Sinto a pedra gelada em minhas costas quando a blusa sobe pela lateral de meu corpo.

Quando sair da jaula, é apenas o primeiro passo.

Obrigada pelo aviso.

É sempre mais fácil quando se tem armas.

Ando mancando com o calcanhar no pé direito por causa do corte até a sala de facas, sentindo como se Elvis fosse aparecer do nada aqui, pronto para enfiar uma faca em minha garganta.

Com as mãos trêmulas, ergo-a e pego uma das armas, checando se tem cartuchos.

Nunca atirei em toda a minha vida, mas é melhor que funcione desta vez, caso eu precise.

Ando – ainda mancando e sentindo o corte sangrar - até a parede de tijolos cinza, vendo os mais claros e supondo que sejam estes os quais quem desenhou tocando cada um deles com as mãos, até que reviro os olhos, me lembrando do tijolo desenhado separado.

– Um tijolo solto? – pergunto para mim mesma, empurrando todos os tijolos até que um sai para fora do porão.

É um lugar escuro – nada igual ao que eu imaginava, como... um jardim igual a casa de Carol – como uma garagem vazia com paredes pretas e o que parece ser uma porta com uma fechadura.

Empurro o resto dos tijolos, segurando o primeiro tijolo que tirei e girando-o, até ver uma chave presa nele em um buraco.

Puxo-a e sorrio, sentindo-a com as mãos.

Viro o tijolo e estreito os olhos – porque alguém teria este trabalho todo para outra pessoa? Poderia ser pego.

Boa sorte. ~ 1308

Balanço a cabeça e passo pelo buraco de tijolos, caindo do outro lado para não pisar no pé direito, encarando todas as facas e tesouras, suspirando.

Corro como posso até a porta, segurando o cadeado com as mãos e colocando a chave na fechadura enquanto fico ajoelhada.

Era bom demais para ser verdade.

A chave não gira.

Balanço-a muitas vezes, mas nada a faz girar.

A chave errada?

Boa sorte.

Meus joelhos doem com as pedrinhas espalhadas pelo chão.

Escuto a porta se abrir e arregalo os olhos, observando a sombra no buraco.

Continuo balançando a chave, até que o cadeado sai.

Ele sai.

Sai.

Sai?

Assim?

– O que? – pergunto para mim mesma e encaro a porta sem maçaneta.

Coloco o cadeado de volta e puxo a porta.

– Leah? – sua voz ecoa pela sala sem nada.

Continuo puxando a porta, mas ela não se solta do batente e eu caio para trás, sentada.

– Leah? – a voz de Kevin se repete e eu vejo-o sair pelo buraco. – Volte para dentro.

Suspiro e aponto a arma para ele.

Fecho os olhos e puxo o gatilho.

Escuto seu corpo cair no chão e o barulho ressoa pelo lugar.

Suspiro e continuo puxando a porta, até que perco a paciência e atiro nas dobradiças, até que ela finalmente cai e vejo um buraco para baixo.

Vejo uma caixa de ferro sendo erguida por cabos grossos.

Elevador.

Quando ele chega mais perto, pulo nele, me segurando no cabo antes que eu role para o outro lado.

A imagem de Kevin sangrando invade minha mente e não consigo pensar em mais nada.

Embora eu sempre pensasse que queria Kevin morto, isto me aterroriza agora.

O elevador começa a descer e depois de alguns segundos, ouço um bipe e vejo um espaço que eu talvez passe para o lado de fora.

O gramado fresco e verde.

Fico em pé sobre o elevador, respirando fundo e correndo, pulando alguns centímetros, que mais parecem metros com este pé, meus ossos fracos, a falta de sono e meu estômago implorando por comida.

Pulo no pé esquerdo e rolo pelo chão, batendo a cabeça na parede e ficando um pouco tonta.

Esfrego os olhos e suspiro, vejo Alice com os revólveres e sua risada maluca, pendurada pelos cabos arrebentados do elevador, o cavalo branco soltando pregos dos olhos em minha direção, mas não me atingem.

São apenas devaneios.

Devaneios.

Balanço a cabeça, querendo dormir mas... Leah. Acho que não é hora de DORMIR.

Solto um grunhido, balançando a cabeça e estapeando meu próprio rosto para acordar e não sonhar com príncipes empurrando minha cabeça para ser cortada pelo elevador em movimento.

Passo pelo buraco e passo facilmente – não que isto não seja preocupante.

Me arrasto pelo gramado que está sendo molhado pela mangueira do jardineiro vestido com roupas cheias de terra.

Sinto a terra molhada em minha pele e suspiro, me apoiando na parede para me levantar e continuar andando até a portaria.

– Leah Steve – diz o homem que estava de olhos arregalados aquele dia, ainda com os olhos arregalados, abrindo a porta.

– É... apenas... Leah – digo suspirando e passando pela porta até a rua.

Embora ache que é perigoso atravessar a rua neste estado – caindo de sono. – não passarei mais um minuto aqui.

Ando como um zumbi pela rua vazia até o que parecem ser árvores do outro lado da rua, me jogando entre os arbustos e encarando a sombra das árvores entre o céu azul e sem nuvens.

Livre.

Bem, pelo menos até alguém me levar para um hospital e eu sair viva de lá.


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Notas finais do capítulo

(Camila, cale a boca)
Singela mensagem para minha abiga do corassa1 antes de começar as notas finais - ia colocar iniciais, para vcs verem a habilidade de ficar acordada da criança.
1308 é apenas divo
é só o que eu tenho pra dizer



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