You escrita por Lchaan


Capítulo 1
File #1: Just One Soul To Call... For all.. In silence.


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, é uma história Universo Alternativo... Obrigada por ler, divirta-se :3



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Sentei-me na maca, até que parecia mais confortável agora; olhei para o teto branco sendo iluminado por uma lâmpada incandescente; o quarto com pouca mobília, somente aquela maca, uma televisão de 20’ suspensa, um criado-mudo com três gavetas sob um abajur prateado, minha mala jogada num canto e, para variar, é também branca.

Eu jurava que havia um livro em algum lugar por aqui...
Duas janelas panorâmicas –com cortinas agora abertas de cor cinza- uma delas no lado oposto à porta e a outra oposta a cabeceira da cama, bem, formaria um L se este quarto não fosse quadrado... “L, de Lawliet”...

Ouvi alguém bater à porta, apenas inclinei um pouco a cabeça esperando a minha ‘visita’. Ela abriu a porta cautelosamente, trazia uma bandeja com algumas pílulas, um copo d’água e, ora vejam só, meu livro.

“Olá Lawliet, Boa Tarde” –entrou com seu sorriso pacífico de sempre. Mirei o livro sobre a bandeja prateada.

“Boa Tarde Kayle...”- meus olhos se encontraram com os dela, mas logo voltei a mirar o livro sobre o objeto. Percebendo meu interesse, equilibrou a bandeja em uma das mãos e estendeu-me com a outra o fruto de meu desejo.

“Obrigado”- abri-o no local em que meu marca-livro estava gentilmente colocado.

“Esqueceu na sala de exames de novo!” –deu uma pequena risadinha. Desviei a atenção do meu livro e dei-a um sorriso sem dentes, meus olhos voltaram àquelas palavras.
Kayle sentou-se na beirada da minha ‘cama’, é sempre muito receptiva e atenciosa, estranho, mas acho que só se conhece pessoas realmente boas em situações extremas... Ela sempre tenta conversar comigo e realmente percebo que ela se importa... Vou sentir falta dela...

“Sabe... L...” –colocou uma das mãos cobrindo os lábios de modo que quem passasse do lado de fora não pudesse tentar ver o que me dizia, como quem vai cochichar e pede segredo. Curioso, quase que involuntariamente, aproximei meu ouvido de seus lábios, eu... Confidente de um segredo. –“Um novo garoto vai entrar ali” –apontou para o quarto da frente. –“Você vai ter um colega de corredor!”- riu empolgada.

Colega de corredor... Um termo neologista que eu sabia muito bem o que queria dizer... Eu olharia para frente e veria alguém que sofre do mesmo problema que eu, poderia vê-lo ir algum dia para casa ou ‘paraíso’... Julgando que para esta clínica especial só venham os casos críticos... A opção dois tem muito mais força que a um.

Por outro lado seria bom... Eu poderia ter um amigo...

Depois de tanto tempo... Eu ainda consigo?! Peguei as pílulas coloridas da bandeja e tomei com o copo d’água. ‘Está acabando...’

“Logo trago a comida! Com a sobremesa!” –sorriu... Ela sabe o quanto amo doces... Sorri um pouco mais abertamente, olhei para o chão. –“É esse sorriso que quero ver!” –sorriu ainda mais- “Até depois” –saiu fechando a porta vagarosamente, esperava que eu dissesse algo... Eu não disse.

Remédios para possíveis enjoos, náuseas, dores de cabeça e outros mais... Voltei ao meu livro, teria lido mais se não existisse aquela sonolência...

Acordei com os toques sutis da enfermeira, abri os olhos, sonolento, percebi as cortinas fechadas, olhei para Kayle com dúvida.

"Ah.. Isso” –sorriu –“O novato chegou, achei que seria desconfortável pra você se ele te visse dormindo...” –sorria timidamente.

“Obrigado Kayle... Eu realmente...” – espreguicei-me-“ acharia desconfortável”

“Ah L! O novato!” –sentou-se, novamente, na beira da cama– “É japonês! Estudante... O nome dele é Raito Yagami e ele é bem bonito!” –falava, como na maioria das vezes, empolgadamente –“Acho que a família dele vem pra cá... Mas não sei quando...”-falou enquanto eu puxava a bandeja e montava seus pés para que eu pudesse almoçar. – “Ah..L.. Depois você bem que podia ir lá né... Conversar com ele...” –levantou-se e caminhou um pouco pelo quarto –“Sei lá.. jogar xadrez!”- deu uma leve risada.

Há muito tempo atrás, quando Kayle descobriu a data de meu aniversário, presenteou-me com um jogo de xadrez, que só foi usado quando ela estava de folga e vinha me visitar. Obviamente aquilo foi uma “indireta” para que eu fosse mais sociável. Dei um pequeno sorriso.

“Posso abrir?”- apontou para as cortinas, assenti. Abriu-as.
Olhei para o quarto da frente, a cortina também estava fechada.

“Sabe, ele está acordado...” –sorriu.

“Quer que eu tenha um amigo é?” –terminava meu almoço.

"Na verdade sim L...” –virou-se para mim- “Nunca te vi com ninguém aqui além de mim e o Will, e isso por que ele me substitui nas minhas folgas! Você tem que fazer amigos!” –abaixei a cabeça... Era verdade, eu não tinha paciência com pessoas.. Na verdade eu tinha medo do julgamento delas... De conversar com elas... É uma das coisas ruins de crescer em um orfanato: Você aprende a viver sozinho e se torna quase independente. Quase, pois todo ser humano tem uma dependência da companhia correta que te transforma em uma pessoa melhor e te ajuda a desenvolver os sentimentos... Entretanto, essa minha busca pela ‘companhia correta’ ficou muito seletiva com o passar do tempo e dou a poucas pessoas a chance de me conhecer de verdade...

Odeio admitir, mas Kayle deve ter um pouco de razão... Quem sabe Raito Yagami possa ser a boa companhia para os dias que me restam...

“Depois...” –respirei fundo- “Depois vou até lá para conhecê-lo...” –terminei o almoço.

“Que bom, por que eu já disse isso a ele!” –riu. É.. Ela realmente quer me arranjar um amigo.
Não aguardou que eu respondesse, saiu... Realmente, vou sentir falta da Kayle. Sorrio involuntariamente.

Abro vagarosamente o pedaço da torta de morango, a cortina do quarto ao lado permanece fechada.

Será que é uma boa ideia ir falar com ele? Será que ele quer companhia? Nem todos gostam de ficar sozinhos... Pode ser uma boa idéia...
~

Bato à porta, olho para meus próprios pés cobertos com um tênis velho que quase nunca amarro. O dono do quarto demora a responder, penso em desistir, ir embora, voltar outro dia... Estou tenso... Faz mesmo muito tempo que não falo com alguém, sei que há uma mulher no fim do corredor observando no que isso vai dar, confesso, também estou curioso.

Sinto minha mão direita escorregar pelo frio suporte de soro, seguro um pequeno jogo de xadrez portátil com a outra mão. E se ele não souber jogar? Obviamente posso ensiná-lo...
Bato novamente.

A porta é aberta de súbito, assusto-me, olho para o rosto que surge de repente em minha frente, olhos arregalados e resquícios de lágrimas, parece transtornado, com certeza a doença o havia pegado de surpresa, percebo em sua mão direita uma aliança prateada... Ele ainda não tem um suporte de soro para carregar ou os acessos fáceis às intravenosas, obviamente, novato.


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Notas finais do capítulo

Acabou hehe... Gostou? :3Obrigada por ler! ;DSe animar, deixa um review hehe kkk :*Até o próximo *u*