Como minha irmã foi me meter naquilo? Eu nem gosto de balada, de barulho, bebedeira e gente desconhecida. Mas não, vai ser legal, músicas bem loucas, vamos dançar, iupi!

Eu falei que não ia fazer nada, ela ia dançar sozinha. Dito e feito? Sim e Não: Sim, eu não fiz nada. Não, ela não ficou sozinha. Logo, já arranjou um menino qualquer. Odeio esse tipo de coisa, a pessoa vem, fica com um e logo o descarta para ficar com outro. As pessoas não são um copo descartável!

Por sorte, tinha um sofá lá. Me senti tão aliviada que fiquei segurando o mesmo copo de Coca pela metade por um tempão. Até um menino sentar do meu lado. Parecia tão entendiado quanto eu.

-Festa chata, né?- ele perguntou.

-Não exatamente. Está legal, pra quem gosta desse tipo de coisa. O que não é o meu caso.- pronto, dei uma de chata logo de cara, eba.

Ele riu e continuou.

-Meu irmão me arrastou pra cá. Eu nem queria vir, odeio balada. Inclusive, ele está ali, devorando a úvula daquela moça.

-Aquela é a vadia da minha irmã. Que droga.- cobri o rosto com as mãos.- Desculpa.

-Não se desculpe.-respondeu.- Eles gostam desse tipo de coisa.

-É.

O silêncio sentou com a gente por alguns minutos e logo saiu correndo quando minha irmã chegou.

-Mamãe ligou. Tá meio nervosa com a gente e tal...Temos que ir, despeça-se do seu coleguinha.

-Não tenho mais 3 anos. Tchau.

Nos despedimos e segui minha irmã até o carro. Tinha certeza de desmaiar quando entrasse, estava caindo de sono. Foi só encostar na janela e fechar os olhos que minha cabeça é arrastada pra baixo. A janela estava abrindo. A "maninha" a tinha aberto para aquele menino falar comigo.

-Aqui, pega.- ele me entrega um cartão.- Me liga qualquer hora. Gostei de você.- dá uma piscada antes de sair correndo para dentro.

-Ah, espera...- tento chamá-lo mas ele já estava muito longe. Olho o cartão. Só um número de celular, sem nome. Misterioso.

Maninha faz piadinhas sobre mim e ele no caminho mas eu nem presto atenção. Só encaro o número, me perguntando o porquê de ele não dizer seu nome. Talvez porque eu não disse o meu, sei lá.

Mas esse número vai me contar, se eu quiser.

Alguma hora, ele vai ter que me contar. E eu vou reencontrá-lo. E chamá-lo pelo nome.

Quero dormir, mas quero saber seu nome também.

Acho que terei de ser paciente. Talvez eu descubra sonhando...