Linked escrita por Miss Hana


Capítulo 2
"Não há Mjölnir que consiga quebrá-lo"


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo!
De capa nova! Gostaram? :D

Gente, primeiramente eu queria agradecer a:
CokeeH
Lessien Elendil
GMali Hummels
Lady Love
Swolair (QUE CRIOU UMA CONTA SÓ PARA COMENTAR! :D)
Que comentaram ^^ Um super obrigada! Vocês me inspiraram a escrever esse capítulo!
Muito obrigada meeeesmo :*

Aproveitem!



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“Não há Mjölnir que consiga quebrá-lo”

Por: Hana Laufeyson

Respirei, mirei e atirei. Fiquei extremamente feliz em constatar que a lança que eu soltara acertara em cheio, partindo no meio a que Hogun havia jogado anteriormente.

Eles eram mais ou menos parecidos com alvos de arco-e-flecha, porém tinham menos divisões e eram feitos de uma madeira mais grossa, para que suportasse o impacto da ponta da lança contra si.

– Você não se cansa de fazer isso? – ele arqueou uma sobrancelha – É meio irritante. E você estragou a minha lança.

– Nunca, meu caro – caminhei até o alvo e arranquei minha lança, vendo o alvo desfazer-se em lascas, enquanto sentia a madeira forte do cabo esquentar sob minha mão. As linhas desenhadas no mesmo brilharam levemente em um tom acobreado e logo se apagaram – Isso aqui é uma coisa divina e me desculpe pela lança, de qualquer modo.

– Saiba que não têm graça brincar com você – ele deu um risinho, pegando a bolsa de couro e pendurando-a em seu ombro – Até parece que faz de propósito.

– E por que mais seria? – ri junto, prendendo a arma em minhas costas e amarrando meus cabelos em um rabo-de-cavalo frouxo – Eu tenho que ir, Hogun. Tenho aula agora.

– Em que é que você precisa aprimorar aquele escudo? – ele franziu o cenho, saindo do campo de treinamento – Não há Mjölnir que consiga quebrá-lo.

– Não é bem assim – ri, sentindo meu ego ser levemente inflado – Eu tenho que treinar o tempo que consigo ficar com ele armado. Duas horas é pouco em uma batalha.

– Se você diz – ele deu de ombros, sumindo dentre as rochas – Tchau.

L-I-S-A-N-N-A

– Concentre-se, Lisanna – Lohanne, minha tia, ordenou-me em voz dura – Deixe a energia fluir.

E assim eu o fiz. Fechei meus olhos e, após alguns segundos, senti o arrepio começar da raiz dos meus cabelos até meu dedo do pé. Um vento forte passou a girar em redemoinho em torno de mim, e partículas de areia e terra baterem no meu rosto. Mais forte, mais rápido, mais violento.

– Skjöldur!* – gritei, quando chegou a ora, sentindo os arrepios se tornando mais frequentes, mais intensos, mais rápidos.

Minhas mãos e pés começara a formigar levemente e eu sorri, abrindo os olhos. Tinha dado certo, afinal. Olhei para os lados e me vi envolta em uma cúpula cor de cobre, em um raio de um metro e meio a partir de mim, com vários símbolos que eu ainda não sabia traduzir, mas tinha certeza de que passavam alguma mensagem. Ele brilhava com a luz do sol. Eu não lembrava, desde que havia aprendido a formá-lo, uma só vez em que me cansei de admirar os desenhos. Era tão lindo. E era tão meu. O que eu sentia ao vê-lo não passava de orgulho próprio.

Aquele era um poder hereditário. Minha avó o possuía, minha tia e minha mãe o possuíram e eu também. Porém, o meu real problema para com ele era a energia que eu gastava, o que não era normal. Ele não consistia somente em um escudo, mas sim na formação de uma barreira sólida em pleno ar, apenas com a energia cósmica, com a forma que eu bem entendesse – ou conseguisse.

– Mantenha-o, Lisanna – olhei para minha tia, que tinha um leve sorriso de canto.

De repente, ela pegou uma pedra e jogou em minha direção. Ao chegar perto, senti o ar ao meu redor se agitar e a pedra ser repelida pelo escudo, voando para longe. Torci para que a mesma não batesse na cabeça de ninguém.

– Tia, têm certeza de que é melhor eu ficar gastando energia assim, a toa? – franzi o cenho. Tinha medo de que minhas forças acabassem e eu caísse ali, desmaiada.

– Nós temos que saber quanto tempo você consegue ficar assim, Anna – ela respondeu, fitando-me indecifrável – Energias podem ser repostas.

– Se a senhora diz – dei de ombros e peguei minha lança, que estava presa em minhas costas. Posicionei-me, indicando a Lohanne que podia começar a jogar os alvos.

– Vamos ver quantos você consegue – ela pegou o primeiro alvo circular e jogou para cima.

Olhei, peguei o chakram preso no cinto de meu vestido, mirei, calculei e atirei. Cortou o alvo perfeitamente no meio, voltando para mim logo em seguida. E assim se seguiu, minha tia pegando objetos e jogando-os em direções aleatórias e eu acertando-os com minha lança ou meu chakram. Era divertido, mas o escudo me cansava. Sem ele eu poderia ficar fazendo aquilo o dia todo, mas passadas duas horas, os tremores diminuíram e com isso veio o cansaço, a fadiga.

– Cansada? – ela perguntou e eu assenti, olhando-a com esforço – Concentre-se. Mantenha por mais tempo. Pode parar de atirar.

Fechei os olhos novamente e me sentei, largando a arma no chão. O cansaço que me abatia era incomparável. Eu podia me deitar ali e dormir, só bastava me deixar levar. Mas sabia que não podia. Eu tinha que consegui ficar mais tempo.

– Tente abrir mais um portão, Anna – escutei a voz dela ao longe – Eu sei que é difícil, mas você têm que conseguir.

Era como se tivesse uma barreira invisível, empurrando-me para o abismo da escuridão e, mesmo fraca, eu tinha que lutar contra ela, tinha que empurrá-la também. E era isso o que eu fazia. Mas a tentação de me deixar ser empurrada para o fundo era grande. Meus membros começavam a ficar doloridos e tudo o que eu mais queria era me deixar ali e dormir.

Passaram-se uma, duas três horas e eu ainda não havia me deixado levar, mas estava prestes a fazê-lo.

– Pare, Anna – a voz de Lohanne ressoou em meus ouvidos, soando-me preocupada e, no mesmo instante, abri os olhos. A barreira estava quase desaparecendo. Eu não conseguira.

Senti toda a energia se esvair dos meus poros, a barreira tremeluziu rapidamente e desfez em um segundo. Caí para trás.

– Você está preocupada com algo, sobrinha – falou, em um tom terno, como se quisesse me acalmar

– Quanto tempo se passou? – quase que não conseguia falar, estava ofegando bruscamente.

– Meia hora.

Ótimo. Pensei. Eu achava que haviam se passado três horas, mas tudo o que eu conseguira fora mais alguns minutos com a barreira. De qualquer forma, era algum avanço.

– Pode ir para casa agora, sobrinha – pude ter certeza de que ela sorriu, mas não confirmei. Meus olhos estavam quase se fechando – Eu vou te levar para casa.

– N-Não – neguei, tentando apoiar meu tronco com os braços – Eu vou ficar mais alguns minutos aqui. Não consigo me levantar. Daqui a pouco eu consigo ir sozinha.

– Se prefere assim – ela assentiu. Depois de tantos anos, Lohanne sabia que era melhor me deixar sozinha – Eu tenho que ir preparar o jantar. Vejo você depois, minha querida.

Escutei os passos da minha tia ficando mais longes, mais fracos, até se tornarem praticamente inexistentes aos meus ouvidos. A calmaria e o silêncio fizeram meus sentidos se tornarem mais fracos, mais embargados, até eu não sentir mais nada. Apenas o escuro.

T-H-O-R

Eu não acreditava que, finalmente, seria nomeado o rei de Asgard. Eu acabara de sair da sala do trono e poderia jurar que erradiava felicidade pelos meus poros. Eu. O rei de Asgard.

Poderia tomar todas as decisões, igualmente ao meu pai. Poderia eliminar todos os inimigos que eram uma ameaça para os nove reinos. Seria venerado, adorado. O meu propósito de vida seria completo e palavras não eram suficientes para descrever o tamanho da minha felicidade.

Eu tinha que contar isso a Lisanna. Ela ficaria orgulhosa de mim. Me vi caminhando alegremente até sua casa, onde bati na porta.

– Pois não? – sua mãe abriu a porta com um sorriso no rosto. Ao me ver, seus olhos se arregalaram – P-Príncipe Thor. A que devo a honra de sua visita?

– Eu gostaria de falar com Lisanna – sorri de volta – Ela está?

– Temo que não... – respondeu-me – Ela saiu para treinar com sua tia e não voltou até agora.

– E a senhora poderia me dizer onde é?

– Em um dos campos de treinamento no precipício do rio. Não me lembro qual. Me desculpe.

– Tudo bem – sorri – Eu vou procurar. Obrigado.

– De nada.

Andei rápido até os campos e dei uma procurada, até ver um corpo pequeno, curvilíneo, tremendo com o frio da noite, encolhido. Me aproximei e vi os longos cabelos cobrindo sua face cansada, um tanto suja de terra.

Ela respirava calma e controladamente, como se nada pudesse atingi-la, porém seus dentes batiam com o vento cortante. Não tinha nada para aquecê-la. Minha armadura era fria demais. Fiquei ali, admirando-a por mais uns minutos. Como uma garota tão simples conseguia ser tão linda?

– Vai deixa-la morrer por hipotermia? – escutei uma voz dura, vinda de trás de mim.

L-O-K-I

Fazia tempo que eu estava procurando por Lisanna. Desde que Odin me contara que Thor seria nomeado rei, eu precisava de alguém para conversar. Passara em sua casa e sua mãe me dissera que estava treinando com a tia e eu fora para lá.

Sabia que Thor acabara de passar em sua casa, procurando pela mesma, já que sua mão também comentara que “dois príncipes passando em sua casa no mesmo dia não era algo que se acontecia com frequência”.

Andei rapidamente até o campo de treinamento e, ao chegar, vi a silhueta de Thor e o corpo de Lisanna deitado, tremendo. Imediatamente tirei o meu casaco e me aproximei.

– Vai deixa-la morrer por hipotermia? – falei com uma voz dura, vendo-o virar assustado para mim.

Empurrei-o levemente para o lado e peguei seu corpo amolecido, envolvendo-o. Eu acabara de tirar a minha dúvida de anos: Lisanna ficava maravilhosamente bem de verde. Peguei-a no colo e me levantei, vendo-a se aconchegar em mim, como uma criança.

T-H-O-R

Senti-o me empurrar e pôs o próprio casaco em Lisanna, pegá-la no colo e apertá-la contra si, como se isso pudesse fazer passar o calor de seu corpo para o dela. Como a situação se invertera tão rápido? Tipo, eu já tinha chegado lá e, do nada, ela estava sendo carregada por Loki?

– Pode deixar que eu a levo, Loki – fitei-o com seriedade. Não entendendo muito bem o porquê de o fato de eu não poder carrega-la me incomodar tanto – Eu a encontrei, eu a levo para casa.

– Você encara isso como algum tipo de corrida, irmão? – deu seu sorriso cínico, sem olhar para mim. Por que merda ele não tirava os olhos dela?! – Eu só espero o bem dela. Nada mais.

Ele fora silenciado por uma voz fraca, que vinha do pequeno corpo prensado ao seu.

– Loki...

L-I-S-A-N-N-A

Nem tinha percebido que havia dormido, acordei pelo barulho de frases que, pelo menos para mim, soavam desconexas. De algum modo, o frio estava afetando a minha audição. Tudo o que eu sentia era o chocar de meus dentes.

De repente um borrão escuro apareceu em meu campo de visão. Senti-me ser enrolada em algo e parte do frio se esvaiu. Não sabia exatamente o que era, mas procurei, de algum modo, aconchegar-me mais naquele calor, prensando-me a algo duro, que acabara de me erguer do chão.

– Pode deixar que eu a levo, Loki – consegui escutar a voz de Thor não muito longe – Eu a encontrei, eu a levo para casa.

– Você encara isso como algum tipo de corrida, irmão – outra voz bastante conhecida soou mais perto. Muito mais perto – Eu só espero o bem dela. Nada mais.

Forcei um pouco a visão, na tentativa de ver quem ou o que me segurava. Sorri. Os olhos de Loki me fitavam intensamente.

– Loki... – forcei a voz, enterrando a minha cabeça em seu peitoral

L-O-K-I

Escutá-la sussurrar meu nome fez com que mini ondas percorressem livremente pelo meu corpo, como se eu tivesse acabado de receber um choque elétrico. Vendo-a tão vulnerável, aconchegada a mim, sorrindo, eu tive que me segurar para não acariciar sua face angelical.

Sorri, imaginando qual seria a textura de sua pele sob meu toque. A sua reação, ao sentir-me tocando-a tão singelamente. A curiosidade quase que me matou, afinal.

– Vou leva-la para casa – com desgosto, desviei meus olhos dela e olhei para meu irmão.

– Deixe-me leva-la, Loki – ele suplicou. Confesso que não entendi o motivo. Qual era a necessidade daquilo?

Apesar de não ver problema nenhum em deixar que Thor a levasse, mas, de algum jeito, eu não queria separar o seu corpo do meu. Não queria que ela largasse o calor do meu corpo para o calor do corpo de meu irmão.

– Deixe de fazer coisas desnecessárias, Thor – revirei os olhos, caminhando com ela até a saída do campo de treinamento – Não poderá perder tempo quando virar rei. Aceite os fatos.

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::Lança e Chakram::


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Notas finais do capítulo

*Escudo

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