Classe dos Guerreiros - A Sexta Geração escrita por Milady Sara


Capítulo 15
8º dia - Caminhos


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap, aproveitem ~



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Carter estava sentado com a cabeça encostada na parede fria. Ser prisioneiros de vampiros não era tão ruim quanto ele esperava, o ruim era estar no meio de uma guerra civil, e por isso não ter a mínima chance de fugir. Vampiros e lobisomens estavam a ponto de se matar e ele estava entre os dois.

Fechou os olhos e relembrou de quando chegou ali.

Flash Back On

O moreno tentava controlar a respiração para não sufocar com aquele saco preto que tapava sua visão. Algum vampiro o estava levando nas costas, já que ele pôde sentir os ombros pontudos deste. Correram por pelo menos quinze minutos, mas Carter teve certeza que se fosse no seu ritmo teria levado pelo menos o triplo do tempo para chegar ali.

Quando diminuíram o passo, ele soube que estavam na Vitara Solomon-Elsa, que era território dividido entre vampiros e lobisomens. Pôde ouvir passos e vozes, inclusive alguns cochichos que com certeza eram sobre o humano que não veio fatiado em uma bandeja de prata pronto pra ser o lanchinho do dia.

Então pararam e Carter pôde ouvir uma voz masculina dizer:

– O que vocês tem ai?

– Precisamos ver o líder. - disse a voz de Simira. - Com licença.

– Se puder sair da nossa frente seria ótimo, Alaric. - falou Monique.

– Negativo, você devem passar por mim primeiro. - o tal Alaric falava isso com visível orgulho. - Eu sou o segundo no comando.

– E Elsa lamenta por isso todos os dias em seu túmulo... - falou suspirando Simira.

– As chefes da guarda podem desobedecer o senhor sou-o-segundo-no-comando em situações de emergência então sai da frente! - disse Monique impaciente e em seguida o moreno pôde ouvir um grito de dor antes de voltarem a andar.

Depois, ele ouviu o som de uma porta fechar e a voz das duas mulheres sumir por alguns minutos e antes que percebesse, foi colocado em uma cadeira e o saco tirado de sua cabeça. Simira e Monique estavam cada uma de um lado seu.

Estava no que parecia ser um escritório, havia uma mesa à sua frente com muitos papéis, muitas estantes cheias de livros nas paredes e o vampiro sentado à mesa o fitava, sério. Ele se vestia de modo mais simples do que as mulheres que o trouxeram, mas mesmo assim impunha respeito.

Carter sempre imaginou que vampiros fossem todos pálidos, mas o homem sentado ali era tão moreno quanto ele. Os cabelos desgrenhados o faziam parecer desleixado, porém duvidou que alguém fosse dizer isso para ele.

– Mostrem. - disse o homem e Simira mostrou o colar com a lontra de Carter. - Torin... - o vampiro disse mais para si mesmo. - Me deixem a sós com ele por favor. - as duas fizeram uma mesura e saíram. Carter sentiu sua espinha gelar ao estar ali sozinho com o líder dos vampiros. - Pode se acalmar Guerreiro, ninguém fará mal à você aqui, é contra nossa lei.

– Obrigado. - conseguiu dizer sem gaguejar.

– Eu sou Marcos. - se apresentou formalmente.

– Carter.

– É um prazer. Me perdoe ser tão direto, mas o que o traz aqui?

– Suas... Caçadoras, eu suponho.

– Guardas na verdade, mas elas desempenham ambas funções muito bem. Mas você sabe o que quis dizer. O que faz um Guerreiro solitário tão longe de qualquer capital?

– Uma missão especial... Estou atrás do grifo. - Marcos arregalou os olhos.

– Acho que tem um bom motivo para isso, não se preocupe, não perguntarei. Mas... Tenho que informá-lo que não é um bom momento para vir até aqui.

– Por que?

– Estamos a ponto de entrar em guerra com os lobisomens.

– O quê? Como assim?

– Temos nos desentendido... Estamos perto de uma ruptura. - O que houve? - Marcos suspirou antes de continuar.

– Um jovem lobo morreu, e seus companheiros dizem que foi um dos nossos. Capturaram o suspeito e o estão mantendo prisioneiro. E teremos que fazer o mesmo com você, sinto muito.

– O que? - ele se endireitou na cadeira, confuso.

– O grifo é o único que poderia salvar todos nós de uma destruição desnecessária, não posso deixar que o leve. Além disso, alguns lobos o viram chegar e com certeza já devem saber que é um Guerreiro, e por terem permitido uma morte depois de tantos anos, ficar preso será o melhor para você.

– Você não tem o direito. - falou Carter cerrando os punhos calculando suas chance de fuga, zero.

– Perdão, somos todos gratos por tudo o que os Guerreiros fizeram por nós, mas não tenho escolha.

Flash Back Off

Pelo menos ele tinha sido pacífico e o estava alimentando há três dias.

Tinha que sair dali, e mais: ajudar os vampiros e lobisomens. Podia não conhecer Marcos, mas duvidava que duas tribos de forças tão iguais fossem capazes de provocar uma a outra, algo estava errado. De sua cela ele podia ouvir algumas pequenas lutas que logo eram apartadas, mas era questão de tempo até algo maior acontecer.

Tentou se lembrar de tudo o que sabia sobre vampiros e lobisomens.

Solomon-Elsa era chamada assim pois juntava os nomes dos dois líderes de ambos os lados durante a guerra dos lobisomens, em que os vampiros ajudaram estes. Solomon era o líder dos lobos e Elsa a dos vampiros, os dois se tornaram um casal durante a guerra, algo que raramente acontece, mas acabaram morrendo.

Quando as raças fora isoladas muitas regras foram estabelecidas. Algumas penas de crimes em Astra eram ser morto por vampiros ou lobisomens, e se tornar um vampiro ou lobisomem. Para as populações não se ultrapassarem demais, ambas as raças só poderiam transformar dois humanos por ano, para terem sangue novo no lugar. Poções foram feitas para dar mais longevidade aos lobos e permitir aos vampiros se reproduzir e se alimentar de algo mais além de sangue.

Os nascidos vampiros curiosamente não eram imortais como os originais ou transformados, por isso eram permitidos. Mesmo porque, vez ou outra um vampiro acabava morrendo.

A caça de animais na área era liberada, os Guerreiros tinham imunidade e nenhuma lei contra o de um lado matar o do outro existia desde que fizeram sua aliança na guerra.

Os viajantes desavisados que entrassem nos limites da Vitara estavam a mercê das leis dali, exceto por Guerreiros que esqueciam de consultar sua posição no mapa e acabavam em um calabouço.

Suspirou se esparramando no chão. Então por acidente, sentiu o fluxo. Não era muito bom nisso, mas pôde sentir com certa clareza, e o que sentiu o preocupou. Tinha pontos de energia... Sendo absorvidas?

– Estão sugando a vida deles... - sussurrou para si mesmo. - Querem que se matem... Para ter mais magia! - se levantou de um pulo e agarrou as barras de sua cela. - EI! - começou a gritar. - ME DEIXEM FALAR COM MARCOS! EU POSSO PROVAR SUA INOCÊNCIA! Eu tenho que tentar...

~*~

O tempo que a Classe Hélio passava com os ciganos estava quase se esgotando, só mais uma noite e iriam embora. Os carroções estavam parados embora não estivessem em uma área de acampamento. Estava chovendo e Dante e Diana concordaram em parar para não ter riscos de um carroção virar.

– Vou sentir saudade de dormir com algo tão macio. - disse Hunter no chão apertando uma almofada contra seu rosto. - O que Dante quer com Mia mesmo? - disse se referindo ao fato de Mia ter acabado de sair para falar com Dante.

– Provavelmente se despedir direito e falar sobre os ciganos e tal. - disse Drica, também no chão, de olhos fechados.

– Acho que eu deveria agradecer a ele formalmente pela ajuda. - disse Caleb, sentado na cama de baixo ao lado de uma Lena dormindo que ele acabara de desenhar. - Né?

– Mia não pode fazer isso?

– Duvido que ela sequer lembre disso. - falou relutante em se levantar de deixar a bela visão de Lena. - Vou até lá, podem dormir. - apagou a última lanterna acesa e saiu, indo para o primeiro carroção tentando se esconder na cobertura dos outros para não se molhar.

A porta da "casa" de Dante estava fechada, mas Caleb parou ao subir a escadinha para a pequena sacada. Não era de ouvir a conversa dos outros, só não pôde evitar. Aquilo chamou sua atenção e ele encostou seu ouvido na porta.

Lá dentro, Dante e Mia estavam sentados um de frente para o outro, este segurando a mão dela, o que a deixava desconcertada.

– Por favor! - ele falou em tom de suplica.

– Sinto muito, Dante. Minha resposta ainda é a mesma.

– O que posso fazer para você querer ficar? - Caleb hesitou ao ouvir isso. Limpou parte da umidade do vidro que havia na porta para ver os dois.

– Eu não posso.- ela virou o rosto olhando para o chão, mas Dante segurou seu queixo para ele novamente.

– Significaria muito para todos... Especialmente para mim.

– Não dá... - ela desviou os olhos outra vez.

– Por que?

– Essa não é mais a minha vida! Eu sou uma Guerreira.

– Não pode deixar de ser?

– É algo que eu não quero. - isso pareceu magoá-lo.

– Acho que... Posso fazer você querer outra coisa também. - ainda com a mão no queixo de Mia, ele a puxou antes que esta pudesse protestar e a beijou. Mia ficou chocada, mas logo retribuiu o beijo.

Caleb se afastou da porta. Aquilo era suficiente para ele tomar a decisão e voltou para o carroção, em outra ocasião talvez, se depedisse.

Dante sorriu ao se afastarem, mas Mia parecia normal.

– Isso não significou nada para você? - perguntou ele, fazendo carinho no pescoço dela, o que a deixou desconfortável, então afastou a mão dele.

– É complicado... Eu...

– Tudo bem. Mas pense, e me dê uma resposta amanhã. - e deu um beijo na testa da morena.

~*~

Derek limpou de novo o pé de Melanie, passou todas os medicamentos que tinham e recitou todos os encantos que conhecia novamente, mas nada parecia adiantar. Antes Melanie mal podia andar, agora nem ficar de pé conseguia e o veneno estava se espalhando.

E seus perseguidores ainda estavam em seu encalço, só o que tinham era uma dianteira mínima, que mal conseguiam manter por terem que tentar tratar a ferida da maior.

– Sua febre voltou. - ele disse depois de sentir o pulso da outra, que gemeu em resposta.

Estavam em uma cabana abandonada que encontraram no caminho.

– Se não dá para fazer você melhorar, temos que dar um jeito de ir mais depressa. - o garoto abriu o mapa no chão e o estudou. - Tem uma estação de trem numa cidade aqui perto, e ele passa perto das montanhas... Podemos pegá-lo.

– Tá... - ela resmungou. Dormiram ali naquela noite.

Chegando na cidade Equinócio, tiveram que deixar o alce ir sozinho, pois provavelmente os homens que os seguiam estavam sendo guiados pelos rastros do animal. Mas sabiam que em algum momento, o alce voltaria para casa sozinho. O ruim, é que teriam que se desfazer de boa parte da bagagem.

Não tiveram que pagar as passagens pois eram Guerreiros em missão, e logo embarcaram. Era um simples trem de transporte, com nada de especial. Melanie dormiu com a cabeça encostada no vidro da janela enquanto Derek tentava lembrar de encantos de cura que não teria usado ainda.

Mais ou menos no meio da viagem, Melanie abriu os olhos e olhou pelo vidro.

– Temos que descer aqui. - disse calma.

– Não podemos sair, a estação não é aqui!

– Sinto muito, mas a gente tem que descer a-go-ra! - ela empurrou a bagagem para ele e abriu a janela.

– O que v... - Melanie o interrompeu puxando-o para suas costas enquanto pulavam do trem em movimento. A garota pousou dobrando os joelhos e começou a correr, era menos do que geralmente conseguia, mas ainda era mais do que uma pessoa normal era capaz. - O que pensa que está fazendo?!

– Me adiantando! Não vou conseguir correr por muito tempo, depois você vai ter que me carregar e ai sim vamos ser mais lentos! - o garoto ficou quieto de cara feia, enquanto a amiga corria como se o chão fosse feito de lava e pregos ao mesmo tempo.

~*~

A fileira de carroções estava parada, ainda era cedo e a Classe Hélio já estava do lado de fora, exceto Mia. Terminaram de organizar as bagagens nos alces e montaram.

– Não vamos esperar a Mia? - perguntou Hunter.

– Ela vai ficar. - disse Caleb simplesmente, indo na frente, em direção á uma floresta logo à frente.

– Como assim? - Lena parecia incrédula.

– É o que ela merece, então vamos embora e deixar que a vida dela continue de onde parou.

– Foi ela quem disse isso? - indagou Drica.

– Ela não precisou. - completou em um tom um pouco triste.

– ESPEREM! - a voz de Dante gritou quando já estavam quase entrando na floresta.

Ele vinha montado em um dos cavalos que levava seu clã e ao seu lado vinha Mia em seu alce, sem nenhuma roupa cigana, diferente das noites anteriores, depois de sua dança.

– Você não vai ficar? - perguntou Caleb descendo do alce como todos os outros e a garota não demonstrou surpresa em ele ter dito aquilo.

– Claro que não! Estamos em missão, lembra?

– Pensamos que queria ficar. - disse Hunter.

– Há algum tempo talvez, agora não mais. - ela disse consciente de que aquilo magoava Dante, que estava ao seu lado.

– Tem certeza? - Caleb estava visivelmente tentando irritá-la... Ou talvez não.

– Absoluta. Não é mais a minha vida. Além do mais, você não é nada sem mim, campeão! - finalizou antes de abraçar Dante se despedindo.

Os outros fizeram o mesmo, agradecendo a hospitalidade, e na vez de Caleb, enquanto apertavam as mãos, Dante disse para que somente ele pudesse ouvir:

– Cuide bem dela. - Caleb ficou confuso por um momento antes de responder.

– Claro.

Em seguida, Dante voltou para sua casa, enquanto os Guerreiros continuavam sua missão.


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Notas finais do capítulo

Comenteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem!



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