A Areia Vermelha escrita por Phantom Lord


Capítulo 5
Capítulo 5, Sobre espinhos e rosas




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As lâminas da tesoura se fecham em torno do ramo da roseira e a flor deita para o lado, caindo em minha mão. Meus dedos se fecham para mantê-la segura, ao meu alcance. Não me importo com os espinhos que injetam uma substância urticante na palma da minha pele. Há preocupações maiores, como por exemplo, como Seneca Crane deve ser castigado.

Ele aparece em meu jardim, caminhando calmamente embora é evidente que esteja tenso. Seu rosto está esverdeado e a cor já deixou seus lábios. A têmpora pulsa conforme ele se aproxima de mim.

_ presidente Snow._ saúda com uma reverência.

Não digo nada. Apenas caminho em direção à um banco de mármore onde me sento. Ele me acompanha, mesmo contra sua vontade própria. Eu começo a remover os espinhos e as folhas da minha rosa. Esta irá para minha lapela no dia em que a conspiradora Everdeen estiver morta.

_ Seneca._ eu começo com uma voz etérea, reprimindo minha vontade de esbofetear o rosto do idiota._ Você sabe porque eu gosto tanto das rosas?

Ele me encara por um breve tempo e diz um "não, senhor" fracamente.

_ As rosas são as flores mais adoráveis que existem. São reverenciadas por todas as outras flores. No entanto, elas são perigosas, sabe. Plantas que crescem muito juntas das roseiras acabam sufocadas.

Ele compreendeu a metáfora imediatamente. Engoliu em seco e voltou um olhar desencorajado à mim.

_ presidente Snow, eu peço desculpas. Mas Katniss Everdeen agora é...

_ A mãe de uma revolução que se arrasta lentamente sob o tapete. Você deve dar um jeito, Seneca. Esteja pronto para dar um fim nessa coisa toda. De onde você tirou essa ideia absurda de dois vencedores?

Ele suspira, calculando que palavras deveria usar para justificar sua estupidez.

_ Senhor, se matássemos Katniss Everdeen, o caos seria muito maior. Morta, ela se tornaria uma heroína. O...o símbolo da revolução.

_ De fato._ confirmo._ Mas quanto mais tempo ela vive, mais o fogo se espalha. Você deve abafar a chama com um único golpe. Um que faça com que todos se desinteressem por aquele romance entre ela e o rapaz e que ao mesmo tempo, mostre o poder da Capital.

_ Como poderíamos..._ Seneca começa mas eu o interrompo.

_ Pense um pouco, rapaz. Não me dê dois vencedores para coroar.

Meu tom é ameaçador o suficiente para que Seneca apenas se cale e permaneça amedrontado. Ele sempre conseguiu minha simpatia. Considerei-o como um filho desde que ele se tornou um de meus auxiliares. E agora, pela primeira vez, ele é ameaçado. Não me sinto bem em fazê-lo mas se Seneca não cuidar de Katniss Everdeen ele se tornará um mal. Uma planta que cresce junto demais da roseira e morre sufocada pelos espinhos.

Ele se levanta e faz outra breve reverência antes de caminhar estarrecido para fora do meu jardim. Eu continuo lá, removendo o excesso de espinhos e folhas da rosa que acabei de colher. Meus olhos estão focados na sua brancura imaculada, mas meu pensamento flutua em direção à arena, onde uma perigosa flor cresce com seus próprios espinhos prontos para me envenenar.

Katniss Everdeen é uma rosa que cresce e espalha ramos rapidamente. Ela consegue fazer algo que ninguém nunca fez antes. Um sentimento novo que me tira noites de sono. Quem é essa menina? Quem é esse monstro que perturba e abala tudo o que construí enquanto governante de Panem?

Quem é essa criança que me despertou o medo?


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