A Hard Love escrita por Raiane C Soares, Isa Lopes


Capítulo 5
First Contact


Notas iniciais do capítulo

Hey! Demorei, né? Sorry.



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Eu estaria mentindo se dissesse que meu final de semana foi chato, mas também não foi incrível, eu sentia que algo faltava, talvez em mim. Entrei na escola com desanimo, parei em frente ao meu armário, o abri com preguiça e peguei o livro da primeira aula, olhei em volta, todos estavam como eu, cansados, desanimados, odiando a escola naquele momento.

Assim que me aproximei do armário da Rachel, a vi parada, encostada em seu armário olhando para o chão.

– Bom dia, Rachel.

Ela não respondeu, apenas continuou olhando fixamente para o chão. Alguns passavam por nós duas e a olhava estranhamente. Fiquei em frente à ela, seu olhar certamente foi para os meus seios, o que me deixou constrangida.

– Rachel... – a chamei, estalando meus dedos em frente aos seus olhos. – Está me ouvindo?

Olhei em volta, o corredor já se esvaziava, o sinal tocou e eu voltei a olhar para Rachel.

– Hey... – novamente tentei.

Incrivelmente Rachel não piscava, não desviava seu olhar e não fazia nenhum som, a não ser de sua respiração, a qual eu podia ouvir, mesmo com um pouco de dificuldade.

– Rachel... – cantarolei.

Seus olhos pareciam se relaxar, lentamente se mexeram para os lados e foram até minha boca.

– Santana?

– Oi. Estamos atrasadas para a aula.

Rachel olhou em volta, o corredor estava completamente vazio. Ela se virou abrindo o armário, pegou o livro e se virou para mim.

– Vamos?

***

Durante o almoço, passei no meu armário para graduar os livros, Rachel se aproximou de mim e sorriu, me fazendo sorrir de volta.

– O que está fazendo? – ela perguntou.

– Nada de mais.

Olhei dentro do armário, achei uma caneta que achava que tinha perdido.

– Acho que preciso fazer uma faxina no armário.

– Uma o que?

– Faxina. – ela ainda tinha o olhar confuso. – Terei que limpá-lo. Tirar o que não uso mais, como essa caneta, que nem deve mais servir.

Ela sorriu, se encostou no armário ao lado e suspirou.

– Então... – a ouvi começar.

– Hey, Santana! – ouvi alguém me chamar.

Me virei rapidamente e vi Violet, uma das Cheerios, se aproximar sorrindo.

– Oi, Violet.

– Hum... Oi, Rachel.

Rachel se manteve calada, Violet olhou para mim ainda estranhando e sorriu.

– Vai almoçar com as meninas?

– Não sei. – respondi, fechando o armário.

– Então, pense com carinho, está bem?

– Ok.

Ela sorriu mais ainda, se aproximou e deu um beijo em minha bochecha, em seguida saindo de perto. Olhei para Rachel, que tinha olhos fixos no chão.

– Rachel?

– O que foi aquilo? – ela perguntou, quase em um sussurro.

– O que?

– Hum... Aquela garota te beijou.

– Violet apenas me deu um beijo na bochecha, sabe? Como amigas fazem.

– Ela é sua amiga? – agora ela olhou para meus lábios.

– Sim. Melhor amiga, talvez. – respondi dando de ombros.

Ficamos em silêncio, ela desviou seu olhar para o final do corredor, onde Violet havia sumido.

– Quer almoçar comigo? – perguntei, fazendo-a olhar novamente para o chão.

– Você quer almoçar comigo?

– Bem, estou te convidando então, sim.

– Suas amigas não vão gostar que uma garota doente como eu sente com elas.

– Primeiro, você não é doente, e sabe disso. Segundo, eu convidei você para almoçar comigo, não com elas.

– Mas elas não vão gostar de ver você comigo.

– Ok. Terceiro, com quem eu ando ou deixo de andar, é problema meu, não delas. Ando com minhas amigas, e não as classifico por seus gostos e gestos. Vamos?

Ela sorriu e se afastou do armário.

– Eu sou sua amiga? – ela perguntou, olhando para mim.

– Sim, você é minha amiga.

***

O final das aulas foi calmo, pessoas correndo de um lado para o outro como sempre. Me aproximei do meu armário e vi Rachel se aproximar, parecia pensativa.

– Pronta para ir para casa, Rachel?

– Acho que sim.

Soltei uma pequena risada, fechei o armário e em questão de segundos, os corredores já estavam vazios.

– Quer que eu te acompanhe até o estacionamento?

– Não precisa. Vou ir à sala da orientadora.

– Então quer que eu te acompanhe até a sala da orientadora?

Foi a vez dela rir, olhou em volta e em seguida para o meu queixo.

– Você quer mesmo fazer isso?

– Por quê?

– Porque eu sou autista, estranha e ninguém, além da minha mãe e da orientadora, gosta de mim.

– Eu gosto. – deixei escapar.

Senti meu rosto corar, ela sorriu e abaixou a cabeça.

– Realmente não precisa me acompanhar, eu ainda sei andar sozinha pela escola.

– Está bem, mas vá com cuidado.

Ela olhou para meu queixo novamente, passou a língua nos lábios e rapidamente, deu um beijo na minha bochecha.

– Até amanhã, amiga. – ela disse, em seguida se afastou.

Eu fiquei parada, o sorriso do meu rosto não sumia, eu inda sentia seus lábios tocando minha bochecha. Respirei fundo, ainda com o sorriso no rosto, dei o primeiro passo e senti minhas pernas amolecerem.


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Notas finais do capítulo

E? Rachel muito fofa, né?